Volume 2
Capítulo 34: Desejo
Caminhando pelos corredores do palácio com um semblante entediado, Jonas se deparou com uma porta dupla chamativa. Como as outras portas, essa era azul-escura com detalhes em prata, mas possuía várias pedras preciosas, indicando ser um quarto real.
Respirou fundo e entrou, fechando a porta atrás de si.
— Mandou me chamar, majestade?
O quarto havia sido alterado naquele dia para ficar o mais erótico possível para a visita.
Tudo o que antes ostentava as cores da bandeira foi substituído por ouro e um vermelho sensual. O ambiente era imenso e luxuosamente decorado. As paredes estavam revestidas com tapeçarias de seda em tons de vermelho profundo e dourado, bordadas com cenas mitológicas eróticas.
O chão era coberto por um tapete espesso e macio, vermelho e dourado, que se estendia por todo o espaço.
No centro do quarto, havia uma cama de dossel com colunas esculpidas em madeira escura. A colcha, em cetim vermelho, era bordada com fios de ouro, e os travesseiros, grandes e numerosos, eram feitos de penas finas de periquitos, buscados da Floresta do Desespero. Esse detalhe, por si só, aumentava drasticamente o valor do quarto, dada a raridade da matéria-prima.
As fronhas de seda contrastavam com o brilho suave das velas aromáticas espalhadas pelo ambiente.
Um grande espelho de corpo inteiro, com moldura dourada ornamentada, ficava estrategicamente posicionado ao lado da cama, refletindo a imagem da rainha enquanto ela se movia. Ao lado do espelho, uma penteadeira luxuosa repleta de frascos de perfumes exóticos, pentes de ouro e joias caras.
Havia também um grande guarda-roupa de madeira escura, cujas portas eram decoradas com entalhes do Glifo revestidos de ouro. Dentro dele, estavam penduradas as vestes reais, desde vestidos formais até lingeries requintadas, cada peça escolhida para impressionar ou seduzir.
Matilda encontrava-se deitada em sua cama, usando um conjunto de lingerie erótica que destacava suas curvas. Vestia um sutiã de renda preta com detalhes dourados, combinado com uma calcinha de renda e cetim. Sobre isso, havia um vestido de seda preta com um decote profundo e alças finas de renda que deixavam suas costas expostas.
A saia, feita de seda e tule, era transparente na parte inferior, revelando a lingerie por baixo.
Também usava um cinto de cetim com um laço na cintura e meias de renda presas por ligas. As sandálias de tiras finas completavam o visual com um toque de brilho discreto.
Antes de se levantar, passou as mãos pelas pernas, ajustando as meias de renda, que a refletia perfeitamente de costas no espelho.
Se levantou e, ao se aproximar dele, disse:
— Você sabe que eu te quero. Por que me trata tão mal? Não sou suficiente para você?
— Rainha, por favor, se afaste. Eu tenho noiva. — Jonas permaneceu firme, olhando para frente.
Se aproximou ainda mais, colocando os braços em volta do pescoço dele.
— Ei... Olhe para mim. É só uma noite — se aproximou da boca de Jonas — Eu faço o que você quiser...
— Com licença, senhora. — Jonas se afastou da rainha, indo em direção à porta.
Matilda, irritada, ficou de pé, olhando para ele de costas enquanto se dirigia à saída.
— Saia por essa porta e eu conto a todos no reino que você abusou de mim.
Jonas parou com a mão na porta e virou o rosto.
— Primeiro: se tentarem me matar, eu mato todos vocês. Segundo: minha mulher acreditando em mim já é o bastante.
Se virou novamente e saiu pela porta.
A rainha, tomada pela raiva, subiu na cama, Paf-paf-paf! e começou a socar os travesseiros.
— Esse desgraçado está brincando comigo... Ele ainda vai ceder! — com o rosto transtornado e irritado, ela continuou a bater na cama.
Caminhando pelos corredores, Jonas, ainda irritado, cortava todos os corredores para sair logo daquele palácio. Foi então que viu uma porta se abrindo, e Nathaly saiu, fechando a porta da biblioteca atrás de si.
Ao escutar passos no corredor, Nathaly lançou um olhar de repulsa, imaginando ser uma serva, mas ao perceber que era Jonas e notar seu semblante irritado, perguntou:
— Aconteceu alguma coisa?
Ele olhou para trás, verificando se não havia ninguém.
— Aqui não é um bom lugar para falar. Me siga.
— Ok.
Após ser rejeitada mais uma vez por Jonas, Matilda vestiu um roupão preto sobre a roupa erótica e seguiu até a sala de Akli.
Caminhando pelos corredores visivelmente estressada, ela chegou rapidamente à porta. Thranct! e a abriu com brutalidade.
Akli se assustou e imediatamente abaixou a cabeça ao vê-la se aproximar, tremendo de medo.
— Você me disse que nenhum homem iria resistir a mim com essa roupa, MAS JONAS ME NEGOU! — ela gritou, avançando em direção a Akli.
— M-me desculpe, majes...
Pá!
Akli caiu no chão, e Matilda criou uma adaga de sangue rosa, posicionando-a no pescoço dela.
— Faça uma roupa nova, e é melhor que ele não resista a mim novamente. Caso contrário, eu vou matar você, sua aranha nojenta!
— S-sim, majestade, me perdoe, por favor...
— Ptu!
Cuspiu no rosto de Akli e se levantou, indo embora.
Akli, arrasada no chão, começou a chorar de medo.
"Não sei quantos dias de vida eu tenho mais..." Em meio às lágrimas e tomada pelo pavor, nem conseguiu se levantar.
Jonas e Nathaly saíram do palácio e foram até a fonte de água cercada pelo jardim principal na entrada.
— Estou exausto. Há mais de 20 anos ela sempre me importunou com insinuações, mas agora algo aconteceu com a rainha. Ela não se preocupa mais em esconder seu interesse por mim.
— O que ela tá fazendo?
— Ela quase sempre me ordena que vá até seu quarto, onde tenta me seduzir. Isso começou depois de uma reunião que o rei fez com o general do exército e os principais oficiais do reino.
— O que disseram nessa reunião?
— Disseram que conseguiram um tratado de paz com os primordiais. Mas não explicaram nada, só mencionaram isso.
— Tratado de paz? Mas então por que teve um ataque ontem?
— Ontem? — Jonas a olhou de forma estranha. — Nathaly... Já faz muito tempo que fomos atacados.
— O quê?! — ela se assustou. — Que merda cê tá falando?!
— Faz pelo menos uns 30 dias desde que nos vimos no banquete. Pensei que você tinha saído de Alberg e esquecido de conversar comigo sobre o que comentei.
Nathaly começou a se estressar.
"Que porra esse cara tá falando?" pensou, com os olhos arregalados, enquanto olhava para ele.
— Há algo estranho no palácio. Acredito que a rainha seja a culpada.
— As servas deste lugar conseguem se teletransportar? — ainda o encarando, Nathaly ficou visivelmente irritada.
— Humanos que podem usar magia só aprendem isso em uma escola de elite no reino de Dirpu, mas nunca vi alguém aprender teletransporte; todos que tentaram morreram no processo, provavelmente por fazerem algo errado, ou sei lá.
— As servas deste lugar se teletransportam.
— Servas? Do que você está falando?
— Das servas, porra. Elas sempre me impedem de chegar até a princesa.
— Não há servas neste palácio... Espera, não há servas? — Jonas se assustou ao lembrar. — As servas usam uniformes nas cores da bandeira de Alberg: azul-escuro, preto, dourado e branco... Qual era a cor das roupas dessas servas que você viu?
— Totalmente brancas.
— ...Eu nunca as vi, Nathaly.
Os olhos de Nathaly começaram a brilhar de raiva.
— Mas eu sim.
— O que você vai fazer?
— Recuperar meu tempo perdido.
— ...Sobre a sua pergunta, os ataques não têm nada a ver com os primordiais. O ataque não veio deles.
— De quem veio, então?
— Da Vampira Anciã do reino dos monstros.
[ — Vou levar seu cadáver para Lycoris saborear... ]
Nathaly se lembrou do morcego mencionando uma vampira.
— Entendi. "Vou matar essa desgraçada também."
— Aquilo que comentei sobre nem todos serem reais... realmente não tenho certeza, mas, olhando para a maioria das pessoas que andam nesse palácio, parece que não há vida em seus corpos. São vazias, estão mortas? Não sei dizer. Já passei por tanta coisa na minha vida que não duvidaria disso.
— A rainha é a sua principal suspeita?
— Sim. O comportamento dela, principalmente em relação ao rei, é muito estranho. Mesmo que ele esteja velho, não parece que ela está mais solta só porque ele já está para morrer, digamos assim. Não tem a ver com assumir o trono; tenho certeza de que está relacionado a esse tratado. Bom, preciso encontrar minha mulher. Se eu descobrir algo sobre esse tratado, aviso você. Até logo.
— Até.
Os dois se viraram, mas Jonas a chamou novamente:
— Ei! — ela se virou de volta. — Não passe muito tempo dentro do palácio. Alugue uma casa na cidade; dormir nesse lugar não está sendo seguro.
— Aham. Vou providenciar isso. — ele se virou para ir em direção à cidade, e ela se preparou para voltar ao palácio, completando sua fala em pensamento: "Mas preciso resolver uma coisinha antes."
Nathaly entrou no palácio e, assim que pisou no primeiro corredor, avistou a serva caminhando lentamente de um lado para o outro, do lado direito para o esquerdo, ao fundo. Rapidamente, a Hero se materializou em suas mãos, e ela avançou como um rastro de fogo em direção à serva.
No entanto, ao virar o corredor, a serva já havia desaparecido.
Mais adiante, Nathaly a avistou novamente, movendo-se de um lado para o outro.
Se aproximou, mas, assim que chegou mais perto, a serva desapareceu novamente. No entanto, desta vez, uma porta encontrava-se aberta no corredor.
Enquanto Nathaly a observava, percebeu que, além de sua espada, aquela porta era a única coisa que iluminava o escuro corredor.
Um braço coberto por luvas finas, feitas do mesmo tecido branco do vestido de empregada da serva, segurou a maçaneta e fechou a porta lentamente.
Nathaly nem percebeu que a porta estava invertida, abrindo-se para fora em vez de para dentro, como deveria.
Desta vez, caminhou lentamente até a frente da porta e percebeu que era seu próprio quarto. Ao abri-la, porém, notou que não era mais seu quarto; havia entrado em outra dimensão.
Ao atravessar a porta, deparou-se com um lugar completamente branco, e a porta atrás dela desapareceu.
Nathaly olhou para trás e sentiu seu corpo caindo para cima. No ar, girou e aterrissou de pé sobre uma torre de pedra que se formava. Muitas outras torres, surgindo em diferentes ângulos, começaram a crescer ao seu redor enquanto ela permanecia de cabeça para baixo.
A serva apareceu sobre uma dessas torres, de pé normalmente, no mesmo nível da cabeça de Nathaly. Olhou nos olhos de Nathaly e, em seguida, manteve um sorriso com os olhos fechados.
— Por que não me matou? Teve tempo de sobra.
— Minha mestra não permitiu... Digamos que você seja essencial para o plano dela.
"Minha mestra? Então ela não é um primordial?"
— Mas ela não gosta de desobediência... E não era para você estar acordada. — A serva abriu os olhos, e as torres de pedra começaram a sangrar na cor rosa. — Hora da sua sonequinha.
Brrarnmm!
As torres, agora rosa e sangrando intensamente, voaram em direção a Nathaly, prendendo-a de todos os lados.
BUMM!
No entanto, todas as torres foram cortadas em seguida por uma explosão dourada.
Entre os destroços das pedras rosas, a Hero voou em direção à serva.
PLOCH!
Não percebeu a tempo, e a espada penetrou sua barriga, deixando-a empalada e fazendo-a sangrar.
Nathaly avançou em direção, mas a serva sorriu para ela.
BAM!
No ar, novas torres surgiram e acertaram Nathaly, arremessando-a para o lado.
A serva que Nathaly havia matado era apenas uma das várias aparências que ela havia roubado; várias servas surgiram sobre diversas torres e começaram a enviar ainda mais torres para tentar prender Nathaly.
Desviando e desafiando a física, Nathaly correu pelas laterais das torres em todos os ângulos.
Logo desviou de uma que vinha por baixo e, com um salto, materializou novamente a Hero e desceu, SccrRRRSHKKrchh... deslizando pela torre e cortando-a ao meio.
Cr-r-rash!
Cortando todas as torres que vinham em sua direção, continuou a correr, subindo cada torre que ocupava uma serva, SHK-SHK-SHRUNCH! e matando uma a uma, com seus olhos brilhando cada vez mais em dourado.
"Minha vida não importa, eu só preciso ganhar tempo para orgulhar minha Deusa!" Uma das servas, com um sorriso no rosto, começou a soltar uma fumaça rosa por todo o lugar.
Nathaly, Cof-C-Caf-caf! começou a tossir e colocou a mão no nariz.
Aproveitando-se disso, a serva usou todas as cópias para atacar Nathaly, um grande erro que apenas a ajudou.
Nathaly, vendo o restante das servas vindo em sua direção, enfiou sua espada na torre à sua frente.
BRRUUUMMM!!
Uma explosão colossal dourada aconteceu; todas as cópias que avançaram foram mortas, e com o fogo sagrado, Nathaly mudou a dimensão completamente.
Todas as torres agora pegando fogo, com o sangue sagrado pingando como magma brilhante.
No mesmo instante em que tudo mudou, ela disparou com um salto em direção à última serva viva. Esta fingiu estar com medo, e Nathaly avançou.
PLOCH!
Enfiando sua espada no peito na direção do coração.
Com um sorriso, ignorando a dor, a serva disse, satisfeita:
— Bons sonhos... Heroína.
Com o impacto, a serva criou uma fina agulha envenenada e a enfiou no braço de Nathaly, causando um furo que ela não conseguiu desviar a tempo e nem perceber.
BUUMM!
Com uma explosão, Nathaly desintegrou a última serva e saiu da dimensão em chamas, voltando para seu quarto.
Cambaleando, Pha-crash-paft... e batendo nas paredes, muito tonta, Nathaly lutava para se manter de pé.
— Não. Não. Não, não. Aguenta. AGUENTA!
Como não havia nenhuma serva prendendo a Princesa Aurora, ela foi até o quarto de Nathaly para brincar, já que Nathaly havia prometido que brincaria com ela depois.
Com sua boneca, Aurora andou pelos corredores até chegar lá.
Toc, toc...
bateu no metal especial da porta, que ajudava o som a se propagar para o outro lado.
Nathaly, envenenada, abriu a porta, olhando para o sorriso de Aurora.
"Não posso preocupar ela." O sangue sagrado reagia ao veneno, mas não conseguia curá-la naquele momento.
— Vamos brincar de boneca! — Aurora exclamou, muito feliz, com um sorriso adorável.
Nathaly, tentando ao máximo se manter em pé, apoiou seus braços na porta.
— Princesa, estou muito cansada agora... — com um sorriso exausto e seus olhos começando a fechar, completou: — Vamos brincar amanhã, tá?
Aurora ficou triste.
— Mas você disse...
— Eu... Eu sei o que eu disse. Mas... Agora... Não... Dá...
CleckPah...
Fechou a porta e caiu no chão, desmaiada e suando muito.
Aurora não escutou, pois as portas eram bem grossas e isolavam bem o som; se não bater no metal especial ou gritar, ninguém ouve nada do outro lado.
Triste, se virou e começou a andar pelo palácio sozinha, com sua boneca.
— É só eu e você, Senhorita Pompom! — levantando a boneca, saiu rindo pelos corredores naquela noite escura, iluminada apenas pelas fracas luzes dos corredores.
Brincando de exploradora, Aurora acabou encontrando uma escada próxima à adega do palácio, que levava ao subsolo.
— Devemos descer, Sra. Pompom?...
Com sua voz, simulou a resposta da Sra. Pompom:
— Simm, Aurora.
— Ebaa!
Começou a descer a escada em caracol. No entanto, ouviu duas vozes: uma era de sua mãe e a outra ela não reconheceu. Descendo sem fazer barulho, chegou próxima a uma porta aberta e, espiando, viu sua mãe conversando com um homem alto de cabelo e olhos azuis, vestido com vestes longas, completamente azuis.
O local era repleto de caixas que continham ouro, joias, colares, pinturas, tecidos e várias carruagens diferentes. Um armazém onde eram armazenadas todas as compras por capricho da rainha: coisas que ela nem chegava a usar, apenas comprava por achar bonito e depois deixava ali.
— Já estou acabando de selecionar as crianças. Não se preocupe, você vai se divertir muito. — Matilda começou a se aproximar do Primordial Azul, desamarrando seu roupão, Fruush... e deixando-o cair no chão, revelando a roupa erótica que usou para tentar seduzir Jonas.
Deu alguns passos e começou a se agachar na frente dele.
Azul a segurou pelo pescoço e a ergueu, enforcando-a enquanto ela agonizava e lutava por ar.
— Rosa te ensinou a ser uma vadia barata, é? Apenas prepare as virgens. Se não cumprir o acordo, você já sabe o que vai acontecer.
Pharf...
Azul a soltou no chão, Cof!-c!-caf!... e Matilda tentou respirar enquanto tossia muito.
Aurora começou a ficar com medo, e isso era evidente em seus olhos.
— Nem adianta fugir do reino e deixar seu povo à escravidão. Sabe que a Rosa pode te controlar com o sangue dela, né?
Matilda, ainda no chão, com a mão no pescoço e sentindo dor, respondeu:
— São muitas crianças, mas eu consigo. Não se preocupe... — Ela abriu um sorriso estranho para Azul. — Se eu colocar minha filha entre as virgens para vocês abusarem, você iria gostar?
Aurora ouviu as palavras de sua mãe e, com medo, colocou a mão na boca para não fazer barulho. Logo se virou com os olhos cheios de lágrimas e saiu correndo de lá.
— Não me interessa quem eu leve. "Abusarem"? Acha que eu perderia meu tempo para isso? Só prepare esses brinquedos. Já não basta eu ter que levá-los em uma jaula... Essa sua raça nojenta não aguenta teletransporte.
Matilda abaixou a cabeça.
— Sim, senhor. Estará tudo pronto. Só mais alguns dias e encontrarei o restante das crianças.
Se curvou com a cabeça baixa no chão.
— Ptu!
Azul cuspiu à sua frente.
— Lamba.
Matilda levantou um pouco o rosto e olhou para ele. Azul a observava com desdém, como se estivesse olhando para um inseto, Slick-lick... enquanto ela lambia o cuspe dele do chão. Azul continuou a encará-la com nojo e desprezo.
Em seguida, um círculo mágico, traçado com seu sangue azul, se formou no chão, e oito símbolos se conectaram. Com isso, ele se teletransportou de lá.
O olhar de Matilda mostrava sua raiva pela humilhação, mas ela não se importava, pois agora ela tinha poder em seu corpo, mesmo que não fosse dela.
Aurora saiu correndo pelo palácio, sem que ninguém a impedisse. Passou pela porta principal e correu para as ruas. Uma noite muito escura, com poucos pontos iluminados por postes com lamparinas, e na rua não havia nenhuma pessoa.
Olhando ao redor, seu medo aumentou até que avistou uma carroça bem iluminada, adornada com várias lamparinas brilhantes, em uma rua da área nobre, ao lado de uma casa de dois andares.
Correndo até lá, entrou na carroça e se escondeu atrás de caixas no fundo. Abraçada à Sra. Pompom, com o rostinho demonstrando seu medo, Aurora acabou pegando no sono enquanto a madrugada se aproximava.
Um homem despediu-se de sua família — uma jovem moça e seus dois filhos — na porta de casa. Subiu no cavalo que puxaria a carroça e iniciou sua jornada para vender tecidos nas vilas próximas ao reino.
Ao passar pela rua, chegou finalmente aos portões da muralha.
Dois soldados liberaram a passagem, e ele, gentilmente, agradeceu, tirando o chapéu enquanto atravessava a ponte e pegava a estrada.
No dia seguinte, Nathaly acordou com um barulho, zonza.
Toc, toc, toc...
— Grande heroína?!
BOOMM!
A voz sussurrou nos ouvidos de Nathaly, que se levantou instantaneamente, socando a porta, que se despedaçou ao impacto.
Agarrou a serva pelo pescoço, apertando com força até perceber:
"Roupa: azul-escuro, branco, dourado e preto?" Pah... soltou a serva imediatamente.
Ela se machucou um pouco ao cair, Cuf-caf... tossindo.
— M-me desculpa... Não sei o que deu em mim... — disse, com um semblante de culpa.
— Não se preocupe, Heroína. Por favor, vá até o salão...
Nathaly ajudou a serva a se levantar.
— O que aconteceu?
— A princesa... Ela sumiu.
— O quê?! Ela não está na cidade ou algo assim?
— Ela não tem permissão para sair do palácio. Apenas pode ir acompanhada.
— Entendi. "Aurora, onde você foi?"
— Por favor... Encontre-a e traga-a de volta ao palácio. Estamos muito preocupadas. — Uma lágrima se formou nos olhos da serva, que passou a luva para secar.
"Sentimentos reais? A serva do capeta realmente morreu então?"
Uma segunda serva se aproximou de Nathaly.
— Grande heroína! — disse, com um semblante sério e maduro.
— Diga.
— O rei solicita sua presença — informou, mantendo a cabeça baixa.
— Sim. Estava indo lá nesse exato momento.
— Obrigada. Com sua licença. — A serva se virou e saiu.
Nathaly então se dirigiu ao salão principal.
"Se eu tivesse tomado mais cuidado, teria brincado com ela, e nada disso teria acontecido. Que merda!"