Volume 7.5

Capítulo 144: A trovadora (Parte 13)

Magma assumido a forma de homem, um monstro alado perseguia através do céu escuro.

Recebendo ventos tão fortes que a barreira mágica não poderia suprimi-los, Rudel olhou para trás.

— Sakuya, está na hora. Comece a subir!

O plano de Rudel era simples.

Se o inimigo era um monstro de magma, ele concluiu que eles simplesmente tinham que lutar onde havia água.

Ele levou o monstro pelo céu noturno para distancia-lo de Celestia.

As quatro asas de Sakuya balançaram com força.

Ela subiu enquanto grandes bolas de fogo passavam logo abaixo dela.

Quando o monstro fechou a boca enorme, Rudel olhou para o único e imenso olho do inimigo.

Sob a pálpebra, como se o próprio olho tivesse sido dividido verticalmente, o que parecia ser um olho de carne... trazia o olho de uma forma de vida.

Mesmo quando seu corpo era feito de magma, ele questionou por que isso não queimava.

"Essa coisa é persistente!"

Sakuya reclamou do inimigo que a perseguia.

Rudel observou-o com uma expressão séria.

"Se quisermos derrotá-lo em um só golpe, nossa melhor aposta é entrar em combate corpo-a-corpo e jogá-lo no oceano. Como podemos derrubá-lo... explosões apenas destroem partes do corpo, o resto não é afetado."

Olhando para o monstro de magma, Rudel pensou em como ele poderia lidar com um combate a curta distância.

Mesmo com os punhos de Sakuya, seu inimigo era magma.

Suas mãos grudariam no corpo do monstro, e Sakuya seria escaldada.

Mas para se livrar disso com tão pouco dano, os dragões eram realmente incríveis.

Sakuya entrou em uma nuvem.

Como sua visão piorou ao mesmo tempo, Rudel deu ordens a seu dragão.

— Sakuya, atravesse as nuvens!

"Tá."

Sakuya disparou direto pelas nuvens.

Mas lá, o monstro estava esperando por eles.

"Eu odeio esta coisaaaa!"

Na mudança de direção de Sakuya, Rudel se inclinou e agarrou o corrimão para não ser jogado no ar.

Quando o cenário ao seu redor mudou em um ritmo deslumbrante, ele respirou fundo e fechou os olhos.

— Só mais um pouquinho. Sakuya, assuma a direção... siga para o oceano.

"Por conta própria!?"

Ouvindo aquela voz à beira das lágrimas, Rudel abriu os olhos e suportou o desejo de descartar essa ideia.

Os olhos de Rudel eram mágicos.

Quando ele fechou os olhos, eles começaram a emitir calor de forma gradual.

Fluindo magia para eles, ele poderia os imbuir com vários efeitos.

Enquanto Sakuya se apressava para fugir, Rudel esperava que seus preparativos fossem terminados.

Um aumento repentino, uma virada súbita.

Era um inferno se agarrar para não ser jogado para fora da sela.

"Eu deveria ter colocado o cinto."

Arrependendo-se de suas ações antes de fechar os olhos, ele terminou os preparativos e os abriu.

Uma luz vermelha habitava as pupilas enquanto ele olhava para o monstro.

— Kuh!

Estreitando os olhos, ele tentou escanear o magma para a verdadeira forma do monstro.

— O que é isso... centenas, milhares de pessoas estão chorando?

Centenas de almas humanas se contorciam e lutavam, presas.

Capturados por uma pedra no peito do monstro, elas lutaram dentro do magma.

"Esses são os sacrifícios? E quem é aquela no centro da pedra?"

Aquela alma na forma de uma mulher olhou para Rudel de dentro da pedra.

Seus olhos mágicos se concentraram e mostraram sua forma com detalhes vívidos...

— Ela se parece com Cleo... não, acho que é o contrário.

Ele se lembrou da pintura na sala do rei.

Ele lembrou-se da pintura com um espaço não natural presente nela. E a pintura da rainha também.

— O sacrifício anterior foi a rainha, não foi? O que significa...

Todas as almas contorcidas e capturadas estavam relacionadas à casa real.

Uma prisão espiritual, uma em que nem a morte poderia escapar.

O monstro era uma espécie de prisão.

Rudel respirou fundo.

— ... Sakuya, você pode ver isso?

"Se Rudel pode ver, então Sakuya também pode ver. Estamos conectados."

Para uma orgulhosa Sakuya, Rudel disse:

— Entendo. Então você sabe o que eu quero dizer. Junto a essa missão... estaremos destruindo essa coisa.

Rudel tocou o corpo de Sakuya com as duas mãos.

Sentindo a batida de Sakuya, ele usou sua própria magia para controlá-la.

Ele ainda não estava acostumado, parecia muito artificial, mas não era hora de hesitar.

Olhando para o monstro, Rudel…

— Vou te libertar agora.

Quando ele falou isso, uma insígnia dourada surgiu sobre o corpo de Sakuya.

Rudel usou sua própria magia para manipular a mana que fluía por seu corpo. Sob suas quatro asas, um novo par menor brilhando em dourado se manifestou.

Várias lâminas afiadas de espada se projetavam para fora da cauda de Sakuya, agora com seis asas.

Como se estivesse coberta por manoplas douradas, massas de energia se manifestaram ao redor de seus punhos.

"Eu vou te mostrar a Sakuyaaa séria!!"

Para interceptar o monstro, Sakuya manteve sua posição no ar.

Preparando seus dois punhos enormes, ela assumiu uma pose de luta.

Quando o monstro abriu a boca grande para produzir bolas de fogo, Sakuya também abriu a sua. Ela geralmente reunia pedras ou disparava ataques de sopro, mas este era diferente.

Um número de orbes de água se formou em torno de sua boca, antes de disparar na direção do monstro.

As bolas de fogo que o monstro atirou foram derrubadas pela água uma após a outra.

Quando a água e o magma colidiram, vapor d'água surgiu, deixando tudo encoberto.

— Não vai ser da mesma forma que antes.

Depois de dizer isso, Rudel chamou Sakuya:

— Vá!

"Sim!”

Enquanto ela estava fugindo até esse ponto, Sakuya seguiu direto para o monstro.

Os olhos mágicos de Rudel capturaram sua forma sinistra.

Compartilhando a visão de Rudel, Sakuya bateu com o punho na besta.

A água bateu primeiro, e ela apontou seu ataque para a parte que havia endurecido. O nódulo preto em sua superfície quebrou com a força, mas as manoplas douradas haviam conseguido capturar o monstro sem perfurar.

Recuando, o monstro recuperou sua postura, movendo seu único olho para a esquerda e direita para procurar a forma do dragão.

Circulando por baixo dele com uma queda livre, Sakuya entrou em uma subida íngreme...

"Passado por Mystith, prove o... qual era mesmo o nome disso?

Tendo esquecido o nome, ainda desatenta, Sakuya enfiou o punho no corpo do inimigo.

O monstro dobrou seu corpo formando um "L", voando no ar ao receber o impacto.

E com velocidades maiores do que antes, Sakuya disparou atrás dele, colocando os dois punhos juntos e erguendo-os acima da cabeça, ela foi parab cima do monstro para jogá-lo para baixo.

Vendo o monstro cair em direção à terra, Rudel falou:

— … e isso é tudo. Vou te libertar agora.

As manoplas de Sakuya desapareceram, ela abriu a boca o máximo que podia.

Lá uma grande massa de mana emergiu e Rudel a comprimiu. Uma vez que a massa de magia comprimida com força inchou mais uma vez, ela foi comprimida ainda mais.

Extraindo o poder de um dragão... não, o poder que Sakuya originalmente possuía era devido ao trabalho de Rudel.

Sakuya virou a massa de magia em direção ao monstro que havia caído no mar.

O vapor d'água subiu por toda parte, o monstro contorcido não conseguia mais manter sua forma.

Ele se espalhou e se espalhou, e se espalhou um pouco mais.

Era quase como se uma ilha enorme estivesse se formando.

Brotando inúmeras mãos, ele abriu a boca grande para gritar.

A água vazava do olho imenso, fazendo parecer que estava chorando.

— Sendo selado para sempre, selando os outros, você deve ter odiado isso... então esse será o fim.

Sakuya disparou a massa comprimida de magia.

Seu corpo se afastou um pouco para trás com o coice, enquanto sua pequena luz era sugada pela boca aberta do monstro.

Quando ela saiu daquele espaço, as marcas douradas desapareceram do corpo de Sakuya.

A cor dos olhos de Rudel também voltou ao seu habitual azul.

Apertando apressadamente seu cinto. Rudel agarrou-se ao corrimão.

— É a primeira vez que damos tudo de nós.

"Sakuya fez o seu melhoooor."

Ouvindo sua voz cansada, Rudel tentou abrir a boca enquanto olhava para o grande pilar de luz.

Da boca aberta do monstro, o magma irrompeu no céu.

Era quase como um fluxo interminável de lava.

Quando as ondas de choque atacaram Sakuya, tornou-se difícil voar de forma apropriada, fazendo-a ser arrastada pelo ar.

— A potência foi muito alta.

"Talvez seja melhor não usá-lo de novo."

Rudel pensou.

Aos poucos, o pilar retrocedeu e, nesse momento, Sakuya havia recuperado a capacidade de voar normalmente. Recuperando sua posição, ela começou a pairar no local enquanto olhava para o monstro.

"Ele continua se espalhando."

— Tem razão.

Onde o monstro havia caído, uma ilha negra nasceu.

A cena dela se expandindo de forma visível não era algo se poderia testemunhar com muita frequência.

Rudel virou-se apenas para levantar subitamente a mão direita na frente do rosto.

O sol da manhã.

— Então, já é manhã.

"Sakuya está cansada. Eu quero ir para a fonte termal."

Rudel tinha a mesma opinião.

— Você tem razão. Também fiquei exausto dessa vez.

Depois de ver o sol, Rudel virou-se para a ilha que continuava se expandindo.

Lá, de dentro da arma, uma enorme luz azul na forma de um humano acenou com a mão. Abaixo dela, várias centenas acenaram com as mãos para Sakuya.

Rudel esfregou os olhos, olhando a ilha mais uma vez.

— … elas se foram. O efeito do olho mágico ainda estava ativo?

Assim que ele pensou ter visto uma alucinação, Rudel puxou a espada e se virou.

Para onde ele apontava, uma mulher sozinha observava o sol nascente.

A mulher de cabelos azuis fechou os olhos, ela abriu os braços como se quisesse se banhar na luz.

E…

"Você tem nossa gratidão. Cavaleiro estrangeiro."

Vendo esse sorriso, Rudel percebeu que essa era a rainha que ele vira na pintura no escritório do rei.

E, embainhando sua espada...

— É dragoon. Eu sou um dragoon.

"Eh? Você é um cavaleiro, não é?"

— Sim. Mas eu sou mais precisamente um dragoon. Não posso recuar nessa questão.

A outra parte ficou confusa, mas como Rudel não cederia nesse ponto, ela pigarreou de forma fofa quando começou da estaca zero.

Rudel ficou com uma cara satisfeita.

"Você tem nossa gratidão, dragoon estrangeiro."

— Eu estava por perto em uma missão. Chame isso de um capricho. Além disso...

"Além disso?"

— Com isso, eu provei que os dragoons são os mais fortes. Esta vitória é minha, então, no final, esse último empate se tornou a vitória dos dragoons!

Vendo o deleite de Rudel, o olhar vazio da mulher transparente se transformou em um sorriso.

Seu rosto sorridente lembrava Cleo.

"Que pessoa interessante. E pensar que você derrotaria nossa divindade guardiã."

— Parecia mais um monstro para mim.

Quando Rudel olhou para a ilha nas costas de Sakuya, a mulher se inclinou para fazer o mesmo.

Os pés dela não estavam lá.

"... ela foi distorcida ao longo da história por muito tempo. No começo, estava lá para trazer recompensa ao nosso país. Uma vez que foi usada para a guerra, seu poder foi demonstrado e tornou-se uma ferramenta para a batalha."

Rudel olhou para a mulher.

— Você é a mãe de Cleo, não é?

A mulher sorriu e balançou a cabeça para o lado.

"Eu sou tia dela. A mãe daquela garota era minha irmã... entendo, então Cleo está segura. Isso é mesmo espetacular."

Vendo o sorriso encantado da mulher, Rudel lembrou-se da pintura não natural no escritório do rei. A pessoa que deveria ocupar esse espaço, sem dúvidas era a verdadeira mãe de Cleo.

"... acho que toda casa real tem suas complicações."

A mulher se levantou e olhou para Rudel.

"Obrigada, dragoon. Com isso, a divindade guardiã de Celestia foi libertada e podemos retornar ao fluxo de almas."

— Eu aceito sinceramente seus agradecimentos. Claro, do ponto de vista do país, eu posso acabar sendo o vilão.

"Nós nunca deveríamos ter um poder tão além de nossos meios. Eu posso ver isso em retrospectiva. Era um país artificial e distorcido. Mas mesmo assim, são minha irmã e minha terra natal, então acho que eles se recuperarão."

Para a mulher gradualmente ficando menos visível, Rudel falou:

— Algo que você quer que eu transmita para Cleo ou outra pessoa?

A mulher balançou a cabeça.

"Não é nada pessoal... apenas diga a eles que estou cuidando deles."

— Entendido.

"E."

Com o rosto sério, a mulher olhou para Rudel e falou:

"... como estou agora, eu posso entender. Vocês virão para o nosso lado em um futuro próximo."

— … é mesmo.

Sem mais palavras de Rudel, a mulher fez um gesto de oração.

"Mas, por favor, não esqueçam, vocês não estarão sozinhos..."

Mostrando um sorriso para Rudel no final, quando a luz do sol ficou mais forte, ela desapareceu como se estivesse se dissolvendo.

Sakuya soltou sua voz:

"Rudel, com quem você estava falando?"

Rudel abriu a boca para explicar, fechou-a de novo e sorriu enquanto balançava a cabeça.

— Não, não foi nada. Muito bem, quando voltarmos, ficaremos muito ocupados.

Dirigindo Sakuya para voltar, Rudel virou-se apenas uma vez para olhar a ilha que continuava se expandindo.



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