Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vanconcelos


Volume 2

Capítulo 36: De Volta Ao Lar... Inferno

Rasgando a floresta, as árvores se curvavam com a força do vento provocada pela corrida dos dois.

Depois de percorrer bons quilômetros, após sair de mais um vale e entrar em um bosque de árvores brancas, Nino percebeu o corpo de Aurora todo molengo em seus braços e parou de correr.

Sccrrrchh...

Nathaly viu ele parar e também fez o mesmo, Sccrrrchh... levantando um pouco de poeira dourada no ar, antes de começar a caminhar sobre a terra esbranquiçada do bosque.

— Tá tudo bem, princesa? — Ela, com a cabeça girando, não respondeu.

— Aaaagh...

Shk!

Nino cortou uma árvore e usou o tronco como cadeira, espalhando folhas sobre o chão para fazer uma cama para a Aurora desmaiada.

Nathaly sentou ao lado dele e, ao olhar para ela, Nino se lembrou do que viu ao se misturar com Nina. Assustado com o que viu as duas fazendo, começou a balançar a cabeça para os lados.

Blublublubluu...

— Cê tá bem aí?

— Caiu algo na minha língua, tô de boa... Mas e aí, qual o plano?

— ...Descobrir de dentro o que tá acontecendo e te avisar fora do palácio.

— Eu posso ajudar!

"Oxi, do nada, tava morta no chão aí agora pouco."

— Ajudar com o quê, princesa?

— Avisando o Nino.

— Pretende fazer isso como, criança? — Nino a olhou meio desinteressado.

— Sou telepata!

"Ata, com essa testona também."

— Não sabia... Mas como funciona? — perguntou Nathaly, curiosa.

— Eu chamo você na sua mente. Você me escuta, mas eu não escuto você. Mas se eu chamar você e você me responder na mente, a gente consegue conversar! — Aurora deu um sorriso.

"A mina é um celular." Nino colocou a mão no rosto e se segurou para não rir com seu próprio pensamento.

— Testa com o Nino.

— Testa ocê, eu hein.

— Mas é você que vai ficar fora, idiota.

— Faz sentido. Chama aí, ce... criança, qual o nome dela mesmo? — Nino virou-se para Nathaly.

— Aurora.

— Pode chamar Aurora.

Com um enorme sorriso, Aurora colocou as mãozinhas próximo à cabeça e fechou os olhos.

"Consegue me escutar?"

"Consigo."

Abriu os olhos, feliz.

— Viu! Eu posso ajudar.

— Entendi. O plano vai ser o seguinte...

— Eu já disse o plano.

— Tenho um melhor. "Esqueci completamente o plano que ela falou."

— Fala então.

— Você vai ajudar Aurora de dentro do palácio a conseguir informações. Ela me passa por telepatia e eu vou pegar eles de surpresa por fora do reino. Vou ficar acampando em algum lugar próximo, já que é melhor eu não entrar e acabar chamando atenção. Por garantia, vou deixar uma sombra minha dentro da sombra de Aurora, um clone meu. — O clone entrou na sombra de Aurora, fazendo com que ela levasse um pequeno susto. — Caso você precise de proteção e Nathaly estiver longe, se chamar meu nome uma vez, ela vai reagir e te ajudar. Se chamar mais de uma vez, vou entender que precisa muito de mim e vou trocar com a sombra, uma espécie de teletransporte. Ficou confuso?

— Quase a mesma coisa que eu disse.

— Invejosa, meu plano é melhor.

Nathaly o encarou séria, com um pouco de tédio, mas ele a ignorou, olhando para Aurora.

Aurora assumiu uma careta besta, olhando de lado para ele.

— Acho que entendi. Eu acho o homem malvado e falo para você, e a Natay me ajuda lá dentro, né?

— Sim. A tia Natay te ajuda lá dentro.

— Natay?

— Sim! Natay.

Nathaly respirou fundo e soltou o ar, olhando para Aurora, que a olhava feliz com seus enormes olhos.

— Já está melhor, princesa?

— Já!

— Então vamos correr.

Nino pegou novamente Aurora nos braços e ambos voltaram a correr, parando para descansar bem longe, já tarde, quase ao anoitecer.

Encontraram um pequeno pântano, com a terra escura e água grossa de tom alaranjado. Enquanto Nathaly cortava uma árvore fina, porém alta, com raízes que se estendiam bastante pelo chão e pela água, Nino saiu andando por ali.

Nathaly cortou toras da árvore que tinha a casca meio rosada e o interior azul para fazer uma fogueira e deixar Aurora descansar para mais uma corrida.

Nino caminhava e observava uma área com areia cinza, procurando algo para comer, quando a comida veio até ele.

O chão tremeu.

— Hãm?...

Nino olhou para o chão e viu três linhas se conectando em um ponto.

Pensando que poderia ser uma boca, deu um leve pulo.

BUM!

Nino foi arremessado para o céu enquanto uma serpente voava até ele.

Ela era cinza, mas apenas para camuflagem.

Quando tentou mordê-lo e falhou, lançando-o para longe, sua cor mudou para um vermelho fosco. A cabeça da serpente era achatada, disfarçada como um pedaço do chão, e sua boca triangular se projetava, facilitando os ataques.

PLOCH!

A serpente projetou sua boca em direção a Nino, que, encarando-a, criou uma imensa estaca de pedra com o pé e a enfiou goela abaixo no monstro.

Penetrou e travou a boca da serpente gigante, que continuava tentando se erguer, batendo suas grandes barbatanas como se fossem asas de um dragão.

Ainda no ar, após chutar a estaca, Nino deu um mortal para trás.

Quando terminou o movimento, com as duas mãos estendidas para trás, criou um machado gigante, semelhante a marreta de Nina. O machado tinha dois gumes e Nino o arremessou girando em direção à serpente.

Juntamente com a estaca presa em sua garganta, SHKRUNCH! a serpente foi cortada em duas partes.

PHA-PHAAM!

Aterrissando em pé ao lado da serpente cortada, olhou para a carne roxa.

— Dá pra comer isso?

— Acho que não, a carne é roxa — respondeu Nathaly, com nojo.

"Deve ser parecido com a anomalia que já comi."

— Eu já comi! É uma delícia! — respondeu Aurora, com os olhos brilhando ao olhar para a carne que Nathaly desprezou.

— Então tá. Vou cortar uns pedaços e colocar em espetos para assar.

Depois de preparar os espetos, Nino entregou alguns prontos para Aurora e começou a fazer mais.

Nathaly se sentou ao lado dele, puxando assunto enquanto as chamas da fogueira, que mesclavam azul, rosa e dourado, iluminavam seus rostos naquele início de noite.

— Sua namorada é a cara da Alissa. Algo não está certo. — O olhou com sarcasmo.

— Você também?

— Nina falou também? — Nathaly riu. — Parei então, mas são bem parecidas... ou é só a saudade que estou sentindo dela. Será que um dia a veremos de novo?

— Hãm... Talvez.

— Você falou sobre teletransporte mais cedo. Você não consegue ir pro Brasil, não?

Nino abriu os olhos e se lembrou do poder de Louis que ele havia usado contra o Verde.

— POSSO TENTAR! — Animado, ele juntou suas mãos.

Clap!

Pah...

Nesse momento, Nathaly viu Nino cair para trás, parado, com os olhos abertos.

— Fingindo ser o Louis é? — Ela o observou, mas ele não respondeu. — Nino?


Nino surgiu no quarto branco, olhando fixamente para a frente, seus olhos arregalados.

De repente, uma voz profunda, que já havia escutado antes, ecoou atrás dele, fazendo seus ossos vibrarem:

— Acha que pode sair desse mundo sem minha permissão...?

Ele se virou lentamente, o medo crescendo internamente, e encarou, cara a cara, a Deusa da Morte.

— Não tente fugir novamente... — ela o advertiu com uma voz que paralisava seu corpo. — ...Filho de Blacko.

Ao ouvir o nome de seu pai, Nino reuniu coragem para tentar falar:

— Qu...

Morte surgiu diante dele, encostando sua mão fria no peito do jovem.

Nino acordou abruptamente, caído para trás ao lado de Nathaly, ofegante e suado.

— Vai ficar brincando aí quanto tempo? — Nathaly perguntou, sem entender o que havia acontecido.

Nino olhou para ela, lembrando-se das palavras de sua irmã:

[ — Não quero que tente. Quero que me prometa. ]

"Não posso falar algo assim agora, no meio de uma missão..." pensou ele, considerando contar a Nathaly sobre a Morte estar dentro dele, mas receoso de atrapalhar a missão, decidiu não dizer nada. — Deu errado o teletransporte... Fazer o quê, né? — disse com uma risada sem graça, olhando para a fogueira enquanto tirava alguns espetinhos prontos.

— ...Aquele dia que eu te dei o tapa... Você já sabia o que a Nina tava fazendo?

— Sabia não, ela foi me contar de noite, no dia que matei a calamidade.

— Mas por que deixou ela fazer isso se você gostava da Alissa?

Nino a encarou sério, e ela riu.

— Parei, parei... É que são idênticas, não tem como discordar.

— "NãO tEm COmo dIScorDaR", blá-blá-blá... — Nino respondeu, fazendo caretas enquanto a imitava.

— Tá, para de graça — Nathaly respondeu, segurando o riso. — Por que deixou ela continuar fingindo?

— ...Quando olhei para ela, percebi que ela realmente te ama muito. Eu fiquei com medo de você não aceitar o amor dela e ela acabar ficando triste. Então, mesmo que chegasse o dia de contar a verdade e você a negasse, eu deixei ela ter mais momentos com você pra ela ficar feliz... — Nathaly escutava tudo com uma expressão feliz. — Aí, quando vi vocês duas entrando pela porta de manhã, eu já saquei tudo e fiquei muito feliz.

— É um pouco estranho conversar com você agora, mas estou me acostumando já.

— Por quê? Nhaac! — perguntou, mordendo a carne.

— Ela usava sua aparência, né? Então é estranho.

— Ela ainda usa minha aparência na hora? Nhaac! — perguntou, dando outra mordida.

— Não. Ela só cria um pintão.

Pfffft!

Nino cuspiu a carne, abaixando a cabeça, lembrando de tudo.

— Não devia ter perguntado isso, que visão sinistra, puta que pariu... — murmurou baixinho para si mesmo. "Eu já tinha visto isso. PRA QUE EU PERGUNTEI?!"

Aurora, sentada próxima à fogueira, observava os dois com curiosidade.

— Aquela moça tem pinto?

Os dois ficaram surpresos ao ouvir aquilo. Nino levantou a cabeça instantaneamente, e Nathaly, com uma cara de vergonha, olhou para Aurora.

— Não! Não! Onde escutou isso, criança?

— Já está descansada, né, princesa hahaha. Podemos continuar? — Nathaly perguntou, tentando mudar de assunto com um sorriso envergonhado.

Aurora cruzou os braços e virou a cabeça para a esquerda.

— Eu não sou criança... Hum.

— Já que não é criança, você aguenta até chegar lá, né? Nathaly, falta muito?

— Diria que já fomos 80% do caminho. Chegaremos em alguns minutos se apertarmos o passo.

— Vamos então, a noite já já vai cair por completo. Pronta aí, criança?

— NÃO SOU CRIANÇA!

— Acho que sim. Leva ela, enquanto vocês entram, eu procuro um lugar para ficar fora do reino.

— Ok. Vem, princesa.

Aurora subiu nas costas de Nathaly.

Após correrem bastante, Nino avistou as muralhas e parou, deixando Nathaly e Aurora seguirem o plano sozinhas.

Enquanto observava a mata, começou a procurar um bom lugar para se acomodar.

Chegaram de noite, e Nathaly, sem querer perder tempo com os guardas do portão, pulou sobre as muralhas. Avançou de casa em casa, com Aurora agarrada em suas costas, soltando um leve grito de medo.

Chegaram ao Palácio e foram direto ao salão real.

Grimore, no salão junto com o rei, a rainha e oficiais das áreas mais nobres, relatava que seus soldados não encontraram a princesa em lugar algum naquele dia.

Apesar do possível sequestro, as buscas continuaram, mas Grimore apenas inventava desculpas para não agir, preferindo ficar na rua da prostituição na área pobre.

Não se importava com a princesa e, enquanto apresentava mais um relatório falso, Nathaly entrou no salão com Aurora.

— Papai!! — Aurora gritou, correndo e pulando nos braços do rei, abraçando-o.

"Que expressão é essa?" Nathaly pensou, notando o comportamento estranho do rei. Então olhou nos olhos da rainha, que, assustada, desviou o olhar.

— Oi, minha filha! — respondeu o rei, acariciando a cabeça de Aurora, mas sem expressão alguma.

Embora estivesse muito feliz por dentro, permanecia preso em seu próprio corpo, apenas capaz de observar o que acontecia ao seu redor.

Grimore, irritado com a situação, evitou olhar para Nathaly.

— Obrigado, Grande Heroína, por trazer minha filha de volta.

Aurora permaneceu no colo do seu pai, feliz, abraçando-o com força.

Percebendo o comportamento estranho da rainha, Nathaly decidiu fazer um pedido:

— Tenho um pedido a fazer.

"O que essa mulherzinha quer agora?" Matilda pensou, tentando evitar olhar para Nathaly.

— Diga — respondeu o rei.

— Quero ser a guarda-costas da princesa.

— Nã...

— Sim! — com toda a força de sua alma, Morf lutou contra o controle de Matilda e aceitou o pedido de Nathaly.

A rainha lançou um olhar furioso ao rei.

"Como ele conseguiu sair do controle?... Desgraçado!" pensou tentando disfarçar sua irritação.

— Ok. — Nathaly olhou para Matilda, que tentou disfarçar novamente desviando o olhar.

Nesse momento, uma serva entrou no salão e notou a princesa..

— Princesa, você está toda suja! Venha, vou levá-la para tomar um banho.

— Tá bom! — Aurora respondeu, levantando-se e indo até a serva. — Tchau, mamãe! Tchau, papai!

Matilda controlou o rei de tal forma que ele nem pôde se despedir da própria filha.

Após a serva sair com Aurora, Nathaly seguiu junto, queria encontrar Jonas e Liza, embora já fosse noite e ela não soubesse exatamente onde eles moravam.


Naquela noite escura, Morf foi obrigado a ficar ajoelhado ao lado da cama no quarto real.

À sua frente, Matilda vestia a última roupa erótica que Jonas havia recusado. Permaneceu sentada de forma sedutora, mas seu semblante mostrava claramente o desprezo que sentia pelo rei.

— Quem mandou desrespeitar o meu controle, seu desgraçado?

Toc, toc, toc...

O som amplificado das batidas ressoou pelo quarto.

— Podem entrar — disse, com um leve sorriso sádico nos lábios.

Grimore abriu a porta, acompanhado de dois soldados.

Atravessaram o tapete decorado que Matilda havia preparado para Jonas e se aproximaram dela, que esperava sentada na borda da cama, à esquerda, de frente para o rei.

Morf, imóvel, apenas podia manter o olhar direcionado a ela e logo viu a mulher com quem escolheu se casar há 40 anos sendo tocada por três homens na sua frente.

Os três se despiram e Matilda, submissa, ajoelhou-se no chão.

Os três ficaram em pé ao lado dela, se juntaram, Fruash-fricsh... e esfregaram os três paus em seu rosto, que permaneceu com a linguinha de fora, pedindo animadamente.

Olhando para cima, pedindo com um olhar excitado, Tlik-tliki! um deles bateu duas vezes na língua babada, Glup-gurp! e ela começou a chupá-lo, Fap-fap-fwap! trabalhando com as mãos nos outros dois.

Entre os corpos, seu olhar permanecia fixo no rei.

Morf chorava, mas não em carne. Em seus olhos, bem no fundo, era possível ver ele; era possível ver as lágrimas de sua alma atrás das grades da prisão em que ela o colocou.

Os soldados não se importavam com Matilda; apenas queriam usar seu corpo e começaram a forçá-la com brutalidade, sem qualquer cuidado, em seus paus.

Grk!-rk!-glu!-grok!-glup!

Matilda apoiou as mãos nas pernas do soldado, e Grimore ficou enciumado.

Colocou a mão no braço do homem, que, ao soltá-la, Haff... Haff... ouviu Matilda dar uma risada ofegante enquanto olhava para cima, Fap-Fap! Aaaaahnmgl... deu mais uma chupada, enfiando o pau dele inteiro em sua garganta, Grk! e retirou.

— Haff... Huff... Deixa, amor. É gostoso.

Grimore observou enquanto Matilda se levantava.

Os dois soldados a tocavam como se ela fosse um pedaço de carne e eles estivessem famintos, Pá! Ohmn... Mwah! beijando-a e alisando sua pele sob aquelas roupas extremamente estimulantes.

Um segurou-a no colo, Plop-plop... e começou a penetrá-la na buceta, de ladinho na calcinha, enquanto o outro se posicionou atrás, Plap-plap... penetrando o buraquinho da realeza.

Ela gemia e ria em êxtase.

O soldado que a penetrava pela frente se deitou sob ela na cama, enquanto o outro continuava a penetrá-la, puxando seu cabelo fortemente para trás desta vez.

Plaplop-plaplop!

Deitaram-se seguindo a direção norte da cama, e Morf continuava obrigado a assistir a tudo.

Matilda ria, sentindo seu corpo sendo usado, enquanto exalava gostar muito daquilo. Percebeu que Grimore começava a odiar a situação.

— Vem, amor.

Grimore não recusou.

Se aproximou, e Matilda, Gurp-glup... começou a chupá-lo enquanto era constantemente penetrada por outros dois.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Morf em meio à sua expressão travada. Dentro da prisão, ficava cada vez menor.

A cada segundo que passava, ouvindo aqueles homens rindo e sua mulher gemendo, o controle de Matilda sobre ele crescia.


Na manhã seguinte, Matilda ordenou a Grimore que enviasse oficiais para buscar todas as crianças, meninos e meninas, que ela havia selecionado e colocá-las em carroças com jaulas para a coleta do Primordial Azul.

Após a ordem, todos os soldados começaram a procurá-las.

— Por ordem do rei, senhora. — Um soldado arrancou uma criança dos braços da mãe, que chorava, enquanto seu marido a abraçava no chão, impotente diante do exército.

Soldados foram até um orfanato e ordenaram à cuidadora das crianças que trouxesse todas elas.

Ela, ao ver as jaulas, já sabia o que estava acontecendo e tentou não chorar ao se aproximar delas.

— Meninas... Vocês estão indo para um novo... — Não conseguiu continuar e começou a chorar.

— Fomos adotadas?! — As crianças e pré-adolescentes do orfanato ficaram felizes e empolgadas.

— Sim — ela disse, com um sorriso misturado de medo e culpa.

— Você está chorando porque a gente vai embora?

— Sim...

Ela levou as crianças até os soldados.

Os soldados as seguraram e as colocaram dentro da jaula com outras crianças.

Elas olharam para sua cuidadora chorando enquanto um soldado fechava a jaula com um pano. Neste momento, Pah!... a mulher caiu no chão, chorando desesperada ao ver a carroça partir.

Quase tudo estava pronto quando o Primordial Azul apareceu nas ruas, sem se preocupar em disfarçar sua presença.

Ao sentir aquela coisa estranha e forte, as pessoas ficaram com medo e se trancaram em casa.

A princesa, ao perceber a presença, acabou acordando naquela manhã e olhou pela janela de seu quarto no palácio. Viu, ao longe na rua, o homem vestido de azul.

— O homem mau!

Fechou os olhos e tentou chamar Nino, mas ele se encontrava em um sonho naquele momento.

Deitado no quarto branco, levantou-se e, ao olhar para o lado, viu a Morte dançando sozinha.

— Como você... — Nino, sem perceber, surgiu de mãos dadas com a Morte enquanto dançavam. "O quê?" — Como conhece meu pai?!

Mesmo sem entender como foi parar ali, criou coragem e a questionou. Porém, ela apenas riu e abriu seus olhos, olhando-o profundamente.

— Ainda não chegou a hora de você saber sobre isso — aproximou seu rosto do dele, fazendo-o tremer de medo. — Acorda! — sussurrou baixinho, e ele acordou subitamente, assustado, no acampamento provisório onde passou a noite anterior.

Ao acordar, ouviu a voz de Aurora:

"Ninoooo?!!"

"Acordei agora... O que foi?"

"O homem mau de azul está na rua em frente ao palácio."

"Entendi. O resto deixa comigo."

"Tá bom. Tchau!"

Nino se espreguiçou ao se levantar e saiu andando.

Olhando para o deserto além do reino, viu uma montanha e subiu nela para ter uma visão ampla da saída daquele lugar.

Aurora esfregou os olhos sonolentos e voltou a se deitar para dormir, abraçando um pequeno travesseiro, tentando suprir a falta da Sra. Pompom.



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