Volume 8
Capítulo 152: O contra-ataque de Fina
No quartel-general da brigada dos dragoons, os preparativos para a surtida estavam em andamento.
Ao contrário de sua insinceridade costumeira, o Capitão Oldart dava ordens com uma cara séria.
Preparados para a decolagem, os dragões ficaram em fila, as formas de seus parceiros em suas costas era um magnífico espetáculo.
Quase cem haviam se alinhado. A cena que se desenrolou foi aquela na qual não seria estranho se alguém já estivesse convencido de outra vitória.
— O velho império nunca aprende. Bem, tenho certeza de que eles têm algumas perspectivas...
Oldart gemeu, sabendo muito bem que eles não eram idiotas; seu vice-capitão Alejandro suou frio ao se aproximar.
Ele foi seguido por pessoas que não tinham permissão para estarem lá.
"Aquele Alejandro, ele é tão covarde como sempre."
Quem o seguia era uma certa Fina, cercada por cavaleiros demi-humanos. Os dragoons ao redor começaram uma confusão.
— Oldart, você recebeu uma convocação da princesa.
Contrastando com o pânico de Alejandro, Oldart abriu as mãos com um sorriso.
— Ora, se não é Sua Alteza, a segunda princesa. O que a traz a um lugar tão sufocante?
A pressa agitada do palácio. Somado às ordens irracionais e aos movimentos suspeitos de Aileen, Oldart tinha a sensação de que algo havia acontecido no palácio.
Ele percebeu que Fina vindo aqui devia ter algum tipo de significado.
Fina se dirigiu a ele sem expressão:
— Eu ficaria muito grato se você pudesse me emprestar apenas alguns de seus dragoons, Oldart-dono.
Diante da incapacidade de Fina de mostrar expressões, Oldart sabia que isso seria difícil, pois coçou a cabeça.
— Meu Deus, o que você quis dizer com isso? Você não percebeu que estamos passando por uma crise aqui?
Fina fez um pequeno não com a cabeça, tocando a mão direita no peito.
— Sim, estou ciente. Devo dizer que é exatamente por isso? Um momento atrás, fui presa por minha irmã, Aileen.
Vendo Alejandro fazer uma cara desagradável, Oldart cruzou os braços.
— Então você trará os dragoons para a bagunça do palácio. Você tem certeza disso? Nossos dragoons... na minha humilde opinião, seu poder só deve ser exercido na defesa.
Se eles fossem arrastados, eles fariam algo que não poderia ser desfeito. Mesmo assim, Fina não se comoveu.
Não, isso não apareceu em seu rosto, então era impossível dizer o que ela estava pensando.
— Três cavaleiros de dragão se aliaram a Aileen. Por acaso você tem três agindo de forma independente? Por exemplo... três que deveriam permanecer estacionados nas regiões mais remotas?
Oldart teve vontade de estalar a língua. Ele se segurou para mostrar um sorriso.
"Eles não poderiam ser parte da força principal. Então, algumas pessoas enviadas para a fronteira foram atraídas por promoções..."
— Você tem minhas desculpas por isso. Vamos pegá-los e jogá-los nas masmorras assim que...
Fina não deixou Oldart terminar.
— As masmorras não estão abertas apenas para dragoons. Minha irmã irá com eles. Como um pedido pessoal.
Fina o contou sobre seu plano. Ao ouvir isso, o rosto de Alejandro empalideceu, enquanto Oldart esboçou um sorriso rígido.
— Este é realmente o momento para uma briga de família?
A resposta de Fina surgiu na mesma hora:
— Não é muito raro entre a realeza. Além disso, posso pedir-lhe para enviar reforços para o meu mestr-... Rudel-sama? O número mais discreto possível. Apenas poucas elites, se você puder.
Oldart já estava pensando nisso.
— Você está bem com apenas alguns?
— Se os números forem muito diferentes, temo que tudo se resolva. Ambas as frentes do plano de invasão do império provavelmente têm o potencial de se tornarem sua força principal. Não devemos dividir muito nossos números. E... tenho certeza que o mestre ficará bem.
Disse Fina, estabelecendo a cooperação com Oldart antes de sair. O homem olhou para as costas da menina enquanto dizia:
— … que diabos é isso de mestre?
Em sua cabeça, Rudel havia se tornado ainda mais incompreensível.
Depois que a brigada de dragoons alçou voo. Do palácio real, um exército de algumas dezenas de milhares passou sob o portão da muralha externa em sua marcha.
Fritz partiu com uma armadura magnífica, e com tantas pessoas deixando o palácio real da capital, estava menos povoado do que o normal.
Aileen abaixou-se no trono na câmara de audiência.
Os cavaleiros e nobres ao redor dela recomendaram isso.
— Você se encaixa perfeitamente, Princesa Aileen. Não, Rainha Aileen.
Os nobres continuaram a erguê-la com suas palavras.
— Mas o império com certeza é tolo.
— Sem dúvidas. Quando nem há forma para eles vencerem um dragão.
— Mesmo se eles conseguirem tomar a terra, os dragões a recuperarão.
Seu otimismo residia em quão poderosos os dragões eram. De fato, eles protegeram o Reino de Courtois dessa forma por centenas de anos.
Aileen deu um pequeno suspiro.
— Pode ser bom reivindicá-la. Mas se o império colocar as mãos em solo fértil, talvez eles se acalmem e parem de instigar guerras.
Ouvindo isso, os cavaleiros e nobres ao redor ficaram um pouco confusos.
— Não, Aileen-sama, eu nunca recomendaria deixá-los em paz. É do império que estamos falando, se eles conseguirem uma vitória, eles se prepararão para invadir de novo...
— Então podemos apenas conversar sobre o assunto. Temos vastas extensões de terra fértil. Do que você está reclamando?
Os arredores da princesa estavam cheios de rostos preocupados. Mas eles decidiram concordar com Aileen mesmo assim. De agora em diante, eles poderiam dar-lhe tantas desculpas quanto quisessem. Assim eles pensavam.
Na verdade, isso com certeza seria possível.
Contudo...
— Men-mesagem urgente!
Um cavaleiro da guarda real mergulhou na sala de audiência. As grandes portas foram violentamente abertas quando ele se levantou, sem fôlego e em enorme pânico.
— A Princesa Fina está... liderando os defensores em uma rebelião!
A tensão percorreu a câmara de audiência. Aileen levantou-se da cadeira, cobrindo a boca com as duas mãos.
— Fina fez o que... não tem como...
Os cavaleiros da guarda perto dela deram suas ordens:
— Reprimam isso agora mesmo. E não machuquem a Princesa Fina.
Elas eram as duas únicas herdeiras da linhagem real, com alto valor de barganha. A intenção era reprimir a rebelião de uma vez e fazer com que outra pessoa assumisse a responsabilidade.
Mas a rebelião de Fina excedeu sua expectativa.
— É-é impossível! O número de defensores armados ultrapassa quinhentos. Os civis estão se juntando para sitiar as paredes do palácio!
Quando o cavaleiro e o nobre arregalaram os olhos, os sons veementes da batalha vieram de fora do castelo.
— Nós pedimos reforços dos...
Quando o cavaleiro mensageiro disse isso, um dos nobres soltou a voz:
— Se acalme. Temos os dragoons que chamamos da...
Relembrando a existência de seu trunfo, os dragoons, os cavaleiros e nobres presentes recuperaram a compostura.
Mas o cavaleiro abriu bem a boca:
— Não. Eles também os têm... nossos três dragoons já foram capturados!
Seis cavaleiros de dragão haviam dominado os dragoons do lado de Aileen.
Rompendo o portão do palácio, Fina entrou cercada por cavaleiros da tribo dos tigres.
No entanto, eles permaneceram sem entrar pela porta do palácio.
— Bom, eles anteciparam a infiltração do inimigo, mas isso com certeza é problemático.
Preparada há muito tempo, não se sabia se a porta poderia se mover ou se estava bloqueada. O grupo de Aileen havia se fechado em um cerco, parecia que pretendiam suportar até o retorno de suas tropas enviadas.
Esse não era o palácio do histórico Reino de Courtois à toa, sua defesa não podia ser superada pelos meios comuns.
A alta cavaleiro Sophina assumiu o comando, enquanto no palácio, os defensores continuavam a luta com as tropas da facção de Aileen.
— Depressa com a arma de cerco!
Os amigos de Aleist também participavam, remontando uma arma de cerco dentro das paredes do castelo para usar em seu interior. Mas, em primeiro lugar, o item não foi feito para ser usado dentro do lugar a ser invadido.
— Sem chances! Para começar, os corredores são estreitos demais para carregá-la.
O lugar era vasto o suficiente, mas se eles quisessem reutilizar a arma de cerco que trouxeram, teriam que reduzir seu tamanho. Isso reduziria sua potência.
Se eles exagerassem, talvez a arma não fizesse nada.
— Você parece exausta. Devo mandar um dragão destruir isso com seu sopro do lado de fora?
Quando Fina falou isso, ela ouviu uma voz atrás dela:
— Princesa... não, Fina-sama, isso seria bastante preocupante. Queimar o valioso material do palácio e as muitas obras de arte com certeza trará problemas no futuro.
Quando Fina se virou, ela fez uma cara terrivelmente desagradável em sua mente.
"Droga, eles já estão aqui."
Lá, o pai de Luecke, o Arquiduque Halbades liderava sua própria tropa para chegar até ela.
— Você ficará com problemas quando assumir o trono, ou talvez se tornar rainha.
Fina estava inexpressiva com o Arquiduque... mas bastante irritada por dentro, ela perguntou:
— Arquiduque Halbades. Estamos em um momento de crise. O fato de você ter aparecido diante de mim com tal declaração significa...
Os cavaleiros ao redor de Fina prepararam suas armas, colocando-se diante dela e do arquiduque. Mas não parecia que o arquiduque Halbades se incomodou.
— A Casa Halbades oferece nossa ajuda. Não se preocupe, com a nossa cooperação, a vitória está garantida. Cuidaremos para que você seja rainha, seja consorte1 ou reinante2.
Fina sem expressão fez os cavaleiros em volta dela recuarem.
— Conto com você, Arquiduque Halbades.
"Droga! Droga! Eu já queria suprimir o palácio, regular os nobres e destruir o poder desses arquiduques! Se ele desempenhar um papel, minhas reformas irão..."
De dentro do corredor do palácio veio o som de um ataque inimigo. Parecia que eles estavam tentando destruir a arma de cerco.
Mas uma grande vidraça do corredor se estilhaçou e, à medida que cavaleiros e soldados subiam, um banho de sangue surgiu entre os cavaleiros inimigos.
Sangue vermelho se espalhou pelo corredor, o chefe da Casa Diade, o Arquiduque Diade, apareceu carregando seu orgulhoso martelo de guerra.
Quando ele o colocou no chão, emitiu um som pesado.
— Fina-sama! Não precisa ter medo, agora que a Casa Diade está aqui.
O robusto Arquiduque Diade proclamou sua aliança com uma grande gargalhada. Em sua cabeça, Fina caiu na gargalhada.
"Aha, ahahahah… como eles chegaram ao palácio tão rápido!? Deveria ter demorado mais! Isto é estranho. Tem algo estranho aqui!"
No início, Fina pretendia tirar uma grande parte do poder dos outros nobres, mas duas das casas dos arquiduques haviam prometido cooperação.
Ela pensou que eles poderiam assistir e esperar um pouco, além do mais, deveria ter levado mais tempo apenas para levarem seus soldados de seus territórios para a capital.
O plano de Fina estava começando a sair do controle.
— … com grande prazer, aceito a ajuda do Arquiduque Diade.
Quando eles chegaram, depois que tudo acabasse, Fina pretendia fazer uma piada sarcástica e agir para reduzir seus poderes. Ele estava ciente disso? O Arquiduque Halbades cantou louvores a Fina:
— Mas que esplêndido desempenho, Fina-sama. Eu quase teria que assumir que você está planejando isso há anos. Para até mesmo o povo da capital ficar do seu lado.
Ela havia colocado Mii e os outros demi-humanos, junto com muitos cavaleiros na base da pirâmide hierárquica, para espalharem boatos. Depois que os exércitos partiram, ela vazou um boato de que uma parte dos territórios seria abandonada.
De um modo geral, ela fez parecer que os nobres eram ruins.
— No caminho para cá, recebemos alguns olhares consideravelmente duros das pessoas. Nos tratando quase como se fôssemos o inimigo. Não, eu não ousaria insinuar que foi obra sua, Fina-sama.
Com aquele cinismo do Arquiduque Diade, Fina começou a suar por dentro.
"… porcaria, terei que revisar meu plano. Mas agora a vitória é certa."
Mudando sua linha de pensamento, por ora, Fina priorizaria a vitória contra Aileen. Mas havia apenas uma coisa a incomodando.
Com a pergunta de Fina, os dois arquiduques fizeram caretas um pouco preocupadas. E o Arquiduque Diade abriu a boca:
— Bem, é isso. Nunca pensei que montaria um dragão na minha idade.
Os acontecimentos da capital.
Foram eventos que aconteceram poucos dias após a chegada de Rudel ao campo de batalha.
E...
— Isso é o bastante. Você já fez o suficiente, irmão!
Um Rudel surrado estava tentando deixar a fortaleza. Ele tinha lutado por dias, e depois de descansar apenas algumas horas, iria partir mais uma vez. Comece do zero e repita.
Não havia nenhum amassado grave em sua armadura.
Mas a estamina e mana do rapaz tinham atingido seus limites. O responsável pelo forte, seu irmão mais novo Chlust, tinha notado isso.
— … Chlust.
Rudel olhou para Chlust, sorrindo um pouco.
— Não posso fazer isso. Este é meu trabalho. São versos que meu superior me disse, gostei bastante deles. Um trabalho é como você vive sua vida. Vou lutar para proteger este ponto até o fim.
Ele estava protegendo aqueles que viviam na área, refugiando-se no forte. Mas também eram aqueles que não cumpriram as ordens de evacuação.
— ... irmão, você já fez o suficiente. Leve os civis com você e fuja.
Chlust abaixou a cabeça, ele cerrou o punho.
— Chlust, você…
Chlust ficou com um rosto à beira das lágrimas.
— Vamos resistir, de uma forma ou de outra. Então... irmão, por favor, fuja. Eu já sei. Que não há nenhum significado, mesmo que eu viva. Sou um humano que já foi abandonado. Mas irmão, você é diferente.
Chlust falou de quão importante era a existência de Rudel.
— Seu poder é necessário para reconstruir a Casa Arses. Não há esperança para mim. O mesmo poderia ser dito para o país. Irmão, você tem que estar lá. Você é... você é diferente de mim.
Rudel olhou para Chlust.
— Eu sou incapaz de abdicar deste ponto. Minhas ordens são para proteger este forte até o meu último suspiro.
Chlust sorriu.
— Eu farei isso. Eu cuidarei disso... irmão, você só tem que viver.
Então, Rudel devolveu um sorriso gentil.
— Chlust, você... mudou. Você mudou tanto desde que te vi na academia.
E Rudel socou seu irmão. Chlust ficou pasmo, enquanto sua consciência desaparecia, ele ouviu a voz de seu irmão mais velho:
— … mas Chlust. Esta é a minha batalha.
Quando Chlust abriu os olhos, ele estava no céu.
Deitado sobre grandes e enormes costas brancas, quando ele olhou em volta, viu seus subordinados.
— Irmão!
Quando ele se levantou às pressas, um de seus subordinados, um cavaleiro, olhou para ele se desculpando.
— Capitão… eu sinto muito. Seu irmão, ele...
Com o rugido triste do dragão, Chlust olhou para trás para o forte encolhendo. O exército de monstros negros atacando-o, a fortaleza sem querer estava sendo engolida por completo.
— … por quê? Ó deus, por quê!?
O grito de Chlust ressoou pelo céu.
Notas
1 – Consorte real é o cônjuge do monarca. Assim, tem-se os termos princesa consorte, príncipe consorte, rainha consorte, rei consorte, imperatriz consorte. Estes são títulos normalmente dados, conforme for adequado nas normas das realezas monárquicas, ao monarca que está casado com o monarca reinante, e com este conceito contrasta. Em reconhecimento do seu estatuto, ao monarca consorte pode ser dado um título formal. No entanto, a maior parte das monarquias não tem regras formais sobre o estatuto de consorte, principalmente quando for masculino, de modo que é comum essa pessoa não ter quaisquer títulos. Comumente, as consortes femininas compartilham a posição de seus esposos (em monarquias de leis sálicas ou semissálicas) e detêm a equivalência feminina dos títulos monárquicos desses. Em geral, as esposas dos monarcas não têm nenhum poder, ou seja, não exercem nenhum papel constitucional, por si só. Sempre que algum título que não o do rei esteja na posse do soberano, a sua esposa é referida pelo equivalente feminino, como por exemplo "imperatriz consorte" ou "princesa consorte". Em monarquias onde a poligamia foi praticada (como Marrocos, Tailândia), ou ainda é praticada (como em KwaZulu-Natal), nenhuma das esposas do rei ou apenas algumas podem ostentar o título de rainha.
2 – Uma rainha reinante é uma monarca equivalente em posição a um rei, que reina por direito próprio, ao contrário de uma rainha consorte, que é a esposa de um rei reinante, ou uma rainha regente, que é a guardiã de uma criança monarca e reina temporariamente no lugar da criança. Uma imperatriz reinante é uma monarca que reina por conta própria sobre um império. Uma rainha reinante possui e exerce poderes soberanos, enquanto uma rainha consorte compartilha a posição e os títulos de seu marido, mas não compartilha a soberania. O marido de uma rainha reinante tradicionalmente não compartilha da posição, título ou soberania de sua esposa. No entanto, o conceito de um rei consorte não é inédito tanto no período contemporâneo quanto no clássico. Uma rainha viúva é a viúva de um rei. Uma rainha-mãe é uma rainha viúva que também é mãe de um soberano reinante.