Volume 8

Capítulo 146: Amigos e...

— E. Eu estou. Dizendo. Por que ele não me convidou!?

Seus cabelos loiros acinzentados estavam penteados para trás, Eunius Diade com sua pele bronzeada tinha um pouco de cerveja em seu organismo, tornando-o mais briguento do que o habitual.

— Não me arraste para isso! Em primeiro lugar, essa era uma missão de dragoon, e você não tinha nada a ver com isso!

— Lutar contra uma arma milenar, e até a unidade mecanizada de Gaia! Eu queria participar da diversão.

— Como se eu me importasse!

Com seus cabelos compridos loiros e sedosos, Luecke Halbades sentou-se do outro lado da mesa, perto de seu amigo de seus dias na academia.

Dois outros amigos retornaram de repente de uma missão, então eles se reuniram para beber.

Até aí tudo bem.

Mas Luecke e Eunius eram os únicos em volta daquela mesa redonda, bebendo de seus copos.

Olhando para os assentos próximos, Rudel e Aleist estavam em mesas diferentes, acompanhados de seus grupos femininos.

Quando vistos de longe, os dois estavam cercados por adoráveis damas, mas as pessoas que estavam ao redor fizeram questão de se afastar. Havia até clientes que deixaram o estabelecimento.

Isso mostrava o quão tenso estava o ar do restaurante.

— Eunius, se você quer saber por que não foi levado junto, basta perguntar aos dois.

Enquanto Luecke tomava um gole de sua bebida e dizia isso, Eunius estendeu a mão para um lanche enquanto vetava a ideia.

— Até parece que eu posso fazer isso!

Tendo acabado de voltar do Reino de Celestia, Rudel Arses era um jovem de cabelos prateados e olhos azuis.

Ele estava no momento cercado por guerreiros experientes da Brigada dos Dragoon enquanto bebia. Era bastante preciso dizer que Rudel viu a mulheres afiliadas aos dragoons como seus ídolos.

Luecke olhou para a mesa de aparência agradável de Rudel.

— As que estão com ele são a Major Bennet, Cattleya Ninias, Lilim, Enora Campbell... uma brilhante reunião de dragoons de elite, é sim.

Enquanto ele dizia isso, com uma pitada de cinismo, em termos de capacidade, essas mulheres eram verdadeiras elites.

Entre os dragoons de elite, era como se elas fossem escolhidas para serem as melhores entre as melhores.

Antes que os valentes dragoons pusessem freios e contenções um ao outro ao se aproximarem de Rudel, o homem em questão desfrutava alegremente de sua refeição.

Talvez Izumi estivesse em sintonia com essas restrições, pois falava menos do que o habitual. Todos na mesa de Rudel estavam sorrindo, mas parte dela gerava uma tensão formigante.

Parecia que Rudel falou do que aconteceu em Celestia, pelo menos na medida em que estava livre para falar.

Só Bennet parecia inocentemente encantada com as realizações de seu subordinado.

"Comparado a isso, a mesa de Aleist é…"

Luecke olhou para a outra mesa lamentável.

Aleist estava com uma cara pálida, enquanto explicava de forma desesperada como nada aconteceu com Nate, uma das integrantes de seu harém, enquanto estavam sozinhos em Celestia.

Numericamente, eram uma coleção de beldades maior que a mesa de Rudel, o número era mais que o dobro.

Havia muitos bêbados no bar, mas ninguém pensou em brigar com Aleist cercado pelas beldades. Mais do que isso, eles dirigiram olhos de pena.

Um membro do harém desde seus primeiros dias, Seli assumiu o comando.

— E então, Aleist-sama, você diz que nada aconteceu entre você e Nate?

Com o rosto cada vez mais pálido, nem comida nem bebida passavam por sua garganta, Aleist Hardie respondeu à pergunta.

Cabelos loiros encaracolados, olhos diferentes de azul e verde... seus traços eram belos, mas uma parte dele emitia um ar muito infeliz.

— Nada aconteceu. Nada mesmo. Eu consegui dormir um pouco, então eu preferia ficar por lá. Eu quero voltar para Celestia.

No fim, ele deixou escapar seus verdadeiros sentimentos, fazendo com que a outra mulher o bombardeasse de perguntas também.

Eunius comeu a refeição enquanto olhava entre as mesas de Rudel e de Aleist.

— Quando nos reunimos para beber, elas vieram uma após a outra e os cercaram como se fosse algo natural. Eu gostaria de ter algumas brincadeiras estúpidas pelo menos em momentos como este.

Luecke compartilhava o sentimento.

"Droga! Eu queria consultá-los sobre Lena! Leiam o clima, suas idiotas!"

Incapaz de falar contra os membros do harém de Aleist ou as guerreiras que cercavam Rudel, Luecke bebeu de seu copo.

Por alguma razão, Millia estava presente na mesa de Aleist.

— Ei, acho que sou irrelevante. Posso ir para lá?

Enquanto Millia apontava para a mesa de Rudel, sua irmã elfa, Lilim, que ouviu isso, acenou com a mão.

Lilim, cujos olhos estavam fechados como sempre, acenou com um sorriso. Vendo isso, Millia se sentiu um pouco irritada.

A loja preparou a mesa e as cadeiras, havia muitas pessoas na mesa de Rudel e parecia que não caberia mais.

Eunius olhou para as irmãs élficas.

— Parece que as coisas estão ficando complicadas por lá.

Luecke, para o amigo que disse uma coisa dessas...

— Lá também, você quer dizer. Mas o que há com essas mulheres... maldito Aleist, ele já passou de dez há muito tempo. No ritmo que as coisas estão indo, em alguns anos, não vou me surpreender com vinte ou trinta.

Ele suspirou com o harém sempre em expansão de Aleist.

O que era mais estranho era o fato de o homem em questão estar apaixonado por Millia, que tinha olhos para Rudel. No momento, ele não tinha desejo de um harém.

Mas, em seus dias como estudante...

A princípio, ele admirava haréns, flertando com as mulheres e desperdiçando seus esforços de forma fútil. Depois de perder o interesse em um harém, ele perseguiu Millia. E, no entanto, a partir desse momento, as mulheres começaram a se reunir em torno de Aleist.

Para a pessoa em questão, isso não passava de um incômodo.

Eunius revelou seus verdadeiros sentimentos:

— Como imaginei, haréns são apenas divertidos de assistir. Sinto inveja, mas se você disser que eu vou me tornar um Aleist, terei que recusar.

Luecke pensava o mesmo.

— Meus exatos pensamentos. Eu posso lidar apenas com uma... não, se eu precisar, duas no máximo. Ééé.

Enquanto Luecke era zeloso em relação à meia-irmã de Rudel, dado seu status de filha ilegítima, ele poderia não ser capaz de tomar Lena Arses como uma esposa legal.

Portanto, se ele a quisesse ao seu lado, ela seria tratada como uma amante.

Talvez sentindo os sentimentos de Luecke, Eunius falou cansado:

— E essa uma seria Lena? Você é mesmo... bem, acho que você está melhor do que quando era um idiota puritano.

— Não coloque nomes estranhos em mim!

Luecke se viu sendo provocado, mas lá ele ouviu a voz de Bennet:

— Eh, não... quero dizer, eu sou aquela que se formou primeiro.

Com a grande agitação de Bennet, imaginando o que havia acontecido, os dois observaram em silêncio. Rudel explicou com um sorriso:

— Do que você está falando, Major? Você tem a mesma idade que nós. Os nascidos na tribo dos lobos são considerados com um ano de idade no nascimento, com a idade contada a cada Ano Novo, correto?

— Sim, é isso mesmo.

— Você nasceu no décimo segundo mês, certo?

— Não, eu era com certeza menor do que os colegas do meu ano, eles sempre me chamavam de baixinha, mas...

Bennet parecia ansiosa.

— Você fez dois anos logo após o nascimento e se matriculou na academia com a mesma idade de quinze anos que nós, certo? Mas isso significa que você na realidade tinha treze anos. Quando você se formou no curso de dois anos, tinha quinze anos, então deveria ser mais jovem que a Tenente Cattleya.

Bennet abriu a boca sem expressão e olhou para Cattleya. Cattleya não parecia muito feliz.

— Sim, sim, eu sou a mais velha. Além disso, sou uma tenente, oficial de nível mais baixo!

Vendo Cattleya tomando sua bebida de uma só vez, Bennet começou a dar desculpas:

— Bom-bom, ninguém nunca me disse que eu deveria...

Talvez a bebida tivesse deixado Rudel de bom humor.

— Isso não tem nada a ver com a situação. Quer dizer, você é uma Major. Mesmo que você não seja a comandante direta dela, ainda é a superior!

As orelhas de Bennet erguendo-se para cima caíram de forma miserável quando seu rosto ficou vermelho e ela inclinou a cabeça. Cobrindo o rosto com as duas mãos, seu rabo começou a tremer.

— ... quando eu sou a mais nova, sinto muito por agir de forma condescendente. Sinto muito por adicionar um "-chan" em seu nome. Daqui em diante, eu te chamarei de senpai. Eu sinto muito.

Quando ela disse isso, Cattleya surtou.

— Se uma Major falar comigo assim, ficarei mais perturbada.

Erguendo os cabelos alaranjados, Enora falou com Rudel:

— Parece que nossas comandantes têm seus próprios problemas. Rudel, você quer treinar comigo da próxima vez? Você ficará na capital por um tempo, certo?

Para Enora, que perguntou com uma voz bajuladora, Rudel cruzou os braços e olhou para o teto:

— Eu acho que é possível, mas...

Então, Lilim falou com Enora:

— Ei, membro da brigada! O que você está tentando fazê-lo prometer nessa confusão?

Enora então falou com um rosto tranquilo:

— Minhas desculpas. Quer dizer, parece que nossas oficiais superiores estão todas ocupados, e esse é o privilégio especial de ser colega de posto dele. Veja, eu e Rudel somos colegas.

Lilim agarrou o copo com a mão com tanta força que se perguntou se poderia quebrá-lo. Olhando para isso, Rudel falou:

— Izumi, está tudo bem se eu participar do treinamento?

Izumi, que mantinha uma vigilância cuidadosa, fez uma expressão como se dissesse: — Não jogue isso para mim!

Enora falou:

— Rudel, por que você está verificando o pedido com Izumi-san? Vamos cuidar disso apenas nós dois...

Rudel sorriu.

— Não, o capitão Oldart me disse: "Você nunca deve agir por conta própria". Ele parecia muito desanimado, então quebrar essa promessa de repente é um pouco...

Parecia que o problema com Celestia fez com que os comandantes fizessem um pouco mais de pressão no capitão.

Como Izumi possuía o título de inspetora especial, Rudel buscou confirmação com ela.

Cercada por esses membros valorosos dos dragoons, Izumi respondeu:

— Bem, contanto que você esteja agindo ao lado de outros dragoons, acho que tudo ficará bem...

Incapaz de suportar a pressão de Cattleya e Lilim, Izumi não falou nada além da verdade. Enora ouviu essas palavras e apertou levemente a mão em vitória.

Vendo isso, Luecke murmurou:

— Parece que elas estão se divertindo mais do que na mesa de Aleist.

Ele deu sua opinião honesta.

Eunius concordou:

— Apenas em comparação.


Apenas algumas horas após o início das bebidas com o grupo feminino, o grupo de Rudel conseguiu escapar do estabelecimento, fugiu para um beco e bebeu em paz em uma barraca.

Como se tivessem ensaiado, os quatro subiram juntos para pagar a conta e saíram pela porta dos fundos.

Enquanto eles se sentiam mal com isso, desde o início, o plano era uma rodada de bebidas entre os homens.

Tirando os casacos, os primeiros botões de suas camisas se abriram, os quatro ergueram os copos.

— É isso. Como eu pensei, é bom relaxar e tomar uma bebida entre os homens.

Com a declaração de Rudel, Luecke falou surpreso:

— O que é isso, você conseguiu ler o clima? Bem, com certeza, se você me pedisse para beber naquele tipo de ambiente...

— Não, sabe... é bom estar cercado por mulheres que você admira, mas você está sempre atento a elas, ou como devo dizer...

— Atento. —, Rudel disse. Com um sorriso incrível, Aleist bateu com força seu copo de cerveja na mesa.

— Você está mentindo. Eu vi o quanto você estava se divertindo! Meu estômago estava gelando, e eu podia sentir todo o sangue me deixar, entendeu!?

Vendo Aleist à beira das lágrimas, Eunius deu uma grande risada.

— Você colhe o que planta. E os números continuam aumentando mesmo depois de você se formar. Então você ainda está atrás de Millia?

Não pela bebida, o rosto de Aleist ficou vermelho com o tópico que Eunius mencionou. Provocando o Aleist fácil de entender, Eunius pegou a comida.

A comida não era nada refinada, mas, mesmo assim, a atmosfera era muito melhor do que aquele estabelecimento de antes, deixando tudo naturalmente com um sabor melhor.

— Ó, isso não é tão ruim.

Assim que ele disse isso, Luecke estendeu a mão também.

— Então com licença. Mais importante. Rudel, sua irmã mais nova... não estou falando de Lena, é sobre Erselica. Ela veio à minha casa perguntando algumas coisas.

Tomando um gole de bebida, Rudel fez uma cara de surpresa. Embora Rudel e Erselica fossem irmãos, era difícil dizer que eles se davam bem.

Ao contrário de sua meia-irmã Lena, ele nunca conversou com Erselica Arses.

— Isso é raro, não é? Ouvi algumas coisas de Lena, mas estou aliviado por ela não estar mais deprimida.

Ele disse com um gole. Rudel...

— Foi enquanto eu estava tomando um chá com Lena. Ela me perguntou várias coisas sobre as facções, mas você sabe a intenção dela?

Talvez preocupado com ela, Luecke fez uma cara séria.

Rudel não tinha ideia do que Erselica estava tentando fazer.

— Quem sabe? Eu não ouvi nada.

— Entendo. —, disse Luecke, deixando o copo na mesa para olhar Rudel.

— Houve alguns movimentos perturbadores no palácio ultimamente. Em especial por parte da Princesa Aileen... era a mesma coisa quando estávamos na academia, mas não sei o que ela está planejando dessa vez.

Aileen Courtois tinha alguma conexão com o grupo de Rudel. Claro, isso era apenas através de seu jovem favorito chamado Fritz.

De descendência comum, Fritz era um cavaleiro oriundo do território governado pela Casa Arses.

Pelo trabalho de Aileen, ele também era o capitão que comandava a guarda real.

Ele mantinha uma emoção próxima ao ódio por Rudel e frequentemente se opunha a ele nos dias de estudante. Mas o próprio Rudel não se importava muito com isso.

— A princesa, eh. Parando para pensar, Fina está prestes a se formar, não está?

Era hora da segunda princesa Fina Courtois se formar na academia. Para Rudel, essa relação era a mais importante. Não como homem e mulher, ela era sua discípula que buscava os meios para acariciar um dragão ao seu lado.

Ao ouvir sobre Fina, Aleist entrou na conversa:

— Graduação… eh. O que vocês acham que eu deveria fazer? Como devo dizer, há alguns novos recrutas programados para se juntarem ao meu pelotão, mas são todas mulheres.

Quando Aleist entrou na conversa, Eunius balançou a cabeça e encolheu os ombros.

— Eu pensei que poderia ser mais elegante que nada além de homens, mas depois de ver isso, eu não quero ter nenhuma relação com o assunto.

Enquanto isso, Luecke estava rindo.

— Eu terei que concordar.

Rudel olhou para Aleist.

— Os defensores têm uma vida dura. Aliás, não é estranho que a proporção de cavaleiras seja distorcida apenas em torno de Aleist? Tenho certeza de que todas são competentes, mas Aleist é o único homem lá.

Observando de longe, era um local de trabalho vibrante, onde ele estava cercado por mulheres.

Aquele era o posto de Aleist em uma brigada de cavaleiros chamada defensores. No meio de tudo isso, Aleist era o líder de um pelotão.

Claro, tudo o que ele fazia era limpar o palácio.

— Eu não aguento mais isso! Todos os dias são duros, e as conversas estão indo em direções estranhas! Ninguém nunca ouve a minha opinião, mas elas ainda me procuram para ouvi-la! O que isso deveria significar!? Me perguntando quem é a minha número um, não faça perguntas que só pioram as coisas! Todas sabem que minha número um é Millia, maldição!

Com a bebida o afetando, a tensão de Aleist estava aumentando.

Eunius colocou cerveja no copo de Aleist enquanto sorria.

— Hmm, o cavaleiro negro tem uma vida difícil. E pelo que parece, você está recebendo mais subordinados do sexo feminino? Eu ficaria com inveja se não conhecesse sua situação.

Aleist engoliu instantaneamente a cerveja recém-colocada.

Respirando fundo algumas vezes depois de tomá-la, ele exalou a raiva que estava armazenando.

— Inveja? Então troque de lugar comigo! Essa designação de pessoal é sem dúvidas o ato de alguém com rancor contra mim! O que está acontecendo, o que eu fiz para merecer isso?

Rudel também bebeu cerveja enquanto falava:

— Eu sinto que você estava sedento por mulheres no início...

Assim, Luecke estalou os dedos e assentiu:

— Pensando bem, minha imagem de você se esforçando ficou muito forte, mas Aleist, você realmente era terrível antes disso. Você é fácil de conversar agora, mas naquela época, eu nem pensava em me aproximar de você, a menos que você estivesse um pouco bêbado. Ah, pensando bem, ele costumava parecer tão arrogante.

Quando Luecke relembrou e assentiu, Eunius pegou a comida com um olhar cansado no rosto.

—Foi você quem mudou. O que é isto? Dizendo o que queria sobre obrigações nobres, e agora está ficando todo excitado com a irmã de Rudel. Você esqueceu como cometeu um mal-entendido e me desafiou quando estávamos na academia?

Luecke era sério em seus dias de estudante, não... ele era tão sério que deixava exalar um ar que fazia as pessoas se distanciarem.

Ele e Eunius eram como gato e cachorro, levando seus seguidores a rosnarem uns contra os outros. Desde o início, ambas as casas ocuparam os primeiros lugares nas guerras entre facções, com razão e história suficientes para manter uma disputa.

Porém, os dois agora bebiam juntos nas barracas de comida.

Aleist lembrou como era quando se matriculou na academia, serviu-se de outro copo e bebeu-o em um instante antes de olhar para Rudel.

— Você diz isso, mas acho que quem mais mudou foi Rudel. Em primeiro lugar, eu sempre pensei que você era estranho desde a primeira vez que nos conhecemos.

Rudel inclinou sua cabeça.

Luecke e Eunius balançaram a cabeça e receberam um pouco de água do homem que cuidava da barraca. Empurrando a água para Aleist, eles pareciam muito preocupados.

Eunius disse:

— Quem menos mudou foi Rudel, certo? Falando sobre dragoons e dragões do amanhecer ao anoitecer, e após a formatura, ainda são dragoons até o fim. Você tem que respeitar isso.

Rudel agiu com um pouco de timidez.

— Você acha?

Bebendo moderadamente sua cerveja, Luecke advertiu Rudel:

— Eunius não estava te elogiando. Mas tenho que concordar que Rudel não mudou. Mudando tão pouco desde que nos conhecemos, isso não é incrível? Antes, quando o ouvi falar sobre como ele realmente se tornaria um dragoon, olhando para trás agora, vou confessar, mas achei que parecia algo estúpido.

Eunius concordou enquanto bebia:

— É, eu também. Eu pensei que era interessante, mas com certeza impossível.

Aleist também concordou:

— Ééé, eu me lembro disso. Ninguém pensou que você conseguiria. Você também me surpreendeu.

A bebida chegou a Rudel mais uma vez, seu rosto ficou um pouco vermelho.

— Vocês não estão sendo terríveis? Não, mas minha probabilidade de me tornar um dragoon era consideravelmente baixa. Eu não consegui o direito de encontrar um dragão cinza, e meus formulários de triagem foram...

Vendo Rudel começar a pensar consigo mesmo, Eunius deu um tapinha nas costas dele. — Isso dói! —, Rudel disse enquanto olhava para Eunius.

— Você é um dragoon agora, então não se preocupe. Mesmo assim, foi realmente divertido. Ir as partidas, golpeando um ao outro, esmagando o rosto um do outro.

— Sim, eu lembro de muitas porradas.

Luecke olhou para Eunius e Rudel assentindo e relembrando, e fez uma cara bastante incompreensível.

— Seus cérebros de músculo.

E quem olhava com atenção para Luecke cansado era Aleist.

— Mas você não é igual, Luecke? Você bateu cabeça com Eunius durante o duelo, certo? Tenho que dizer isso, mas trocar os punhos pela magia não muda muita coisa no grande esquema das coisas. Do meu ponto de vista, vocês são todos iguais. Simples maníacos por batalhas!

Eunius levantou-se da cadeira e apontou para Aleist.

— Não brinque comigo! Você também trocou golpes com Rudel! Além do mais, sem vencer por muito pouco, a única vez que você ganhou foi no primeiro torneio!

Em suas partidas com Rudel, Aleist venceu apenas uma vez.

Em sua primeira partida após se matricular na academia, Rudel perdeu para Aleist.

Talvez lembrando disso, Rudel parecia encantado.

— E depois disso, consegui duas vitórias e um empate. Puxa, nos dois combates eu consegui por pouco, e fomos levados à enfermaria todas as vezes.

Aleist recuou.

— Por que você parece tão feliz? Você é o único que ficou hospitalizado o suficiente para conseguir até uma cama reservada no quarto da enfermaria.

Eunius falou alto como se estivesse se lembrando.

— Pensando bem, sua majestade apareceu também! Naquela época, estávamos tão frenéticos em abaixar as cabeças que esquecemos de nossos ferimentos! Pensando nisso agora, você acha que ele teria explodido se estivéssemos em público?

Aleist gritou.

— Aquilo foi lesa-majestade1, entendeu!? Sério, nem pense nisso! Pelo contrário, eu não sabia sobre isso...

Luecke largou o copo com uma cara séria.

— A verdade é que eu tive que ir e abaixar minha cabeça para ele algumas vezes...

Aleist segurou sua cabeça.

— Por quê!? Eu pensei que você era o mais decente, mas por quê!?

Rudel se dirigiu a Aleist:

— Não ligue para isso. Fui avisado mais vezes do que posso contar, mas ainda estou bem!

Aleist parecia estar à beira das lágrimas.

— Você não está nada bem! Por que você ainda é uma criança problemática após a formatura!? Ei, vamos agir um pouco mais como adultos.

Olhando para Aleist, os três riram.

Aleist começou a rir também.

Batendo os copos juntos, os quatro conversaram e relembraram seus dias de estudante, bebendo a noite toda.


Em uma sala do palácio, a primeira princesa Aileen pegou um único documento na mão.

Confirmando seu conteúdo naquele quarto escuro, ela o incendiou e jogou na lareira para deixá-lo queimar.

O documento que queimava instantaneamente detalhava que o plano de Aileen estava em um estágio em que poderia ser executado.

O remetente era uma nação inimiga, o Império Gaia.

Os cavaleiros em espera na sala olhavam para Aileen com rostos nervosos.

E afastando-se da lareira, Aileen dirigiu um sorriso àqueles cavaleiros.

— Você poderia trazer Fritz aqui? As coisas vão ficar ocupadas, então terei que começar a me preparar.

Sob as ordens de Aileen, um dos cavaleiros saiu da sala.

A primeira princesa era uma pessoa de coração amável, uma linda princesa.

Apesar de pertencer à família real, ela mantinha antipatia pela nobreza corrupta e fez de seu cavaleiro plebeu favorito, Fritz, o capitão da guarda real.

E para ver o rosto mortificado de Rudel, ela até concedeu um dragão cinza a Fritz.

No Reino de Courtois, os dragões eram um valioso ativo de guerra. Os cavaleiros que os montavam precisavam ser elites.

Para obter seus próprios dragões, havia cavaleiros que procuravam os selvagens. Mas mesmo esses cavaleiros não podiam entrar nas terras que os dragões viviam sem a permissão do reino.

Sem entrar em nenhum desses procedimentos, um dragão cinza administrado pelo país — nascido e criado em Courtois, era menor que um dragão selvagem — foi concedido por Aileen a Fritz.

O jovem capitão da guarda real e o jovem que obteve um dragão, recebendo tratamento tão especial de Aileen, Fritz tinha suas insatisfações.

Não se podia dizer que ele não tinha talento.

O jovem chamado Fritz sem dúvidas tinha talento e força. Mas para os olhos ao redor, isso não era suficiente.

Em sua própria geração, começando com o Cavaleiro Branco Rudel, havia o Cavaleiro Negro Aleist, depois Eunius e Luecke, os quatro com força e fama se destacando sobre o resto.

Eles se formaram na academia juntos, começaram a trabalhar como cavaleiros juntos.

Falando em posição, Fritz estava muito acima de qualquer um deles.

Mas Fritz não era nobre.

No que dizia respeito ao grupo de Rudel, em que todos eram da nobreza, Aileen pensou que esse poderia ser outro grande motivo pelo qual Fritz era desprezado.

De dentro da sala, um dos cavaleiros perguntou a Aileen:

— Princesa, daqui em diante, estaremos...

Aileen assentiu com um sorriso:

— Sim, estaremos em guerra. Mas não se preocupe. Pois o império concordou em recuar em troca de uma porção designada de terra. E não haverá apenas um campo de batalha. Quando o Império Gaia colocar a mão em solo fértil, eles ficarão satisfeitos.

Ao contrário das terras abundantes de Courtois, o Império Gaia ficava em um terreno extremamente severo. Por esse motivo, eles desafiaram Courtois várias vezes pelo seu solo.

Aileen era amante da paz.

Porém…

— Além de recuar depois de obter uma porção de terra, seremos capazes de estabelecer relações amistosas nos próximos tempos. Esta será a nossa batalha final com eles.

... não importava o quanto ela tentasse, ela não tinha nenhum talento. Sua irmãzinha Fina tinha talento nesse quesito, sua irmãzinha Fina conhecia a realidade.

Mas Aileen era diferente.

Criada protegida dentro do palácio, ela cresceu sem nunca aprender como essas coisas funcionavam. Ela acreditava que o mundo era gentil e justo, ela não tinha dúvida de que a outra parte honraria suas promessas.

— Com isso, Fritz-sama com certeza obterá status social. E um futuro melhor chegará a Courtois.

Os cavaleiros estavam ansiosos com a alegria de Aileen. Mas eles não tentaram detê-la. A razão era que Courtois nunca havia perdido para o Império Gaia.

Os dragoons nunca perderam no campo de batalha.

Até esse ponto, as poderosas existências chamadas dragões haviam protegido Courtois várias vezes. Do ponto de vista dos cavaleiros, eles tinham certeza de que também não perderiam desta vez.


O Império Gaia.

Um jovem estava de pé com seus cabelos loiros que cresciam até os ombros caindo para trás.

Alto em estatura, ele ostentava um corpo treinado. E na mão, ele pegou um único documento.

Askewell Gaia…

Um príncipe do império, se ele estivesse no campo de batalha, dizia-se que eles sem dúvidas venceriam. O herói do império.

Uma garota chamada Mies Licorise observava nervosamente seu estado. Seus longos cabelos loiros se encaracolavam nas pontas.

De pequena constituição, ela era inútil como lutadora, mas viera ajudar Askewell como uma pesquisadora. E sua pesquisa enfim chegou ao fim.

A seu lado, Reole, um homem pálido, magro e velho, murmurou algo em voz baixa. Talvez pensando em seu ódio pelas pessoas que nunca reconheceram sua magia, talvez por chegar a uma nova descoberta mágica, ele deu uma risada baixa.

Quando visto de longe, ele parecia um homem perigoso e sem limites, mas mesmo assim, era um mago proficiente do Império Gaia. Não, talvez fosse correto dizer que ele "era" muito competente.

O pretérito era o que mais lhe convinha. Descartando o nome de família e chamando a si mesmo de arquimago2, Reole era estranho, mas era um homem que Askewell reconheceu.

No lado oposto de Mies, estava um general que chegou ao topo começando de baixo.

Ban Lochuas esteve presente em muitos campos de batalha com países inimigos, balançando seu machado de batalha e enterrando muitos inimigos.

Fosse homem ou monstro, contanto que estivessem diante dele, seriam divididos em dois.

Ele usava uma armadura completa sobre seu corpo musculoso, uma barba bem-feita como sua marca registrada em volta da boca, o general era subordinado a Askewell.

Ban falou com seu líder:

— Os covardes de Courtois já se mexeram? Eles realmente estão aceitando isso com facilidade.

Soltando uma leve risada, Reole fez pouco caso de Courtois.

— Quando eles nem oferecem o que desejamos, eles não passam de tolos por acreditarem em tal acordo. Ou será que eles planejam nos esmagar com dragões quando marcharmos para invadi-los? Isso parece interessante. Eu só preciso queimar os dragões até a morte com a minha magia. Kihihi!

Mies começou a suar frio.

Pois esse parecia ser um grupo indigno demais para seguir o governo de um príncipe como Askewell. Mas não havia dúvida de que eles eram talentosos.

Askewell voltou os olhos para os documentos enquanto falava com Mies:

— Os preparativos estão em ordem, Mies?

— Sim-sim! Podemos avançar a qualquer momento! Já começamos a limitar a comida, aumentar a brutalidade e, se eu puder dar minha opinião sincera, será perigoso se os mantivermos em espera por mais tempo.

O que Mies havia preparado...

Era um exército de monstros negros. Começando com ogros, eles até prepararam wyverns3 como uma contramedida para os dragões.

Seus cavaleiros já haviam começado a treinar para cavalgar nos wyverns que ela produziu.

Até aquele momento, eles haviam sido atacados unilateralmente pelo céu e, com todas as perdas enfrentadas, quando se tratava de invadir, o Império não poderia deixar de tomar todo o cuidado.

E Askewell…

— Meu irmão disse que queria a unidade wyvern emprestada. Se nosso pai aceitar essas condições, pode-se dizer que estaremos atacando em duas frentes. Cheguei tão longe, não tenho intenção de recusar, mas que números devo enviar para eles?

Enquanto Askewell mostrava uma clara falta de motivação ao perguntar isso a Mies, ele tinha suas razões.

Afinal...

— A unidade Wyvern? Se é para segurar os dragoons... eles podem precisar de trezentos. Nesse caso, o número que podemos trazer conosco cai para duzentos.

Askewell riu:

— Isso é o suficiente! Os preparativos do Gora estão prontos. Vou dar-lhe quantos wyverns ele quiser. Mas meu irmão realmente tem um coração fraco. Quando eu disse que lhe emprestaria Gora, ele recusou sem pestanejar.

Enquanto Askewell ria, para o povo do Império, o monstro conhecido como Gora nada mais era do que o próprio medo.

Um exército normal não podia esperar vencer um, além do mais, havia sua grande forma e aparência estranha. Eles ostentavam quatro braços e, quando fortalecidos, até criavam asas.

Mesmo com as técnicas para controlá-los, eles não eram nada além de uma fonte de medo quando estavam por perto.

De pé, Askewell esmagou o documento na mão e ficou com uma cara séria.

— ... a partir de agora, vamos tomar Courtois. Esmagá-los e obter terras abundantes para o império. Não sei que idiota preparou isso, mas se eles pretendem nos pegar em sua armadilha, vamos rasgá-los e fazê-los se arrepender.

Mies prendeu a respiração, os dois ao seu lado riram.

Pensando que Askewell estava falando sério, uma parte dela desejava que o pesquisador que ele era antes voltasse.

Gentil.

Pensando nas pessoas do império, fazendo o possível para trazer fertilidade para suas terras, ou para garantir uma fonte de alimento, o Askewell de seus dias mais jovens.

Mas sua pesquisa não passou de fracassos e, uma vez que ele foi forçado ao campo de batalha, em contraste com sua pesquisa, não encontrou nada além de sucesso. Ele venceu e venceu e chegou a ser chamado de herói do império.

O homem em questão, contanto que fosse pelo bem do império, não se importava de ser um militar ou herói, ele pretendia cumprir seu papel. E a conclusão que Askewell havia enfim chegado...

— Vamos invadir Courtois! Preparem-se para partir!

... roubar solo fértil do povo de Courtois e salvar o povo do império.


Notas

1 – O crime de lesa-majestade é o crime de traição contra sua majestade, ou violar a dignidade de um soberano reinante ou contra o Estado. Em alguns casos os condenados eram punidos com execução pública por meio de tortura, seus bens se tornariam propriedade da Coroa e sua família condenada a infâmia.

2 – Arquimago é um termo para se referir ao líder dos magos, segundo a religião persa de Zoroastro, referia-se ao chefe de maior importância.

3 – Serpe, também conhecida pela muito usada designação inglesa wyvern, é todo réptil alado semelhante a um dragão, mas de dimensões distintas, muito encontrado na heráldica medieval. Geralmente as serpes apresentam apenas duas patas (ao contrário dos dragões ocidentais, que sempre possuem quatro), sendo que no lugar das dianteiras estão suas asas, o que a torna similar a uma ave. Diferentemente dos dragões citados em diversas histórias, é muitas vezes tida mais como um ser desprezível do que como sábio.



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