Volume 2
Capítulo 48: Assassina a Bordo
Aeroporto de Guarulhos... Voo com destino ao Amazonas.
Em pé, vestida completamente de branco, com o sobretudo balançando ao vento enquanto segurava uma maleta, Alissa encontrava-se sobre o telhado, observando seu avião sendo posicionado para o embarque.
Apenas observava calmamente, e assim que a porta se abriu, conectando-se à passarela, Alissa entrou tão rápido que nem mesmo o vento foi afetado.
Escondida em um banheiro, ela esperou um tempo. Depois que o voo foi anunciado, os embarques começaram.
Todos já estavam em seus assentos quando uma aeromoça se apresentou no meio do corredor, com seu uniforme azul-escuro e um colete inflável laranja no pescoço, demonstrando as dicas de segurança para todos, embora ninguém prestasse muita atenção.
Após realizar seu trabalho, a aeromoça saiu, e o voo decolou.
Minutos depois, Alissa saiu do banheiro e foi se sentar no assento disponível que havia visto no site do voo. Enquanto caminhava pelo corredor, Tlaki! uma mulher deixou seu celular cair.
Ao pegá-lo, a mulher viu os tênis de cano alto de Alissa e, ao levantar os olhos, reconheceu o rosto.
— A-a assassina do jornal! — exclamou a mulher, que não tinha o cinto afivelado.
Ela se levantou e apontou o dedo para Alissa.
— A fugitiva da polícia! — gritou um homem.
Todos começaram a se levantar, olhando para ela. Alguns, ainda sentados, jogaram salgadinhos e biscoitos que comiam, mas nada a atingia.
Alissa usava seu poder para manipular o espaço ao redor do corpo, parando os objetos no ar e deixando-os cair no chão.
"Era só ficarem quietos!" pensou, ficando irritada com as pessoas.
Uma mulher sentada à sua direita jogou um copo de água, mesmo sem chance de acertá-la.
— Espero que você morra, assassina desgraçada!
Alissa virou lentamente o rosto, olhando para a mulher.
Cr-r-r-runch!
Todos os passageiros morreram instantaneamente, com seus cérebros implodidos. Pharrft... Caíram mortos nos assentos, com os crânios esmagados e o sangue escorrendo pelo chão.
Alissa continuou caminhando, deixou a maleta sobre uma mesinha e seguiu em direção ao fim do corredor.
O piloto, tranquilo em sua cabine, olhou para o copiloto.
Crunch!
Que de repente teve o crânio esmagado, espalhando sangue por todos os lados.
Ele se assustou e tentou desesperadamente pegar o rádio para pedir ajuda à central, mas antes que pudesse tocá-lo, Crash! o rádio foi esmagado, quebrando-se completamente.
Apavorado, olhava fixamente para o rádio quebrado quando sentiu uma mão tocar seu ombro. Sem nem olhar para trás, começou a suar frio, fechando os olhos e tremendo.
— Vamos mudar o destino. Não será mais o Aeroporto de Manaus... — Alissa sussurrou em seus ouvidos. — Pouse na base aérea do Amazonas, a DASG.
— M-m-mas...
— Não mandei você me responder.
Ele ficou em silêncio, tentando controlar o medo.
"Deus, por favor, me ajude!"
— Não sei pilotar um avião, mas se você tentar qualquer coisa além do que eu mandei... Você morre. — Alissa deu uma risadinha e saiu da cabine. — Bye-bye.
O piloto abriu os olhos, ainda tremendo, e ouviu um som ao seu lado direito.
Virando-se lentamente, viu o cadáver do copiloto se mexendo e o encarando com a boca aberta, como um zumbi. Alissa controlou o corpo para monitorar o piloto. Ela não queria se dar ao trabalho de usar os olhos do homem, preferindo intimidá-lo com a presença do morto-vivo.
Apavorado, tentou ignorar a visão aterrorizante, mudando o local de pouso e limpando o vidro para enxergar melhor, enquanto escutava o barulho baixo e angustiante que seu amigo morto produzia.
Algumas horas depois:
Aproximando-se cada vez mais da base aérea, o piloto pousou o avião sem permissão. Os soldados tentaram entrar em contato com a aeronave, mas não conseguiram devido ao rádio estar destruído.
Após o pouso difícil, ele abriu a porta, e Alissa saiu tão rapidamente que ninguém notou sua presença. Entrou na floresta, em busca do local da Calamidade, onde Nino havia mencionado ter visto um cientista mais de um mês atrás.
Enquanto Alissa avançava pela floresta, o exército cercou rapidamente a aeronave. Posicionaram uma escada na porta aberta e se prepararam para invadir, devido às repetidas tentativas de comunicação sem resposta.
— Entrem! — ordenou o coronel.
O primeiro grupo armado invadiu a aeronave. Assim que entraram e olharam para os tripulantes. Crunch! P-pah... Caíram mortos, juntando-se ao cenário de sangue e cadáveres que já preenchia o avião.
Entre todos os corpos caídos, um era controlado por Alissa.
Ela só precisava ver, ouvir, cheirar ou imaginar que alguém estava em determinado lugar para ter controle absoluto do corpo e dos poderes dessa pessoa.
Chhhhh...! Os rádios dos soldados respondiam apenas com ruído, até que, poucos segundos depois, Cr-r-rash! todos foram esmagados.
— Alguém aí? Câmbio... — Vários segundos se passaram sem resposta. — Respondam! Câmbio!
Enquanto isso, Alissa continuava pela floresta, até que finalmente encontrou um local com muitas árvores derrubadas.
Já era tarde, e a noite começava a cair. Caminhava tranquilamente quando, ao pisar na grama, esta se transformou em lama.
Cr-r-rrunch!
Anomalias que se assemelhavam a jacarés gosmentos de lama verde emergiram, mas foram destruídas imediatamente, permitindo que Alissa continuasse a caminhar sobre a lama, com seus tênis voltando a ficar brancos como antes.
Não encontrava nada, mas procurava no lugar errado.
Ao olhar para à direita, um pouco mais afastado, notou mais árvores derrubadas, e ao lado delas, percebeu que era o fim do corte.
Uma das árvores tinha um corte profundo, e ao se aproximar, viu algo bege no chão.
Se aproximou mais e percebeu que era um caderno, cujas páginas já estavam podres de tão molhadas e sujas de terra.
Irritada, segurou o caderno inelegível e se levantou. No entanto, ao soltá-lo de volta no chão, viu que havia um celular embaixo. Arregalou os olhos e o pegou rapidamente, tentando ligá-lo, mas ele não funcionava.
— Merda!
A noite caiu rapidamente, trazendo uma escuridão súbita.
Usando sua magia, Alissa limpou toda a sujeira do celular antes de guardá-lo no bolso do short, evitando que se sujasse.
Nesse momento, uma luz intensa brilhou à sua direita. Olhou e viu uma serpente gigante flutuando sobre o chão, seu corpo era ondulando como numa dança, coberto de chamas vermelhas e centenas de olhos espalhados por toda a extensão.
— Huh? Então você é real? — comentou, desanimada. — Não vim para colocar fogo na sua floresta, relaxa. Estou bem ocupada... — Se virou, caminhando de volta, enquanto falava e gesticulava preguiçosamente com as mãos. — No momento.
A anomalia abriu a boca e voou na direção dela, mas antes de chegar perto, seu corpo foi paralisado e virado do avesso.
CRUNCH!
Suas entranhas trocaram de lugar com a parte externa, e Alissa comprimiu o espaço ao redor, esmagando a criatura como se fosse um pedaço de papel amassado, mas feito de carne em chamas.
— Não tenho tempo para brincar com você — disse, sem olhar para trás, enquanto voltava para o avião.
Em poucos segundos, entrou na aeronave e parou ao lado do piloto, que se assustou e quase chorou de desespero.
— Feche as portas. Vamos decolar de volta para Guarulhos.
— S-s-s...
— Não responda. Apenas obedeça.
O piloto iniciou a decolagem, enquanto Alissa caminhava até o assento onde havia deixado sua maleta sobre uma mesinha.
Creckk!!
Passou por mais de 21 corpos de soldados mortos, mas todos os corpos, armas e equipamentos foram comprimidos até se transformarem em uma única bola.
Essa bola foi arremessada do absoluto nada para fora, enquanto a porta se fechava, indo parar na floresta onde serviria de alimento para alguma anomalia menor ou animal que passasse por ali.
Ela não podia deixar aqueles corpos no avião, mesmo que não se importasse muito com isso.
Assim que Alissa se sentou, o avião começou a se mover, e todos os soldados ao redor ficaram em alerta.
Pah-pah-papapap-pah...
Mas, de repente, todos caíram desmaiados ao mesmo tempo.
— Coronel, eles estão decolando!
O coronel permaneceu parado no meio da sala cheia de computadores.
— Coronel... Os soldados lá fora estão vivos, apenas desmaiaram!
— Coronel...?!
— Coronel?!!
"O que está acontecendo?" pensou o coronel, completamente paralisado.
— CORONEL! Preciso da permissão para interceptar a decolagem!
Alissa, com um sorriso no rosto, e o coronel, com uma expressão travada, disseram simultaneamente:
— Negada.
Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para o coronel.
— O-o quê?!
— Negada? O quê?... — olhando para o coronel, o soldado ao seu lado, no comunicador, se virou e deu a ordem: — CANCELAR INTERCEPTAÇÃO!
— Entendido! Câmbio — responderam os soldados pelo rádio.
— O que o senhor está fazendo?! — exclamou um sub-tenente.
O coronel, com lágrimas escorrendo pelo rosto e sem expressão, respondeu:
— ...Zelando por nossas vidas.
Após a decolagem, Alissa parou de controlar o coronel.
No avião, abriu sua maleta, retirou o notebook e o ligou.
Em seguida, conectou o celular do Doutor Ben ao carregador.
— Funciona logo.
Depois de alguns longos segundos, a tela mostrou 0% de bateria e o status de "carregando".
Aliviada, Alissa encostou a cabeça no assento.
Uma aeromoça morta, que ela controlava desde a floresta, trouxe o café que Alissa havia preparado.
Ela se serviu em uma caneca, e nesse momento, o piloto comunicou pelo sistema de som da aeronave:
— O combustível não será suficiente para chegar ao aeroporto de Guarulhos.
Alissa abriu um pequeno sorriso.
— ...Esse é o plano — disse, olhando pela janela enquanto tomava um gole do café.
Nino não parou de correr um segundo sequer. Saiu de Alberg de manhã e, na mesma tarde, chegou à vila, ainda vendo algumas coisas quebradas.
— Nino está vindo aí.
— Hã?! — exclamou Nina, sentada à mesa comendo o café da tarde ao lado de Anna. — Co...
THAAM!
Nino entrou pela porta, quase a estourando.
A empregada levou um susto, mas logo se recuperou e voltou para a cozinha para preparar a janta.
Anna e Nina apenas viraram os rostos beeem lentamente.
Nino olhou para elas, muito preocupado. Vendo Anna com seu novo visual e, principalmente, a marca no pescoço, caminhou até ela, se curvou e a abraçou, apoiando a cabeça no ombro.
— O que era aquela lua? — murmurou.
— Era eu... Nossa vila foi atacada pelo Primordial Vermelho e eu o matei.
— Você está linda. Nunca imaginei que você poderia ultrapassar a perfeição.
Anna abriu um leve sorriso e Nino, Mwah! beijou o pescoço dela com carinho, sua preocupação diminuindo.
Nina quase vomitou com aquilo, mas logo viu Nathaly entrando cambaleando pela porta, apoiando-se na parede depois de ter tentado acompanhar Nino em toda a corrida. Nathaly, suada e exausta, olhou para Nina, que foi até ela e a abraçou.
Depois de um tempinho, Nathaly soltou Nina, subiu as escadas e foi deitar.
— Por que só vocês duas estão aqui? — Nino, feliz com a morte de mais um Primordial, continuou: — Não deveríamos estar fazendo uma festa, um churrasco ou algo assim?
— Nino... — com um semblante triste, Nina respondeu: — Roberto e Minty morreram.
O semblante de Nino mudou imediatamente ao ouvir isso.
— Enquanto Anna lutava contra o Vermelho, os subordinados dele atacaram a vila.
Os olhos de Nino se arregalaram.
Ele deu um passo para trás, atordoado, e desapareceu, surgindo na porta da casa de Roberto. Anna também desapareceu, seguindo-o e mantendo-se a uma distância longa para observar. Nina ficou mais próxima dele, mas também observando à distância.
Toc, toc...
Bateu na porta e, quando Wime abriu, ele se ajoelhou com a cabeça no chão, chorando.
— ME DESCULPA!... ME DESCULPA POR QUE NÃO ESTAR AQUI PRA SALVAR ELE!...
Todos saíram de suas casas e olharam para Nino.
— Desculpa por não ter impedido a morte do meu amigo...
Nina ficou muito triste ao ver Nino daquela forma novamente e voltou para a casa de Anna, sentando-se à mesa e apoiando a testa sobre ela.
A empregada viu e caminhou até ela.
— Está tudo bem, senhorita?
Sem levantar a cabeça da mesa, respondeu:
— Vou tentar ficar bem.
— Quer um docinho?
Nina virou um pouco o rosto, ainda apoiada na mesa. Seu semblante era como o de um gato, Rrrrcss... e ela olhou para a tigela de doces sendo arrastada até ela.
— Talvez...
A empregada sorriu e lhe entregou os docinhos.
Enquanto Nino chorava, Wime o abraçou.
— Líder... Não precisa disso. Meu marido nunca o culparia por isso! Obrigada por derramar lágrimas por ele... — Também começou a chorar.
Ron chegou e abraçou sua mãe, colocando a mão nas costas de Nino, que permanecia com o rosto no chão.
— Papai nos protegeu. Ele nos mandou fugir e enfrentou a mulher malvada. Quando eu crescer, quero ser forte como ele para proteger a mamãe!
Depois de alguns minutos, Nino se levantou e olhou para o túmulo de seu amigo ao lado do túmulo de Minty.
Encarou por longos segundos, enquanto a lembrança dos corpos de Thales e Samanta mortos sobre uma maca piscava e gritava em sua mente.
Então, virou-se e, assim que tocou o pé direito no chão, apareceu dentro da casa de Anna, que o observava de longe o tempo todo.
Nina manteve-se sozinha à mesa, depois de se entupir de doces.
— Como descobriram a vila?
— Jaan era um traidor.
Nino cerrou o punho, com veias saltando em seu rosto e braço, e sua marca começou a sangrar de ódio.
— V-você o matou?
— Não. Eu o prendi.
— Onde ele tá?
— Se eu disser, você vai matar ele.
— Eu não vou matar. — ele rangia os dentes. — Onde ele tá?!
— Não vou dizer.
Nino se virou e, enquanto saía da casa, o olho de seu Ragnarok substituiu sua marca.
— Ragnarok, encontre-o! — O olho do Ragnarok se dilatou e, em uma reação em cadeia, localizou e mostrou a Nino onde Jaan foi preso.
Nina saiu correndo atrás dele, enquanto Anna apenas observava.
Nino quase alcançava a caverna, enquanto Nina tentava impedi-lo.
Alcançou a entrada, completamente bloqueada, e, quando se preparava para destruí-la, Nina pulou sobre ele, Sccrrrchh... o derrubou, criou uma espada e a colocou no pescoço.
— NÃO VOU DEIXAR VOCÊ MATAR ELE!
— EU NÃO VOU MATAR!
— VOCÊ QUER VINGANÇA, ASSIM COMO TÁ ATRÁS DOS PRIMORDIAIS!
— TÔ MATANDO OS PRIMORDIAIS POR JUSTIÇA! SE EU QUISER ME VINGAR DE ALGUÉM, NÃO DAREI A MORTE! QUERO QUE ESSA PESSOA SOFRA E IMPLORE POR ISSO!
Os dois se encararam em silêncio.
— ...Não vou soltar você até me prometer que não vai matar ele.
Nino encarou Nina, visivelmente estressado, e Anna apareceu.
— Nino, vamos pra casa. Agora.
— Tá — respondeu com uma expressão completamente normal, olhando para Anna.
— Pera, o quê? — questionou Nina, confusa com aquela reação.
— O que o quê?
— Ela você obedece, né, seu merda!
— Claro, não sou doido.
— Gado. — Nina olhou para ele com desdém, e ele simplesmente desapareceu de debaixo dela, reaparecendo ao pular na direção de Anna para abraçá-la.
Pahf...
Nina caiu sentada no chão, observando-o com desgosto, enquanto ele agia todo carinhoso com Anna.
Nino, com o braço no pescoço da sua dona, voltando para casa, mostrou o dedo do meio escondido para Nina, que ficou irritada.
À noite, na hora do jantar, Nina percebeu que ele não estava em casa.
Saiu para procurá-lo, sem usar detecção, pois tinha uma ideia de onde ele poderia estar.
Subiu em uma árvore muito alta e o encontrou sentado no topo de uma árvore ao lado, em uma plataforma de madeira que ele havia criado.
Olhou para ele, sentado ali, com uma expressão triste e pensativa.
— ...Você queria estar falando com ela, né?
Nino olhou lentamente para sua irmã, em silêncio.
— ...Eu tava atrás da porta naquele dia e escutei toda a conversa sobre o que aconteceu no Amazonas... Assim como ela disse, você não tem culpa do que aconteceu aqui. Não tinha como saber que o Jaan era um traidor.
Nina caminhou até ele, criando uma ponte de madeira reta até a pequena plataforma. Se sentou ao lado e o abraçou de lado.
— ...Eu quero muito matar aquele cara — disse, com a voz baixa.
— Eu sei... Eu também quero, mas é a Clarah que tem que decidir o que fazer. Ela amava o Minty há tantos anos e, de repente, o perdeu sem sequer ter a chance de se declarar...
— ...Ela está no quarto?
— Sim.
Nino continuou olhando para frente enquanto era abraçado por sua irmã.
Depois de alguns segundos, Nina se afastou um pouco e Nino a olhou em silêncio.
Nina o encarou e fez uma pergunta para tentar animar um pouco aquele momento triste:
— ...O que será que a Alissa tá fazendo neste exato momento?