Volume 2
Capítulo 12: Parasitas
Scarlet, determinada, atravessava por completo o corpo de Edward e corria em direção a escadaria. O gesto repentino atordoou o garoto, por instinto deu atrapalhados passos para trás no instante que via o espírito ir de encontro ao seu corpo. Após o choque, intangível, virou o rosto instantaneamente em direção a corrida apressada da amiga.
As botas mudas da garota deixavam de sentir qualquer característica da madeira surrada dos degraus, em um lampejo já se encontrava no segundo andar.
Superada a subida, o espírito fazia questão de manter o mesmo ritmo acelerado. Entre a correria, deixava de lado qualquer mínima atenção para o cenário que percorria, Scarlet fazia questão de gritar sua mensagem:
— VAMOS, CADA SEGUNDO IMPORTA NÉ? — clamava, sem parar com a corrida despreocupada, virando sua atenção para a figura cada vez mais distante de Edward.
— FAÇA SILÊNCIO NA CASA DO SENHOR! — reprimiu o espírito, um idoso de cabelo ralo esbranquiçado, sentado há três assentos do altar.
— Sempre surge um doido por aqui… — cochichou o cabisbaixo fantasma de um adulto presente nos primeiros assentos próximos à entrada.
Embora incapaz de compreender todas as palavras da segunda reclamação, as respostas chegavam até os ouvidos de Ed, irritando-o. Relaxou os ombros, como se livrasse deles um peso, e, após um suspiro, murmurou uma reclamação para si mesmo. Chamar atenção demais nunca esteve entre suas intenções.
— Por que você é assim, Scarlet? — lamentou, virando e se arrastando em direção à subida, como se estivesse sem energia.
Ainda envergonhado, Edward caminhava de forma tonteante, como um pêndulo. Lentamente, riscou a madeira rústica do chão com seu tênis esbranquiçado. Após deixar para trás cerca de 20 pegadas arrastadas, chegara o momento de erguer o corpo mais uma vez — os degraus se faziam presentes.
A mão esquerda do visitante apoiava-se no largo corrimão de madeira. Devido à espessura e à largura do apoio, era impossível fechá-la por completo ao redor dele. ada passo fazia os degraus rugirem.
O som da madeira desgastada, pressionada pela força dos passos, soava como o lamento distante de um espírito.
Concluída a subida, o Edward finalmente vislumbrava o restante do estabelecimento. Diferentemente do primeiro piso, o novo andar se mostrava desprovido de detalhes complexos.Agora mais próximo, podia perceber melhor os traços luxuosos do lustre: um candelabro dourado com cerca de vinte braços distribuídos em três camadas, adornado por cristais brilhantes que formavam uma espécie de véu.
Apesar da riqueza do foco principal de luz, o restante do cômodo era simples — servia como um observatório do piso inferior e também como acesso às salas privativas. O corrimão se estendia ao redor de todo o andar retangular, delimitando o espaço desprovido de assentos ou esculturas. A largura da área permitia que três pessoas caminhassem lado a lado, o que facilitava o fluxo quando havia grande movimentação.
Deslumbrado pelo novo ângulo proporcionado pelo ambiente, Edward caminhava cautelosamente sobre a madeira rústica — mais firme que a dos degraus — sem tirar os olhos do andar de baixo. Mantinha a mão sobre o corrimão, deixando que a própria geometria do apoio o guiasse, sem se preocupar com os obstáculos à frente. A cada passo, sentia a mão escorregar pelos inúmeros riscos da madeira — uma delicadeza que lhe trazia um discreto conforto.
Após percorrer o primeiro corredor lateral e seguir pelo central, o garoto foi conduzido à esquerda, onde se encontrava seu destino.
— Caramba, é uma loucura perceber o quanto você é incoerente… — apontou Scarlet, escorada na parede à direita de Edward.
— Ah, o que foi agora? — Encerrou o caminhar e virou em direção da voz da amiga.
— Pensei que estava agoniado para descobrimos novas coisas… Porém, prefere ficar hipnotizado pelo cenário — disse fingindo um grande bocejo.
— Hahaha — riu forçadamente —, cheguei até rápido aqui e eu nunca iria sair correndo ou fazendo escândalo em um local tão silencioso quanto este. — Concluía levantado a sobrancelha esquerda enquanto fitava o semblante debochado da garota.
— Ah — Scarlet ria tentando segurar o volume de sua voz —, certo, certo!
— Ei, o que foi?
— Nada, prefiro manter nossa amizade — afirmou a amiga, ainda risonha, enquanto coçava os olhos. — Bom, a biblioteca deles fica atrás desta porta. — Cessou o semblante risonho e apontou com o dedão para as duas portas de madeira. — Agora vem a parte chata: tanto o corredor quanto a biblioteca apresentam algumas câmeras de segurança. E para dificultar um pouco mais, ao lado da porta da biblioteca sempre há um segurança de plantão durante o horário de funcionamento da igreja.
— Ótimo… — murmurou, enquanto respirava fundo. — Então vou precisar ficar aqui esperando? — Aproximou-se da amiga e sentou-se no chão gelado do ambiente,.
— Sim… As câmeras eu consigo resolver facilmente, mas encontrar uma distração sólida para o segurança é quase impossível. Quando visitei o local, percebi que de madrugada é o melhor momento para vir. Então a minha ideia hoje é aprender novas coisas e principalmente localizar quais livros serão úteis.
— Para depois você vir e roubar?
— Mais precisamente, pegar emprestado. A ideia é levar até a casa da minha amiga e tirar fotos de cada página. Depois disso, devolvo o livro ao seu devido lugar — explicou, segurando a própria nuca com as duas mãos e apoiando o corpo relaxado na parede.
— Espera… você têm um celular? E seu plano é sair andando pela cidade com um livro flutuando? — questionou, segurando o riso, direcionando a atenção para a face confiante de Scarlet.
— Se você soubesse quantas pessoas perdem seus celulares durante o dia a dia ficaria assustado — ainda estampando tranquilidade, a garota respondeu cerrando os olhos.
— Ok, mas como a pessoa vai recuperar se você roubou?
— Como minha amiga possui internet em casa, fica bem fácil utilizar aplicativos que não pedem por uma linha telefônica. Então posso te mandar todas as imagens caso você me adicione na rede social que uso.
— Espera, você não está me respondendo!
— Ah sim, sobre o livro flutuando: basicamente escolho o melhor caminho, o que possui menos câmeras ou várias disfuncionais, e desabilito algum mecanismo de segurança caso seja necessário. Claro que ainda pode surgir alguma pessoa e ver um livro flutuando. Acontece que escolho muito bem os horários de ação — comentava de forma frenética, sempre se empolgava quando encontrava uma brecha para se gabar. — Quando chego no prédio da minha amiga, subo pelas escadas da saída de emergência. Ela mora no último andar, o décimo primeiro, assim fica fácil esconder meus objetos no terraço já que raramente alguém sobe até lá.
— Inteligente… mas seria muito mais esperto trazer o celular até aqui, não?
A imagem firme do espírito trincava ao escutar a ideia certeira de Edward. Envergonhada, por ter esquecido da possibilidade levantada, Scarlet reabriu os olhos e virou o rosto ao sentido contrário do garoto.
— Hum… dá na mesma!
— Claro que não! Outra coisa, você ainda é uma ladra… será que é por isso que você prefere levar as coisas até sua casa? — risonho, fazia questão de ressaltar a indagação que fora despercebida por Scarlet.
— Volto aqui para te atualizar. Enquanto isso, vai refletindo aí! — disse Scarlet alegremente, ignorando-o, enquanto submergia na parede atrás de si chacoalhando a mão direita em sinal de despedida.
— Desisto… Faça a busca direito! — Deu o aviso relaxando por completo o corpo.
A aparente exclusão de Edward do plano de exploração pegou o mesmo de surpresa. O banho de água fria convidava o retorno do desânimo, contudo de forma astuta o rapaz preferia se agarrar na ordem de sua amiga.
— Por que Chris sabia fazer tudo aquilo? — falou em baixo tom, com os olhos fixos no candelabro. — Alguém o ensinou… ouvi de relance o seu nome, quem é esse tal de Viktor?
Reviver o assustador encontro acelerava, em partes, o ritmo respiratório do rapaz. A sensação de proximidade com a morte e a angústia por ter perdido alguma informação importante ainda estavam à flor da pele. Em resposta, ele engoliu seco e continuou conversando consigo mesmo:
— Como… como você ficou tão forte? — sussurrava recordando da voz rouca de Chris e de suas mórbidas conversas. — Precisava de mais poder para continuar com suas matanças? Você só se vingou ou procurou novos alvos?
As perguntas jogadas ao ar soavam como peças de um grande quebra cabeças. Quanto mais pensava sobre as vítimas, mais compreendia a dificuldade em encontrar pistas robustas: pessoas desaparecem diariamente em uma proporção assustadora em diversas partes do mundo. Para piorar, a única informação encontrada sobre Chris, nas pesquisas feitas nos dias anteriores, revelava que o malfeitor sequer era da cidade de Edward — o espírito havia espalhado sua maldade por diversos cantos.
— Parece que chego sempre no mesmo ponto…
— Verdade… — confirmou Scarlet, surgindo novamente na cena revelando apenas a cabeça para fora da parede.
A voz adocicada da amiga causava um pequeno susto e, principalmente, o conforto de poder contar com outra pessoa quanto a suas preocupações.
— Já retornou? — perguntou encarando de rabo de olho o espírito saindo por completo da parede de seu lado direito.
— Sim… Me dei conta que seria mais produtivo pedir algumas sugestões. — Concluiu o raciocínio já com o corpo totalmente exposto.
— Certo, chegou em um bom momento preciso te perguntar algo.
— Ok… — Sentando ao lado de Edward, começou a falar sobre suas dúvidas: — Esqueci de comentar antes, nenhuma prateleira possui identificação quanto a temática dos livros. Pensei em procurarmos algum conteúdo sobre ritos, natureza do sobrenatural e possessão.
— Possessão? — Intrigado, Ed levou a mão ao queixo.
— Tive uma ideia e gostaria de testá-la… Será que qualquer espírito pode possuir alguém? Preciso conhecer melhor sobre essa natureza.
A resposta despertava suspeitas em Edward, imaginar as possíveis loucuras que Scarlet poderia pensar preocupava sua própria saúde. O receio, de forma instantânea, juntou as sobrancelhas do garoto, mudança que fora rapidamente notada pelo espírito.
— Se acalma, não vou te fazer nenhum mal… — Diferente de outros momentos, Scarlet manteve seu tom sereno. — Na realidade, em nenhum instante passou pela minha cabeça utilizar esses conhecimentos em você… Sabe… eu gostaria de verificar algo… eu…
Cabisbaixa, Scarlet parecia ter perdido as palavras. Gentilmente, fechou os olhos, respirou fundo e, só então, conseguiu finalizar a fala.
— Preciso saber se no fenômeno de possessão as memórias do hospedeiro são compartilhadas… se sim vou poder descobrir algo importante.
— Desculpe, não estava duvidando de você… — Relaxou a face, percebendo o pequeno desconforto da amiga. — Imagino que deve ser algo bem pessoal… caso eu possa te ajudar me avise…
— Tudo bem… e obrigada. — Reabriu os olhos e, com a fala mais firme, compartilhou uma informação importante: — Aparentemente, já descobri onde estão guardados os estudos mais relevantes daqui!
— Espera… quê? — Ouvir aquelas palavras fez crescer uma empolgação ardente no peito de Edward. De repente, ele arregalou os olhos e girou o tronco, aproximando-se ainda mais do perfil de Scarlet.
— A fé — ou talvez a própria luxúria — dos donos do local nos favoreceu bastante. Todas as prateleiras do ambiente seguem um padrão simples, como em qualquer biblioteca convencional. Porém, uma em especial está localizada de forma central e é vedada por um vidro delicado com puxadores. Para nossa sorte, não há cadeado na porta do armário, então tudo indica que poderemos coletar muitas informações a partir de hoje!
— Chegou a verificar a linguagem do material? — Constatando a postura indiferente da mulher, Ed se recolheu sentando como anteriormente.
— Ainda não… Tenho certeza que estará em latim, vamos precisar tirar fotos de cada livro e traduzi-los. — Independentemente da aparente dificuldade, a sede por novas descobertas alegraram o timbre de Scarlet.
— Certo… Vamos aproveitar a viagem e procurar nos outros algo importante também. Afinal — iniciou a frase puxando o celular do bolso —, recém são 3 horas da tarde.
— Pensei o mesmo, seria interessante ficarmos aqui até o início do culto as 20:30… Na biblioteca têm um relógio, a cada meia hora posso voltar até aqui para te deixar um pouco menos só — Focou no rosto de Edward e estampou um sorriso de canto.
— Grato por me incluir na aventura — respondeu devolvendo o mesmo sorriso sarcástico.
— Você estava pensando sobre o ataque? É sobre o colar? Realmente acredito que tenha sido um caso de objeto amaldiçoado… Sua mãe se foi por ter concluído um desejo, ao mesmo instante que te deixou um objeto importante para ela… Imagino que parte da alma dela estava presente nesse objeto.
— Não era bem sobre isso que gostaria de conversar… mas sim… concordo, porém tenho certeza que minha mãe não planejou tudo isso.
— Ah… desculpe. Antes de falar o que foi, só para esclarecer: sem dúvidas fugiu dos planos dela… raramente um espírito amaldiçoa algo de forma consciente… pelo menos de acordo com o que descobri.
Scarlet adorava trazer informações novas. De certo modo, convencia-se de que estava sendo útil — e, por isso, costumava se empolgar.
— Então, o que está te incomodando?
— Por tudo o que já te contei sobre meu acidente... o que acha de um espírito matar outros espíritos? Como isso acontece? Você já tentou?
— Ahn… O que você pensa sobre minha pessoa? Uma ladra e agora… assassinatos?! — dizia carregando o máximo de drama possível em sua voz, forçando certo vitimismo.
— Jesus… seja constantemente uma pessoa legal, que tal? — Revirava os olhos em resposta às novas brincadeiras de Scarlet.
— Isto seria muito chato! — respondeu sem pestanejar e mostrou o dedo médio. — Agora, sério… — Em um passe de mágica, extinguiu qualquer traço de descontração e prosseguiu a conversa: — Tenho certeza de que espíritos comuns conseguem ferir seus iguais. Sempre fiquei na minha para evitar grandes problemas, porém conversei com alguns que presenciaram coisas terríveis.
— Como soube da veracidade dos relatos?
— Os olhos deles gritavam por socorro… sentiam receio de qualquer coisa. Independentemente de o responsável por tanto terror ter sido um espírito comum ou não, garanto que todos esses relatos vinham de pessoas que estavam temendo a morte.
A voz apertada de Scarlet penetrava profundamente a mente de Edward, sentia uma intesidade desconfortável em torno do relato.
— Chris tinha traços de um assassino… deixou claro que se vingou de quem colaborou com o seu fim. Só que ele continuou matando e—
— Matar espíritos não deixaria nenhum rastro... — Concluiu levando o dedo indicador próximo de seus lábios.
— Sim, só que… ele realmente preferiria matar sem deixar rastros? Esse cara parecia ser muito performático e insano.
Edward cavava mais fundo, percebia que estava cada vez mais próximo de encontrar uma informação crucial. Precisava ignorar o desconforto, sufocante, e seguir com as reflexões.
— Faz sentido... — disse Scarlet contendo o volume da voz, efeito da crescente concentração a cerca dos pontos levantados.
— Mais uma coisa é certa: se o que você disse for verdade, então você também precisa tomar cuidado com possíveis ameaças. E, pelo menos uma vez, Chris eliminou um espírito como ele.
— E o que te intriga tanto nisso? E relaxa… sei me cuidar! — Lentamente começava a morder o canto inferior do lábio.
— Chris foi o primeiro que presenciei conseguir mudar tanto sua presença espiritual. Digo, você consegue isso em parte… mas não chega nem perto das possibilidades que vi diante de mim naquele momento.
— É… sou um tanto fraca… O caminho para me fortalecer é matando outros dos meus? É isto que está tentando dizer?
As peças do quebra cabeça lentamente encaixavam-se, um aterrorizante novo caminho fazia-se possível. Matar para fortificar, a ideia por si só apertava forte o coração de Edward. Sua mente em combustão conseguia refletir sobre apenas uma questão: se a tese se comprovasse verdadeira, ele iria atrás dessa opção em algum momento?
— Eu posso tes… testar se quiser — a voz falha, fraca, de Scarlet dizia tais palavras querendo que as mesmas passassem despercebidas pelo amigo.
Mais uma vez, Edward revivia o encontro com a ameaça já superada. Factualmente, Scarlet morreria se estivesse presente — o que trouxe alguns segundos de silêncio à conversa. Nenhuma resposta parecia ser a correta.
— Nunca! Vamos descobrir a verdade sobre…e só usaremos esse recurso como última opção. Precisamos nos preparar com rituais e medidas de proteção — exclamou e rangeu os próprios dentes.
Todas as palavras foram cuspidas de uma só vez — tentava convencer a si mesmo de que aquela era a única escolha plausível. Ao final, Scarlet aprovou a resposta, ainda que estivesse longe de ter certeza se era realmente a correta.
Após horas de conversas e buscas, ambos os amigos se despediram e partiram rumo a cada uma de suas casas.
Os livros convencionais encontrados apresentavam inúmeras teorias, relatos e histórias envolvendo diversas religiões. Apesar da veia católica do local, o estabelecimento também armazenava estudos sobre o budismo e algumas religiões tribais. Foi interessante aprofundar nos detalhes sobre origens e simbologias; ainda assim, as maiores apostas continuavam voltadas para os livros da estante chamativa.
Edward prontamente adicionou o contato fantasmagórico e ficou de esperar por algum retorno da amiga, que prometera visitar a igreja novamente na madrugada que logo se iniciaria.
O relógio marcava o horário de chegada de Ed, às 21:10. Apesar da igreja ser razoavelmente próxima de sua casa, o garoto preferiu voltar de táxi — refletir sobre todos os acontecimentos e descobertas gastaram todas suas energias.
Esgotado, o jovem acertou o valor da viagem com o motorista de forma seca e direta — precisa urgentemente relaxar em sua cama. Bateu forte a porta do passageiro e sem mais distrações seguiu o caminho do jardim até a porta de casa.
— Pai… — bocejava antes de prosseguir — cheguei!
Depois de se espreguiçar, percebeu o cenário incomum: todas as luzes da residência estavam apagadas.
Imerso na escuridão da sala, Edward ligou o interruptor e decidiu subir até o quarto do pai. O filho sentia-se desconfortável — não era do feitio de Alex voltar tarde para casa em dias comuns. Cada passo carregava o peso de uma angústia afiada crescendo em seu peito.
“Aconteceu alguma coisa? Meu pai me avisou sobre algo?”, pensava, enquanto subia os degraus, revisando mentalmente suas últimas conversas com o familiar. No entanto, os pensamentos intrusivos apenas se intensificaram à medida que recordava a falta de qualquer adversidade em suas últimas conversas com o pai.
Com as mãos frias, Ed puxou o celular em busca de alguma mensagem ignorada. O resultado deixava sua mente ainda mais inquieta: nenhuma notificação, nenhuma mensagem do pai.
"Pode ser a internet... talvez ele tenha avisado algo e ainda não chegou", escorou-se nessa possibilidade — ainda que o sinal estivesse funcional — no momento em que guardava o aparelho de volta no bolso.
— Pai, cheguei… está aí?! — insistiu, elevando o tom de voz, enquanto virava a esquina do corredor e se aproximava da porta do quarto.
O andar apressado acompanhava o ritmo gradualmente mais agitado dos batimentos de Edward, impulsionado pelo surgimento de um pensamento que ele tanto tentava reprimir: "Chris voltou?"
Ignorou o impulso contido e cedeu à corrida desesperada. "Fiz questão de escolher outro caminho na minha fuga… não pode ser ele!" — buscava, entre a respiração ofegante, alguma forma de refutar o próprio anseio.
Longe de qualquer cautela, abriu com força a porta do quarto do pai.
— Pai está tudo—
Rangidos estonteantes da madeira anunciavam a assustadora surpresa.
Nota do autor
Com este capítulo, iniciamos, enfim, a reta final do volume 2! Pedimos desculpas pelo atraso de algumas horas para a publicação, a plataforma estava com alguns problemas de inserção de imagens. Agradecemos imensamente pelo apoio e por continuarem acompanhando a obra.
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