Volume 1

Capítulo 11 – Atemorização

O escritório da SPK estava quieto no horário do almoço, o pronunciamento de “T” pegou a todos de surpresa. No laptop, uma ligação de “R”, com a voz furiosa do outro lado da linha, fazendo Near revirar os olhos.

— O que esse idiota acha que está fazendo? Vamos fazer provocações em público como em 2003?

— Se acalme, Ryuzaki. Assim como você está nervoso, esse Kira também vai ficar e…

— O secretário da ONU adiantou sua visita — avisou Lidner.

No meio da confusão, Near teve um pensamento rápido: Apesar de ter sido inesperado, isso pode ajudar na investigação. Se um dos dois Kiras fizer algum movimento brusco, conseguiremos mais informações.

Sendo agora 11h47, devem ser 00h47 no Japão. Um trabalhador deveria estar dormindo e um estudante demoraria a saber da notícia. Mas se realmente T estiver certo e houver um portador aqui…

“R” questionou porque Near deixou “T” assumir a investigação, mesmo tão próximo dele. Com sua voz entediada, explicou que no fim de tudo, o importante era capturar todos os cadernos. Não importa quem o faça. Se ele conseguisse, Near o confiscaria com sua autoridade, mas seu medo era que “T” morresse ao tentar se provar.

— Se está com tanto medo que T morra, você deveria parar ele.

Near se calou por um instante, encarou a tela e enrolou seus dedos em uma mecha de cabelo.

— Além desse, temos mais três Death Notes para encontrar, Ryuzaki. E até agora, nenhum sinal sequer de padrão, a não ser o “Kira genocida” e o “Kira causador de acidentes”. Quanto mais mão de obra qualificada tivermos para nos ajudar, melhor para a gente.

— Quer saber?! Faça o que quiser… Vou entrar em contato com T e ver se consigo alguma informação.

O notebook sinalizou “ligação encerrada”. O detetive coçou a cabeça e se retirou da sala indo em direção a seu quarto. Lidner acompanhou Near apenas com o olhar e comentou com seus colegas: — Acho que Ryuzaki está certo. T está se expondo demais, Isso é amadorismo.

— Se Near permitiu, deve ter um plano — Disse rester sem tirar os olhos da tela.

— Near permitiu porque é conveniente, mas a chance de T morrer é grande demais. Ele não sabe todos os detalhes da investigação.

— Mesmo assim, foi o próprio “T” que quis investigar esse Kira. Ele sabe o risco. Além disso, ele trabalha em parceria com a CIA — Gevanni afirmou com indiferença.

Rester perguntou para Gevanni se ele achava que “T” conseguiria achar esse usuário do caderno somente com a ajuda dos agentes da CIA. Antes de responder, ele ponderou calado e só após alguns instantes, verbalizou:

— Acho que não…

— Viu? — Lidner falou — Estamos nisso há anos. Near pode ser metódico, mas todas as ações que tomou até hoje foram certas. T se revelar em público, mesmo de máscara, já demonstra que ele é uma pessoa instável e imprudente. Ele pode fazer esse Kira mudar o padrão ou sumir por um tempo até a poeira abaixar e então ele voltar a fazer tudo de novo.

— No final de tudo, esse “T” fez o mesmo que o L, só que mais amador e se pondo em risco…— Rester tomou um pequeno gole de café. — se esse Kira tiver recursos como Yuki, pode muito bem usar softwares para escanear aquela parte do rosto e descobrir sua identidade.

— Sem contar a sua forma de provocar, dava pra notar que ele só fez aquilo por ego e não pelos dados.

Rester encarou Gevanni e comentou: — Os dados são importantes, mas o risco do Death Note ser exposto é muito alto e o governo exige nosso total sigilo.

— Se o Near sabe disso, por que deixar T investigar?

O detetive estava recostado na parede, escutou a conversa e explicou: — Eu já havia dito isso antes, mas… — Suspirou — Eu já iria fazer algo parecido, precisamos saber como esses assassinos agem, mesmo que isso custe vidas, o mais importante é conseguirmos reunir os cadernos.

— Está bem, mas como vocês podem ter certeza que existem dois Kiras e não só um? — Rester se virou para Near. — Mesmo que as mortes sejam de formas diferentes, não há nada que comprove algo assim.

— Justamente por elas serem diferentes, Rester. Um, fez uma cena gigantesca para chamar atenção — Sentou-se e lhes apontou duas canetas. — O outro, mata pessoas de forma furtiva, só que com acidentes.

Nosso maior problema, Near encarou a caneta vermelha, è o Kira genocida. Se ele continuar a causar mortes em grande escala assim… pode criar conflitos governamentais catastróficos. Mesmo que saibam quem causou, a desconfiança se moldará pelo medo…

Três dias se passaram desde esse ocorrido. Nesse meio tempo, doze agentes do FBI que se atiraram do topo de um prédio em Seattle. A Morte foi instantânea, o chão foi banhado em sangue e tecido cerebral. Os agentes faziam de tudo para conter a propagação da notícia, mas já era tarde.

Vários vídeos e imagens começaram a circular como tudo aconteceu. Todos os homens caminharam de forma ordenada até o edifício com um olhar vago, subiram pelas escadas e então pularam, um a um.

Rester, voltou à questão levantada por Gevanni e questionou Near se ele realmente acreditava que eram dois Kiras depois desse incidente. Near por outro lado, reiterou que acreditava um pouco mais nessa hipótese, já que essas mortes não tiveram qualquer preparação para os “suicídios”, como foi o caso na Itália. 

A maior diferença, estava na forma. Os agentes se jogaram um após o outro, o que significava que os nomes foram escritos da mesma forma e naquela ordem. O massacre italiano foi instantâneo e todos fizeram o mesmo movimento ao mesmo tempo.

No último dia James Turner, um policial de Seattle, se pronunciou no mesmo púlpito que “T” estava a dias atrás. Um homem grisalho e forte, que apesar da voz aveludada, dava para sentir sua raiva através de cada palavra.

Seu discurso foi para intimar Kira a agir, dizendo que não importava se ele morresse, outro poderia tomar seu lugar e continuar a investigação. 

— Isso vai ser um problema — Disse Near ao coçar a cabeça, o que atiçou a curiosidade de todos.

Near ligou para “T” por um longo período, mas não o atendeu. Ligou para “R” e o mesmo aconteceu. O detetive então, se deitou sobre o chão gelado, encarou o teto e reverberou:

— Não podemos deixar outras pessoas colocarem suas vidas em risco em prol da investigação, não importa o caso. Se esse cara morrer a culpa vai ser minha por ter deixado o “T” assumir a investigação.

— Vamos intervir então?

Encarou seus próprios cabelos brancos e se pôs a refletir por um breve instante, em silêncio.

Afinal, quem é esse homem? Por que se colocaria em risco? Isso não faz sentido algum, sabendo como Kira age… Se ele quisesse, poderia muito bem pegar os nomes de todos deste departamento e matar todos só para mostrar seu ponto… Coisa que o Yagami poderia fazer

— Não, agora já foi — sentou-se — espero que T saiba o que está fazendo. Isso pode me colocar em uma encrenca.

Contudo, Gevanni recebeu uma nova notícia. Um galpão na Rússia abrigava 100 mortos que foram encontrados no início daquela manhã. Segundo o que tudo indicava, as mortes foram causadas por hipernatremia. 

Cada uma das pessoas ingeriu quantidades massivas de sódio em um curto período de tempo, entre vômitos e convulsões. O que levou à desidratação e falência das suas células cerebrais. O local estava escuro e repleto de embalagens de sal de cozinha.

Em meio àqueles amontoados de corpos, foi achado também, coberto por uma tampa de vidro, um cálice com água e com o nome “Kira” gravado.

— Essa é a diferença entre o nosso Kira e o de Seattle — Near pegou um bonequinho e riscou um nome. — Vamos chama-lo de J-Kira.

— Por que “J”? — Lidner perguntou.

— Esse parece gostar bastante de espetáculos, assim como o “Joker”. Estamos todos no palco que Light montou. Ele só reacendeu as luzes.

— Isso já está realmente um circo — disse Gevanni.

— 4.444 criminosos na Itália e agora 100 na Rússia... Ele está usando simbolismos: cálice, água… multidão… Até agora ele usou objetos de fácil acesso para matar lâminas e sal…

— Mas esse foi escondido, Near.

— Pela data e o número inteiro, podemos deduzir que isso foi um dos testes. Talvez tenham mais que ainda não foram encontrados. Façam um parâmetro de criminosos desaparecidos pelo mundo, em grandes quantidades, também verifiquem como conseguiram esses nomes e os antecedentes deles.

Lidner sinalizou que não havia mais nenhuma notícia recente sobre algum ato suspeito.

— Isso significa que o J-Kira realmente vai querer mudar o padrão ou vai planejar algo ainda maior… vamos aguardar uma semana para confirmar isso…

— Por que uma semana?

— Se o incidente Russo foi a nove dias, isso significa que ele tem uma preparação… talvez para coletar nomes ou para preparar o terreno…

— Posso também fazer um paralelo das pessoas que pesquisaram sobre essas formas de morrer com os que baixaram o arquivo Italiano.

— Ótima ideia, Lidner. Pode ser um tiro no escuro, mas pode dar certo. Faça também uma lista dessas pessoas que estejam envolvidas na área da saúde, seja por trabalho ou estudo. Talvez possa haver alguma ligação.

Próximo ao fim da tarde, “T” ligou para Near, dizendo “ter certeza da identidade do Kira de Seattle”, mas propôs um acordo para que Near não se envolvesse na investigação, se aceitasse, revelaria o nome do seu suspeito.

— Você diz que confirmou a identidade… e agora diz que é suspeito? Me diga “T”, aquele policial que apareceu na TV… morreu?

— Não, ele está vivo.

— Então é óbvio que o S-Kira tem alguma ligação com ele — Near brincava com o cabelo. — Se um desses agentes que morreram, investigou algum parente próximo desse policial, isso significa que você já tinha uma suspeita de alguém, antes mesmo de iniciar a investigação. Pare de enrolação “T”, me fale o nome.

“T” se calou e dava para escutar sua respiração pesada.

— Light Turner.

Os agentes se viraram para Near com expressão de dúvida, com um silêncio que beirava o constrangimento. O detetive usou o cabelo como bigode e cruzou os braços:

“Light” já é um nome bem raro, mas sendo filho de um policial, deve ter colocado um alvo nas costas dele para ganhar um caderno de um Shinigami. Só que esse parece ser alguém ainda mais afoito que o Light original.

— Se fosse o Yagami, tenho certeza que não hesitaria em matar o próprio pai para tirar o foco da investigação de si. 

Ao fundo da ligação, Near escutou alguém chamar por “L” ao invés de “T”, e ele respondeu. Ao Pentear suas longas mechas, perguntou: — Se passando por mim, “T”?

— Eu apenas me apresentei como um sucessor do L, que é exatamente o que eu sou, não tenho culpa por eles me chamarem assim.

— Mas você corroborou com essa farsa e com certeza usou disso para tirar vantagem da situação… Com uma ligação posso acabar com seu jogo “T”, lembre-se disso.

Novamente “T” ficou em silêncio com a respiração pesada. 

— O que você vai fazer agora “L”? Como você vai capturar o Kira sem apoio?

Near franziu as sobrancelhas, mas a resposta nunca veio. Em súbito, 'T' encerrou a chamada. Um estalo seco ecoou no fim da ligação, o que fez Near suspirar fundo e cogitar: 

— Light Turner é uma cópia barata e mal feita do Yagami, tanto que caiu no exato mesmo truque. Enquanto vocês pesquisam sobre os incidentes eu mesmo vou averiguar sobre esse garoto. Se eu conseguir confirmar que o login do pai dele foi utilizado de outro local, já vai ser o suficiente para eu conseguir um mandato de busca e apreensão. Coisa que o “T” deveria ter feito assim que suspeitou.

— E não vai impedi-lo? Está usando seu codenome... seu legado…

Antes de responder, desviou os olhos, e encarou os bonecos espalhados sobre a mesa. Um deles, de camisa longa branca e cabelo espetado preto, estava deitado de lado. Near o virou com um dedo e revelou a face pálida de seu antigo mentor.

Legado…

Torcendo a boca como quem tentava escolher as melhores palavras, Near respondeu: — “T” está agindo dessa forma em busca de vingar nossos companheiros da Wammy's que foram mortos por Kira, o que é ótimo por um lado. Um homem que nada mais tem a perder… é um peão útil no xadrez.

Vou tentar ajudar ele por baixo dos panos e garantir que ele não morra por fazer algo estupido, como o Mello fazia.

 

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