Volume 2
Capítulo 22: Uniformizada
Há 26 dias, um jovem de cabelos verdes, pele clara e olhos pretos andava em sua casa, localizada em uma pequena vila de aparência meio sóbria.
Embora houvesse muitos demônios por lá, as casas eram mal cuidadas por fora, e nem mesmo os demônios gostavam de sair.
Essa era a vila que ficava próxima à escola do Primordial Verde.
Enquanto o jovem preparava seu uniforme escolar, sentiu uma sensação de prazer, como se estivesse protegido.
Subitamente, uma voz sussurrou em sua mente: "Venha servir sua imperatriz."
Embora não ouvisse os sussurros claramente, ele obedeceu e saiu de casa.
Ao olhar para o céu, avistou Nina, que caía em queda livre a certa distância da vila. Ao perceber que seus cabelos eram pretos, ele correu para segurá-la.
Desacordada, enquanto caía, o corpo de Nina começou a se regenerar completamente ao entrar em contato com o mundo de origem do seu poder. Não só seu poder aumentou, como também o de Nino, agora que não havia mais limitações em relação ao outro mundo.
Paff...
O jovem chegou a tempo de segurar Nina em seus braços. Huff-ff... Levemente ofegante pela corrida, olhou para baixo e viu que a roupa dela estava rasgada, revelando parte da pele na região dos seios e abdômen.
Desviando o olhar, a levou para a casa.
A colocou deitada em sua cama e a cobriu com um cobertor. Como ainda era tarde, foi até a cozinha preparar algo para comer.
Enquanto preparava uma sopa, Nina acordou.
Ao despertar, abriu os olhos lentamente e, ao se sentar na cama, observou ao redor, um lugar que nunca havia visto antes.
O jovem terminou de preparar a sopa e, ao ouvir sons vindos do quarto, trouxe um pouco para ela também. Assim que entrou no quarto, Nina lançou um olhar intenso para ele.
Creckshh!
Antes que pudesse pensar em dizer qualquer coisa, a sopa já se encontrava derramada no chão, e uma espada de sangue preto encostava em seu pescoço, cortando-o levemente enquanto o pressionava contra a parede.
Embora ele fosse mais alto que ela, isso pouco importava. Assustado, o jovem apenas olhava para os olhos de Nina, que deixavam claro seu desejo de matá-lo.
— Quem é você e que porra de lugar é esse? — perguntou, com a voz fria.
O jovem, tremendo e sentindo o corte no pescoço aumentar a cada segundo, tentou acalmá-la:
— Calma... Calma, você caiu do céu. Eu só a trouxe para dentro e a coloquei para descansar na cama. Não sei o que você quer, mas aqui é uma vila no sul da capital real, Alberg. Se quiser ir até lá, em uns sete dias, você chega de carroça... — disse, tentando não mover muito a boca, enquanto Nina o encarava intensamente, sem piscar.
— Capital real? Você sabe o que é o Brasil?
— O que é isso?
— Fomos... Teletransportados para outro mundo...? "Casa estranha... Outro mundo ou é um lugar pobre do planeta?" pensou ela, abaixando rapidamente a cabeça.
— Como assim? Desculpa a pergunta, mas... como você está viva? Essa sua es...
— Por que eu não estaria viva?! — Nina se irritou, Shrrr... pressionando ainda mais a espada contra ele.
— Calma... É que essa sua espada... Você é descendente do Primordial Preto, certo?
— Eu sou o Primordial. Blacko morreu.
— Como?!
— Ele e meu pai. Ele morreu no dia em que eu nasci, e eu herdei o poder.
— Espera. Você disse que foi teletransportada? Então ele foi mandado para o seu mundo?
— Exato. "Ele sabe quem é meu pai?" — Me fale tudo o que sabe sobre ele.
— Mas eu não se...
Nina empurrou a espada um pouco mais, Shrrrk... penetrando ainda mais o pescoço dele. Desesperado, ele levantou a cabeça, tentando se salvar.
— Quando ele foi expulso deste mundo, sua linhagem foi completamente exterminada. Eu achei que era o último vivo, mas agora que você está aqui, vejo que não!
— Seu cabelo é verde.
— É tinta!
— ...
— ...
— ...
— ...Você se teletransportou?
— Não. Foi um cara lá do mundo.
— Ele deve ser bem forte, isso é uma magia bem difícil.
— Na real, ele era bem fraco.
— Entendo...
— Mora sozinho?
— Não. Meus pais viajaram para Dirpu para vender melancia, se não estragar no caminho, né? É bem longe. Mas também levaram sementes para vender lá.
— Entendi. Bom, eu preciso de ajuda para encontrar meu irmão. Tem alguma ideia de como me ajudar?
— Eeeeeh, claro. Mas poderia tirar essa espada do meu pescoço? É meio desconfortável.
— Ah, tranquilo. — Nina ficou tão distraída na conversa que nem lembrava da espada.
Desfez a espada, e o jovem colocou a mão no pescoço, vendo seu sangue preto escorrer levemente. Pegou um pano e fez um curativo improvisado.
— Hã? Não é só se regenerar?
— ...Só primordiais podem fazer isso.
— Ah.
— ...Está com fome? — Nina olhou para o chão, e ele continuou: — Obviamente, não é a sopa derramada no chão. Tem mais na cozinha.
— Ah, tranquilo.
A casa era pequena e, ao sair do quarto, já estavam na cozinha. Nina se sentou à mesa e o garoto serviu sopa para ela.
— Você quer encontrar seu irmão? Como ele é? — perguntou, sentando-se após servi-la.
— Igual a mim, mas uns três centímetros mais alto e com uma cara de cu.
O garoto riu.
— Mas você também está com uma cara de cu. — Continuou rindo, mas ao perceber o olhar de Nina, parou e ficou quieto. — ...Qual é seu nome?
— Nina.
— Oh, meu nome é Minty. Então, Nina, tem algo que você pode fazer.
— Fala.
— Vou voltar à escola amanhã, e foi anunciado o vigésimo segundo torneio de esgrima e magia da escola. Quem vence geralmente recebe benefícios diretamente do Primordial Verde. Se você participar e ganhar, talvez seu irmão, em algum lugar, escute as notícias. Mas você não pode usar seu sangue, senão descobrirão que você é o novo Primordial Preto e virão atrás de você.
— Mas por que eles iriam querer me matar?
— Quando seu pai foi expulso, aparentemente ele havia traído os outros primordiais, e por isso começou o massacre dos nossos descendentes.
"Meu pai trairia eles por quê?" — Entendi. Sua ideia é interessante, mas o torneio só começa amanhã?
— Não. Amanhã começam as aulas. O torneio é daqui a 26 dias, eu acho.
— Você quer que eu fique esperando 26 dias? — Nina o encarou seriamente.
— O que sugere fazer? O mundo é imenso; vai sair gritando de vila em vila, reino em reino, o nome do seu irmão?
Nina o encarou com uma expressão séria.
— Não estou gostando desse seu tom.
— Me desculpa, por favor. — Abaixou a cabeça.
— Não tem nada para fazer aqui? O torneio é só amanhã de qualquer forma.
— Espera. Você quer entrar na escola?
— Óbvio. Achou que eu ia fazer o quê?
— É possível se inscrever sem ser aluno, e você ainda tem que conseguir pintar o cabe...
Nina mudou a cor de seu cabelo para verde.
— Isso é tranquilo. O uniforme eu vejo na hora.
— C-como você fez isso?
— Hã? Por que pintou o cabelo? É só usar o sangue.
— ...Não é assim. Nunca vi alguém fazer isso. Demônios conseguem manipular seu sangue, mas é muito pouco. Eu só consigo fazer isso.
Minty criou garras de sangue nos dedos; eram pequenas, mas muito afiadas.
— Só consegue fazer isso?
Ele abaixou um pouco a cabeça e respondeu em um murmúrio:
— Uhum. Só primordiais devem conseguir manipular todo o seu sangue.
Nina o olhou com um olhar desinteressado, cogitando se deixá-lo vivo poderia ser útil ou não.
— Ah... Então, eeeh... Vamos treinar?
— Hã?
— Um teste. Quero ver como você se sai.
— Moleque, se eu quiser te matar, eu te mato a hora que eu quiser.
Ele começou a chorar de medo.
— Eu sei, já entendi. Não precisa me ameaçar toda hora... — Deu uma risadinha falsa, com os olhos cheios de lágrimas.
Nina o encarou.
— É que talvez você não saiba algo, aqui é outro mundo, não é igual ao seu. Eu acho.
— Com certeza não. — Se levantou e tirou seu coldre de perna com sua pistola, colocando-a na mesa. — Vamos então.
Nina começou a andar em direção à porta.
Minty, curioso, pegou a pistola sem saber o que era e a tirou do coldre, apertando sem querer o gatilho destravado; POW! Nina se virou assustada, tirou a pistola da mão dele com extrema irritação.
CRASH!
E a esmagou, deixando os restos no chão.
— Mexe em algo meu de novo e eu te mato — disse com um olhar sério.
Ele engoliu em seco.
"Acho que não sobrevivo até amanhã..."
Nina, com o cabelo verde, saiu da casa de Minty.
Os moradores já eram assustados e, após o disparo, a situação piorou. Não se podia ver nem uma fresta de janela ou porta, apenas janelas bloqueadas por móveis internos.
Minty saiu e fechou a porta.
— O que tem de errado com esse lugar?
— Fala mais baixo. Quando estivermos fora daqui, eu explico — respondeu, cochichando.
Saindo da vila, eles caminharam até um lugar próximo à Floresta do Desespero, a poucos quilômetros de onde Nino caminhava perdido.
Depois de alguns minutos, chegaram ao local onde Minty gostava de passar o tempo desde criança.
Nina olhou para o lugar, que era apenas uma parede de folhas. Ela virou o rosto para ele, que estampava um sorriso. Sem dizer nada, Frushch... bateu de cara com a folhagem e a atravessou. Frushch... Nina fez o mesmo e entraram no cantinho que Minty considerava seu.
Era uma área circular, com muitas árvores, raízes e folhas cobrindo todas as direções, e, no centro, uma grande árvore sobre uma parte do rio que cruzava o local. As raízes dessa árvore se moldavam como uma ponte, e Minty gostava de ficar sentado ali, já que as raízes pareciam um assento para aproveitar a vista, o frescor da água e a sombra da grande árvore.
Minty foi andando até o local, e Nina observou ao redor. Era um lugar bonito, mas ela não demonstrou nada, apenas se aproximou dele e se sentou em uma parte da raiz que se estendia sobre o rio.
— É bo...
— Eles acreditam nesse cabelo pintado seu?
— ...Sim.
Nina o encarou desanimada.
— Seu olho é preto.
— Sim, mas isso não importa. O que importa é o cabelo. A cor do cabelo é a mesma do sangue do demônio. A tinta também é de boa qualidade, fácil de retocar e sem cheiro, então eu passo despercebido. A cor do olho é mais para identificar se o demônio é puro-sangue ou não. Se a cor do cabelo e a cor do olho forem iguais, o demônio é puro, o que significa que seus pais eram da mesma linhagem. No meu caso, meu cabelo e meu olho são pretos, então meus pais eram demônios da linhagem preta.
— Eles não deveriam estar mortos?
— Estão. Eu sou adotado por dois demônios verdes. Meus pais biológicos foram mortos quando eu era um recém-nascido, mas meus novos pais, que eram amigos deles, prometeram fazer tudo para me manter vivo, e graças a eles, estou aqui.
— Quantos anos você tem?
— 20.
— E ainda tá na escola?
— ...Não sei muito o que fazer da vida. Aqui é seguro, tem comida e um lugar para morar.
— Ah... Fala da vila aí.
Minty desviou um pouco o olhar para a água que passava.
— Aquela vila já foi diferente. Era animada, cheia de vida. Mas, a cada dia que passa, aqueles demônios ficam mais assustados e se isolam do mundo.
— Hã?
— Os primordiais são todos covardes. Não acredito nessa história de que o Preto os traiu; eu acho que foi o contrário, pelas atitudes deles, machucando suas próprias descendências.
— Machucando?
— Quase todos os moradores estão lá porque sofreram alguma coisa causada por eles. E cada vez mais chegam novos demônios com passados horríveis. Ali é seguro porque é território do Verde, mas ele não trata bem os humanos, apenas tolera os demônios.
— E por que humanos viriam até uma cidade de demônios?
— Tráfico. Demônios ricos compram humanos, humanos ricos compram demônios. Infelizmente, isso é comum.
— Esse papo tá deixando um ar triste. Muda o disco aí.
"Disco...? Mudar o assunto?" — Hm... Tá. Deixa eu ver. Consegue me dizer quantos animais tem aqui perto?
— Como eu saberia disso?
— Você não sabe detecção de presença?
— Não. Pra que serve isso?
— Detectar presença, ué. — Ele a olhou sério, tentando não rir, e ela o encarou.
— Você não tem amor à vida, né?
— Hehe... Mas já que você não sabe, vou te ensinar. — Ele se levantou e pegou umas folhas largas de uma planta. — Vou colocar isso nos seus olhos.
— Pra quê?
— Vou te ensinar a usar, mas você precisa fazer isso sem ver nada. Aprende mais rápido assim; talvez leve uns dias só.
Ele tampou os olhos dela, tentando não olhar para os rasgos em sua roupa.
— Vou te atacar, tá? Tente sentir minha presença quando usar a detecção. Isso, pelo que entendi, varia de pessoa para pessoa, mas vou ensinar como eu aprendi, tá?
— Fala logo — respondeu de forma seca.
— Imagine um lugar vazio em sua mente, concentre toda a sua magia em um único ponto e diga "detecção". Se você sentir a presença de vida e conseguir saber onde estou, você conseguiu.
— Uhum.
— Vou contar até 10 em minha mente e vou te atacar.
Nina, concentrando sua magia em um ponto, disse em sua mente: — "'Detecção'" — mas uma voz sussurrou em sua mente. Ela não entendeu completamente, mas por instinto, disse: — "'Atômica'" — Assim que pronunciou "detecção", mesmo com os olhos tampados e tudo escuro, ela viu pontos vermelhos de vida atrás das folhas.
Quando disse "atômica", além dos pontos vermelhos mapeados em sua mente, indicando a posição em tempo real dos seres vivos ao redor, a geografia do lugar também foi mapeada com pontos brancos.
Ela conseguia ver árvores, chão, água, animais escondidos em tocas. TUDO.
Minty terminou a contagem e correu em silêncio para acertá-la com um soco na barriga, mas Nina via, sentia e escutava tudo o que acontecia em um raio de 200 metros.
Quando ele avançou em sua direção, ela segurou o soco.
B-...
Minty se desesperou de medo ao ver que Nina preparava para um contra-ataque com um chute. Era como se estivesse escrito "Você morreu".
BAAM!
Ela o chutou na barriga, arremessando-o contra duas árvores, PAAFF! fazendo com que suas costas batessem nelas.
Pahff...
Minty caiu destruído no chão.
Ainda com as folhas sobre os olhos, foi até ele...
— Caff-coff... — tossia com dificuldade para respirar. — Não precisava tentar me matar. "Eu estou realmente vivo?!"
— Ah, foi mal. Achei que fosse um treino de luta. Gostei desse negócio. Bem útil.
Minty ainda tossia muito no chão.
— Consegue se levantar?
— Acho que vou ficar deitado aqui por um tempo.
— Preguiçoso. — Nina tirou as folhas do rosto e o carregou nas costas até em casa.
Ao chegar, Nina o colocou na cama e foi para a cozinha.
Olhando os potes e panelas fechadas, não havia muita coisa, apenas alguns vegetais estranhos que ela nunca tinha visto antes.
— Negócio esquisito — foi até o quarto de Minty. — Isso aqui é comestível?
— O que você está fazendo?
— Tentando fazer comida. É comestível ou não? — Olhou para aquela coisa estranha.
Minty se levantou com a mão na barriga.
— Deixa que eu faço — disse com dificuldade.
Indo para a cozinha, ele pegou alguns ingredientes e começou a cozinhar. Nina o ajudou cortando os legumes, enquanto ele temperava a sopa.
No final, a sopa ficou uma delícia, mesmo sem carne; o tempero que a mãe de Minty havia deixado para ele era muito bom.
A noite chegou, e Nina ficou no quarto dos pais de Minty, enquanto ele permaneceu no dele.
Paff... Se deitou na cama e percebeu cortes em sua roupa. Nina olhou e, ficando nua, criou novas roupas com seu sangue. Olhou para a roupa antiga e a queimou em chamas escuras.
— Fiquei com isso o dia inteiro.
Ansiosa, olhou para o teto e esticou seu braço para cima, fechando a mão enquanto olhava para ela.
— Nino... Onde você está?
Quando o sol começou a iluminar os quartos pelas janelas na manhã seguinte, Minty acordou bem cedo e foi esquentar a sopa para o café da manhã. Vestiu seu uniforme para voltar à escola e, depois de comerem, eles saíram.
Assim como no Brasil não é comum usar meia-calça, neste mundo também não é. Apenas humanos das famílias de elite de cada reino e empregadas dos Palácios Reais têm esse direito, mas como essa escola é de um Primordial, ele faz como desejar.
As garotas eram obrigadas a usar saia de pragas, meia-calça, uma blusa e um blazer. Os garotos usavam calça, uma blusa e um blazer. A ordem das cores não importava, mas só eram permitidos branco, tons de verde e tons de marrom com os detalhas da escola sendo em ouro.
Alguns alunos moravam na escola mesmo durante as férias por terem comida e por ser mais seguro do que viver fora das muralhas de algum reino. Já outros, como Minty, estavam voltando para lá.
No caminho, Nina viu uma garota usando meia-calça em um tom de marrom muito escuro até a coxa, saia e blusa verde em um tom muito escuro, com um blazer branco e detalhes da escola em ouro.
Ela copiou o visual, alterando sua roupa de sangue e continuou andando ao lado de Minty.
"Primordiais são bizarros..." pensou Minty, admirando a Imperatriz de sua linhagem, mesmo com o cabelo verde e não aquele preto absoluto.
Nina não quis mudar seus olhos, ainda eram roxos como os da mãe dela.
Após entrarem junto com os outros alunos e passarem pela estatua e as escadas de ouro, as portas se fecharam.
Havia alguns corredores, como o que levava até a arena. Todos faziam parecer que estavam dentro de uma floresta ou, no caso, de uma árvore gigante. Tudo era decorado dessa forma, com uma rica vegetação, até mesmo em estátuas de armas, armaduras, joias e escrituras exaltando o Primordial Verde.
Passando por um corredor, chegaram a um mural com os nomes dos alunos e as respectivas salas.
Enquanto Minty procurava seu nome, dois amigos se aproximaram: o primeiro era um garoto alto igual Minty, com cabelo amarelo-claro e olhos completamente amarelo-claros, sua pele era bem clara.
A outra era uma menina com cabelos brancos e olhos brancos misturados com rosa-claro, sua pele acompanhava a cor dos cabelos e olhos, bem clarinha.
Era mais baixa que Nina e assim que ela viu Minty ao lado de uma garota, ficou um pouco incomodada, mas não demonstrou nada.
Chegaram mais perto.
— E aí, Minty! — Tap! garoto fez um toque de mão com ele.
— Opa, Jaan, tá tranquilo?
— Mais ou menos.
Ele olhou mais atrás de Jaan e viu a garota.
— Bom dia, Clarah.
— Bom dia, Minty... — respondeu, fazendo um aceno de mão.
— Quem é essa garota? — perguntou Jaan.
Minty, sem saber o que responder, inventou uma mentira na hora:
— O nome dela é Nina. Ela é uma amiga de infância que foi morar em uma vila longe, voltou esses dias e se matriculou aqui.
"Esse cara não sabe inventar uma mentira."
— É sério? Que legal!
"Nem fodendo." Nina, desacreditada que a mentira tinha dado certo, ficou com um sorriso falso no rosto.
— Ficamos na mesma sala esse ano.
— Sim, eu vi ali. Vai sentar no fundo de novo?
— Se vocês estudarem mais ao invés de conversar a aula inteira, eu topo.
— Você é muito certinha.
— Se você é muito burro, a culpa não é minha.
— EU NÃO SOU BURRO!
— Só pessoas burras tentam provar que não são burras.
— Você que é burra.
Nina e Minty permaneceram encarando os dois.
— Como deu para ver, ele é burrão e ela é uma amiga muito próxima minha — Clarah ouviu e ficou feliz, mesmo sem demonstrar — seis vezes mais inteligente que eu e o Jaan juntos.
— Como se fosse difícil ser mais inteligente que você.
— Vai me humilhar também?
— Você já se humilha sozinho. — Minty chorou com as palavras de Nina, e Clarah e Jaan riram dele.
— Mas em que sala você está, Nina?
"Para de fazer perguntas, desgraça!" — Estou na mesma sala que vocês.
— Não vi seu nome na lista.
Nina, com um sorriso no rosto e os olhos fechados, respondeu:
"Moleque do caralho!" — Entrei hoje, ainda não atualizaram as coisas. Hihi.
— Entendi. Vamos pra aula então, já deve estar para começar.
Os quatro foram para a aula, mas não houve a primeira aula; o período inicial foi dedicado para os alunos se enturmar e para a apresentação da professora Rose.
Ela era diferente: seus cabelos eram de duas cores, quase inteiramente verdes com muitas mechas rosas, e seus olhos eram marrons com um toque de verde. Sua pele era clara e suas roupas eram semelhantes às das outras mulheres que trabalhavam na escola, um vestido verde-escuro, bem elegante, que cobria toda a perna.
Ela se apresentou rapidamente, sem exigir muita atenção, pois era uma aula vaga e ela sabia disso. Depois que Rose saiu da sala, Nina e os outros ficaram no fundo conversando sobre assuntos variados.
No segundo horário, a professora Rose voltou para a sala e começou a explicar sobre cada tipo de magia.
Sendo descendente mista das linhagens rosa e verde, ela demonstrou um exemplo de mesclagem de poderes: criou raízes e adicionou o poder do sangue rosa, que produziu um aroma agradável e fez lindas flores desabrocharem nas raízes que ela criou.
— Demônios mestiços como eu, que possuem dois tipos de sangue, têm mais facilidade em mesclar magias.
— Apenas quem possui dois tipos de sangue pode? — perguntou Clarah.
— Não. Só é mais fácil. Vocês também podem aprender outras magias que não são da sua descendência. Por exemplo: água — criou uma bola de água em sua mão e, enquanto movia a mão, a água deixou um rastro no ar — fogo — Clap! bateu uma palma na água e, ao separar as mãos, criou fogo — todas as magias são possíveis de aprender, só é necessário tempo de estudo.
— E magia escura? — Todos olharam para trás, em direção a Nina.
"O que você tá fazendo, maluca?" Minty olhou para ela com os olhos bem abertos.
— Não entendi, jovem. Pode repetir?
— Magia escura. Tem como aprender?
— Isso... Isso é proibido. O uso dessa magia pode... levar à morte.
"Mente mais que tá pouco." — Entendi. Obrigada por tirar minha dúvida. — Nina deu um sorriso em resposta.
— Claro, sem problemas, mas... por que o interesse?
— Sei várias magias, mas não consegui encontrar estudos sobre magia escura. "Aceite essa desculpinha aí. Namoralzinha."
— Sabe várias? Teria como mostrar algu...
Nina apareceu atrás da professora.
— Como qual?
Rose se virou lentamente e olhou para Nina.
"O quê?"
A sala ficou em silêncio, olhando para a cena.
"Não consegue ficar quieta, não, garota!" pensou Minty, já quase ficando careca de preocupação.
— Qual magia você quer ver?
— Nã-não é mais necessário. Pode voltar ao seu lu... — Nina desapareceu e apareceu sentada em sua cadeira no fundo da sala com seus colegas, apoiando a cabeça na mesa e com uma expressão entediada.
"Preguiça de escutar mais blá-blá-blá de magia fraca."
A turma percebeu que ela tinha desaparecido e olhou para trás. Quando todos a viram, Ding... dong... o sino mágico tocou, anunciando o segundo intervalo, e todos se levantaram. A professora, confusa e ainda assustada, olhou para Nina e saiu da sala junto com os alunos.
— Gente, vocês poderiam me esperar no refeitório?
— Não vai vir junto não?
— Preciso falar algo com a Nina...
— Aah... Entendi. — Jaan e Clarah saíram na frente.
"O que ele quer falar com ela?" Clarah, cheia de dúvidas, pensou.
Ela percebeu que Minty olhava de uma forma diferente para Nina, o que a deixava insegura.
A sala ficou vazia.
— Você é retardada? — Minty cochichou gritando, gesticulando com as mãos, olhando para Nina, que permanecia com uma expressão despreocupada e um pedaço da língua no canto da boca, zoando com ele.
Ele ficou sério.
— Tô zoando... Ah... Que fome, vamos comer logo! — Rrrromm! Nina colocou a mão na barriga, que roncou, e olhou para o teto com a boca aberta.
— Para de chamar tanto a atenção das pessoas.
— Tá, tá, chatão. Vamo logo.
Indo para o refeitório, deram de cara com uma mulher, a principal administradora da escola.
Seus cabelos e olhos eram inteiramente rosas. Sua pele era clara, e ela era bem mais baixa que Nina, além de ser bastante gorda, parecendo um barril amassado. Assim como Rose, ela usava um vestido verde escuro.
"Não é possível." Minty, nervoso, começou a suar frio.
— Garota, você é nova aqui?
— Sou.
"Respondeu a verdade ainda?!" Ele tentou manter uma expressão normal.
— Não lembro de ter aceitado sua matrícula. Poderia me seguir até minha sala?
— Claro! — Nina deu um sorriso e a seguiu até sua sala.
A administradora entrou em sua sala, que ficava no mesmo corredor, e Nina a acompanhou.
Enquanto estavam lá dentro, Minty, do lado de fora, sentou no chão com a alma quase saindo de seu corpo de tanta preocupação.
No refeitório, Clarah ficava olhando para a entrada principal, mas os dois não apareciam.
Com sua mente trabalhando contra ela, imaginou os dois se beijando e sacudiu a cabeça rapidamente em resposta.
"Não. Não. Óbvio que não."
Jaan olhou para ela.
— Será que estão se pegando no chão da sala uma hora dessas?
— OE! OE! — Ela olhou para Jaan com um olhar ameaçador.
— Foi mal...!
Jaan olhou para a comida dela e pegou um pouco.
— Já que não vai comer, eu como! Nhami! — e comeu.
Ela se irritou.
— Vou quebrar tua cara! — Clarah pulou nele, o enforcando — Não roube minha comida!
Os alunos ao redor começaram a gritar.
— Briga! Briga! Briga!
— 90 moedas de bronze na doidinha de cabelo branco, hein. Quem dá mais?
Nina saiu da sala da administradora andando normalmente, mas com um rosto abatido.
Minty ainda permanecia desmaiado no chão e Nina viu a alma saindo pela boca.
— Hã?
Ele escutou, Cshuuuuu... engoliu a alma, e se levantou.
— O-o que aconteceu?
[ — Por que está fingindo estudar aqui?
— Queria muito entrar nessa escola, mas como as aulas já voltaram, fiquei com medo de não me aceitarem... "Acredite, por favor." Nina fez um rosto fofo, com seus olhos arregalados.
"Ain, que fofinha!" — Não se preocupe, mocinha, vou fazer sua inscrição. — A administradora abriu um sorriso e entregou uma ficha para Nina.
Depois de preencher a idade e algumas informações, Nina finalmente foi liberada para sair.
Antes de sair, fez um coração com as mãos, uma pose fofa, Mwah! e mandou um beijinho para a administradora, PÁHF! que caiu para trás, encantada com a fofura.
"Que otária." ]
— Fui expulsa — respondeu com uma expressão séria e triste.
Pah...
Minty caiu de joelhos, e sua alma começou a sair novamente.
— Tô zoando. Me deram uma matrícula e agora posso ficar tranquila.
Cshuuuu... respirou aliviado e sua alma voltou para dentro.
— SÉRIO?! Pensei que tivessem descob...
Nina colocou um dedo nos lábios dele, Pha... o empurrando e pressionando contra a parede.
— Shhh. Para de gritar, ainda mais isso.
Rrrromm!
Seu estômago roncou e ela tirou o dedo dos lábios dele.
— Aah... Que fome, vamos comer logo. Onde é o refeitório desse lugar?
— O-o quê? — Minty não escutou direito, se perdeu na beleza dela quando Nina colocou o dedo nos lábios dele.
— Tá surdo? Tô com fome, vamos lo...
Ding... dong...
— Aaaaaah, que merda! — colocou as mãos nos ombros de Minty e o sacudiu. — Estou com fome!
Ele, depois de ser balançado até ficar tonto, respondeu tentando fazê-la parar:
— Calma. Deve ter sobrado algo no refeitório.
Chegando lá, a moça permitiu que eles pegassem uma fruta e os mandou embora.
Nina ficou olhando para a fruta com nojo, mas a comeu mesmo assim.
"Aparência horrível, mas não é tão ruim."
Voltando para a sala, chegaram atrasados e os alunos começaram a cochichar sobre os dois chegarem juntos, o que fez Clarah alimentar ainda mais sua insegurança.
Ela gostava de Minty desde criança, mas nunca disse isso a ele.
Após as aulas, já era bem tarde e à noite caía.
Nina se dirigia até os dormitórios femininos que Minty lhe indicou quando Clarah a chamou:
— Nina?
— Oi, Clarah — respondeu com o corpo meio de lado, olhando para trás.
— Você já tem parceira de quarto?
— Não tenho não. Nem sabia que tinha isso.
— Eu não tenho uma dupla, quer ficar no mesmo quarto?
— Pode ser. — Nina abriu um sorriso.
Chegando no quarto, Nina arrumou sua cama e se deitou.
Era pequeno, com uma cama de solteiro em cada lado, um pequeno criado-mudo ao lado com um abajur diferente feito de metal simulando uma planta. Entre os criados-mudos, havia uma janela. E como toda a escola, raízes e plantas eram intensamente presentes na decoração.
Depois de um tempo deitadas em suas camas, Clarah quebrou o silêncio:
— Nina... Você gosta do Minty?
Nina abriu os olhos.
"Sabia." — Não. Ele é só um amigo e eu já tenho namorada.
Clarah se sentou na cama, olhando para a dela.
— NAMORADA?!
Nina se sentou também, olhando para ela.
— Sim. Mas não sei onde ela está ou se está bem.
— Faz tempo que não a vê?
— Desde que vim para cá. — Nina deitou-se novamente, olhando para o teto.
— Entendi. Você vai se reencontrar com ela. Talvez em umas férias você possa viajar até onde ela mora.
— É... Talvez. Mas por que a pergunta se eu gosto do Minty? Você gosta dele?
— Sim. Desde que o encontrei na escola pela primeira vez e ele veio conversar comigo.
"Sem rodeio? Milagre isso." — Mas por que não diz a ele?
— Porque acho que ele não gosta de mim e me declarar pode ser ruim para a nossa amizade.
Nina se lembrou de Nino falando para ela contar a Nathaly.
"Sou uma hipócrita por falar isso e nem ter tido coragem para falar com a Nathaly." — Eu te entendo perfeitamente. Um dia você vai conseguir dizer a ele, e espero que ele aceite o seu pedido.
— Talvez sim... Mas ter ele como um amigo próximo está sendo o suficiente para mim.
— Eu não conseguiria ver a Nathaly com outra pessoa, seria doloroso para mim.
— Nathaly?
— Sim. Minha namorada se chama Nathaly.
— Entendi... Bem — ela abriu um leve sorriso descontraído —, é melhor pararmos com isso por hoje, né? Vamos ficar tristes à toa...
— Tem razão. — Nina e Clarah deram uma leve risada juntas.
Paff...
Clarah se deitou feliz por Nina não ter interesse em Minty e dormiu mais despreocupada. Já Nina ficou um tempo olhando para o teto, pensando em reencontrar seu amor e também seu estresse. Com Nino e Nathaly em mente, ela fechou os olhos, tentando dormir.
Enquanto toda a escola dormia, Rose andava nas salas subterrâneas.
Quando chegou à frente de seu quarto, viu que o Primordial Verde batia levemente na porta. Ao sentir a presença de Rose, ele se virou para encará-la.
Rose caminhou até ele, com a intenção de contar sobre o comportamento irregular de Nina.
— Pai, tem algo estranh...
O Primordial Verde ignorou sua filha, aproximou-se dela e colocou uma mão na cabeça, deslizando os dedos pelos cabelos. Ela abaixou a cabeça instantaneamente, e ele, com a mão direita, segurou o queixo e a levantou cuidadosamente, acariciando os lábios.
Ele, assim como todos os outros primordiais homens, é muito alto. Mesmo podendo alterar sua altura à vontade, todos mantinham um padrão de 2,10m. Já as mulheres, 1,90m, embora, dependendo da situação, preferissem diminuir bastante essa altura.
— Shh... Silêncio. Faz tempo que você não me visita. Era tão obediente quando era mais nova.
Rose começou a sentir medo — o efeito da droga estava passando, e ela começava a se lembrar aos poucos.
— Pai, por favo...
Ele tapou a boca dela com a mão, aproximando seu rosto do dela.
— Não deixei você falar nada. Não veio me dar um presente esta noite? O que veio fazer aqui além disso?
— Pai...
PÁ!
A marca da mão dele ficou na pele clara do rosto de Rose, Pah... que caiu no chão. Verde a segurou com força, Rarrrrsg! e rasgou todas as camadas de tecido do vestido dela.
— Pai, não, por favor, me escuta! — Uma porta se abriu e a administradora que havia dado a vaga para Nina entrou. — MÃE, SOCORRO!
A mãe de Rose, ao ver a cena, abriu um sorriso.
— Deixa eu participar disso, Verde? — Rose ficou paralisada, com uma expressão de medo, incapaz de reagir.
Ela permaneceu imóvel, ouvindo os sons de seu corpo sendo usado pelo seu pai e pela sua mãe.
Lágrimas surgiam em seus olhos, mas nenhum som de choro saia de sua boca; ela apenas esperava que o seu pai acabasse de estuprá-la mais uma vez. Tornou-se uma boneca sem vida, sem voz, sem expressão, sem esperança.
Depois de vários minutos, Verde terminou, mas não parou. Continuou tocando o corpo dela enquanto ela se sentia enojada e com vontade de vomitar a cada toque. Finalmente, ele se levantou, observando Rose suja no chão.
A administradora lambia a sujeira que Verde havia deixado no corpo de sua filha.
Lágrimas voltaram a surgir nos olhos de Rose. Verde a observava de cima, vendo a mulher lambendo o esperma no corpo da jovem adulta, como uma porca gorda, se alimentando.
— Você sabe que, se tentar sair da escola, eu matarei todos os seus alunos, não sabe? — Rose ouviu claramente aquelas palavras e apenas continuou chorando, paralisada. — Não escutei um sim, papai.
— Si-sim, papai... — respondeu, levantando-se parcialmente do chão, machucada e abalada, enquanto sua mãe ainda a lambia.
— Volte para seu quarto e sonhe comigo, minha filhinha.
— Si-sim, papai... — Ela se virou, recolhendo suas roupas rasgadas do chão e se dirigiu ao seu quarto.
Lá, Phahf... caiu sentada no chão, tentando ao máximo não fazer barulho com o choro.
Verde saiu da sala acompanhado pela mãe de Rose e entrou em outra cheia de celas com escravos.
Ao verem a entrada deles, os escravos começaram a chorar e a gritar. Os homens tentavam quebrar as grades à força, mas era em vão; tudo o que podiam fazer era olhar.
— NÃO! POR FAVOR!
— VAI EMBORA!
— SAI DE PERTO DELAS!
— EU VOU TE MATAR! DESGRAÇADO!!
Os homens ficavam em celas separadas de suas esposas e filhos.
Eles berravam e clamavam cada vez mais alto ao ver Verde se aproximando das celas onde suas famílias estavam.