Em Outro Universo Angolana

Autor(a): Tayuri


Volume 2

Capítulo 2: Kane Odeia, Sapos

Kayla era amiga de Edgar Atlas. Ou melhor Kayla era uma IA responsável por ajudar Edgar Atlas. Dando-lhe as informações para conduzir as missões e o informando o básico que precisava saber sobre si mesmo. Ela passava os detalhes da missão e as informações necessárias para que ele pudesse completá-la e estranhamente ele concordava e aceitava tudo que a voz saída de um dispositivo lhe dizia. 

Parecia ridículo. Astrid acharia tudo aquilo extremamente ridículo,  se ela mesma já não tivesse cruzado a linha nonsensealidade, afinal ela tinha poderes, lutava contra ciborgues e brevemente também estaria enfrentando monstros. Então não era ridículo. Definitivamente não lhe parecia nada estranho alguém simplesmente parecer viver na base do que um aparelho lhe dizia. 

O homem que havia se apresentado para eles como Edgar Atlas. Entediado e parecendo não querer estar ali, os liderando para o que foi designado, simplesmente sumiu, deixando apenas uma pessoa que não sabia nem quem era e de dois em dois minutos precisava que Kayla lhe dissesse seu nome, idade e ocupação. 

Astrid achou que não devia, no entanto sentiu pena. Se sentiu triste ao vê-lo, perguntar por seu próprio nome, e pelo nome dos que estavam ao seu redor. E Astrid se sentiu feliz quando ele por fim os dispensou. Seguindo as instruções de Kayla, ele mexeu no aparelho que estava em sua mão e uma porta se abriu, na parede que estava  atrás dela. Finalmente poderiam sair. 

Phelan foi o primeiro a sair, parecendo realmente desesperado para sair daquela sala, ou talvez da presença de Atlas. Astrid tinha de admitir, ele estava realmente começando a deixar aquela sala, um pouco sufocante. 

Todos os soldados saíram atrás de Phelan. Edgar, repassou a missão mais uma vez, parecendo como se soubesse o que estivesse falando e sem pedir qualquer sugestão ou perguntar algo a Kayla, ele deu alguns passos para frente, parou sobre um pequeno círculo, onde sumiu e no chão onde antes estavam os seus pés, Astrid viu no círculo escrito em letras grandes: EA. 

— Ele se teletransporta, mas eles não somem. — Phelan pulou para dentro do círculo e nada aconteceu. — Acho que só funciona com ele. 

— Vamos embora. As pessoas estão começando a olhar. 

Astrid olhou ao seu redor e viu algumas poucas pessoas passando pela rua. Algumas apenas caminhavam sem lhes oferecer sequer um olhar e outras, os observavam, mas nenhuma chegava perto da linha vermelha, atrás da qual os soldados se encontravam. Parados perto da sala rosa onde haviam aterrado, atrás da linha vermelha que parecia ser um aviso para aquelas pessoas não se aproximarem. 

— E então — Phelan disse por fim, antes de jogar o capuz para trás, deixando seus fios vermelhos à mostra. — Deixe-os olhar. 

Sem esperar por ninguém atravessou a linha e não parecendo realmente concordar com suas palavras, Kane seguiu atrás, estavam indo para o lado esquerdo, para onde deveria ser o caminho para missão deles. 

— Vamos logo! — Lucky anunciou, no entanto, antes de cruzar a linha falou para Chloe. — Se precisar de mim...

— Vou ficar bem. — Suspirou, parecendo realmente exausta. — Foquem apenas na vossa missão, nós cuidaremos da nossa. Vamos Astrid. 

Astrid foi empurrada para o outro lado da linha, antes que pudesse realmente cogitar em se mover. Chloe acenou em despedida e assim se foram atrás de Kane e Phelan. 

.

.

— O Edgar...— Astrid começou, andando atrás, entre Chloe e King. — Ele vai ficar bem...Certo? 

— Ele deve ficar bem. — Kane King tinha os olhos nos seus arredores, que para ver havia muito. — Aquilo...Já deve ser normal para ele. 

— Normal — Astrid repetiu e se sentiu triste, por Atlas. Por sua cabeça, que parecia ter algum problema. — Por que... — Olhou a sua volta e depois olhou para o céu. — Por que o tempo é diferente? Os ajudantes falaram sobre iremos para cidade de Amarílis, ou seja, ainda estamos em Aquamarine, certo? 

Kane a encarou e seu olhar era estranho, era como se ele não tivesse entendido o que Astrid acabara de falar, entretanto antes que ele pudesse abrir a boca, Phelan, aquele que liderava o caminho, se pronunciou.

— Onde mais estaríamos senão Aquamarine. Esse lugar é simplesmente o único reino com  o tempo ferrado. 

— Você está falando alto demais — Kane o repreendeu e por um momento Astrid se perguntou qual deles era o mais velho, por mais que em aparência Phelan ganhava completamente. 

— Esse céu que você vê, não é real. Aquele do lado de fora também não é natural. — Astrid ouviu Chloe inspirar profundamente. — Em resumo, por causa do tempo ruim lá fora, esse clima foi feito. É para o conforto dos civis. 

Astrid olhou novamente nos seus arredores. Olhou atentamente para as construções e ruas bem iluminadas. As pessoas pareciam...Normais. Haviam algumas ostentando trajes tradicionais, adornados com lindas penas artificiais, outras apenas vestiam roupas mais casuais, mais extravagantes, mais modernas. Haviam lojas, restaurantes, prédios e até algumas casas de jogos aqui e ali. Parecia uma rua normal para Astrid. Exceto por eles, que andavam com aquelas roupas que provavelmente os deixavam intimidantes, capas e máscaras que possivelmente os faziam parecer esquisitos. Eles não se encaixavam naquela pintura e isso já estava incomodando Astrid, ela não gostava de parecer esquisita. 

— Coloque a guia a funcionar.

Astrid olhou para Chloe, entretanto ela tinha os olhos em Kane, que sacou o medalhão de uma das bolsas presas aos seu cinto, pressionou a superfície metálica e quando removeu seu polegar algo saiu do objecto, subiu bem acima de suas cabeças e quando parou Astrid viu claramente um pássaro. Azul. Pequeno o suficiente para caber no medalhão, reluzindo como se fosse um ser de outra dimensão, ou simplesmente de algum lugar que não fosse normal, como aquele mundo onde foi parar. 

Kane colocou o medalhão no pescoço e o pássaro abriu mais as asas e disparou para frente. 

— Já!!? — Phelan não pareceu contente, porém saiu correndo atrás do pássaro.

Ele detecta monstros. Fica preparada. 

Chloe correu, Astrid e King seguiram atrás. Os civis abriram caminho e facilmente os soldados puderam se mover pelas ruas que estavam movimentadas o suficiente para ser difícil correr por ela, caso eles não os dessem passagem. 

— O que eles sabem sobre nós? 

Sabem que estamos indo atrás de monstros? Somos heróis ou algo assim? Astrid estava realmente curiosa. 

Os civis? 

Huh!! 

Eles precisam de nós. Precisam que eliminemos qualquer coisa que não deveria fazer parte deste mundo. Não somos heróis. Reiterou e Astrid ouviu a voz de Phelan em seu ouvido.

— São sapos. Argh! São completamente...Nojentos!!

Astrid trincou os dentes, quando apenas barulho passou a sair do seu aparelho de comunicação, que fora colocado em seu ouvido. 

— Estamos chegando! 

— Sapos! Odeio sapos! — Kane admitiu, enquanto parecia diminuir sua velocidade, ficando até para trás de Astrid.  

— Os próximos são teus. 

— Desde que não sejam sapos, eu estou bem com qualquer coisa. 

King foi ficando mais para trás e Chloe apertou o passo. Astrid se teletransportou, sem querer, e reapareceu por trás dos cinco inimigos que lutavam contra Phelan, dentro de uma barreira, a qual ocupava um espaço considerável no meio da rua, onde os  civis passavam, como se nada estivesse acontecendo, excepto por alguns que paravam para assistir o que acontecia dentro daquela barreira, eles quase pareciam uma espécie de entretenimento.

— Sério que o King fugiu? — Phelan perguntou e Astrid sentiu seus tímpanos doerem. 

— Eu não fugi — devolveu, do lado de fora da barreira, antes de Chloe passar sua lâmina pela língua de um dos sapos. — Que nojento! — A voz de Kane voltou a surgir no comunicador e parecia que estava à beira de vomitar. 

Acho que também vou vomitar. 

Um dos sapos que pareceu notar a existência de Astrid, andou alguns passos em sua direção, caminhando como se fosse uma pessoa, vestido com um uniforme azul, onde tinha costurado em seu tecido Sage Evans. 

Ele se chama Sage ou...Ele comeu o Sage? 

Astrid não perguntou. O sapo soltou sua língua e ela se teletransportou, a língua bateu contra a barreira e a mesma não passou por ela, porém Astrid pode ouvir alguns aplausos e assobios do lado de fora, eles eram realmente algum tipo de entretenimento. 

As mãos sacaram as foices da costas. Apertaram-nas com força e Astrid avançou. O sapo virou ao mesmo tempo que Astrid pulou, se teletransportou para cima de seu campo de visão e apertando o cabo com mais força jogou a foice e a mesma fincou no meio da cabeça do sapo, o qual jogou sua língua em direção a ela, no entanto Astrid a cortou facilmente com sua foice e quando seus pés tocaram no chão a foice que estava fincada na cabeça do inimigo afundou ainda mais em sua carne, ele gritou e Astrid chamou: Scarlet!!

Mais sangue saiu da cabeça do sapo quando a lâmina deixou sua testa e voltou para mão de Astrid. 

Com lágrimas nos olhos e gritando palavras desconexas, o sapo correu em direção a Astrid, com as mãos fechadas em um punho. Astrid por sua vez, correu também, pisou na língua causando náuseas em Kane e outras pessoas sensíveis que assistiam. O sapo direcionou um soco para o rosto de Astrid a qual se moveu para sua lateral, rodopio seu corpo e estando trás do sapo bateu o cabo da foice em suas costas e segundos depois, uma lâmina transpassou a barriga do sapo, Astrid puxou a foice e ele caiu no chão, ao mesmo tempo que a lâmina voltou a ser a ponta do cabo.

Astrid olhou para o sapo, Sage, ou quem quer que fosse e se sentiu enojada, infeliz e exausta, mas mentalmente do que fisicamente. 

— Vamos!

A barreira já havia sumido, quando Astrid encontrou os olhos de Chloe. Havia seis sapos...Monstros no total. Ela havia matado um e Chloe e Phelan afim feito o resto, sem ao menos parecerem cansados.

Ela ainda era fraca. Se fosse sortuda o suficiente para estender mais um pouco seus anos de vida, ainda teria tempo o suficiente para ficar melhor, na arte de matar. 

— Scarlet!!! É sério? — Phelan, perguntou. Tentou pousar a mão no ombro de Astrid, mas ela se esquivou e foi para perto de Kane, que se afastou dela, provavelmente porque devia ter sangue de sapo em algum lugar do seu uniforme. — Qual é? Estamos em missão, não vou te transformar. 

— Prefiro não arriscar — guardou as foices. — E agora! O que fazemos com os... 

Os olhos de Astrid se arregalaram, enquanto assistiam os monstros se desintegrarem e deixarem somente, pedras preciosas para trás. 

— O que aconteceu com eles? 

Até o momento ninguém tem uma explicação para isso. 

E essas pedras? São realmente pedras preciosas? 

Não sabemos nada sobre elas também. Nosso trabalho é só matar monstros. Há outras pessoas que cuidam disso. 

— Há outros monstros — disse King, seguindo com os olhos o pássaro, que se movia a uma velocidade menor. — Vamos! 

Sem realmente ver se alguém o seguia, foi atrás do pássaro. Segundos depois Chloe e Phelan seguiram atrás, Astrid por sua vez ficou olhando para as joias, as quais ninguém pegou, mesmo parecendo um tipo de item que poderia deixar qualquer um rico. Ninguém parecia querer-las. 

Astrid seguiu atrás de seus companheiros e tentou não pensar muito nas pedras preciosas jogadas no chão e nos sapos que simplesmente sumiram, como se nunca tivessem existido. 






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