Volume 8

Capítulo 158: O fim do evento

Rudel olhou para o próprio peito.

Sua armadura branca manchada de lama, ele tinha sofrido vários ferimentos de todas as formas e tamanhos. Eles eram a prova de que o rapaz tinha conseguido se manter firme.

Mas agora ela foi perfurada por uma lança negra e distorcida.

Milhares de objetos semelhantes foram cravadas no chão ao redor dele, quase como uma cela de prisão para trancá-lo.

Ele tentou afastar a chuva de lanças negras do céu. Ele tinha conseguido defletir algumas...

“… este é o limite?”

Ele largou a espada em sua mão direita. Costurado ao chão, com as costas arqueadas, Rudel cuspiu sangue de sua boca.

Uma única facada no coração.

Um golpe fatal.

“Ele me pegou. Não posso mais me mover.”

Olhando o garoto estava o gora, ele teve três braços cortados no momento anterior. Os braços estavam aos poucos se regenerando e agora ele olhava para baixo, para um Rudel imóvel.

A serpente vil estava na mesma.

Como se dissessem que seu papel havia acabado, agora eles não fizeram nada além de olhar para ele.

Ele ouviu passos.

Cavaleiros e soldados do império.

Enquanto eles estavam preocupados com o dragão e o gora, como os dois não estavam mais se movendo, eles tentaram se aproximar. Claro, isso era pelo ódio por Rudel.

Tendo causado perdas tão grandes, eles caminharam até o dragoon, que havia produzido essa situação.

— Seu desgraçado louco.

— Covarde de Courtois.

— Como se atreve, meu irmão...

Companheiros e parentes. Aqueles que tiveram companheiros mortos pela mão de Rudel ergueram suas armas para cercar o rapaz.

Seus movimentos não pareciam estar sendo conduzidos; eles estavam se movendo por conta própria.

Rudel riu.

“Eu destruí a cadeia de comando?”

Seria bom se isso os fizesse recuar, ele pensou enquanto olhava para o céu.

O céu estava nublado, o tipo de clima para te deixar desanimado. A vil serpente batendo suas asas naquele céu parecia já ter perdido o interesse por ele.

Ela exalava um ar de satisfação com o resultado.

— … Sakuya é mesmo a número um.

Olhando para o dragão sombrio batendo suas asas, Rudel fechou os olhos e respirou fundo.

Ele ouviu os soldados imperiais reunindo-se com armas nas mãos.

— Será que... consegui resistir?

Rudel não sabia a quem suas palavras eram dirigidas. Talvez a Sakuya, talvez a seus queridos amigos. Os superiores e colegas em quem ele confiava... e, o rosto de Izumi veio à mente.

Com um rugido, um sopro foi disparado contra a vil serpente.

Os ventos ficaram mais fortes, o som de duas grandes massas colidindo fez o jovem abrir os olhos.

Lá estava Sakuya.

Balançando seus dois enormes braços, ela socou o gora. Testemunhando-a em toda a sua glória, Rudel deu uma pequena risada... enquanto o poder era drenado de seu corpo.


Pulando de volta das costas de Heleene, Izumi sacou sua katana no momento em que seus pés tocaram o chão.

Bennet jogou seus projéteis um após o outro para afastar os cavaleiros e soldados que se aproximavam de Rudel.

Para chegar a Rudel, Izumi ignorou seus inimigos e mergulhou direto para frente.

Enquanto ela corria cortando as grandes barras pretas perfuradas no chão, ela viu Rudel, seu peito perfurado por uma delas.

— Rudel!

Izumi gritou, cortando todas as barras pretas ao seu redor em seu avanço. Os soldados do exército imperial reunidos direcionaram suas armas para ela.

— Covardes do reino!

Eles estavam removendo lanças para chegar a Rudel, seu número chegava a algumas centenas.

Diante de tal inimigo, Izumi semicerrou os olhos.

— Vocês estão no caminho.

Um único clarão de sua espada. Disparando um corte, ela cortou lanças pretas e alguns soldados inimigos, enquanto Aleist, cuja sombra escapou pelas lacunas das barras, lançou seus inimigos para longe junto com as barras.

— Rudel!

Os dois correram para Rudel com grande pressa; no momento em que chegaram a ele, o rapaz já tinha dado seu último suspiro.

Izumi imediatamente cortou a lança perfurada nele, desprendendo-o do local.

— Nós-nós temos que curá-lo logo...

Com a mão tremendo, Izumi começou a curar Rudel. Lá, além de bumerangues, com um punhal em cada mão, Bennet avançou correndo.

— O que você está fazendo? Pegue-o e corra.

Um olhar para o céu, Bennet olhou para os soldados imperiais se reunindo e mudou a pegada em suas adagas.

— Nem Heleene pode ganhar contra aquilo. E ele não parece mais estar com vontade de agir...

Confirmando a morte de Rudel, o gora e o dragão negro perderam sua motivação. No entanto, quando os dois corpos... olharam para Aleist correndo em direção a Rudel, eles rugiram.

— O qu-quê!?

Os Imperiais ficaram confusos.

Vendo que havia até alguns que giraram nos calcanhares, Bennet estalou sua língua.

— Então eles não podem controlar isso.

Izumi segurou Rudel com força. Ela estava derramando lágrimas.

— Major Bennet. Rudel não tem pulso… e... e, não posso sentir nada dele.

A voz trêmula de Izumi ressoou.

Aleist olhou para Rudel em um estado de torpor. Desembainhando as espadas gêmeas em suas mãos, ele ficou parado no local.

— Vocês dois, se acalmem...

Então, uma das integrantes do harém de Aleist correu e os informou:

— Isto é ruim, pessoal! Os exércitos estacionários em ambos os flancos estão agora vindo em nossa direção.

Ouvindo os exércitos que ignoraram o corpo principal até aquele ponto estavam agora se movendo, Bennet olhou para o céu. Havia a forma de uma serpente lidando com os ataques de sua parceira Heleene como se eles não fossem nada demais.

Mas olhando para eles do alto, o monstro estava assumindo uma postura de batalha.

Izumi segurou Rudel em seu peito.

— Isto, isto não pode…

Ele havia sido colocado na batalha sozinho em uma situação tão desesperadora, Izumi o abraçou enquanto todos os tipos de pensamentos passavam por sua cabeça.

O gora que Sakuya estava enfrentando também era forte. Para Izumi, parecia que Sakuya estava perdendo em força. Rudel tinha lutado contra tal inimigo sozinho.

Bennet se determinou.

— Eu vou ocupar a retaguarda. Todas as tropas, recuem agora mesmo!

Aleist pegou suas armas e gritou.

— Não brinque comigo... não brinque comigoooooo!!

Aleist chutou o chão para se impulsionar em direção ao Gora. Uma espada em cada mão, ele cortou com todo o seu poder.

Uma mana negra residia em sua lâmina, ela tremia e se curvava como chamas enquanto crescia para engolir o Gora.

Quando Sakuya saltou para fora do caminho, um ataque com todo o poder de Aleist se derramou sobre a besta.

Um impacto grande o suficiente para arrebatar o ambiente em um vendaval repentino surgiu enquanto fumaça pairava sobre todos.

Aleist levantou os ombros enquanto respirava com dificuldade. Olhando para as costas dele, Izumi...

— Aleist, você…

Seus ombros subiram, e abaixaram, logo isso se transformou em um leve tremor.

— Não me sacaneie. Ele é um precioso amigo. Traga ele de volta. Seu maldito...

Mas uma batida de asas do dragão e a fumaça sumiu.

Havia um gora, queimado na superfície. Mas pele nova logo foi gerada a partir dali, e a carne negra carbonizada caiu em pedaços para devolvê-lo ao seu estado ileso.

Ele ouviu uma voz do nora.

Mas não veio de sua boca. Ele podia ouvi-la da boca de Askewell, enterrado em sua testa.

— Esperei tanto por este momento.

Izumi parou, e apoiando Rudel em seu ombro, ela concentrou seus ouvidos nesta voz sinistra.

Aleist parecia um pouco abalado.

— Foi tudo para hoje, para este exato momento... e para você morrer.

Aquele que o gora e o dragão olharam com a palavra "você" foi, sem dúvida, Aleist.

— O qu-que você quer dizer?

Izumi olhou para Aleist. Mas ele parecia aceitar um pouco esta declaração.


Aleist sentiu como se seu coração estivesse sendo agarrado pela voz que ouviu do gora.

— Eu nasci por causa da sua existência. Essa foi a razão para nós existirmos... mas uma razão como essa pode ir pastar.

O gora apontava para Aleist, o dragão abriu a boca também.

— A princípio, foi uma distorção verdadeiramente minúscula. Tudo começou há mais de quinze anos. Quando você, em sua ignorância, chamou um dragão para sua mansão por pura curiosidade.

Sakuya pousou no chão, e se posicionou para proteger Izumi e Aleist. Heleene vigiava os movimentos do dragão com cautela.

Enquanto os soldados imperiais corriam, eles imediatamente reformavam suas forças e avançavam sobre eles.

— Naquela época? Não me diga, quando eu disse que queria ver um dragão no meu aniversário...

O que Aleist recordou foram lembranças do dia em que ele suplicou a seus pais para ver um dragão.

Este era um mundo de espadas e magia. Era algo inevitável, ele desejou testemunhar uma fantasia. No entanto, uma ação tão sem sentido de Aleist tinha colocado tudo em movimento.

— Essa pequena distorção aos poucos cresceu em tamanho. Essa distorção era Rudel. É sua culpa que aquele pirralho se transformou em dragoon.

Aleist se virou para olhar para Rudel sendo segurado por Izumi.

Todos olharam para Aleist.

O dragão continuou:

— Nós nascemos para corrigir essa distorção. Você sabe por quê? Foi porque você desejou isso.

Aquele modo de falar fazia parecer que Aleist estava relacionado com os monstros diante de seus olhos; a expressão de Izumi escureceu um pouco.

O rapaz sacudiu sua cabeça.

— Mesmo que isso seja verdade! Vocês mataram Rudel!

O gora falou com indiferença:

— Isso mesmo. Mas se você não tivesse feito nada, seria aí que tudo terminaria. Você é a fonte de tudo isso. Preparamos o palco para você, montamos todos os eventos, então esse último dia poderia acontecer.

A serpente vil abriu sua boca enorme.

Mana se tornou esferas de luz e se reuniu em sua boca em um tom sinistro de preto e vermelho.

— O evento derradeiro, você não pode imaginar como esperamos... tudo o que resta é apagar você, e tudo vai acabar. Podemos enfim estar em paz.

Aleist brandiu suas armas.

Mas no chão e no céu, além disso, um inimigo que até Rudel não poderia enfrentar estava diante deles, o resultado estava decidido desde o início.

Junto a isto, a cabeça de Aleist estava ocupada com pensamentos de arrependimento.

"Foi porque eu desejei isso? Porque eu desejei viver em um mundo de jogo que isso... se eu simplesmente desaparecesse..."

O arrependimento do reencarnado Aleist.

Seu querido amigo tinha morrido pelo mundo que ele desejava, e ele morreria também.

"Este é o resultado da reencarnação?"

Ele pensou que tinha obtido tudo. Mas o ele realmente queria nunca poderia ser obtido com trapaças.

"Quão estúpido eu fui."

Aleist estava começando a desistir.

"Eu enfim consegui o que queria. No entanto, vou morrer em um lugar como este?"

O gora com seus quatro braços grandes, e uma serpente vil prestes a disparar um sopro do céu.

Com esses dois corpos diante dele, Aleist ficou desesperado e correu para frente.

— Até parece que vou!!

Aleist gritou.

Mas sua voz foi imediatamente coberta pelo som de explosões.

Sakuya se inclinou para proteger Izumi, e Heleene se distanciou.

O que choveu no gora e no dragão foram dezenas, centenas de magias e sopros.

— Espe-, gyaaaaah!!

Aleist gritou por um motivo diferente, encolhendo seu corpo contra o vento e a fumaça que o varreram. Sobrevivendo aos ataques que não o levavam em conta ao mergulhar em sua sombra, uma vez que ele não podia mais ouvir as explosões, ele colocou o rosto para fora.

— O qu-que acabou de…

Olhando por cima de seus arredores e passando por sua cabeça, havia várias centenas de dragões voando pelo céu.

Um cavaleiro podia ser visto sobre a existência central, um único dragão da água.

E antes daquele dragão da água, um dragão vermelho e um dragão do vento seguiam de perto. Eles estavam equipados com bolsas, e estava claro que as duas aos seus lados eram suas parceiras dragoons.

No entanto, montando nas costas do dragão da água estava...

— Eh, por quê!?

Aleist saltou de sua sombra com surpresa pela jovem com uma lança, cujo rabo de cavalo lateral balançava com o vento, a forma da irmã mais nova de Rudel.

— O herói está sempre atrasado para a festa... mas talvez um pouco tarde demais desta vez.

Olhando para Lena, que disse isso com uma risada, Aleist ficou perplexo pela legião de dragões selvagens diante dele.


No topo do céu.

Montando na cabeça de Mystith, Lena olhou para Rudel apoiado no ombro de Izumi no chão.

— Irmão…

"Não conseguimos chegar a tempo."

O rabo de cavalo de Lena balançou para os lados enquanto ela voltava os olhos para o gora e o dragão em sua frente.

— Não, ainda não. Meu irmão não vai terminar em um lugar como este. Ele é um homem que eu reconheci, afinal.

Mystith riu.

"Muito bem. Se isso te deixou desanimada, vou espancar aquela coisa preta por enquanto."

Ao lado de Mystith estavam Cattleya e Lilim. Mystith tinha as agarrado quando as duas estavam se apressando como reforços.

Cattleya enviou um olhar para Lena.

— Por que ela está se posicionando no centro?

Lilim também estava confusa.

— Ao invés disso, ela ainda nem se matriculou na Academia, mesmo assim ela tem um contrato com Mystith... a Casa Arses é mesmo tão incrível?

As duas olharam para o chão.

— Mesmo assim, isto já é…

As expressões de Cattleya e Lilim ficaram sombrias quando inferiram que Rudel tinha sacrificado a vida apoiando as linhas de frente. Logo, a serpente vil diante de seus olhos saiu ilesa da fumaça que eclodiu de seus ataques.

"Outra distorção? Eu também devo apagar você. Junto com Aleist..."

Lena apoiou sua lança contra o ombro.

— Ah, cale a boca. Em resumo... ele te irrita, então você quer acabar com ele, certo? Bom, sinto o mesmo. Eu quero despedaçar quem fez isso com meu irmão.

Mystith soltou um rugido irritado.

"Ei, você, é, você, pretinho! Para um pirralho recém-nascido, você age como se fosse o maioral!"

Os dragões rugiram um após o outro, obedecendo a atual líder Mystith.

A serpente apertou seus olhos.

"Lagartos malditos. Deixem-me ensiná-los o que é um Dragão de verdade. Gora, você elimina Aleist."

Cattleya e Lilim se prepararam para a batalha.

— Em vez disso, eu realmente não quero lutar contra algo que saiu ileso de tantos ataques.

Talvez Lilim pensasse o mesmo, já que suspirou.

— Certo. Não nos vejo vencendo esta luta.

Mystith bateu com o punho direito na palma da mão esquerda, falando em voz baixa.

"Isso é simples. Vamos cercá-lo, nos juntar e espancá-lo até que ele siga para a luz. Ele tem que pagar por nos chamar de lagartos."

Lena parecia tão irritada quanto sua parceira.

— Ah, que irritante. Eu e o mano amamos dragões. Bem, vamos colocar todas as coisas problemáticas de lado... e você estará morto.

Wyverns borbulharam do corpo da serpente. Suas formas sinistras se assemelhavam à serpente.

Ainda maiores e mais ameaçadores do que os wyverns aprimorados. Eles apareceram um atrás do outro.

Lena sorriu.

— Pode vir.

Cattleya e Lilim, ao olharem para garota...

— Esta garota sem dúvidas é irmã de Rudel.

— Você tem razão. Eu posso ver a semelhança.

No céu, uma dogfight de dragões estava prestes a começar.



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