Volume 1
Capítulo 14: Sylvancient
Ajustando-se à luz brilhante depois de ter passado tanto tempo nas profundezas sombrias da prisão. Arthur sentia que seu coração batia descontroladamente em seu peito, uma mistura de excitação e medo inundava sua mente.
Arbus olhou para ele com uma expressão sombria, seus olhos frios analisando-o por um momento antes de virar a cabeça para olhar além dos muros da prisão. Ele parecia calmo, como se estivesse familiarizado com esse tipo de situação.
― O que faremos agora? ― Perguntou Arthur, tentando controlar a respiração acelerada.
O Corvo olhou para ele por um instante, antes de se virar e começar a caminhar em direção a uma pequena trilha que levava à floresta. ― Primeiro, precisamos nos afastar daqui. Ainda não estamos fora de perigo.
Arthur assentiu e o seguiu, sua mente zumbindo com perguntas e incertezas sobre o que seguiria. Ele não podia deixar de se perguntar sobre os motivos de Arbus e se podia realmente confiar nele. No entanto, ele também reconheceu que não teria sobrevivido na prisão sem a intervenção do misterioso corvo.
Enquanto caminhavam pela trilha, o som da vida selvagem ecoava ao seu redor. Os pássaros cantavam alegremente, e o vento sussurrava entre as árvores altas. Arthur sentiu um peso se erguer de seus ombros ao se afastar da escuridão da prisão.
― Que tipo de perigo tem por aqui? ― perguntou o rapaz.
― Não sabe sobre o guardião?
― Guardião?
― Essa saída não dá para essa floresta por nada, existe um Sylvancient aqui.
A iminência de uma criatura dessa à frente deles era um golpe e tanto para o Umbra. Os Sylvancients são criaturas majestosas que se assemelham a árvores antigas e imponentes. Eles têm cascas grossas e rugosas que funcionam como uma armadura natural, protegendo-os de danos físicos. Seus olhos brilham com uma luz verde suave, refletindo a sabedoria e o conhecimento que acumularam ao longo dos séculos.
São extremamente fortes e resilientes, capazes de resistir a condições climáticas adversas e ataques poderosos. Eles têm a habilidade única de se fundir com a floresta, tornando-se quase indetectáveis quando estão parados.
Guardiões da floresta. Eles têm um vínculo profundo com a terra e podem se comunicar com as plantas e os animais ao seu redor. Eles usam essa conexão para monitorar a saúde da floresta e protegê-la de ameaças.
Geralmente pacíficos, mas se a floresta que eles protegem for ameaçada, eles se tornarão ferozes defensores, usando seus poderosos ramos como armas.
― Pensei que só elfos tinham uma boa relação com eles. ― Arthur não podia segurar suas pernas ao pensar em dar de cara com essa criatura, que em seu auge seria considerado um Classe S.
Os aventureiros eram classificados de F a S pelas guildas, usavam o trabalho de caça para classificá-los, usando como base as criaturas que já derrotaram, pois não era possível medir a capacidade de batalha por completo de alguém, já que demandava diversas características que dependendo da batalha, poderiam ter vantagem ou não.
― Um certo herói da família Umbra, fez amizade com ele e o trouxe pra cá. ― Respondeu o corvo com um olhar de poucos amigos.
― Umbra?
― Sim, aquele maldito das sombras durante a guerra de dez anos atrás, de alguma forma conseguiu isso. ― O homem levou sua mão ao olho com cicatriz, claramente desconfortável.
O semblante do rapaz escureceu ao escutar aquilo: ― Você parece odiar ele.
― Aquele hipócrita e eu temos um passado.
― Entendo… ― O semblante do rapaz obscureceu ao perceber o ódio nutrido em direção a sua família. ― Qual é o nome desse desgraçado?
― Daniel.
Escutar o homem falar dessa forma do seu ídolo, aquele que norteou toda sua percepção de mundo, criou uma grande sensação de perigo em direção a esse homem.
Ele percebeu que deveria se afastar dele de alguma forma, mas dado os riscos da floresta, e sua total falta de conhecimento sobre os riscos iminentes e como rodeá-los, sabia que precisaria dele para lhe dar algum norte e sair vivo dali.
Arbus notou o olhar distante do rapaz e com um olhar desconfiado perguntou: ― O que foi, preocupado com algo que eu disse?
― Não é isso. ― Arthur pensou rápido para criar algo crível como resposta. ― Estava pensando nos absurdos que aconteciam na prisão e como muitos outros inocentes podem estar sofrendo.
― Você é bonzinho demais, chega a ser irritante. ― O olhar de desgosto era claro no corvo enquanto usava uma ventania para abrir o caminho entre as árvores por todas as direções.
― Só acredito que não podemos querer ao próximo, o que não queremos para si.
O homem riu em resposta, deixando claro como achou divertida aquela fala. ― Você quer morrer?
― O quê? Claro que não.
― Então não desejaria a morte para ninguém?
As imagens dos corpos nas favelas inundaram a mente do rapaz, trazendo uma repulsa ao que fez em seu interior. ― Não! ― Exclamou mais como uma tentativa de defesa do que uma resposta qualquer.
― Mesmo que signifique sua morte ou de um ente querido?
A imagem do homem na cela que tentou lhe violar, ficou vivida e o fez refletir para como sentiu alivio com o que ocorreu. ― Não faz sentido, é autodefesa, não tive escolha.
― Claro que teve que escolher uma vida em detrimento de outra, é uma escolha egoísta que fazemos todos os dias, usando a sobrevivência como desculpa.
― Onde quer chegar?
― Matar um homem para alcançar um objetivo é a mesma escolha que faz quando mata um coelho para se alimentar.
― Isso é um absurdo completo.
― Será mesmo? Você não poderia sobreviver se comesse uma fruta qualquer?
Arthur ficou impactado com aquela forma de pensar, apesar de parecer alguma lógica, ainda assim parecia absurda pelo simples fato de querer colocar um animal selvagem em paridade com um ser inteligente.
Para ele, éramos seres sociais que deveriam construir em conjunto, assim como abelhas e formigas, que sempre tinham o intuito de enriquecer seu meio e não o indivíduo.
Arthur olhou para Arbus, seus olhos cheios de confusão e conflito. Ele nunca havia pensado sobre a vida dessa maneira antes. Para ele, sempre houve uma clara distinção entre o certo e o errado. Mas as palavras de Arbus, apesar de plena discordância com certas nuances, estavam começando a desafiar suas crenças, e criar uma imagem cinza em sua mente.
― Você está dizendo que a vida é apenas uma questão de sobrevivência? Que não há certo ou errado, apenas escolhas que fazemos para sobreviver? ― Arthur perguntou, sua voz tremendo ligeiramente.
Arbus parou e se virou para encarar Arthur. Seus olhos frios encontraram os de Arthur e ele assentiu lentamente.
― Exatamente. A vida é dura, Arthur. Não há espaço para idealismo quando se trata de sobrevivência. Você pode não gostar, mas essa é a realidade.
― Vocês não dizem lutar contra os tiranos?
― Lutamos para que todos tenhamos um mesmo direito, um mesmo início, mas não somos um mesmo indivíduo.
― Não se tratam como iguais?
― Hahaha, não, claro que não, somos todos servos de nossas próprias ambições que se unificaram por um ódio comum.
― ódio…
― Te incomoda esse ódio? Será que queria o amor que os detentos queriam te dar? ― Disse o corvo com um sorriso sombrio.
O rosto do rapaz se escureceu, mas no momento que se preparava para contra-argumentar, viu o corpo do homem endurecer, enquanto fazia sinal para ele se calar, claramente em alerta.
Percebeu que até mesmo as correntes de ar que ele criou para abrir o caminho, cessaram rapidamente e deixou a mata pesada da floresta escureceu o ambiente. As raízes das árvores que compunham toda a floresta, começaram a tremer e como se estivessem puxadas por alguém, começaram a rastejar como cobras em uma única direção.
Arbus levantou a mão, fazendo um sinal para Arthur ficar em silêncio. Ele apontou para as raízes que se moviam no chão, seus olhos frios transmitindo uma mensagem clara: não toque nelas.
Arthur assentiu, engolindo em seco. Ele podia sentir a tensão no ar, como uma corda prestes a estourar. Ele se afastou das raízes, tentando não fazer nenhum barulho.
De repente, a terra começou a tremer. As árvores ao redor deles balançavam violentamente, e os pássaros voavam em pânico. Arthur olhou para o corvo, seus olhos arregalados de medo.
Ele apenas apontou para frente. Seguindo seu olhar, Arthur viu algo que fez seu coração parar.
Uma colina gigantesca estava se erguendo acima das árvores, suas formas parecendo se contorcer e mudar. Então, com um rugido ensurdecedor, a colina se moveu.
Era o Sylvancient.
Sua casca era grossa e rugosa, parecia uma montanha, e seus olhos brilhavam como duas estrelas verdes. Ele era imenso, tão grande que fazia as árvores ao redor parecerem pequenas em comparação.
O corvo puxou sua espada, a lâmina brilhando sob a luz fraca que se infiltrava através das copas das árvores. Ele se virou para Arthur, seus olhos cheios de determinação.
― Ele parece ser mais forte do que as informações, faça tudo que eu mandar. ― Ele ordenou, sua voz firme e autoritária.
Arthur assentiu, seu coração batendo forte no peito. Ele sabia que estava em perigo e sentia que dependia dele para sobreviver. Com a espada em punho, o corvo avançou em direção ao Sylvancient. Ele se moveu com uma graça e velocidade surpreendentes, usando uma corrente de ar para o fazer voar, deixando sua lâmina brilhando com sua energia à medida que cortava o ar.
Arthur, por outro lado, ficou paralisado de medo. Ele observava Arbus se mover com admiração e terror. Ele sabia que deveria ajudar, mas seu corpo se recusava a obedecer.
De repente, gritou para ele: ― Arthur, acorde! Preciso que você o distraia enquanto eu ataco!
As palavras pareceram despertar Arthur de seu transe. Ele assentiu, e correu em direção ao Sylvancient, não esperava um ataque frontal, mas sentia que não tinha escolha.
Ele pegou uma pedra do chão e a jogou na criatura. A pedra bateu na casca dura, fazendo um som alto. A fazendo virar a cabeça para olhá-lo, seus olhos verdes brilhando com curiosidade e irritação.
Enquanto isso, o homem aproveitou a distração para atacar. Ele parecia um foguete apontando sua espada para o que seria o pescoço daquele ser, descendo em um arco brilhante. A lâmina o atingiu, fazendo um corte profundo em sua casca.
Ela rugiu de dor, virando-se para enfrentá-lo. Ele balançou um de seus enormes ramos na direção do seu agressor, que saltou para trás para evitar o golpe. A terra tremeu com o impacto do ramo contra o solo.
Arthur, vendo Arbus em perigo, gritou e correu em sua direção. Ele pegou outra pedra e a jogou na criatura, acertando-a no olho. O monstro rugiu novamente, balançando a cabeça para se livrar da dor.
Aproveitando a oportunidade para atacar novamente. A espada de vento cortou com fúria novamente, sua espada brilhando à medida que ele a levantava para outro golpe. Mas antes que ele pudesse atingir a criatura, uma raiz surgiu do chão e o atingiu, jogando-o para trás.
O Umbra sentiu um frio na espinha. Ele sabia que tinha que fazer algo. Com um grito de determinação, ele correu em uma das raízes gigantes para tentar subir a criatura, quanto mais íngreme ficava, mais tinha dificuldade para continuar, até que tentou usar suas mãos para continuar a subir, mas sentiu como se tivesse pulsado uma corrente por todo o seu corpo, que enviou uma voz antiga e poderosa para sua mente.
― Hmm…sua energia me parece familiar.
― Quem é você? Como está em minha mente? ― Perguntou o rapaz que entrou em choque ao sentir toda aquela energia adentrando cada parte do seu corpo, e parecendo verificar cada detalhe do seu ser, o deixando aflito com aquele sentimento desconhecido, olhou onde seu parceiro de fuga estava, notando que havia sumido dali, olhou ao redor desesperadamente e percebeu sua figura voando para longe.
Foi quando aquela voz ancestral tocou novamente: ― Apesar de minha raça não ter o costume humano, meu salvador me nomeou como Custos Gemma.
― Custos Gemma? Salvador? ― Arthur percebeu que se tratava do Sylvancient, mas de alguma forma a energia dele transmitia um sentimento de que não deveria sentir medo.
― Isso, mas assim como ele, pode me chamar de Gemma, meu jovem, você seria a joia de Daniel?
Caro leitor,
Chegamos ao final deste capítulo emocionante! Espero que tenha desfrutado desta jornada tanto quanto eu. Se você gostou do que leu ou se tiver alguma sugestão para melhorar a história, por favor, compartilhe seus pensamentos nos comentários abaixo. Seus feedbacks são fundamentais para me ajudar a criar uma narrativa mais envolvente e personagens memoráveis.
Além disso, se houver alguma teoria intrigante, ou se quiser discutir possíveis desdobramentos da trama, estou ansioso para ouvir suas ideias brilhantes. Sua participação é vital para o progresso desta história épica!
Agradeço imensamente por dedicar seu tempo a ler minha obra. Seus comentários e apoio são a verdadeira força motriz por trás deste projeto. Mal posso esperar para compartilhar o próximo capítulo com você em breve!
Me siga no instagram e fale comigo pessoalmente se preferir.