Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vanconcelos


Volume 4

Capítulo 97: Esse é o destino dos Grandes Heróis

Nathaly arregalou os olhos trêmulos ao ouvir o grito desesperado de Nina, um clamor exalando terror, que ecoou por todos os corredores, todas as salas do palácio. Cada vibração daquele grito reverberou dentro de Sua Alma, despertando suas memórias verdadeiras.

Todas as vezes em que beijou Nina, todas as vezes em que a sentiu, cheirou, chorou, riu, viveu ao lado de sua menina. Cada lembrança passou diante de seus olhos, como uma sequência de flashes intensos, enquanto sua alma se aquecia com o amor e a urgência que ela nunca poderia esquecer.

O Paraíso diante dela desapareceu, e no lugar surgiu uma cela de prisão cinza, sem vida. Ao lado, uma cadeira coberta de algemas, e várias lanças finas se direcionavam ao assento. A raiva de Nathaly cresceu como um furacão. Se virou, seus olhos queimando com magia sagrada, em direção à silhueta.

— Quem é você?! Fazer um bom trabalho? Que porra cê tá falando? — Sua voz transbordava fúria enquanto começava a caminhar em direção à figura.

A silhueta, antes imaculada, começou a se distorcer.

— Esse é o destino, garota. Apenas entre e espere sua vez! — Sua voz se transformou, deixando de ser doce e amorosa para um tom de rancor e forte arrependimento.

— Foda-se o destino! — gritou, a paciência se esvaindo por completo. Avançava caminhando, enquanto a figura diante dela se retorcia.

— NÃO SEJA IDIOTA! VOCÊ NÃO PRESTA PARA SER O GRANDE HERÓI! SE ALIANDO A UM PRIMORDIAL?! — A silhueta de Nathaly desapareceu, e o antigo Grande Herói se revelou, agora reduzido a um mero adolescente, com o rosto marcado pela angústia.

A angústia que consumia sua alma, o rancor de um trauma profundo, a dor que reverberava dentro dele, a raiva que o corroía por cada lembrança de Blacko.

Ao sair do selamento com a morte de Nathaly, tudo voltou como um soco. Sentia cada fragmento do ódio que se acumulava ao longo do tempo, lembrando-se de como o monstro se divertiu com sua dor, o humilhou e destruiu sua mente, forçando-o a se humilhar, a gritar pela Deusa enquanto ele ria, vendo-o como um inseto perdido.

Blacko se divertiu torturando-o, matou e devorou sua carne, oferecendo um espetáculo sangrento como presente para Morte, que assistia àquela crueldade de camarote, sem qualquer piedade.

Cada cicatriz em sua mente e cada fragmento de sua alma carregavam a marca profunda daquele sofrimento, um sofrimento que nunca poderia ser apagado.

— Você deveria ser quem os mata, não quem os ajuda... Apenas entre naquela porta e me deixe assumir de vez o controle, assim como foi comigo! — Sua voz era imbuída de urgência e desespero. Suas súplicas demonstravam seu medo, seu rancor, seu desejo de vingança.

— Que poder você acha que tem sobre mim? Tá arrependido de ter escolhido o caminho mais fácil?

— ESSE É O DESTINO, GAROTA! VOCÊ NÃO TEM O DIREI... — tentou argumentar, mas Nathaly o interrompeu.

— Não me interessa o destino ou o que quer que seja. Prometi a uma garota lá fora que nunca a abandonaria, não importa se eu sofrer, sentir dor ou o que for. Vou estar ao lado dela até a PORRA DO FINAL! E não é um destino que um fracassado de merda tá me falando que vai mudar minha escolha.

Nathaly deu um passo firme, seu corpo começando a crescer gradualmente enquanto se aproximava. Cada movimento seu a fazia parecer mais imponente, sua postura ereta e determinada, os olhos fixos com uma fúria controlada.

Ao mesmo tempo, o Grande Herói diminuía, tornando-se cada vez mais pequeno diante dela, até que sua figura se tornava insignificante, e a sombra de Nathaly passava a cobri-lo, reforçando o terror que se espalhava por seu ser.

— Você morreu. Se deixou levar pelas palavras do outro herói, entregou o controle do seu próprio corpo e agora tá arrependido? Quer ter sua vida de volta?

Pah...

O Grande Herói caiu para trás, tornando-se minúsculo diante dela. Nathaly, agora imensa à sua frente, parecia uma montanha prestes a esmagá-lo. Seu olhar, antes desafiador, se encheu de medo, o peso do poder sagrado que emanava dela era sufocante, o puxando de volta para o tormento de estar aprisionado, queimando lentamente dentro de alma.

— O Grande Herói deveria ter tanto rancor? Pensei que fosse justo, forte e honesto. Você não passa de um mentiroso fraco e frustrado. Não sou eu que preciso de você. É você que precisa do meu corpo — zombou, sua voz carregada de desprezo.

Nathaly agarrou o pescoço do adolescente e, com um movimento rápido, o lançou para a cela.

PAH!

O corpo desabou pesadamente na cadeira, e o som metálico das algemas se fechando ecoou, apertando-o com um presságio de condenação.

Lo-lock!

O barulho das algemas ressoou, carregando consigo a sensação de um destino irrevogável.

— A...

Tentou gritar, mas as palavras morreram em sua garganta.

Plo-lo-lo-loch!

As lanças finas se cravaram no corpo dele, perfurando-o sem piedade, drenando sua essência... mais uma vez.

— Paraíso, porra nenhuma. Isso é o inferno! Me sirva como uma bateria até meu último dia de vida... Não era isso que você desejava pra mim? — Sua voz transbordava raiva, refletindo a fúria contra aquele ser que tentou fazê-la esquecer de Nina.

THOOM!

A porta de grades se fechou com um estrondo, selando o antigo Grande Herói mais uma vez, agora preso em sua função de servir como bateria para o novo. Permaneceu imóvel na sala sem vida, fria e sem graça... sem qualquer sinal de esperança.

O olhar paralisado fixou-se em Nathaly, que se encontrava atrás das grades, e uma lágrima de poder escorreu de seu olho. Não havia mais espaço para pensamentos, nada além de gerar poder para Nathaly, tudo o que restava era uma existência vazia e insuportável.

Era uma tortura "eterna", um ciclo sem fim, até que o novo Grande Herói morresse e sua função fosse passada a outro, dando origem a um novo herói, pronto para herdar o poder.

Mas Nathaly não se importava com seu sofrimento. O ignorou, agora no controle de seu próprio ser. Com um simples movimento de sua vontade, desapareceu, saindo de dentro da alma, retornando ao domínio total de seu corpo externo.

Nina continuava abraçando a cabeça de Nathaly, mesmo que precisasse mantê-la travada, com o queixo sobre o ombro direito, para impedir que ela a mordesse. Nina chorava incessantemente, os olhos embaçados pela angústia e pelo medo, cada segundo que passava desde o primeiro toque em sua menina era uma eternidade de sofrimento para ela.

— Acorda... Por favor. Acorda... — Sua voz era rouca, embargada de tanto choro, quase inaudível, quebrada e baixa, cada palavra era um peso, cada palavra exigia um esforço imenso.

Os olhos de Nathaly começaram a se ajustar, voltando lentamente ao normal. Sua cabeça, antes agitada e descontrolada, agora se acomodava sobre os ombros de Nina.

Se apoiou levemente, seu murmúrio baixo e cheio de carinho tomando forma:

— Oi... E aí? — A voz de Nathaly foi suave, deixando de lado a própria dor para confortar a moça que a abraçava.

Thum! Thum!

Nina travou, seu coração acelerando enquanto seus olhos se arregalavam. A surpresa tomou conta de seu corpo, como alguém que encontra algo perdido. Afastou lentamente a cabeça de Nathaly, ainda a segurando, até finalmente encontrar os olhos âmbar de sua pequena garota, aqueles que tanto amava.

— Vo-vo-você se lembra de mim? — As palavras saíram quase em um sussurro, carregadas de um desespero misturado com uma esperança avassaladora.

Nathaly sorriu, seus olhos fixando-se no rosto de Nina com ternura.

— Nem se eu morresse mil vezes eu me esqueceria de você. — Sua voz era firme, como um juramento feito com a alma.

Com um gesto delicado, Anna moveu o mindinho, desfazendo os cristais de gelo que antes formavam uma barreira, e eles simplesmente desapareceram. Nathaly, ao cair, Thumpf... foi imediatamente sustentada pelos braços de Nina, que a segurou com força, impedindo-a de tocar o solo.

Com os olhos cheios de lágrimas, Nina puxou o rosto de Nathaly, Mwah! e a beijou. Um selinho lento, simples, mas carregado de toda a ternura do mundo.

Tlec!

Seus colares se entrelaçaram com o toque, criando uma sensação de conexão profunda entre elas.

Depois de alguns segundos, separaram-se, respirando fundo, o alívio agora tomando conta de ambas.

— E-eu fiquei com muito medo... Eu fiquei com muito medo de você não voltar... — sussurrou, sua voz embargada pela emoção que mal conseguia conter.

Nathaly, olhando profundamente para sua menina, passou os dedos suavemente pelo seu rosto, secando as lágrimas com um carinho indescritível.

— Eu prometi que nunca te deixaria... Não é mesmo? — Sorriu, a confiança em suas palavras reconfortando o coração de Nina.

Nina não respondeu com palavras, apenas balançou a cabeça, afirmando com um gesto rápido, o que fez Nathaly rir da expressão adorável que ela fazia.

— Eu te amo — Nathaly disse, com um brilho nos olhos.

Nina, admirando o rosto da mulher que tanto amava, respondeu com a mesma intensidade:

— Eu te amo mais.

Ficaram ali por um tempo, em silêncio, apenas sentindo a presença uma da outra. O calor de seus corpos se alinhando em harmonia, o sangue de Nina ficando calmo e estável novamente.

Anna, observando-as, se virou e caminhou até Nino. Quando Nino a viu se aproximando, abriu um sorriso, levantando-se de imediato. Porém, o olhar de Anna não era nada pacífico.

— O que acontece antes de você perder o controle? — perguntou, com um tom frio. Nino não sentia medo de sua mulher, e suas palavras não o atingiam como uma arma, ao contrário do que aconteceria com outros.

— Eu entro em contato com o poder da espada — respondeu com tranquilidade, ainda olhando-a com ternura, não notando sua vida em jogo.

Anna franziu a testa, os olhos meio fechados, demonstrando certo tédio, ao mesmo tempo em que sua mão coçava, querendo puxar uma foice.

— Uhum... Entendi. — Virou o rosto momentaneamente antes de voltar à sua conclusão. — Você perdeu o controle por ter poder demais. E por que você volta ao controle quando eu te chamo?

— Amor demais. — Nino sorriu de forma boba, com os olhos brilhando de maneira brincalhona, esperando provocar uma reação amorosa de Anna.

Anna o encarou com seriedade, enquanto Nino mantinha sua expressão infantil.

Sem paciência, moveu a mão.

SSS-R-R-H-HKK!!

Instantaneamente, as roupas de Nino desapareceram, se desintegrando em pedaços microscópicos, deixando-o completamente nu e exposto.

Assustado e sem reação, imediatamente levou as mãos ao pau, tentando cobri-lo, mas a sensação de vulnerabilidade era esmagadora. A psicopata, pronta para matá-lo, se movia ao seu redor com a rapidez de uma serpente, grudada em seu corpo como uma lagartixa na parede, vasculhando cada centímetro de sua pele, em busca de qualquer sinal, por menor que fosse, de traição.

— O QUE ACONTECEU LÁ?! SONO PROFUNDO?! É SÉRIO?! — Anna parou diante dele, furiosa, olhando um pouco para cima, bem nos olhos, enquanto ele permanecia pelado, tampando a bingola com as mãos, o rosto completamente vermelho de vergonha.

— NÃO SEI!! Eu perdi, eu acho... — Nino desviou o olhar, incapaz de suportar a intensidade daquele azul intenso rasgando suas retinas.

Sentiu uma aura pesada saindo de Anna, como se a qualquer momento fosse lhe arrancar a cabeça.

— ...A Vampira era bonita — murmurou, o rosto tomado por um olhar de raiva contida. Fechou o punho e apontou para ele, a aura em torno dela se tornando ainda mais ameaçadora. — Ela chupou seu sangue?

Nino sentiu a pressão aumentando.

— Aquela desgraçada ficou com medo de me matar e acabar trazendo a Deusa da Morte pro meu corpo, então resolveu me selar com o sangue dela, só pra garantir... "Pelo menos foi isso que a Morte me disse..."

"Vai acabar morrendo aí, seu imbecil."

"SAI DA MINHA CABEÇA!"

Falar da Morte nesse momento não foi uma boa escolha.

— ISSO NÃO RESPONDEU MINHA PERGUNTA!! — gritou, seus olhos arregalados com a raiva tomando conta de seu corpo, enquanto sua mão tremia com a intenção de golpeá-lo.

— ELA NÃO ME MORDEEEUU!! — gritou desesperado, seu corpo tremendo, a pressão de Anna se tornando quase insuportável. Então fechou os olhos, esperando o pior.

Ao abri-los, viu que Anna ficou parada, ainda o encarando com olhos queimando em azul. Nino, em um último suspiro de resistência, se virou e mostrou suas costas para ela.

— Eu tô inteirinho, ó! Ó! — Balançando sua bunda branquela na direção dela, tentando aliviar a tensão com um gesto bobo, sem saber se isso ajudaria ou pioraria a situação. "Aqui é F..."

Anna ainda o encarava com uma seriedade implacável. Nino se virou, convencido de que sua hora havia finalmente chegado. Olhava para aquela garota mais baixa, mas que tinha total controle sobre sua vida, sua dona... Sentia que não era mais possível fugir do destino que ela lhe impusesse.

Glub...

Anna levantou os dois dedos, apontando para os próprios olhos e, em seguida, direcionando-os para os dele. A ameaça era clara, direta. Nino engoliu seco, mas preferiu fazer-se de desentendido, fechando os olhos, achando que essa seria sua melhor chance de sair dali vivo.

— Hehehe... — soltou uma risada estranhamente forçada, tentando esconder o pavor com um sorriso nervoso. Quando finalmente abriu os olhos, Anna havia sumido.

Aliviado, rapidamente recriou suas roupas de sangue, olhando ao redor. Como nunca sentia a presença dela, convenceu-se de que ficaria ileso. Dando um suspiro profundo, sentiu um peso enorme sair de seus ombros. Continuava vivo... pelo menos por enquanto.


— O que está acontecendo lá? — questionou o general do exército de Dirpu, observando a cena do desfiladeiro à distância.

Após três dias de marcha em direção ao grande desfiladeiro, o exército de Van-Sirieri se viu diante de uma floresta mística, onde árvores imponentes e antigas se erguiam como sentinelas da natureza. Cada uma dessas árvores era protegida por uma fada guardiã: as Dríades.

As Dríades, seres de uma beleza inigualável, não viam os humanos como uma ameaça. Permaneciam em seu habitat, calmas e serenas, escondidas em tocas e pequenas casas incrustadas nas árvores.

Embora pequenas, como as fadas menores do País dos Elfos, se destacavam no ar como bolinhas brilhantes, flutuando com graciosidade, como fragmentos de magia pura liberados pela floresta.

Suas vestes eram compostas de finos tecidos brancos, entrelaçados com tons de verde e dourado, refletindo a essência da natureza e a magia do sol. Suas asas, leves e delicadas, se abriam em um esplendor vibrante, exibindo padrões intrincados que se iluminavam com fios de magia, suas veias de poder percorriam seus contornos. Cada movimento delas era como uma dança mística, fluindo e irradiando energia.

Cada Dríade era única em sua beleza, com asas que variavam em tamanho e estilo, algumas delas possuíam grandes asas que se estendiam como se não houvesse limites para sua magnitude.

Compartilhavam uma peculiaridade dos elfos: os cabelos eram limitados a três cores raras e etéreas — branco como a luz da lua, loiro dourado e um verde-claro, quase translúcido, a natureza era a própria essência de suas madeixas.

Essas fadas exalavam uma aura de pureza e poder inato, um poder que transbordava de suas pequenas figuras como uma força que não podia ser ignorada. Suas presenças eram imponentes, e até o ar ao redor delas vibrava com magia, tornando a floresta ainda mais viva.

As Dríades e as Fadas Élficas com cabelos pretos eram ainda mais raras. Esse traço era peculiar aos elfos com pele escura, mas não era uma regra fixa.

Sempre que avistava uma delas, Freyen sentia um aperto no peito, uma mistura de excitação e raiva. O cabelo preto a fazia lembrar de Blacko, e, com esforço, tentava afastar da mente a lembrança dos dois transando. 

Mesmo que Dênis também tivesse o cabelo preto, suas grandes orelhas de rato eram um contraste marcante, destacando-se de maneira inconfundível. Isso fazia com que Freyen não conseguisse evitar a lembrança do sádico, ao invés do rato.

Uma fada de pele negra, com cabelos escuros e asas cintilantes, olhou curiosamente de sua árvore, seus olhos observando cada movimento dos estranhos. Nesse momento, Anna apareceu diante do general do exército.

— Podem retornar ao seu reino. Já acabou. — Sua voz preguiçosa e repentina fez o exército parar de avançar, surpreso com sua aparição.

— M-mas ainda não chegamos lá... — respondeu o general, um tanto confuso.

— Não importa. Já acabou. Tanto a Heroína quanto o Primordial Preto estavam lá. Eles destruíram o exército e eu matei a Vampira. Além disso, a Princesa de Alberg é uma traidora — falou com desdém, tudo era irrelevante, aos seus olhos.

— Mas... ela não tem uns cinco anos de idade? — Sua dúvida genuína irritou Anna, que não estava muito afim de papo.

— Não sei ao certo, mas aparentemente não. Enfim, podem retornar ao seu reino. Não sei o que está acontecendo, mas é melhor cuidarem do seu povo — respondeu com impaciência, ignorando qualquer outra explicação.

— Entendido. — O general curvou a cabeça em respeito. — Obrigado e des...

Antes que pudesse completar, um soldado atrás dele colocou a mão em seu ombro e disse:

— General, ela já se foi.

— Ah... — Após levantar o rosto, travado de vergonha, subiu rapidamente em sua carruagem e, virando-se para seu exército, gritou: — SOLDADOS! VAMOS VOLTAR PARA A CAPITAL! SEI QUE ESTAMOS VIAJANDO HÁ VÁRIOS DIAS, MAS A BATALHA CONTRA A VAMPIRA JÁ TERMINOU! NO ENTANTO, A PRINCESA DE ALBERG É UMA TRAIDORA, E A GUERRA PODE NÃO TER ACABADO! GUERREIROS! VAMOS LUTAR PELA NOSSA NAÇÃO!! VAAAHHUU!!!

O exército inteiro ergueu a voz, animado, enquanto começava a retornar ao seu reino.

— VAAAAAHHUUUU!!

— Vaaaahhuuuu!

A dríade que os observava não entendeu exatamente o que se passava, mas até ela se levantou, com o corpinho ereto, prestando continência e gritando em tom de brincadeira, imitando os demais e sentindo uma leve adrenalina de responsabilidade a invadir.


Anna se teletransportou repentinamente para a frente do exército de Dirpu. O general, ainda observando Nino e as garotas lá embaixo, não percebeu sua chegada até que se revelou diante dele.

— Voltem para o seu reino. As coisas aqui já acabaram.

A aparição de Anna foi tão repentina que quase fez o general ter um ataque do coração.

— A-ah... Sim. Nós vimos... Desculpe! — Apavorado, se curvou rapidamente junto com o restante do exército.

"O que esses animais estão fazendo?" Anna olhava-os com um misto de desdém, sem sequer baixar a cabeça. Observava de canto de olho, claramente pouco interessada.

— Não sei o que eles estavam fazendo... Perdoe minha falta de liderança... — com a cabeça baixa, fez um pedido de desculpas genuíno, sentindo-se impotente diante da situação, mesmo sem entender totalmente o que aconteceu mais cedo.

Após alguns segundos de silêncio, o general levantou a cabeça e percebeu que Anna já não estava mais ali. Confuso, olhou novamente para o desfiladeiro e a viu com os outros, à distância.

— Ah... Vamos embora então. — Virou-se e começou a conduzir seu exército de volta a Dirpu.


— Oiii!! — Nino, com um sorriso bobo no rosto, correu até Anna e, como em um mergulho, pulou em sua direção, tentando abraçá-la.

Pahscrrrchh...

Anna se esquivou habilidosamente, e Nino acabou caindo de cara no chão, arrastando-se com a bunda empinada para o céu.

— NÃO FALE COMIGO!! — gritou, emburrada, enquanto olhava para ele com um olhar fulminante.



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