Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vanconcelos


Volume 4

Capítulo 93: Me Chamou?

CR-R-RUNCH!

O som de ossos quebrando e carne sendo dilacerada ecoou pelo desfiladeiro, um grito final em silêncio para Dreikonic, Ibarada e Pluup. Seus corpos foram despedaçados instantaneamente, como se a própria essência de suas existências tivesse sido apagada em um piscar de olhos.

E então, atrás dos pedaços de carne que caíam ao chão, surgiu Anna. Sua presença cortava o ar com a frieza de uma lâmina, seus olhos fixos e seu semblante imutável. Segurava sua foice com firmeza, e o peso de sua energia sufocava a atmosfera ao redor. O olhar sério de Anna direcionado a Lycoris era implacável, como o olhar de um juiz que já havia sentenciado.

PLOCH!

Ao tocar no chão, em um movimento fluidamente mortal, Anna apareceu diante de Lycoris, a lâmina da foice descendo verticalmente em um golpe que perfurou as costas da vampira com uma força esmagadora.

A lâmina não só cortou, mas forçou a Bruxa do Vampiros a se curvar perante a Bruxa dos Primordiais, encarando Anna com um olhar profundo, um olhar que refletia séculos de morte e destruição.

— Onde está Nino? — A voz de Anna soou implacável, fria como o inverno.

Cada palavra parecia perfurar o espaço entre elas, uma ameaça latente que emanava da própria essência de sua existência. Seu olhar não mostrava misericórdia. O ódio que queimava dentro dela era incontrolável, um fogo eterno que consumia tudo em seu caminho.

Lycoris não tinha mais escolha a não ser encarar Anna. Ao olhar para o rosto dela, era como se estivesse diante da própria Deusa da Morte. O semblante implacável, carregado de um ódio ardente, se alternava com o sorriso gélido e torturante de Morte, seus olhos vazios e penetrantes observando sua alma com uma mistura de pena cruel e excitação perversa.

O ar ao redor parecia congelar, e cada segundo que passava ali aumentava a sensação de que a própria morte a observava, esperando o momento perfeito para se abater sobre ele.

Sem saber o que fazer, ficou completamente paralisada. A reação de sua mente foi a de um ser quebrado, incapaz de processar a morte instantânea de seus subordinados, incapaz de reagir ao peso da presença de Anna diante dela.

Crunch!

Lycoris recuou, reunindo toda a coragem que ainda restava em seu ser. A lâmina da foice cortou novamente, rasgando a carne de suas costas com brutalidade, abrindo um buraco profundo e sanguinolento. Com um grito abafado de dor, seu braço foi arrancado do corpo.

Plashhs...

A vampira desabou, caindo pesadamente sobre o chão... sobre uma poça de sangue, bem no Centro do Círculo Mágico formado pelos corpos e sangue do exército de túnicas. O som do impacto foi pesado, o corpo de Lycoris caindo, mas não ficou sem reação por muito tempo.

Mesmo enquanto a poça de sangue ao seu redor aumentava, começou a regenerar o braço de forma rápida, como uma criatura imortal em busca de sobrevivência. Mas quando tentou rastejar para longe, sua visão encontrou algo que fez seu coração gelar. Olhou para frente e viu novamente o semblante da Deusa da Morte no rosto de Anna.

Mas mesmo com a regeneração acontecendo, algo dentro dela se despedaçava mais a cada segundo que passava olhando para Anna, que agora encontrava-se parada sobre a poça de sangue com sua foice imaculada, olhando-a nos olhos.

O terror invadiu novamente a mente de Lycoris.

[ Ano 99: Uma semana antes da virada do ano.

Morte atravessava um universo, sua presença silenciosa rasgando o vazio profundo, quando avistou um mundo coberto por vastas extensões de água e terra.

Ao olhá-lo, algo raro despertou dentro dela — uma sensação, um movimento interno que parecia quase... humano. Curiosidade. Um toque furtivo que puxou sua atenção. Parou por um instante, os olhos fixos na esfera diante de si, como se fosse uma joia rara e desconhecida, reluzindo sob a vastidão do vazio que a cercava.

— Está me chamando?

Lycoris caminhava por uma planície vastíssima, um pouco distante de seu país, seu olhar distante, com a mente voltada para aos gados de sangue, que aguardavam em Dirpu.

Seus três subordinados, que acompanhavam um exército de monstros, estavam a poucos minutos de distância. Não estava preocupada com eles, mas com algo inusitado que agitou sua mente.

Quando, de repente, Morte apareceu ao seu lado. De costas, como se estivesse lá o tempo todo, sem aviso, sem som. Lycoris parou no mesmo instante, seus passos cessaram como se o mundo tivesse parado ao redor dela. Não conseguia se mover, não conseguia falar. Não conseguia fazer nada além de olhar no contrário de Morte.

— Me chamou?

THUMRK!! THUMRK!! THUMRK!!

A voz de Morte invadiu sua mente, fria e direta. Cada palavra atravessava Lycoris.

Os batimentos de seu coração ecoaram em sua mente. Sentia como se algo estivesse apertando seu coração com unhas afiadas, arranhando-o lentamente e ameaçando esmagá-lo a qualquer momento, fazendo-o pulsar rápido e intensamente.

Suas mãos tremendo, seu corpo todo congelado de medo. Seus olhos tremiam, como se pudessem saltar do rosto a qualquer momento. Algo pesado se instalou em sua garganta, sua respiração pesada e apressada. Um calor intenso a envolvia, mas não era de fogo, era de medo. Um Medo Existencial.

Morte, com um movimento suave e deliberado, virou seu rosto para encarar Lycoris. O olhar da Deusa da Morte era absoluto, ela era fosse o fim de tudo, o fim de qualquer possibilidade.

— O-o-o-o-o...

Lycoris não conseguia formar uma palavra. Não sabia o que fazer diante dessa presença inexistente, diante dessa força avassaladora que parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

Morte envolveu seu pescoço com um braço, puxando-a para um abraço leve, como uma uma carícia, mas ao mesmo tempo esmagadora. Lycoris começou a chorar, lágrimas de puro terror escorrendo por seu rosto. Não sabia o que fazer, mas sabia que não conseguiria resistir.

Vamos... Você é a mais forte deste mundo ou só deixa sua presença toda à mostra? Morte sorriu, suas palavras penetrando a alma de Lycoris como uma extensão da lâmina do Purgatório. — Era como um convite: "venha! Eu quero você"... Então eu vim.

O sorriso de Morte era cruel e doce ao mesmo tempo, como a morte mesma, que é inevitável e, ao mesmo tempo, inevitavelmente desejada. Cada palavra que ela dizia, era como se estivesse jogando sal nas feridas de sua própria existência.

Lycoris não sentia presença alguma nela. Naquele momento, no mundo da Deusa do Sol, havia apenas três seres cuja presença era inexistente: uma elfa, que naquele instante brincava no continente Oeste, Emília e a própria Deusa da Morte.

Morte continuou, sua voz suave, mas cheia de uma ameaça deliciosa:

— Vamos... Que rosto é esse? Não vai lutar pela sua vida? — ela manteve o sorriso, aproximando seu rosto do dela, quase como um beijo.

Lycoris, paralisada, não conseguia reagir.

Seus subordinados chegaram, observando a cena. Todos se assemelhavam a Dreik; nenhum deles era uma aberração. Eram vampiros imponentes e belos, com ternos imaculados semelhantes aos de Gorgon.

— Rainha? — um dos subordinados a chamou, sua voz hesitante, carregada de preocupação ao perceber o estado frágil de Lycoris.

O medo se espalhou rapidamente pela Bruxa, corroendo sua alma. Sua respiração se acelerou, seu corpo estremeceu diante da ameaça palpável, enquanto Morte, com um sorriso macabro, se inclinava perto de seu ouvido e sussurrava com uma voz excitante:

Acho que você não vai se importar se eu brincar com eles... Né?

Os três subordinados começaram a se aproximar com passos lentos e calculados, como predadores ao redor de sua presa.

Rainha, quem é ela? — O tom do subordinado mudou, agora hostil, suas palavras carregadas de desconfiança e raiva.

Lycoris sentiu seu estômago se revirar, a pressão crescente em seu peito quase a sufocando.

Dominada pelo medo, mal conseguiu falar:

— Vão embora... — sua voz tremia, quase inaudível.

Os subordinados pararam, olhando para ela, confusos e preocupados.

— O quê?

— Vão embora! — Lycoris gritou, virando um pouco o rosto, mas suas lágrimas já estavam visíveis. A vergonha e o medo de ser vista assim, de estar diante da Morte e ser impotente para impedi-la, faziam seu coração afundar em desespero.

Os subordinados, em um movimento instintivo, criaram armas de sangue carmesim, com os olhos arregalados e os corações batendo acelerados. A tensão aumentava. Lycoris sabia que iriam atacá-la, mas não queria que isso acontecesse.

— NÃO!!

Antes que Lycoris pudesse impedir, Morte sorriu maliciosamente e, com um simples movimento, apareceu com Purgatório no pescoço de um dos subordinados, enquanto olhava para Lycoris, que via o mundo passar lentamente ao seu redor. Morte a deixou ver, a deixou sentir a lentidão do tempo, quase parando, ante seu desejo.

— Vai deixar eles morrerem? — A voz foi mais uma facada na alma de Lycoris, que observou cada movimento dos lábios dela até que Morte abriu um sorriso excitado.

Mas, mesmo com medo, e sabendo que nunca a venceria, Lycoris gritou, enquanto seu Livro Sagrado se materializava à sua frente:

— SEJA BEM-VINDO À MINHA DIMENSÃO!!

E com essas palavras, usou seu Livro Sagrado para puxar Morte para dentro de sua dimensão, o único lugar onde ainda podia sentir que tinha algum controle, embora soubesse que aquele controle fosse, na verdade, uma ilusão.

Seus subordinados ficaram atônitos, sem saber o que acontecia.

Não viram Morte da mesma forma que Lycoris a viu, devido à velocidade com que tudo aconteceu. Não sentiram a presença da Morte da mesma forma. Estavam completamente alheios à magnitude do que acontecia diante de seus olhos.

— Ela estava chorando... Por quê?

Quando Lycoris os criou, desesperada para não viver na solidão eterna, não inseriu o medo em suas almas. Tinha receio de que, assim como todos os seres de seu país a viam como um monstro, também a tratariam da mesma forma, se soubessem o terror profundo que habitava seu ser.

Temia que, ao verem o medo que ela mesma carregava, a considerassem mais uma criatura horrível, mais uma aberração. E então, no fundo, seria mais uma vez apenas ela. Sozinha, desolada, sem ninguém para compartilhar sua dor, sua agonia, e o peso da eternidade.

Devido a isso, não sentiam o medo existencial de estar diante da Morte.


Morte emergiu em pé, no vasto mar de sangue da dimensão criada por Lycoris. O sangue envolvia a cena com uma atmosfera densa e pesada, mas Morte permanecia à vontade, observando as vibrações da energia que ainda se agitavam ao seu redor.

Seus olhos brilharam com um toque de diversão ao ver Lycoris materializando sua foice vermelha e preta — o Tesouro de Bruxa.

"Sua alma não está nessa casca... Sério que é esse seu segredinho?"

Antes que Lycoris pudesse reagir, BAAAUUUMMMM!!! A explosão que se seguiu, com o soco em sua barriga, foi tão forte que não só destruiu a dimensão ao redor delas, mas também enviou uma onda de choque que reverberou pelo espaço, destruindo o que parecia ser a própria realidade.

Ambas saíram da dimensão colapsada, retornando ao mundo físico, e Lycoris caiu pesadamente no chão. Coberta de sangue e lágrimas, seu corpo esgotado pela impacto devastador.

O desespero se refletia em seus olhos enquanto Morte, implacável, se postava diante dela, olhando-a com um sorriso de pena. A Deusa da Morte a encarava, não com raiva, mas com uma sensação de desdém, como se estivesse observando a coisa mais miserável e deplorável que já havia encontrado.

Os três subordinados de Lycoris, não podiam esconder a preocupação ao verem a Rainha naquele estado. Avançaram em direção a ela, mas Lycoris, com o corpo tremendo de dor e com o rosto banhado de lágrimas, tentou de última hora alertá-los:

— SAIAM DAQUI!! — A voz dela era frágil, quase um sussurro de desespero, mas ela tentou reunir todas as suas forças para gritar. "FILHOS, ATAQUEM ELA!"

Mas a cena se desenrolava rapidamente, com Morte observando tudo com um olhar cruel.

O exército de monstros, que se moviam à distância, não hesitou. Eles avançaram furiosamente, passando pelos subordinados de Lycoris, em direção à Deusa da Morte. O peso dos passos dos monstros era ensurdecedor, suas intenções claras: atacar com tudo... Ou... no caso... se suicidarem.

— Não venham. Não venham... Saiam daqui... — com dificuldade, ordenou aos seus filhos, amigos, suas criações, os únicos seres que ficavam ao seu lado, os únicos seres que a Deusa do Sol não interferiu, colocando o medo, o temor contra sua própria Bruxa, o medo contra Lycoris, para que ela seguisse o roteiro criado pela Deusa.

Os subordinados ficaram paralisados, seus olhos fixos em Lycoris, hesitando entre seguir as ordens de sua Rainha ou desobedecer e avançar.

Plooorrrchh...

O exército avançava, e Morte, com um movimento mortal, cravou sua mão na barriga de Lycoris. A agonia foi instantânea.

— Rgkk-arghh-a-arh...

Agonizou de forma abrupta, sua respiração se tornando pesada, seu corpo incapaz de reagir à dor lancinante enquanto Morte arrancava dela seu Tesouro de Bruxa, uma parte fundamental de sua alma.

CR-R-R-R-R-R-R-R-R-R-R-R-RUNCHH!!

A foice de Morte cortou o ar, seu peso arrastando-se até que, com um movimento certeiro, descartou o corpo de Lycoris no chão, o impacto fazendo o solo tremer levemente.

Mas... antes que ela pudesse cair completamente, Morte dizimou todo o exército que havia avançado, sua foice cortando a carne e o sangue de milhares de monstros que não tiveram tempo de reagir. A morte de cada um deles foi silenciosa, rápida e fatal, sem que sequer pudessem piscar os olhos.

O campo de batalha se acalmou momentaneamente, e Lycoris se levantou lentamente, sentindo o sangue jorrar sobre seu corpo enquanto começava a se regenerar automaticamente.

A dor ainda pulsava dentro dela, mas o poder da regeneração, embora automático, não conseguia abafar o choque profundo que sua alma sentia. O momento era tão devastador que nem mesmo conseguiu usar a técnica de trocar vitalidade.

Ao olhar para frente, viu uma visão que a fez congelar: sua própria foice cravada no peito de um de seus subordinados, o corpo do vampiro dobrado em um ângulo desconcertante.

— Não... — Piscou, os olhos se enchendo de lágrimas, não apenas pela dor física, mas por perder seu filho.

Antes mesmo de abrir-los ao piscar, Morte apareceu à sua frente novamente, segurando sua cabeça com a mesma força esmagadora de antes.

Rrrrrrppppp!!

O som de sua cabeça sendo arrastada pelo chão ecoou enquanto Morte a jogava para o alto.

BOOOOMMMM!!

Lycoris não viu o golpe que a atingiu. O impacto foi tão forte que seu corpo foi lançado em direção aos três subordinados que, ainda atônitos, não conseguiam entender o que estava acontecendo.

BUUUMMM!!

O corpo de Lycoris quicou ao atingir o chão, o som do impacto reverberando por todo o campo.

PLOCH!

O solo ficou marcado pelo impacto da queda, mas não deu tempo para ela se levantar. Morte surgiu sobre ela, cravando a Purgatório em sua barriga com um sorriso que refletia pura excitação.

Com o corpo de Lycoris preso ao chão, seus subordinados apareceram de joelhos, próximos, mas incapazes de agir. Estavam paralisados, seus corpos não respondendo, seus olhos vidrados na cena de sofrimento diante deles.Não podiam fazer nada enquanto assistiam sua Rainha agonizando com aquela espada aterrorizante cravada em seu peito.

— Não... Por favor... — A voz tremia enquanto olhava para seus subordinados, seus olhos implorando por uma ação que ela sabia que não viria.

Todos estavam impotentes, paralisados pela pressão avassaladora de Morte, incapazes de mover um músculo, incapazes de fazer qualquer coisa para impedir o sofrimento de sua Rainha. A dor deles mesmos se dissipava em comparação àquilo que Lycoris estava experimentando.

Morte cortava e cortava, de forma meticulosa e sádica, derramando sangue dos monstros sobre os corpos deles, forçando a regeneração por ingestão de sangue, para que o ciclo de dor continuasse, para que pudesse cortar ainda mais. Cada lâmina que tocava a carne de seus subordinados era acompanhada de uma gargalhada doentia, enquanto ela se deliciava com a dor de Lycoris.

— Vai deixar eles morrerem? — zombou, um sorriso cruel se abrindo em seu rosto... de pura pena.

— Para... Por favor... — sussurrou, a voz trêmula, quebrada pela dor e pela impotência.

Morte segurou a cabeça de um dos vampiros e, com calma, a aproximou do rosto de Lycoris.

— Vai deixar ele morrer?

— P-p-pa...

CRUNCH!!

A cabeça explodiu com um som surdo.

Shk! 

Em um movimento rápido e preciso, Morte cortou o coração do filho com a foice, a violência do ato fazendo o sangue espirrar, manchando a terra.

Lycoris paralisada, seu corpo fraco, seus olhos inundados de lágrimas. Via, impotente, seus amigos sendo assassinados lentamente, um por um, enquanto Morte se divertia com cada movimento.

Morte evitava deliberadamente destruir suas almas para prolongar o sofrimento, sentindo o prazer macabro de ver a regeneração inútil, a dor sendo infinitamente repetida.

Quando percebeu a mudança nas almas dos últimos dois vampiros, intensificou sua tortura, enraizando o medo neles. A cada corte, o terror era mais evidente, e o som da foice perfurando a carne era acompanhado pelos gritos agonizantes e os lamentos de estridentes, tornando-se uma melodia distorcida, sem piedade, sem compaixão.

Continuou, matando os outros dois com uma calma assustadora, aproveitando o momento em que Lycoris olhava, vazia, sem tentar fechar os olhos, sem tentar lutar, apenas observando com a alma partida.

Ssliik!

Morte lambeu lentamente a própria mão esquerda, agora coberta de sangue, olhando para Lycoris com um sorriso de prazer absoluto, uma expressão de puro desdém.

CRASH!

— Rrrrhgggh...

Com um movimento brusco, destruiu o Tesouro de Bruxa, fazendo a foice se desintegrar em fragmentos carmesins brilhantes, que caíram no chão com uma série de sons agudos. O impacto da destruição foi brutal, fazendo Lycoris gemer de dor.

Movendo-se graciosamente de forma cruel, saltou e aterrissou sobre a espada, colocando as mãos na lâmina e descendo sobre ela como uma ave de rapina, um sorriso macabro nos lábios.

Morte acariciou seu rosto com um toque gélido e desdenhoso. Antes de se aproximar, suas palavras sussurradas com uma ameaça palpável chagaram junto de um sorriso que gelava a espinha:

— Calma... Garotinha, sua alma ainda vai gritar bastante em um lugar bem especial... — A lâmina de Purgatório se agitou, era viva, e Lycoris podia ouvir os gritos das almas condenadas, reverberando nas profundezas da lâmina.

Enquanto isso, no Reino dos Céus, a Deusa do Sol, desesperada ao ver a destruição causada por Morte, correu em direção à Árvore da Vida, em busca de uma solução. Acompanhada por um de seus dois anjos pessoais, uma jovem de aparência inocente — a garota palhaço.

Apressaram-se pelas ruas de cristais do Reino dos Céus até a presença da Deusa da Vida.

Ao chegar, Pahchh... Sol se prostrou no chão, ajoelhando-se ao lado de sua anja.

Sua voz carregada de pavor e súplica:

— Soberana... Por favor, salve meu mundo... da Deusa da Morte! — clamou em submissão extrema, sem ousar levantar o rosto sequer por um segundo.

A Deusa da Vida, com sua habitual calma, olhou para Sol, sem entender a urgência.

— Hum?! O que ela está fazendo? — perguntou, sua expressão séria, mas com um toque de curiosidade.

— Está brincando... — Sol ergueu levemente o olhar, ainda de joelhos. — Com meus brinquedos preferidos — sussurrou, a tristeza e o medo em sua voz eram palpáveis.

Morte acariciava o rosto de Lycoris, que já havia se entregado ao desespero. Chorava automaticamente, sem controle sobre seu próprio corpo. Porém, antes que a cena se prolongasse, Morte foi puxada, desaparecendo junto com sua espada. ]



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