Emissários da Magia Brasileira

Autor(a): Gabriel Gonçalves


Volume 1

Capítulo 23: A Batalha de Port Strong

Antes de Castiel revelar sua verdadeira forma e do incidente na delegacia de Port Strong, as forças de defesa de Port Strong lutavam contra o grupo principal de caçadores liderados por Poltergeist no ponto oeste da cidade.

A força de defesa lutava dando tudo de si, porém sofriam do mesmo problema que as forças na região leste: metade das pessoas que lutavam eram voluntários sem experiência o suficiente em combate.

Além disso, existia o problema que ninguém havia descansado bem o suficiente, então Luther, Jasmim e Lia estavam tendo o trabalho de lutarem ao mesmo que protegiam seus aliados inexperientes. Tornando aquela batalha mais difícil para eles.

Luther fazia o seu melhor para abrir caminho em meio as forças ofensivas para acabar com Poltergeist que estava eliminando os oponentes em seu caminho sem dificuldade. Os caçadores, no entanto, estavam dedicados a impedir o avanço e matar os Emissários de Vento, por conta disso Luther e as outras duas emissárias não estavam conseguindo ficar livres.

Percebendo o que estava acontecendo com os emissários, a comandante Carla disse para alguns dos policiais que estavam próximo dela:

— Os Caçadores de Elite estão focando em atacar os emissários, me ajudem a dar cobertura para eles!

— Sim, senhora! — falou os policiais em uníssono.

Graças às ordens da comandante, os caçadores que estavam focando nos emissários foram obrigados a recuar para evitar os disparos dos policiais, com um levando um tiro da comandante no olho e caindo no chão por conta da dor.

Jasmim olhou para a comandante agradecida pela abertura e disse para Luther e Lia:

— Não vamos perder esta oportunidade, está na hora de matar o Poltergeist!

— Eu vou na frente para abrir o caminho! — disse Lia abrindo caminho entre os caçadores com a sua lança.

— Vou te acompanhar! Luther pode ir direto até o Poltergeist sem se preocupar, vamos te dar cobertura! — disse Jasmim.

— Entendido! — disse Luther mirando em seu alvo.

Arte Elemental: Escudo de Vento! — disse Lia protegendo Luther dos disparos dos caçadores — Vai! Vai! Vai!

Jasmim e Lia correram na frente de Luther, protegendo ele dos ataques dos inimigos e protegendo alguns de seus aliados pelo caminho, mesmo com caçadores dando o seu melhor, eles não conseguiam parar o avanço dos emissários e quando Luther estava a uma distância favorável, ele saltou na direção de Poltergeist usando o impulso de vento.

A força do ataque de Luther fez com que Poltergeist recuasse cedendo a força do emissário enquanto mantinha sua postura firme bloqueando a espada de seu oponente. O líder dos caçadores olhou para o emissário com um sorriso provocativo e disse:

— Aparentemente eu não era o único que aguardava pelo final da nossa batalha!

— Hora de corrigir meu erro de ter deixado você escapar com vida! — disse Luther.

— Tirou as palavras da minha boca!

Luther se desvencilhou de seu oponente e tentou acertar nas pernas, mas Poltergeist se defendeu com uma de suas lâminas e usou a outra para atacar o emissário. Em movimento rápido, Luther desviou do ataque e quebrou com um chute o nariz do caçador que tentou interferir no combate deles.

Poltergeist voltou a avançar contra o emissário com movimentos rápidos e precisos que fizeram com que Luther tivesse que recuar para não ser atingido, mas seu esforço não foi o suficiente, levando um corte no quadril durante o processo.

— Está na hora de perceber que o fato de você ser um emissário não vai conceder a vitória — disse Poltergeist.

— Não quero ouvir nada de um assassino como você! Com ou sem magia você vai pagar pelos seus crimes com a sua vida! Arte Elemental: Lâmina de Vento! — falou Luther.

Os próximos ataques de Luther deram muito mais trabalho para Poltergeist, com lâmina mais leve e o alcance maior o emissário conseguiu atacar e se defender com maior efetividade. Os dois inimigos trocavam ataques com o máximo de foco, estava claro para os dois que qualquer erro poderia custar um membro ou até mesmo a vida de um deles.

— Você age como se fosse o herói aqui! Falando que vai me matar como se isso fosse alguma espécie de conto patético! Eu não sei que fantasia está se passando na sua cabeça, mas você não é o arauto da justiça! — disse Poltergeist.

— Não venha me julgar como se soubesse algo sobre mim desertor. Você não passa de um criminoso. Eu não me considero o arauto da justiça, sou apenas um homem tentando fazer a coisa certa contra pessoas como você que matam usuários de magia como se fossem monstros — falou Luther.

— Como eu disse, patético.

Poltergeist se abaixou esquivando de um disparo de um dos policiais que acabou atingindo outro, e o homem que disparou foi eliminado por um dos caçadores. Luther teve sua atenção desviada para um caçador que tentou cortar a sua cabeça, no entanto, ele conseguiu bloquear o ataque dele e lançá-lo em cima de outro caçador.

— Seus olhos transbordam ingenuidade, durante meu tempo na Ordem dos Templários vi muitos homens como você falando sobre certo e errado em absolutos, isso não acabou bem para nenhum deles. Você vai morrer como um tolo, jovem! — falou Poltergeist

Tsk, você fica me chamando de jovem como se fosse algum tipo sábio. Esse é o problema com vocês mais velhos, acreditam que já sabem de tudo! — falou Luther.

— Estou longe de saber tudo nesse mundo cheio de mentiras e meias verdades, mas eu sei o suficiente. Tudo que vocês bruxos estão fazendo aqui é mexer em algo que vocês nada sabem sobre, pois se soubessem da verdade, iriam abrir caminho para que eu passasse com os homens e completasse o meu trabalho expurgando o mal desse mundo.

Luther atacou Poltergeist com ainda mais força, irritado com a simples possibilidade do que o caçador disse. No processo, o emissário acabou conseguindo cortar Poltergeist no rosto, bem acima do nariz, fazendo com que o homem recuasse para limpar o sangue do seu rosto. Todavia Luther continuou avançando contra o caçador que furioso conseguiu cortar o ombro de Luther.

— Não existe um mundo onde eu te deixaria matar pessoas inocentes, Dimitri Poltergeist! — disse Luther.

Jasmim, conseguindo se livrar de seus oponentes, bloqueou com a sua espada uma adaga lançada na direção de Luther e parou ao seu lado para auxiliá-lo na batalha contra Poltergeist.

— O único caminho que será aberto para você, é o caminho para o mundo dos mortos! — disse Jasmim.

— Parece que ele não é o único com a ingenuidade transbordando, é uma pena. Vocês morrerão como ignorantes, sem conseguir entender a verdadeira natureza do mundo que vivem!

Atacando de forma sincronizada, o caçador se defendeu com dificuldade dos dois emissários que atacavam com maior precisão e força comparado ao último conflito entre eles. Jasmim com desdém encarou Poltergeist e disse:

— Se somos todos ignorantes, porque não nos ilumina com a sua sabedoria, assassino. Ou as coisas estão ficando difíceis para você?!

Vendo que a batalha entre seu líder e os Emissários do Vento estava se estendo, Dídac investiu contra Jasmim, que bloqueou seu ataque e deu alguns passos para trás para que ela e Luther pudessem atacar novamente juntos. 

Acompanhando a ideia de Dídac, Nikolas se juntou ao seu líder para virar a batalha a favor deles, mas Lia se juntou aos seus companheiros.

Poltergeist assentiu para Dídac e Nikolas como forma de agradecimento por afastar um pouco seus oponentes e enquanto ele avançava com seus companheiros para atacar os emissários, ele disse:

— Assassino não é a palavra correta para me descrever, kitsune. Vou "iluminá-los" com uma pequena história: Havia um garoto morador de rua que roubava todo dia comida para sua mãe que estava muito fraca por estar doente, todo o dia ele suportava os xingamentos e ocasionais surras para poder levar comida até a sua mãe…

Com a ajuda de Dídac e Nikolas a batalha estava equilibrada, fazendo com que Poltergeist continuasse falando casualmente com os emissários.

— … Mas houve um momento em que o garoto percebeu que apenas roubar migalhas e o resto não resolveria o problema, então começou a roubar dinheiro dos moradores, e conforme ele obtinha sucesso em seus roubos ele aumentava a quantidade do valor roubado. Ficando cada vez mais próximo do seu objetivo: tirar a sua mãe da cidade que estavam, para poderem recomeçar em outro lugar, onde ela poderia ser tratada e viver em paz…

Dídac e Nikolas estavam longe de serem tão habilidosos quanto Poltergeist, mas conseguiam atrapalhar os Emissários de Vento. Determinados, eles não permitiam que os ferimentos os impedissem de continuar avançando com seu líder. Poltergeist, satisfeito com a irritação dos emissários, continuou a falar:

— … Eventualmente as pessoas da cidade pediram para os guardas darem um jeito no garoto, já que ele estava virando um grande problema e foi então que eles seguiram o garoto sem ele saber para descobrir onde ele guardava o dinheiro e então prenderam ele e a sua mãe, assim como devolveram todo o valor para os que foram roubados. O garoto tentou lutar, mas foi inútil.

— Onde está querendo chegar com isso?! — disse Luther impaciente.

— No fim, o garoto e sua mãe perderam a única coisa que tinham de fato: A liberdade. Para as pessoas daquela cidade, os guardas eram heróis que deram um jeito no garoto que não passava de um rato imundo para eles. Entretanto, para a mãe que viu todo o esforço de seu filho, ele era um herói que lutou com tudo que tinha por uma vida melhor para eles.

— Nos poupe da sua história e vá direto ao ponto! — disse Jasmim.

— Não acredito que estou gastando saliva com vocês, mas vou repetir mais uma vez. Para a mãe, os guardas proclamados "heróis" e “representantes da justiça” não passavam de homens cruéis que prenderam dois moradores de rua, pessoas sem privilégio algum que tinham como único crime: tentar sobreviver em um mundo onde apenas os favorecidos conseguem o que querem!

Nikolas quase teve seu braço deslocado ao bloquear o ataque de Lia, que logo em seguida tentou atingir Poltergeist, que escapou por pouco de ter sua cabeça decepada pela emissária.

— Isso não justifica nada! Essa sua história não passa de uma justificativa distorcida que a sua mente criou para justificar os seus crimes! — disse Lia.

— Vocês não entenderam nada. Todos temos uma explicação para justificar os nossos atos, eu só escolhi o lado de quem realmente precisa de ajuda, mas vejo que vocês são jovens e tolos demais para entender qualquer coisa que eu fale — disse Poltergeist levantando o rosto cheio de arrogância.

Contudo, a expressão de arrogância não durou muito, pois por uma fração de segundos todos os caçadores e os usuários de magia se assustaram ao sentir uma forte energia mágica. Até mesmo Poltergeist, que já esperava sentir aquela energia em determinado momento, sentiu um frio percorrer a sua espinha e um peso em seus ombros.

Com exceção de Luther, todos sentiram um grande peso vindo daquela aura magica.

“O que está acontecendo? Isso está vindo de dentro da cidade, preciso voltar!”, pensou Luther tirando sua atenção dos caçadores.

Percebendo a falta de atenção de Luther, Poltergeist tentou atacá-lo, mas foi impedido por Jasmim e Lia.

“Não posso deixá-los saírem daqui até que o trabalho de Ash e Isami esteja completo!”, pensou Poltergeist.

— Vamos ter que acabar com ele para sair daqui! — disse Lia.

“Espero que Castiel e a Himiko estejam em segurança”, pensou Luther.

— Hora de dar um fim nisso! — disse Jasmim.

Dídac e Nikolas seguraram o cabo de suas espadas com mais força ao sentir a mudança no semblante dos emissários. Aquele era um momento decisivo para ambos os lados, cansados e com alguns ferimentos e lesões, os caçadores e emissários se preparavam para dar um fim àquele conflito.



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