Volume 2
Capítulo 47: Uma Mão é Suficiente
Demoraram um pouco para sair do orfanato; as crianças híbridas não queriam deixar Jonas partir.
Passaram algum tempo mostrando o lugar e apresentando as recém-chegadas às outras crianças que moravam lá. Foi um momento difícil para a cuidadora: múltiplas crianças com passados horríveis, mas ela ainda assim mantinha um sorriso no rosto enquanto tentava se aproximar das novas, embora as híbridas e a elfa permanecessem um tanto relutantes.
Depois de um tempo com Jonas parado enquanto as híbridas se escondiam atrás de suas pernas, a criança elfa, que tinha 30 anos, decidiu ajudar a acalmar as outras.
— Moço...
— Oi?
— Vocês vão demorar muito para vir nos buscar?
— Preciso conversar com o rei, mas amanhã mesmo, se ele permitir, iremos levá-las de volta.
— Tá. — A elfa, tentando transmitir segurança, segurou a mão da híbrida coelho. — Não precisam se preocupar, eu consigo nos proteger até ele voltar.
A híbrida coelho, com lágrimas nos olhos, passou o bracinho pelo rosto para secá-las, enquanto era puxada e acompanhada pela elfa. As outras duas híbridas a seguiram, indo juntas para um cantinho.
— Já volto.
Todas assentiram com a cabeça, e a elfa voltou até a cuidadora.
— Vocês têm banho?
— Sim, vou aju...
— Não precisa, só me mostre onde é que eu tomo banho e ajudo elas a se limparem — respondeu com um leve sorriso.
— Tá!
A elfa olhou para Jonas e Liza, abaixou a cabeça e desviou o olhar, voltando para o cantinho com as híbridas.
— Beleza, precisamos ir agora.
— Tudo bem, vou alimentá-las e cuidar delas até o senhor voltar. Devem estar assustadas ainda, é normal, considerando o que passaram.
— Sim. Com licença.
— Tenham uma boa tarde! — respondeu ela, curvando a cabeça em respeito.
Jonas e Liza saíram, indo até a prisão de Drevien.
Não demorou muito para chegarem; um nobre que passava de carruagem deu carona para seus amigos da elite de outros reinos. Depois de agradecerem a carona, viram um soldado guardando a cela, que já tinha os relatórios com os nomes e crimes de cada prisioneiro. Lá dentro, os presos gemiam de dor por estarem espremidos.
— Bom trabalho, e muito obrigado. Está dispensado.
— Sim, senhor! Obrigado, senhor! — O soldado curvou a cabeça em respeito e se virou.
Jonas e Liza entraram na recepção da prisão.
— Você disse que iria me visitar qualquer dia, mas não esperava que fosse tão rápido. — Drevien, fumando um charuto com as pernas apoiadas sobre a mesa, levantou-se e foi até eles.
— Queria que fosse uma visita, mas infelizmente não é.
— O que é então?
Jonas entregou os relatórios.
— Informações de cada preso que vamos deixar aqui.
— Escravizando crianças híbridas, demônios, vampiros e até uma elfa? — Drevien continuou lendo enquanto folheava os documentos. — Estados horríveis de trabalho, abusadores... Relaxa, vão ter um tratamento especial. Mas, crianças híbridas e uma elfa. O que você vai fazer?
— Pedir permissão ao rei para levá-las de volta aos seus países.
— Se ele disser não, você me avisa.
— Óbvio que não vou avisar.
— Que coisa feia, eu sou seu pai.
— Coisa feia é o que você vai fazer se eu falar.
— É só uma conversa. Prometo...
— ...Você não se controla, iria matá-lo.
— Bom que você assume o reino.
— Você sabe que não é assim que as coisas funcionam, não vou discutir.
— Uhum. Mas é melhor você sumir daqui caso ele recuse. — Drevien colocou a mão no ombro de Jonas, apertando gradativamente. Sua mão era maior que a cabeça dele. — Se eu ver você na rua amanhã, eu entro naquele lugar e vou ter uma conversa bem longa com o rei. E pode ter certeza que vou caçar você em todo canto, não vai adiantar se esconder, não vai adiantar correr, eu vou te achar e você sabe disso.
Jonas suspirou fundo, observando seu velho ser ele mesmo.
— Você queria matar Grimore desde que eu vim pra cá. Na verdade, eu nem estava aqui ainda, e você já queria matá-lo só porque ele se tornou general.
— Olhando para o que aconteceu, eu deveria mesmo ter matado.
Jonas lançou-lhe um olhar incrédulo, percebendo que seu próprio argumento era terrível.
— Tudo bem, eu falo com você.
Drevien soltou o ombro dele.
— Vai passar pelos anões?
— Sim. Se o rei permi... — Drevien virou ligeiramente o rosto para encará-lo. — Sim, vou fazer uma parada para consertos e comprar comida.
— Me dá um minutinho. — Drevien foi até sua mesa e escreveu uma carta escondida de Jonas. Depois de terminar, pegou um saco debaixo da mesa. — Entregue este saco junto com esta carta para meu amigo Orne. Ele é um ferreiro.
— Sei quem é, pode deixar... Não sabia que ele era seu amigo. — Jonas segurou o saco que Drevien lhe entregou, mas logo percebeu que não aguentava o peso.
PÁHFT!
Tentando segurar, sua coluna quase virou um "C".
— O-o que é isso?!
Liza tentou levantar o saco, mas também não conseguiu.
— Minério bruto de rezeríta. É muito pesado porque não está refinado.
Jonas, usando as duas mãos, tentou levantar o saco e, depois de erguê-lo alguns centímetros do chão, começou a caminhar desajeitadamente como um caranguejo.
— Deix...e comi...go, euUU entreEEgo a ele — murmurou com dificuldade, enquanto fazia muita força.
— Ei.
Os dois olharam para Drevien, PÁH! e Jonas soltou o saco de minério para descansar.
— Não é pra ler a carta.
— Tá...
— Tchau pra vocês dois.
— Tchau, Bigbig.
Drevien abriu um sorriso estranho e encarou fixamente Liza, que começou a suar de medo ao ver a sombra dele se aproximando, mas ele mudou de expressão ao chegar perto.
— Medrosa.
— Chato!
— Para de me chamar daquilo.
— Nem morta. — Liza cruzou os braços e virou a cabeça.
Drevien suspirou e tentou pegar o saco de rezeríta das mãos de Jonas, mas ele se recusou a soltar. Sem esforço, Drevien ergueu tanto Jonas quanto o minério.
Enquanto isso, uma família passeava de carruagem quando Drevien parou o veículo, colocando Jonas sentado ao lado deles. Jonas travou com os olhos arregalados de vergonha, enquanto a família, em silêncio, observava a cena com expressões igualmente espantadas.
— Eeeeeeh... B-boa tarde?
Eles não responderam; continuaram sem reação.
Drevien abriu um sorriso, satisfeito ao ver Jonas passando vergonha, e Liza, Pá! deu um tapa no próprio rosto.
Drevien se virou e deixou Jonas lá, que olhou para ele se afastando, sem saber o que dizer ou como reagir. Passando ao lado de Liza, pegou a jaula com os prisioneiros e levou para dentro da prisão.
A prisão era simples, sem muitos detalhes, mas alta e com largos corredores para a passagem de máquinas, jaulas, carroças, barris e outros objetos. Na pequena recepção, havia a mesa de Drevien com seu porrete mágico pendurado na parede, horizontalmente sobre a mesa.
À frente da mesa, havia duas cadeiras. À esquerda, duas entradas para corredores. Virando à direita, havia um corredor que levava diretamente para a área dos presos, uma sala onde os mantimentos eram armazenados e uma sala com documentos e relatórios antigos.
O andar de entrada era o segundo; abaixo da sala de mantimentos, ficava a cozinha e a área onde, antigamente, a alimentação dos presos era distribuída. Hoje, o refeitório é apenas um espaço vazio, sem muita utilidade. A alimentação funciona de forma diferente: jogam-na na área dos presos, que disputam a comida no chão.
Indo pelo corredor da esquerda, onde Drevien entrou com a jaula, havia uma cela em frente a uma sala com a porta fechada. Essa sala era a de interrogatório, e a cela era para quem aguardava ser interrogado. Seguindo por esse corredor, havia uma área distante com várias celas minúsculas, verdadeiros cubículos onde nem era possível se sentar confortavelmente.
Essas celas eram pequenas salas com portas, onde só era possível permanecer em pé, a menos que a pessoa fosse muito magra. Nesse caso, ou caso viesse a emagrecer demais ali dentro, ela conseguiria, ao menos, sentar no chão sem precisar espremer as pernas.
Outro corredor seguia à direita deste lugar, levando até a área dos presos. Antes de chegar lá, havia uma grande área aberta ao céu, onde, ficava um cercado com os animais que serviam de comida para os presos, como javalis selvagens.
Seguindo pelo corredor, chegamos à área principal. A área dos presos era um grande quadrado cercado por celas, todas abertas, do segundo ao primeiro andar. O corredor que levava ao refeitório abandonado no primeiro andar permanecia lá, intacto, com a porta aberta, mas ninguém ousava passar por ela.
Celas e mais celas formavam o espaço vazio. Acima das cabeças dos presos, uma única passarela se estendia do segundo andar até o centro da grande sala quadrada. Era lá que Drevien jogava a comida e assistia aos animais se espancando para comer mais do que os outros.
As celas nunca se fechavam. Drevien não os trancava, mas eram tão desconfortáveis e frias que os prisioneiros preferiam deitar na terra do chão, do lado de fora do primeiro andar, a se deitar nas camas de pedra entre as grades.
As pequenas escadas que levavam às celas do segundo andar haviam sido destruídas por Drevien. Assim, se algum preso quisesse fugir de gangues rivais ou de desentendimentos, restava-lhe apenas correr até que os outros se cansassem ou tentar escalar para se isolar.
No teto, havia uma pequena abertura que deixava a luz entrar, suficiente para mostrar se era dia ou noite — e para que os presos contassem os dias até o fim de suas sentenças. Mal sabiam que esse dia nunca chegaria.
Drevien soltou os prisioneiros na cela de interrogatório, e eles começaram a se levantar lentamente depois de tanto tempo espremidos. No entanto, apenas 15 se levantaram; o homem que Jonas havia socado permaneceu desacordado no chão.
Drevien percebeu e saiu andando para guardar a jaula. Com o braço livre, puxou o charuto e assoprou a fumaça.
— Eu não me seguro, né? Mandou um morto.
Drevien entrou na sala de mantimentos e colocou a jaula no chão.
Pah!... Pah!...
— Salazar.
Salazar ficou mais forte, com o corpo mais robusto após alguns dias de treinamento com Drevien.
Ele era pardo, com olhos verdes e 1,76 metros de altura. Embora Drevien fosse um metro mais alto que ele, não era peludo como Salazar. Este, por sua vez, deixou de se importar com o crescimento da barba ou do cabelo castanho.
Começou a prendê-los, mas tirar um tempo para se cuidar era difícil para ele.
Sua mente o fazia se sentir mal, se sentir inferior, colocando-o como culpado e revivendo tudo milhares e milhares de vezes quando não a ocupava treinando ou executando uma ordem de Drevien, convencido de que a culpa era de sua fraqueza, e sua família foi morta por sua incompetência.
Nem banho tomava, acreditando estar perdendo tempo com seu propósito de se fortalecer. Mas Drevien o quebrava na porrada quando ele começava a feder, e Salazar preferiu tomar banho, mesmo contra sua vontade, a apanhar.
Uma escolha sábia.
O descuido não se limitava apenas ao rosto e à cabeça; seus braços, peludos como os de um urso, pareciam de um animal selvagem. Se a lua cheia viesse dar uma visita, ele virava logo o lobisomem pidão. Mas, claro, as queimaduras ficavam bem mais visíveis, pois nelas nada crescia.
Ainda usava o cachecolzinho sujo de sangue de sua filha no pescoço. Suas roupas continuavam sendo simples, feitas de panos e tecidos comuns; não se importava com isso, desde que estivessem limpas, para não apanhar, o resto não importava. Mas havia um detalhe que completava seu novo visual: um avental branco de cozinheiro.
Quando Drevien entrou e o chamou, Salazar segurava um grande cutelo, cortando animais para que os cozinheiros preparassem a comida dos presos.
Shirk!
Cravou o cutelo na carne sobre a mesa e virou-se para encarar Drevien.
— Algum problema, mestre?
— Tenho um trabalho para você.
Salazar limpou as mãos ensanguentadas no avental branco.
— Diga.
— Jonas acabou de trazer um carregamento de criminosos: sequestro, abuso infantil... — Salazar se enfureceu. — ...estupro, escravidão, entre outros.
— Qual é a ordem? — perguntou com voz firme.
— Eles estão na cela em frente à sala de interrogatório. Quero que você tire informações de todos sobre quem frequentava as casas de prostituição. Quero nomes, e não me importo como você vai conseguir. Apenas me entregue os nomes.
— Pode deixar comigo, mestre.
Drevien saiu da sala e se sentou em sua cadeira, colocando as pernas sobre a mesa enquanto fumava seu belo charuto importado.
Salazar pegou o cutelo e uma faca, guardando-os no bolso do avental. Saindo da sala, dirigiu-se diretamente para a cela em frente à sala de interrogatório.
Caminhando com um sorriso no rosto, olhou para os presos dentro e a abriu.
— Quem vem primeiro?
Ninguém respondeu; todos ficaram em silêncio, observando-o.
— Ninguém? — Com um sorriso, Salazar agarrou um homem à esquerda pelo pescoço.
O homem tentou segurar o braço dele, mas este era muito mais forte.
Clingrk!
Arrastando o homem para fora e trancando a cela, Salazar o empurrou para dentro da sala de interrogatório.
Pah... Clerck!
Trancou a porta e olhou para o homem caído no chão.
— Sente-se na cadeira.
A sala era vazia, com apenas duas cadeiras e uma mesa pequena entre elas, todas feitas de madeira, enquanto as paredes e chão eram de pedra lisa em um tom de cinza-claro.
O homem obedeceu e se sentou. Ao fazê-lo, Salazar pegou o documento com as informações sobre o prisioneiro.
— Você está preso por forçar crianças a trabalharem com prostitutas e por manter mulheres demônio em condições precárias de trabalho. — Abaixou o documento e encarou o homem. — Vou dizer apenas uma vez: sua pena pode ser reduzida se você me der todos os nomes das pessoas que frequentavam o local.
O preso hesitou.
— Espera aí, cara... São pessoas perigosas e ricas. Eu posso te dar um bom dinheiro se pegar leve comigo. — Tentando manipular Salazar, o homem, com um sorriso falso, aproximou-se e colocou a mão na mesa, tocando os papéis.
Salazar puxou a faca do bolso e a lançou para cima.
No ar, a pegou de volta, Plarch! e a cravou na mão do homem, prendendo-a à mesa.
— AAAII! AAII, PORRA!
O preso gritou alto, e os outros na cela ficaram apavorados.
O homem segurou seu braço ferido com a outra mão, enquanto Salazar se aproximava em pé.
— Sua sentença mudou. Você não precisa mais desta mão.
PÁRCH!
Phrah!
Com um só golpe, Salazar usou o cutelo para cortar a mão do homem, que caiu no chão, gritando e chorando de dor.
— AAAAAAaaaarRGgHH!
Se aproximou do preso, ainda segurando o cutelo.
— Vou sair da sala por uns minutos. Se eu voltar e você não tiver escrito os nomes no papel que deixei em cima da mesa, vou te desmontar. Vou aproveitar cada grito de dor enquanto corto seus dedos, pés, mãos e braços. Farei isso lentamente, com extremo cuidado para não acertar seus pontos vitais. O ódio que eu sinto por pessoas como você é enorme, então, quando eu voltar, espero que já tenha terminado o que mandei.
— C-COMO! COMO VOU ESCREVER?! NÃO TEM NADA AQUI!
— Use seu sangue. — Salazar se levantou e foi em direção à porta.
— NÃO!... NÃO! — O homem chorava desesperadamente. — POR FAVOR!
Ignorou o homem e saiu da sala de interrogatório. Os presos o observavam com espanto enquanto Salazar retribuía com um sorriso gentil. Caminhando pelo corredor, limpava o cutelo em seu avental. Ao chegar à sala de mantimentos, Pah!... Pah!... retomou o trabalho, cortando a carne dos animais.
Depois de algum tempo, retornou à sala de interrogatório.
Ao entrar, o homem, tremendo de medo, levantou os olhos para ele.
— Por favor... por favor, eu não consigo me lembrar de mais nada.
— Só três nomes? Ficou todo esse tempo aqui e só escreveu três nomes?
— E-eu não consigo lembrar... eu juro, por favor... — Ele voltou a chorar.
— Bem... você tentou. Vou ser gentil com você.
O homem parou de chorar, sentindo um leve alívio, e abriu um pequeno sorriso.
— Obri...
SHKrunch!
Antes que pudesse terminar, Pa-pah... sua cabeça foi decepada com um único golpe do cutelo de Salazar.
— Ser gentil e te matar rápido.
Ele ficou em pé por alguns minutos, observando a bagunça sangrenta que havia causado. Depois, saiu da sala e voltou à cela.
— Próximo! — exclamou, com um sorriso estampado no rosto e os olhos fechados.
Ninguém se moveu; todos o olhavam apavorados.
— Oh... Ninguém? — Salaz abriu os olhos, notando o silêncio.
Uma mulher finalmente se manifestou:
— O-o que aconteceu com ele? — perguntou, hesitante.
— Está curiosa? Venha ver. — Salazar manteve o sorriso enquanto se afastava, abrindo caminho para ela passar.
A mulher, relutante, seguiu-o.
Clingrk!
Trancou a cela e entrou com ela na sala.
— Sente-se. — Clerck! trancou a porta atrás de si.
A presa notou algo no canto da sala, coberto por um pano manchado de sangue.
"Aquilo é o corpo dele? Ele não saiu da sala..." Engoliu seco e se sentou. — O que você quer comigo?
— Nomes... quero os nomes de todos os clientes que frequentavam sua casa.
— E se eu te der os nomes... o que vai acontecer?
— Sua sentença será reduzida.
— E se eu te... — ela começou a se despir lentamente. — ...der algo mais além dos nom...
Salazar segurou a cabeça da mulher, PAH! e bateu contra a mesa, abrindo um pequeno corte na testa, que começou a sangrar.
— Quero apenas os nomes. — Ele a soltou, encarando-a.
Atordoada e com dor, a mulher permaneceu sentada, os olhos semicerrados.
— D-desculpa... c-como vou escrever? — perguntou, tremendo.
— Sua cabeça está sangrando, use seu sangue.
Ela, ainda tonta, passou a unha sobre o ferimento e começou a escrever os nomes no papel.
Após listar vários nomes, empurrou o papel na direção de Salazar.
— Aqui estão... todos os clientes que frequentavam. Todos são de famílias ricas, são intocáve...
— Serão todos presos.
"O quê? Mas... como?" — ...Como combinamos, agora diminua minha sentença.
— Claro. — Salaz se levantou. — Me siga.
A mulher limpou um pouco o machucado com a mão e seguiu Salazar para fora da sala.
Ele virou à esquerda no corredor e ela o seguiu.
Enquanto caminhavam, a mulher lançou um olhar discreto para os outros presos e sussurrou baixinho:
— Tchau, seus otários. — Eles a olharam, com as mãos agarradas nas grades.
Chegando à área com várias portas, Salazar parou e ficou de costas para ela. A mulher, desconfiada e inquieta no ambiente escuro, iluminado apenas por algumas tochas e lamparinas, começou a recuar lentamente. Era como se o silêncio sussurrasse um aviso para fugir. Cautelosa, dava passos pequenos, tentando não fazer barulho.
Salaz abriu uma das portas.
— Entre.
Seu corpo gelou ao ouvir a voz. Ela parou e espiou dentro da porta, enxergando um cubículo minúsculo e fedorento. Levou a mão ao nariz, tentando bloquear o cheiro desagradável. As chamas das tochas nas paredes lançavam luzes oscilantes sobre eles. Observando mais atentamente, percebeu que não havia nada lá dentro, mas o lugar parecia jamais ter sido limpo.
— O que é isso?
Bapsh!
Salazar a empurrou para dentro.
— Sua sentença foi reduzida, como você queria. — Plarckt! fechou a porta e a trancou.
A mulher agarrou as pequenas grades de metal na altura de sua cabeça e começou a gritar:
— NÃO FAZ ISSO!! ME TIRE DAQUI AGORA!! — Ela se debatia contra a porta, fazendo muito barulho.
Salaz a observou em silêncio por alguns segundos. Se aproximou das grades, e ela tentou agarrá-lo. Em um movimento rápido, Salazar segurou seu braço, sacou o cutelo, CRUNCH! e o decepou.
— AAaaaAAAAArrGgHHH!
Caída toda torta no chão, enquanto sangrava abundantemente, seu grito ecoou pela prisão, alcançando os outros presos, que apenas abaixaram a cabeça, tomados pelo medo.
— Morra rápido, quero limpar tudo... — ele se virou levando o braço dela consigo — e voltar ao meu trabalho.
Voltou e entrou sozinho na sala de interrogatório, mas os presos o viram carregando um braço e já imaginavam o que havia acontecido.
— Vamos todos morrer... — a barril rebaixado murmurou.
— Cala a boca! Ele vai escutar... — um homem respondeu em voz baixa.
Ninguém ali tinha esperanças; naquele momento, todos se arrependeram do que fizeram, mas já estavam a um passo da morte. Não havia mais volta.
Depois de algum tempo, Salazar foi até a mesa de Drevien, com o avental ensanguentado.
— Aqui estão os nomes.
Drevien pegou os papéis e começou a folheá-los, examinando atentamente.
— Me desculpe.
— Hum? — Drevien levantou os olhos para olhá-lo.
— Consegui os nomes de apenas 15 casas. Um dos presos estava morto.
— Ah, eu sei. Jonas o matou. Achei interessante, ele não é de fazer isso, mas sabe bem quando é a hora de fazer isso.
— Entendi.
Drevien voltou a examinar os papéis, soltando uma leve risada.
— Todos têm sobrenome falso, todos são de famílias ricas que se acham da elite. — Riu novamente, lembrando-se da mansão que os pais de Jonas compraram em Dirpu para garantir que ele não ficasse sozinho em outro reino para estudar. — Eles realmente não sabem a diferença entre nobreza e elite. Eeh, a maioria frequentava mais de uma casa. — Frash... jogou os papéis na mesa. — Vou fazer questão de prendê-los pessoalmente.
— Vou limpar a sala de interrogatório.
Drevien observou Salazar, olhando para o avental coberto de sangue.
— Você está parecendo um açougueiro de verdade agora.
— Cortar humanos é mais divertido do que animais.
— Hum... Não sei o que é isso. Eu não corto, eu esmago. — Drevien puxou o charuto, Fuuuu... e soprou a fumaça.
Salazar riu e se dirigiu para a sala de interrogatório.
Ao entrar, encontrou a sala em completo caos: sangue por todos os lados, membros decepados e mutilados espalhados. Salaz começou a separar a carne e a colocar em barris.
Enquanto limpava o sangue do chão com um pano molhado, começou a cantarolar uma música baixinho:
— Hunn-húnn-hùnn-hun...
Depois de limpar tudo, levou os barris para o cercado aberto ao céu, onde cuidava dos animais usados para alimentar os presos não condenados por crimes hediondos. Os presos que cometiam crimes graves viravam comida para javalis, que, por sua vez, eram consumidos pelos presos comuns na prisão de Drevien.
Groar-Grroan... Nhoic!
Salazar despejou os restos dos criminosos para os javalis, Crunck-Crunck! que rapidamente começaram a devorar os pedaços, triturando até os ossos.
— Isso!... Comam, os presos vão adorar comer vocês depois... — Abriu um sorriso e se virou para sair. — Pelo menos foram úteis para algo.