Emissários da Magia Brasileira

Autor(a): Gabriel Gonçalves


Volume 1

Capítulo 20: Os Emissários Amaldiçoados

Das escadas o corpo do policial foi jogado. Bogna com seus olhos vermelhos se aproximou da escada para ver de quem que havia sido jogado, Alan tinha um corte preciso em seu pescoço e a mulher no mesmo momento soube qual dos caçadores havia sido enviado.

Quando Ena foi para negociar com Poltergeist, ela aproveitou para inspecionar o inimigo para se preparar para o plano de fuga e teve um que chamou a atenção dela entre todos os que estavam no acampamento. O que de acordo com que a elfa falou para as duas mulheres, quando estavam se preparando para a fuga, era o que daria mais trabalho para escapar, mais do que o Poltergeist.

Rian, mesmo horrorizado, subiu as escadas pronto para dar um fim à pessoa responsável pela morte de seus companheiros.

Após alguns sons disparados, a cabeça do policial rolou pelos degraus da escada e o caçador mascarado desceu as escadas sem qualquer urgência com a sua lâmina raspando na parede, todos no corredor taparam seus ouvidos para escapar do som agoniante da foice perfurando seus ouvidos.

Bogna mesmo com medo, acreditou que conseguiria segurar o caçador até que sua mãe e Ena viessem, mas ao sentir de perto a aura de morte que Isami emanava, ela recuou sem conseguir desviar seus olhos da máscara dele e disse:

— Mãe! Precisamos ir embora daqui!

— O único lugar que você irá hoje é para o mundo dos mortos, abominação! — disse Isami.

Freirr saiu da sala onde estava e correu até a sua filha, se posicionando entre ela e o caçador, os detentos foram para o fundo de suas celas na esperança que fossem ignorados apavorados com a sede de sangue que eles sentiam vindo de Freirr e Isami.

— A única abominação aqui é você! Não ouse encostar um dedo sequer na minha filha! — disse Freirr.

Atrás deles, os detentos ficaram ainda mais espantados ao ver o que saiu da sala do final do corredor e alguns detentos disseram:

— Que porra é essa! O que ela fez!

— Isso só pode ser um castigo dos deuses!

— Olhem os olhos dela, ela é um daqueles filhos do demônio!

— Calem a boca, ela vai matar a gente também!

Ena atravessava o corredor arrastando os corpos de mortos, ambos com pescoço quebrado, de Dariss e Zaleria, seus olhos focados no seu próximo alvo: Isami.

— Freirr, Bogna vocês duas podem seguir sem mim, ainda vou precisar limpar o lixo. Esperem por mim no ponto de encontro — disse Ena.

— Você é muito ingênua, filha de Hemall. Não vai conseguir me conter, assim como não conseguiu esconder sua presença de mim e o seu plano — disse Isami.

— Quem liga se você conseguiu descobrir o que eu era e que estava na cidade para resgatar essas duas? Se está esperando alguma recompensa, volte abanando o rabo para o seu novo dono enquanto ainda tem chance.

— A mesma “chance” que deu para esses dois?

— Não tinha a menor intenção de matá-los, o problema é que as pessoas não sabem respeitar seus limites e agora temos mais duas crianças órfãs no mundo. Uma pena, mas vamos logo ao que interessa “caçador”, não tenho a menor intenção de perder meu tempo aqui.

Deixando os corpos dos nobres caírem do chão, Ena com suas mãos livres rasgou a lateral do seu vestido para lutar. Ignorando Ena, Isami foi atacar Freirr e Bogna, mas antes que ele chegasse perto das duas, Ena o pegou pelo pescoço e correndo o arrastou pelas escadas para o primeiro andar.

Isami, no entanto, aproveitando a abertura que lhe foi dado cravou sua foice nas costas de sua oponente, Ena gritou de dor, sentindo a lâmina perfurando sua carne e jogou o caçador contra a parede com toda força.

Atrás de Ena passaram Freirr e Bogna correndo na delegacia, que estava com destruição e morte por toda parte, com as paredes rachadas e manchas de sangue dos outros voluntários massacrados sem qualquer misericórdia por Isami. Bogna olhou para Ena considerando ficar, todavia sua mãe a puxou pelo braço e falou:

— Filha, precisamos ir! Agora não é o momento para indecisão!

— Podem ir! Ele não vai ser um problema! — disse Ena.

— Estaremos aguardando pela senhora! — falou Freirr antes de sair.

O caçador se levantou recuperado do ataque e avançou na direção de Ena, a Emissária de Sangue usou o sangue de um dos corpos que estava no chão para forjar uma lança e se defendeu da foice que quase atingiu o seu pescoço. 

Usando a sua lança, Ena afastou violentamente a foice do caçador, Isami teve que ser rápido para conseguir saltar para o lado antes que fosse atingido por Ena que rachou o chão com seu ataque. Ela tentou remover sua lança, mas não obteve sucesso. Percebendo o próximo ataque de Isami, ela se afastou, levando usando o próprio braço para se proteger e levando um corte no seu braço.

— Nada mau, nada mau mesmo, chegou até a doer — disse Ena.

Usando o sangue do seu braço, ela fez outra lança e também criou espinhos na poça que Isami estava pisando, fazendo com que ele grunhisse de dor.

— Isso eu quero ver você sofrer, seu desgraçado! — disse Ena avançando na direção do caçador.

Grunhindo ainda mais de dor para conseguir o impulso necessário para pular, Isami escapou do ataque de Ena e lançou duas adagas no pescoço da emissária. Ena cambaleou para trás soltando sua lança para retirar as adagas e foi atingida no estômago pela foice de Isami.

— Você é que vai sofrer, filha do demônio! — disse Isami.

— Você não… tem di… reito algum de me chamar… assim… — disse Ena lutando para não engasgar com o próprio sangue. 

Segurando seu oponente com as duas mãos em sua nuca, Ena o puxou e deu uma cabeçada nele que o fez cair no chão. Aquilo não foi suficiente para deixá-lo desacordado, mas deu tempo suficiente para ela arrancar as lâminas do seu pescoço enquanto a sua regeneração mágica acelerada cuidava do resto. Quando viu que Isami se levantou, a emissária disse:

— Eu… matar… Grrrrr! — disse Ena removendo a foice de seu estômago — E-eu vou matar você! Eu vou fazer você se arrepender de ter cruzado o meu caminho!

O caçador pegou uma adaga e lançou na direção da emissária que ainda se recuperava do seu ferimento, Ena segurou o cabo da foice com toda a força que tinha para ignorar a dor em suas tripas e da adaga em seu ombro para poder matar Isami.

“É uma pena que o plano de sair daqui sem chamar atenção não tenha funcionado, mas eu vou gostar muito de matar esse maldito!”, pensou Ena.

— Sua energia mágica ficou ainda mais forte, ótimo! Isso vai terminar ainda mais rápido!

 

 

Seguindo as instruções de Ena, Freirr e Bogna chegaram à mansão da governadora sem muitos problemas. Antes de ser presa, Ena havia informado às duas da entrada secreta que se encontrava no subsolo da mansão. 

Por conta de ser o lugar mais óbvio a sofrer um ataque caso os caçadores conseguissem entrar, não havia ninguém escondido na propriedade de Himiko. 

Quando estavam cruzando os corredores da mansão em direção a entrada para a adega, Bogna parou ofegante e socou a parede do corredor frustrada.

— Droga! — disse Bogna.

— O que foi filha? Nós precisamos continuar andando, estamos quase lá! — disse Freirr.

— Devíamos ter ficado para lutar com ela, nós três poderíamos ter acabado com ele rapidamente!

— Filha, por favor, vamos embora, depois conversamos sobre isso. Agora não é o momento.

De cabeça abaixada, Bogna continuou parada no mesmo lugar com seu punho ainda encostado na parede rachada.

— Somos poucos hoje em dia, deveríamos nos ajudar ou vamos acabar sendo extintos. Do jeito que todos querem! — disse Bogna.

— Eu concordo com você, eu estou nessa vida a mais tempo que você, Bogna. Ena não é uma Emissária de Sangue fraca, ela é dos membros importantes da insurgência, se esqueceu? A missão dela era vir nos resgatar, então a melhor forma de fazer isso é facilitar o trabalho dela e confiar que ela é forte o suficiente para derrotar aquele caçador — disse Freirr.

— Ter fé…

Freirr estende a mão para sua filha que a segura. As duas caminham pelo corredor em silêncio, com Bogna refletindo sobre tudo que havia ocorrido nos últimos dias.

“Eu achei termos finalmente encontrado um lugar onde poderíamos ficar mais tempo, mas como de costume foi tudo arruinado. Já está na hora de aceitar que eu vou um lugar para chamar de lar. O pior de tudo é perceber que no fim acabei não sendo útil em nada e todo trabalho pesado ficou para Ena e a minha mãe”, pensou Bogna.

Aquela não era a primeira vez que as duas tinham que ir embora de uma cidade para evitar problemas por seres do povo de Hemall, em algumas ocasiões elas conseguiam ir embora sem problemas e em outras as coisas acabavam ficando violentas, todavia por ser a que as duas passaram mais tempo a culpa que Freirr sentia naquele momento era maior que das outras vezes que precisou arrancar sua filha de outro lar.

“Espero que o que Ena tenha me dito sobre a insurgência seja verdade, um pouco de esperança seria muito útil esses dias”, pensou Freirr.

Quando estavam na adega abrindo a entrada secreta para rota de fuga da mansão, as duas ficaram paralisadas por um instante ao sentir uma energia mágica diferente de tudo que havia sentido até então, a sensação que as duas experimentaram foi algo semelhante ao estar diante de uma criatura selvagem faminta.

— Mãe, o que foi isso?! — disse Bogna assustada.

— Eu não sei filha, mas com certeza isso não veio de um emissário ou de qualquer outra coisa que eu já tenha encontrado. Vamos embora deste local, eu não estou com um bom pressentimento — disse Freirr notando que sua mão estava trêmula.

“Ena, pelos deuses, tome cuidado! Ainda vamos precisar de você”, pensou Freirr.

As duas seguiram o corredor para por fim escapar de Port Strong e também para escaparem da energia mágica agressiva e os tremores que estavam sentindo.



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