Volume 2
Capítulo 106: Gênio, Gênio e outro Gênio (2)
A carruagem parou um pouco longe de uma estrada bem conservada, três jovens reuniram-se apressados ao lado dela, e um orc junto com um gato os observavam.
Exceto pelo fato de que os membros do grupo eram únicos, não havia nada de especial naquela visão.
Talvez fosse apenas uma conversa normal depois do almoço. Na verdade, não houve muita diferença.
No entanto, as palavras que saíram de suas bocas, de Bratt e Judith para ser exata, foram sangrentas.
“Você está falando sobre isso? A primeira das sete partidas em Murray Manor?”
“Certo. Quando eu atingi você ficou confuso.”
“Besteira, você não se lembra que eu esquivei para a direita e que sua espada nem me alcançou?”
“Essa é a prova que você foi atingido, porque eu ataquei de forma diferente do normal, e por você ter sido atingido, evitei por reflexo. Desviei pro lado, recuei e contra-ataquei, é como um hábito. Então, você esperava que eu fizesse isso imediatamente.”
“… Eu vou admitir. Preciso prestar mais atenção.”
Uma discussão aprofundada sobre quem atacou e cortou.
Os dois estavam demonstrando o que realmente significava ‘lutar com palavras’, mas Airen mais tarde percebeu que se tratava de uma repetição das partidas.
E ele ficou surpreso ao ver como eles se lembravam de cada movimento que faziam, ele podia sentir sua louca obsessão por espadas.
Eles não apenas memorizaram ações, eles pensaram sobre elas.
Por que eles fizeram isso? Qual foi o benefício disso? E se fosse bloqueado e o que poderia ser feito a seguir? Qual seria a resposta do oponente?
Vendo os dois tecendo dezenas de ideias em uma, Airen não pôde deixar de admirá-los.
“Qual poderia ser a maneira mais fácil de atacar nessa situação?”
A discussão sobre espadas não terminou.
Depois que uma situação hipotética apareceu, as discussões seguiram uma após a outra para resolvê-la.
Judith começava e Bratt continuava. Observando os dois discutindo tópicos três vezes seguidas e, logo depois, procurando a resposta, Airen foi capaz de perceber muitas coisas que ele sentia falta.
Guerra psicológica entre espadachins, técnicas de enfrentamento, descoberta criativa e julgamento preciso de acordo com a situação.
Várias outras coisas grandes e pequenas constituíam a esgrima de Judith.
“Como é? Você entendeu?”
“… Hã. Acho que seria difícil fazer isso imediatamente.”
Airen respondeu à pergunta de Judith.
Para ser honesto, apenas ouvi-los era opressor.
E suas realizações também foram avassaladoras.
‘Eu estava tão preocupado com minha atitude em relação às espadas que negligenciei muito o manejo da espada.’
Isso significava que desde que ele saiu do mundo da feitiçaria, ele não tinha prestado muita atenção à esgrima.
“Sinto muito, mas posso apenas ouvir vocês desta vez?”
“Claro.”
Bratt acenou com a cabeça e olhou para Judith novamente. E o treinamento verbal recomeçou.
Claro, não durou o dia todo. Se fosse assim, eles teriam que dormir na rua em vez de na cidade.
Eles poderiam ter continuado as discussões na carruagem, mas não o fizeram.
Bratt estava ao lado de Kuvar, dirigindo a carruagem e Judith estava no teto da mesma.
Lulu adormeceu ao lado dela.
O único que sobrou foi Airen, que estava dentro da carruagem.
Em um espaço onde estava sozinho e relaxado, ele sorriu.
Ele se sentia feliz com o tempo livre em que pensava por si mesmo.
Quando ele pensava nisso, era a mesma coisa na escola. Os dois sempre o ajudaram e ele sempre ganhou.
Enquanto aquecia seu coração, seus sentimentos de arrependimento e desejo de vencer cresciam pouco a pouco.
‘Eu deveria fazer o meu melhor para poder me juntar a eles também.’
Ele não queria ser ajudado constantemente.
Também não queria ser deixado para trás.
Para fazer isso, ele tinha que igualar ao nível dos dois o mais rápido possível.
Airen Pareira, que tomara uma decisão firme, fechou lentamente os olhos.
Ele não estava pronto para o treinamento de imagens.
Vontade, mente e crença. As coisas mais importantes, mas… agora era a hora de focar puramente na esgrima.
Os problemas que começaram então, continuaram por três horas enquanto a carruagem se movia.
E durou até que chegaram a uma aldeia e entraram em uma pousada.
Airen tinha se concentrado na esgrima até a hora do jantar, mas então ele se levantou quando a comida estava prestes a vir.
“Desculpe. Mas vou pular o jantar.”
“Onde você tá indo?”
“Praticar esgrima.”
“Nesta hora…”
“Eu vou encontrar algum lugar. Se não funcionar, saio da aldeia para praticar e volto pela manhã.”
Com essas palavras, Airen saiu da pousada.
Kuvar olhou para ele com um olhar perplexo, e Judith, que se levantou alguns segundos depois, também deixou a pousada.
“…”
O ar ficou vazio.
Enquanto a comida enchia a mesa, Bratt balançou a cabeça.
“Ele está de volta.”
“O que você quer dizer?”
“Airen. Cada vez que ele age assim, ele mostra um crescimento incrível. Parece que Judith também foi estimulada e foi embora. Sério, se aquele monstro maluco está treinando, eu nem consigo imaginar os resultados.”
“…”
“Isso não aconteceu quando ele estava com você, Sr. Kuvar? Deveria ter acontecido.”
“… sim.”
“Eu sabia.”
Bratt assentiu com uma expressão séria e moveu o garfo, sem perder a graça.
Ele terminou sua refeição um pouco mais rápido do que Kuvar e Lulu e se levantou dizendo.
“Eu também vou treinar. Quando vi aquele rosto, senti que precisava fazer algo.”
“…”
No final, apenas Kuvar e Lulu sobraram.
Ainda era o terceiro dia desde que Bratt e Judith se juntaram a eles.
* * *
Uma semana se passou desde que Airen começou a treinar.
Durante esse tempo, ele voltou ao básico e passou dias pensando em esgrima.
Felizmente, ele percebeu algo. Ele se lembrou de algo que havia esquecido.
O que as raízes de sua esgrima era.
‘O centro da minha esgrima é…’
Ele entrou no mundo da feitiçaria para encontrar sua espada e adquiriu várias esgrimas.
A espada de Bratt que se assemelhava à água, a de Judith que se assemelhava ao fogo, a de Ilya que se assemelhava ao céu e a espada do homem.
E o básico que ele aprendeu na Krono.
Nenhum deles era sem importância, mas as esgrimas principais eram a do homem que ele aprendeu, e a de Krono, que continha um pouco de peso.
‘O problema é que eu os esqueci e apenas tentei imitar a esgrima de Bratt e Judith.’
Há algumas coisas que ele sentiu vagamente por meio de suas partidas e discussões.
Ele não é Bratt nem Judith.
Não era uma boa ideia bloquear com golpes fluidos como os de Bratt ou imitar a espada de Judith que era explosiva.
Se o fizesse, significaria que estava perseguindo os dois, e faria isso pelo resto de sua vida.
Então, o que ele deve fazer?
Ele deveria jogar fora tudo o que aprendeu até agora no mundo da feitiçaria e começar de novo?
Não.
‘Concentre-se no conteúdo. Adicione apenas as partes que utilizáveis das esgrimas de Bratt e Judith.’
Em vez de perder seu centro e ser arrastado pra lá e pra cá, segure-se no centro e harmonize os outros atributos.
Tendo chegado a uma conclusão satisfatória, a esgrima de Airen começou a florescer lentamente.
Whoo!
Whoo!
Ele não conseguia seguir os passos leves e livres de Judith.
Porque ele não era ela.
Era porque ele era enfadonho e pesado em comparação com ela, que se movia como fogo.
No entanto, ele foi capaz de capturar sua explosão. E isso o livrou do peso.
O ataque de Airen, que foi completado dessa forma, era como se uma espada em brasa estivesse voando.
Whoop!
Clang!
Era impossível fazer um ataque fluir com a mesma suavidade de Bratt.
Porque ele não era Bratt Lloyd.
Ele não ousou imitar os movimentos.
A água que dissolvia o peso que fazia a pessoa ficar rígida não estava lá, mas não tem problemas.
Por ter feito uma técnica defensiva, que era como bater em uma poça funda, isso relaxou os ataques recebidos e os fez perder a força.
Bratt Lloyd, que se sentiu chocado.
“Este desgraçado lo…”
Não foi ele quem disse isso.
Judith reclamava de novo e de novo enquanto olhava para Airen, que mudou em uma semana.
Ela não teve escolha senão fazer isso.
Foi porque sua porcentagem de vitórias contra Airen, que estava em 90%, caiu para 70%.
“Merda. Como pode o mundo funcionar assim?”
“É assim que o mundo funciona. Eu senti isso há cinco anos quando vi Ilya. E agora de novo.”
“Merda. Merda. Merda. Merda. Merda…”
Lulu tremeu com a escolha bastante diferente de palavras de Judith.
O ar na carruagem transbordava o desejo de competir.
No entanto, em vez de ficar desconfortável com isso, Kuvar sentiu uma espécie de compaixão.
‘É difícil ficar com um gênio.’
Ele sabia disso porque era espiritualista.
O fogo intenso que não pode ser comparado às pessoas comuns.
Uma pessoa com tal atitude nunca será capaz de perder.
Seja pedra papel tesoura ou uma refeição rápida, se houver um elemento competitivo, por mais trivial que seja, esse tipo de pessoa tem que vencer.
E quando talentos irracionais aparecerem na frente de tal pessoa, ela sofrerá.
Talvez o coração de Judith inchasse como um vulcão ativo.
‘Será meu trabalho administrá-lo bem. Claro, agora… isso pode ser difícil.’
Do ponto de vista de um adulto, Kuvar estava preocupado com Judith.
Ele esperava que a jovem talentosa não se queimasse com sua paixão e se machucasse.
… Exatamente uma semana depois, ele percebeu que a havia subestimado muito.
Kak!
“Ugh! Eu venci!”
“Judith aprendeu com Airen. Há uma mistura de leveza e peso em seus passos. Ficou muito complicado…”
“…”
Mesmo sem a explicação de Bratt, eles sabiam.
Porque Kuvar estava atento, e mesmo que seu corpo não soubesse, seus olhos o mostravam.
Assim como Airen absorveu as forças de Judith.
Judith fez a mesma coisa com os pontos fortes de Airen.
Com isso, em muito pouco tempo.
O que tornou isso possível…
‘Talento e tenacidade… Eu estava muito enganado. Judith é um gênio.’
Não era só ela.
Bratt Lloyd também realizou algo durante o período em que os outros dois cresceram.
Apenas olhar para a atitude dele já faria qualquer um perceber. Não havia mais nervosismo em Bratt.
Kuvar finalmente percebeu.
Airen Pareira.
Judith.
Bratt Lloyd.
Não havia como ele ter julgado com precisão todo o escopo de seu talento.
‘Gênio, gênio e outro gênio…’
Foi quando ele estava pensando.
Bratt, que veio na frente dele, perguntou.
“Quanto tempo até Partizan?”
“Uh? Ah! Vamos ver… chegaremos amanhã.”
“Oh, finalmente! Eles não vão nos evitar como fizeram em Lation, certo?”
“Você não precisa se preocupar com isso. É uma cidade construída por pessoas que não gostam desse tipo de atitude.”
“… Legal”
“Ah o quê? Olhe para Airen. Parece que ele vai destruir todos os espadachins de Partizan.”
“O que você está…”
“Eu gosto dessa atitude. Muito agradável. Quer destruamos ou sejamos destruídos, vamos apenas prosseguir e perceber que um lado está fadado a ser destruído!”
“Não seja bobo.”
Judith, Airen e Bratt estavam animados para desafiar os espadachins em Partizan.
Kuvar sorriu suavemente enquanto olhava para eles.
Ver pessoas ambiciosas também o deixava animado.
Com aquele ar, só Lulu se sentia diferente.
‘Parece que eles não têm noção de em que nível estão porque são apenas os três agora…’
Bem, assim que chegarem em Partizan, eles descobrirão.
O gato preto bocejou e voltou a meditar.
Judith e Bratt se juntaram ao grupo há mais de uma semana.
E o grupo finalmente pôs os pés em Partizan.