Emissários da Magia Brasileira

Autor(a): Gabriel Gonçalves


Volume 1

Capítulo 2: A Emboscada

Os corpos dos caçadores falecidos espalhados pelo chão, e o cheiro de sangue impregnava o ar, contrastando com a beleza serena das árvores iluminadas pelo luar. Na escuridão, uma figura desconhecida observava os dois emissários de vento, que estavam destacados pela luz prateada da lua.

— Grrr!

Luther arrancou a adaga de seu ombro sem cerimônias. O sangue jorrou, manchando seu sobretudo. Ele segurou o cabo de sua espada com firmeza, usando a dor para se manter alerta enquanto sua regeneração mágica cuidava do ferimento.

“Isso é tudo culpa minha! Eu deveria ter voltado com Jasmim para o acampamento assim que suspeitei de algo errado”, pensou Luther, regulando sua respiração.

O emissário estreitou os olhos castanhos, vasculhando a escuridão em busca de mais inimigos. Jasmim, por sua vez, fixava o olhar em um ponto na floresta. O cheiro de sangue perturbava seu faro, mas ela sabia que a luta ainda não havia terminado. Sua experiência a fazia sentir a presença de alguém observando-os.

— Não se preocupe, Luther. Os outros virão nos procurar. Esse nosso pequeno aquecimento não é culpa sua.

— Hahaha, você sabe que eu não estou preocupado com isso. Na verdade, só não queria atrasar seu sono de beleza — respondeu Luther, tentando aliviar a tensão.

— Nesse caso, pode relaxar. Nosso oponente não levará muito do nosso tempo, não é mesmo?!

— Não importa quantas pragas de bruxos eu encontre, a arrogância sempre está presente — ecoou uma voz vinda da escuridão.

Luther ouviu um leve movimento nos arbustos e virou-se, pronto para o ataque. No entanto, duas adagas cortaram o ar em direção a eles por outro caminho.

No instante em que as adagas entraram em seu campo de visão, ambos conjuraram:

Arte Elemental: Escudo de vento!

As adagas ignoraram a barreira de ar e atingiram Luther na costela direita e Jasmim no braço esquerdo.

— Pela magia fraca, vou presumir que, ao contrário do que estavam tentando mostrar, estão cansados — disse a voz.

Da escuridão surgiu um homem, removendo seu capuz. Mesmo com a barba cheia, seu rosto ruivo era marcado por cicatrizes. Sua voz era fria, mas seus olhos queimavam de fúria.

Luther encarou o homem diretamente, sem medo do ódio que emanava dele.

— Seu desgraçado, não ouse nos chamar de bruxos! — gritou Luther.

— Ha! Qual é o problema? — retrucou o homem, puxando sua espada.

Ele avançou, e Luther fez o mesmo. As lâminas se encontraram, e, no momento em que ficaram frente a frente, Luther teve a sensação de que conhecia seu oponente.

— Quem é você? Você e esse bando de caçadores são os responsáveis pelos assassinatos nesta região?! — perguntou Luther.

Ao ouvir o assobio de Jasmim, Luther se afastou. Ela, com o caminho livre, investiu contra o homem, tentando cortar sua mão esquerda. Ele, no entanto, defendeu-se com habilidade e recuou rapidamente.

— Não vale a pena me apresentar ou explicar nada para dois cadáveres! — disse o homem.

Desta vez, ele foi o primeiro a agir, investindo contra Luther.

Arte Elemental: Impulso de vento! — gritou Jasmim.

Ela se colocou à frente, manipulando o ar ao seu redor e lançando uma forte massa de ar contra o inimigo. O homem tentou se desviar, mas o ataque o atingiu parcialmente, arremessando-o contra uma árvore. Ele se levantou sem dificuldades, removendo sua capa para revelar uma armadura leve e desgastada.

O homem lançou mais adagas, mas desta vez os emissários conseguiram desviar.

— Se você realmente planeja nos matar esta noite, vai ter que fazer melhor do que isso — provocou Jasmim.

Ela avançou novamente, usando golpes precisos e velozes. Seu estilo, que combinava a ferocidade de uma filha da floresta com a fluidez de uma Emissária de Vento, pressionou o oponente, forçando-o a recuar. Luther aguardava pacientemente por uma abertura.

— Vocês estão subestimando quem enfrentam! — gritou o homem.

Sem aviso, ele lançou uma última adaga, que Luther desviou por pouco, antes de contra-atacar.

A luta prosseguiu, com ambos os lados lutando com intensidade crescente. O embate se tornava cada vez mais perigoso, e a escuridão parecia conspirar contra os dois emissários, mas eles continuavam firmes, determinados a sobreviver.

Jasmim, em particular, lutava com uma velocidade impressionante, combinando a agilidade de uma kitsune com a fluidez de uma Emissária de Vento. Luther, ao ver uma abertura, investiu contra o pescoço do inimigo, mas foi forçado a interromper o ataque para se defender de outra adaga vinda da escuridão.

Ao se afastar de Jasmim, o homem disse:

— Ash, isso não era necessário. Eu posso cuidar desses dois!

Saindo das sombras, uma elfa de cabelos prateados segurava outra adaga.

— Mestre Poltergeist, se tem algo que o senhor me ensinou, é que é contra esse tipo de gente que todo o cuidado é pouco.

Jasmim, reconhecendo o nome, exclamou:

— Dimitri Poltergeist?!

— Por isso ele me parecia tão familiar. Esse desertor está na lista de mais procurados da Aliança — disse Luther.

Dimitri Poltergeist, outrora um grande general da Ordem dos Templários, agora era conhecido como o General Desertor. Ninguém sabia ao certo o que o levou a abandonar a Ordem, mas era evidente que ele havia mudado drasticamente desde então.

— Posso matar esses dois logo? — disse uma voz macabra, vinda da escuridão.

Um homem com uma máscara branca e chifres de cervo surgiu, segurando uma foice que cintilava sob a luz da lua. Sua presença era aterradora, como se carregasse consigo uma aura de desesperança.

Os olhos cinzentos de Jasmim se encontraram com os de Luther, e ambos firmaram suas espadas com determinação. A máscara da figura misteriosa trouxe memórias que ambos gostariam de esquecer, e Luther sentiu seu corpo estremecer de raiva.

Ciente de que era tarde demais para recuar, Poltergeist ordenou:

— Ash, Isami, cuidem da minha retaguarda. Eu irei matá-los! Só não quero que acabe tão rápido.

Poltergeist puxou sua segunda espada, e os emissários sentiram imediatamente a aura mágica emanando da lâmina. Era uma arma conhecida por absorver energia mágica.

— Venham logo! Mostrem o que vocês dois sabem, “emissários”. Espero que não morram tão rápido quanto a maioria! — provocou Poltergeist.

Arte Elemental: Ataque Ciclone! — gritou Luther, lançando um ciclone em direção a Poltergeist.

O caçador desviou por pouco, e o ciclone destruiu o tronco de uma árvore.

Arte Elemental: Lâmina de vento! — disse Jasmim, envolvendo sua espada com uma camada de ar que aumentava seu alcance e leveza.

Ela investiu contra Poltergeist, determinada a fazê-lo largar uma de suas espadas, e Luther a acompanhou. Os movimentos dos três eram impressionantes, mas Luther sentia a fadiga se aproximando.

“Ele não dá nenhuma abertura!”, pensou Luther, enquanto continuava atacando sem se poupar.

Luther conseguiu atingir Poltergeist com o cabo de sua espada, mas o caçador pisou em seu sobretudo, fazendo-o perder o equilíbrio.

Arte Elemental: Sopro de vento! — conjurou Luther, lançando uma forte massa de ar contra Poltergeist.

O caçador fincou sua espada no chão para resistir ao impacto, e Jasmim o acertou com um chute no rosto. Ele recuou, mas logo retornou ao combate.

— Aarrrgg!!! — Luther saltou em direção a Poltergeist com toda sua força.

O choque das lâminas lançou ambos para trás.

No meio do campo de batalha, um portal de chamas surgiu, deixando cair um homem antes de desaparecer. O homem, de cabelos acinzentados, gritou assustado ao se levantar.

— Por favor, me ajudem… — disse ele, olhando para Luther e Jasmim.

— O que é isso? Um aliado de vocês?! — zombou Poltergeist. — Isami, mate-o.

Os olhos negros de Isami brilharam em vermelho, e ele avançou para executar o intruso. Jasmim se apressou para impedi-lo.

— Não! — gritou Jasmim, bloqueando a foice de Isami com sua espada.

Poltergeist aproveitou a distração para atacar Jasmim, mas Luther se interpôs no caminho.

— Não ache, por um momento, que deixarei você feri-la.

Luther forçou sua espada para aguentar a pressão de Poltergeist, mas sabia que a situação estava ficando crítica.

“Ainda preciso tomar cuidado com a outra caçadora. Estamos em desvantagem, e os outros podem não chegar a tempo”, pensou Luther, olhando para a elfa que observava o combate.

— Não vai usar nenhuma magia? — provocou Isami, aumentando a pressão sobre Jasmim.

Ela tentou recuar, mas Isami continuou avançando, até que a atingiu no rosto com o cabo de sua foice, fazendo-a cair desacordada.

— Jasmim! — gritou Luther, vendo Isami se aproximar dela para o golpe final.

“Eu não posso deixar nada acontecer, não com ela. Isso é tudo culpa minha”, pensou Luther, desesperado.

— Onde está toda a confiança de antes?! — provocou Poltergeist, golpeando Luther sem piedade.

Para Luther, a voz de Poltergeist era apenas um eco distante. O único som que ele ouvia era o da foice de Isami cortando o ar em direção a Jasmim.

No entanto, havia alguém que estava sendo ignorado naquela luta. O homem de cabelos acinzentados, que havia sido protegido por Jasmim, olhou para Isami com olhos que brilhavam em vermelho rubi. Ignorá-lo poderia ter sido um erro fatal.

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