Volume 1
Capítulo 2: A Emboscada
Os corpos dos caçadores falecidos espalhados pelo chão, e o cheiro de sangue impregnava o ar, contrastando com a beleza serena das árvores iluminadas pelo luar. Na escuridão, uma figura desconhecida observava os dois emissários de vento, que estavam destacados pela luz prateada da lua.
— Grrr!
Luther arrancou a adaga de seu ombro sem cerimônias. O sangue jorrou, manchando seu sobretudo. Ele segurou o cabo de sua espada com firmeza, usando a dor para se manter alerta enquanto sua regeneração mágica cuidava do ferimento.
“Isso é tudo culpa minha! Eu deveria ter voltado com Jasmim para o acampamento assim que suspeitei de algo errado”, pensou Luther, regulando sua respiração.
O emissário estreitou os olhos castanhos, vasculhando a escuridão em busca de mais inimigos. Jasmim, por sua vez, fixava o olhar em um ponto na floresta. O cheiro de sangue perturbava seu faro, mas ela sabia que a luta ainda não havia terminado. Sua experiência a fazia sentir a presença de alguém observando-os.
— Não se preocupe, Luther. Os outros virão nos procurar. Esse nosso pequeno aquecimento não é culpa sua.
— Hahaha, você sabe que eu não estou preocupado com isso. Na verdade, só não queria atrasar seu sono de beleza — respondeu Luther, tentando aliviar a tensão.
— Nesse caso, pode relaxar. Nosso oponente não levará muito do nosso tempo, não é mesmo?!
— Não importa quantas pragas de bruxos eu encontre, a arrogância sempre está presente — ecoou uma voz vinda da escuridão.
Luther ouviu um leve movimento nos arbustos e virou-se, pronto para o ataque. No entanto, duas adagas cortaram o ar em direção a eles por outro caminho.
No instante em que as adagas entraram em seu campo de visão, ambos conjuraram:
— Arte Elemental: Escudo de vento!
As adagas ignoraram a barreira de ar e atingiram Luther na costela direita e Jasmim no braço esquerdo.
— Pela magia fraca, vou presumir que, ao contrário do que estavam tentando mostrar, estão cansados — disse a voz.
Da escuridão surgiu um homem, removendo seu capuz. Mesmo com a barba cheia, seu rosto ruivo era marcado por cicatrizes. Sua voz era fria, mas seus olhos queimavam de fúria.
Luther encarou o homem diretamente, sem medo do ódio que emanava dele.
— Seu desgraçado, não ouse nos chamar de bruxos! — gritou Luther.
— Ha! Qual é o problema? — retrucou o homem, puxando sua espada.
Ele avançou, e Luther fez o mesmo. As lâminas se encontraram, e, no momento em que ficaram frente a frente, Luther teve a sensação de que conhecia seu oponente.
— Quem é você? Você e esse bando de caçadores são os responsáveis pelos assassinatos nesta região?! — perguntou Luther.
Ao ouvir o assobio de Jasmim, Luther se afastou. Ela, com o caminho livre, investiu contra o homem, tentando cortar sua mão esquerda. Ele, no entanto, defendeu-se com habilidade e recuou rapidamente.
— Não vale a pena me apresentar ou explicar nada para dois cadáveres! — disse o homem.
Desta vez, ele foi o primeiro a agir, investindo contra Luther.
— Arte Elemental: Impulso de vento! — gritou Jasmim.
Ela se colocou à frente, manipulando o ar ao seu redor e lançando uma forte massa de ar contra o inimigo. O homem tentou se desviar, mas o ataque o atingiu parcialmente, arremessando-o contra uma árvore. Ele se levantou sem dificuldades, removendo sua capa para revelar uma armadura leve e desgastada.
O homem lançou mais adagas, mas desta vez os emissários conseguiram desviar.
— Se você realmente planeja nos matar esta noite, vai ter que fazer melhor do que isso — provocou Jasmim.
Ela avançou novamente, usando golpes precisos e velozes. Seu estilo, que combinava a ferocidade de uma filha da floresta com a fluidez de uma Emissária de Vento, pressionou o oponente, forçando-o a recuar. Luther aguardava pacientemente por uma abertura.
— Vocês estão subestimando quem enfrentam! — gritou o homem.
Sem aviso, ele lançou uma última adaga, que Luther desviou por pouco, antes de contra-atacar.
A luta prosseguiu, com ambos os lados lutando com intensidade crescente. O embate se tornava cada vez mais perigoso, e a escuridão parecia conspirar contra os dois emissários, mas eles continuavam firmes, determinados a sobreviver.
Jasmim, em particular, lutava com uma velocidade impressionante, combinando a agilidade de uma kitsune com a fluidez de uma Emissária de Vento. Luther, ao ver uma abertura, investiu contra o pescoço do inimigo, mas foi forçado a interromper o ataque para se defender de outra adaga vinda da escuridão.
Ao se afastar de Jasmim, o homem disse:
— Ash, isso não era necessário. Eu posso cuidar desses dois!
Saindo das sombras, uma elfa de cabelos prateados segurava outra adaga.
— Mestre Poltergeist, se tem algo que o senhor me ensinou, é que é contra esse tipo de gente que todo o cuidado é pouco.
Jasmim, reconhecendo o nome, exclamou:
— Dimitri Poltergeist?!
— Por isso ele me parecia tão familiar. Esse desertor está na lista de mais procurados da Aliança — disse Luther.
Dimitri Poltergeist, outrora um grande general da Ordem dos Templários, agora era conhecido como o General Desertor. Ninguém sabia ao certo o que o levou a abandonar a Ordem, mas era evidente que ele havia mudado drasticamente desde então.
— Posso matar esses dois logo? — disse uma voz macabra, vinda da escuridão.
Um homem com uma máscara branca e chifres de cervo surgiu, segurando uma foice que cintilava sob a luz da lua. Sua presença era aterradora, como se carregasse consigo uma aura de desesperança.
Os olhos cinzentos de Jasmim se encontraram com os de Luther, e ambos firmaram suas espadas com determinação. A máscara da figura misteriosa trouxe memórias que ambos gostariam de esquecer, e Luther sentiu seu corpo estremecer de raiva.
Ciente de que era tarde demais para recuar, Poltergeist ordenou:
— Ash, Isami, cuidem da minha retaguarda. Eu irei matá-los! Só não quero que acabe tão rápido.
Poltergeist puxou sua segunda espada, e os emissários sentiram imediatamente a aura mágica emanando da lâmina. Era uma arma conhecida por absorver energia mágica.
— Venham logo! Mostrem o que vocês dois sabem, “emissários”. Espero que não morram tão rápido quanto a maioria! — provocou Poltergeist.
— Arte Elemental: Ataque Ciclone! — gritou Luther, lançando um ciclone em direção a Poltergeist.
O caçador desviou por pouco, e o ciclone destruiu o tronco de uma árvore.
— Arte Elemental: Lâmina de vento! — disse Jasmim, envolvendo sua espada com uma camada de ar que aumentava seu alcance e leveza.
Ela investiu contra Poltergeist, determinada a fazê-lo largar uma de suas espadas, e Luther a acompanhou. Os movimentos dos três eram impressionantes, mas Luther sentia a fadiga se aproximando.
“Ele não dá nenhuma abertura!”, pensou Luther, enquanto continuava atacando sem se poupar.
Luther conseguiu atingir Poltergeist com o cabo de sua espada, mas o caçador pisou em seu sobretudo, fazendo-o perder o equilíbrio.
— Arte Elemental: Sopro de vento! — conjurou Luther, lançando uma forte massa de ar contra Poltergeist.
O caçador fincou sua espada no chão para resistir ao impacto, e Jasmim o acertou com um chute no rosto. Ele recuou, mas logo retornou ao combate.
— Aarrrgg!!! — Luther saltou em direção a Poltergeist com toda sua força.
O choque das lâminas lançou ambos para trás.
No meio do campo de batalha, um portal de chamas surgiu, deixando cair um homem antes de desaparecer. O homem, de cabelos acinzentados, gritou assustado ao se levantar.
— Por favor, me ajudem… — disse ele, olhando para Luther e Jasmim.
— O que é isso? Um aliado de vocês?! — zombou Poltergeist. — Isami, mate-o.
Os olhos negros de Isami brilharam em vermelho, e ele avançou para executar o intruso. Jasmim se apressou para impedi-lo.
— Não! — gritou Jasmim, bloqueando a foice de Isami com sua espada.
Poltergeist aproveitou a distração para atacar Jasmim, mas Luther se interpôs no caminho.
— Não ache, por um momento, que deixarei você feri-la.
Luther forçou sua espada para aguentar a pressão de Poltergeist, mas sabia que a situação estava ficando crítica.
“Ainda preciso tomar cuidado com a outra caçadora. Estamos em desvantagem, e os outros podem não chegar a tempo”, pensou Luther, olhando para a elfa que observava o combate.
— Não vai usar nenhuma magia? — provocou Isami, aumentando a pressão sobre Jasmim.
Ela tentou recuar, mas Isami continuou avançando, até que a atingiu no rosto com o cabo de sua foice, fazendo-a cair desacordada.
— Jasmim! — gritou Luther, vendo Isami se aproximar dela para o golpe final.
“Eu não posso deixar nada acontecer, não com ela. Isso é tudo culpa minha”, pensou Luther, desesperado.
— Onde está toda a confiança de antes?! — provocou Poltergeist, golpeando Luther sem piedade.
Para Luther, a voz de Poltergeist era apenas um eco distante. O único som que ele ouvia era o da foice de Isami cortando o ar em direção a Jasmim.
No entanto, havia alguém que estava sendo ignorado naquela luta. O homem de cabelos acinzentados, que havia sido protegido por Jasmim, olhou para Isami com olhos que brilhavam em vermelho rubi. Ignorá-lo poderia ter sido um erro fatal.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios