Volume 1
Capítulo 5: Obediência
Ano 2023.
Alissa, após suportar Nino dos 14 aos 17 anos, chegou a mais um dia de aula.
Entrou na sala empurrando uma grande caixa coberta e com rodinhas.
Atrás dela, entrou um homem vestindo um sobretudo verde escuro, tão escuro que só era possível perceber sua cor sob a luz intensa, como a do sol.
No sobretudo, havia uma identificação: "Eric". Alissa virou a caixa na direção dos alunos e se apoiou levemente na mesa, meio sentada.
— Pessoal, este é o professor Eric. Ele... — começou a dizer, mas ao ver Nino com a mão levantada, já se irritou e suspirou profundamente. — Fale, Nino.
— Ele é seu namorado? Finalmente desencalhou, coroa — disse, segurando o riso.
A sala inteira começou a rir, e ele riu junto.
Alissa, mantendo um semblante animado, respondeu:
— Já que gosta tanto de brincar, tenho uma proposta.
— Hãm?
— Já que gost...
— Hãm?
Alissa o encarou com seriedade, e Nino, percebendo o risco, segurou o riso junto com a sala, que não queria provocar sua ira.
— Você terá 30 segundos para pegar esta caneta da minha mão. Se conseguir, poderá brincar à vontade, faltar aula ou até mesmo parar de vir. Mas, se não conseguir, entrará em um castigo eterno comigo, até que eu decida te liberar — disse calmamente, para que ele entendesse cada palavra.
— Só pegar essa caneta? — perguntou ele, com um ar debochado, acreditando que seria fácil.
— Sim. Apenas isso.
— Ok! — respondeu, ainda com desdém.
— Vou pôr o cronômetro no meu celular com os 30 segundos — disse, pegando o celular do bolso e configurando o tempo. — Está pronto?
— Sim.
— Vou contar até três. Um, dois, três.
Assim que ouviu o "três", Nino tentou disparar até Alissa, mas seu corpo não se mexia — ele simplesmente não tinha controle sobre si.
Alissa o travou, e toda a classe observava enquanto ele ficava imóvel, com os olhos tremendo de tanto esforço que fazia para se mover.
"Por que ele não se mexe?"
— Cê tá bem, mano? — Thales perguntou, mas Nino só conseguiu olhar de canto para Nathaly, que estava no canto da sala à sua direita, e para Nina, sentada na cadeira ao lado.
Enquanto Nino lutava para se mover, Alissa refletia, intrigada:
"Por que não consigo usar os poderes dele? É como se ele não fosse humano. Mas não faz sentido, consigo controlar anomalias também... Talv..."
Pi,Pi,Pi.
Alissa desativou seu poder.
PAH!
Imediatamente, Nino caiu de cara no chão, ficando com a bunda para cima.
Os colegas explodiram em gargalhadas, e Alissa, sem perder tempo, anunciou:
— Seu castigo começa hoje. Venha à minha sala depois da aula com uma vassoura, um rodo e um balde. Quero ela brilhando, tá bom, faxineirinha? — disse com tom debochado.
Nina soltou uma risadinha, e Nino a olhou com desdém.
— Tcs...
Alissa, ignorando a reação, continuou:
— Bom, como eu dizia, este é o professor Eric. Ele vai ficar com a maioria de vocês a partir de agora.
A sala se encheu de conversas paralelas; ninguém entendia o motivo da troca de professor.
— Vocês devem estar confusos, mas... — Alissa foi interrompida novamente por Nino, que levantou a mão. Respirou fundo e perguntou: — O que foi agora?
— Professooetddg... — disse, segurando o riso.
— O quê?
— Brrr!
Nino fez um som de peido com a boca, e a sala explodiu em risadas.
Alissa, furiosa com a provocação, decidiu usar seus poderes.
Bam-bam-bam!
Ela controlou o corpo de Nino, forçando-o a se socar no rosto. Nino tentava resistir, segurando os socos com o outro braço, mas não conseguia evitar os golpes.
— Que merda é essa?! — gritou, enquanto apanhava de si mesmo.
Em um momento de desespero, suas mãos começaram a se mover em direção aos seus próprios mamilos.
Alissa, com um olhar impiedoso, fez com que ele beliscasse a ponta dos próprios mamilos.
O grito de Nino misturava dor e constrangimento, enquanto a sala inteira assistia, rindo.
— AaAaAAaah!
— Fala, pinico, fala, penico! — Alissa provocou, com um tom de vingança.
— PENICO!! PENICOO! — Nino gritou, desesperado.
— Assobia, assobia! — disse, com um olhar implacável.
Eric, ao lado dela, permanecia visivelmente confuso.
"Mulher doida."
— Phrii! Pihh! — Nino tentava assobiar, mas estava tão nervoso que mal conseguia.
O som saía mais como um sopro irregular.
— Não estou ouviiinndooo.
— Fiuuu! Fiuuu! — Finalmente, Nino conseguiu assobiar, e Alissa o soltou.
— Que que é isso, como fez isso?! — perguntou, irritado e cheio de duvidas.
— Meu poder. Controlo quem eu quero e quando eu quero. Agora cale a boquinha se não quiser assobiar mais um pouco.
Nino se sentou na cadeira, com a boca fechada e fazendo biquinho.
— Agora, vou anunciar seis nomes. Esses são os destaques da sala escolhidos para competir pelo terceiro esquadrão oficial. Quem não for mencionado, por favor, saia com o professor Eric para a nova sala... Nina, Nathaly, Samanta, Arthur, Thales e o inconvenientezinho do Nino. O restante pode se retirar — Alissa completou, com um tom firme.
Arthur era o garoto que sempre observava Nathaly sozinha no refeitório, mas nunca tinha coragem de se aproximar. Ele tinha pele clara, olhos verde-acinzentados e cabelos castanho-escuros. Gostava de usar roupas sociais, desde a calça até a camisa, sem se importar com a cor, contanto que estivesse elegante.
Samanta era a garota que, dois anos atrás, havia lançado um olhar discreto para Thales e Nino no corredor enquanto eles faziam bagunça. Ela tinha pele escura, cabelos em dreads longos que passavam um pouco dos seios de cor preta e olhos castanhos. Sempre usava uma calça jeans azulada combinada com uma regata de alça fina preta.
Alguns alunos se despediram de Alissa com abraços.
Depois que o último saiu, ela fechou a porta e voltou para sua mesa, encostando-se nela.
— Escolhi vocês por serem os mais fortes da sala. Vocês participarão de um duelo contra outra turma, a da professora Katherine. Ela é minha melhor amiga... ou era — Alissa disse, com um tom de voz baixo e abatido. — Katherine disse que vencerá esmagando vocês. Então, é o seguinte: se vocês perderem, eu vou torturar cada um de vocês até que a eternidade acabe. — Alissa pronunciou essas palavras com um olhar sombrio e ameaçador enquanto uma aura de fogo sinistra emanava dela, dando a impressão que se alimentava de almas tal entidade macabra.
— ...
Ninguém se atreveu a falar, todos visivelmente assustados.
— O duelo será de dois contra dois por rodada, usando armas.
— Armas? — perguntou Arthur, confuso.
— Sim, armas. — Alissa se levantou e retirou o pano que cobria a caixa grande que trouxe, revelando espadas e equipamentos de exterminadores profissionais. — Essas armas serão entregues depois que os esquadrões três e quatro forem nomeados. Durante o duelo, usarão armas semelhantes, mas não afiadas como essas. Para Nino, Nina, Arthur e Samanta, uma katana e uma pistola para uso contra humanos, se necessário, já que usar magia contra civis é crime. Para Nathaly, uma espada longa inglesa. — Nathaly passou o dedo pela lâmina da espada. — E para você, Thales, essas manoplas com lâminas escondidas. Li seu relatório e sei que prefere luta corporal. Com essas manoplas, terá mais impacto e as lâminas ajudarão a cortar qualquer coisa que você enfrentar.
— Que legal. Valeu! — respondeu, experimentando as manoplas.
— Como eu disse, serão duelos dois contra dois, um atrás do outro no mesmo dia. Ganha quem imobilizar o adversário. Não precisam se espancar ou tentar se matar. Se colocarem a lâmina no pescoço do adversário, já conta como imobilização e a vitória é dada. Podem tentar se matar se quiserem, mas um golpe fatal, se considerado assim pelo diretor, também conta como vitória. Direi as duplas no dia. Não quero que treinem juntos já sabendo isso. Quero que treinem o individual; precisam saber resolver o que der e vier sozinhos. Se conseguirem se garantir sozinhos, em grupo será mais fácil e não vão precisar depender de ninguém. É meio clichê, mas um esquadrão é um por todos e todos por um. No entanto, se você é dependente de todos, você não é nada. Se quiserem treinar, podem começar agora — Alissa falou com um tom ameaçador, e seu rosto voltou a exibir um sorriso frio e maligno. — Apenas não percam! — Ela terminou com uma risada sinistra.
Todos a observavam em silêncio, tensos e preocupados.
— É isso. Estão dispensados por hoje — disse, com uma expressão alegre e um sorriso largo.
Enquanto os outros saíam, Nino tentou se misturar entre os colegas para escapar.
— Onde você pensa que vai, empregadinha? — chamou Alissa, com um sorriso ameaçador e um olhar implacável, enquanto observava Nino de costas.
Nino se virou e a encarou, pensando:
"Fodeu."
Nino passou a tarde lá, vestido de empregadinha depois de ser obrigado por Alissa.
Ele passou todo o tempo organizando as coisas e sendo um capacho. Era uma pequena sala, com um banheiro e uma minicozinha onde Nino prepararia o café de Alissa por muito tempo. Apesar do tamanho, o ambiente era aconchegante.
Um carpete azul-escuro cobria todo o chão, proporcionando uma sensação de conforto. Alissa costumava ficar em uma poltrona, posicionada em frente a uma mesinha de vidro circular. Ao lado dela, separando a cozinha do restante do cômodo, havia uma estante cheia de livros, que ela lia diariamente quando não estava anotando algum relatório em seu notebook.
Como gostava de ter o controle de tudo, havia tanto um aquecedor quanto um ar-condicionado, garantindo que a temperatura ficasse sempre exatamente como ela desejava.
Ao lado da porta, havia um suporte onde Alissa pendurava seu sobretudo. Ela tinha uma preferência por roupas em tons neutros, sempre optando por branco, cinza, creme, um tom de azul bem clarinho, preto e tudo que seja parecido.
Costumava usar um pequeno short preto de cintura bem alta, combinado com uma regata cinza, que deixava para dentro do short, e um tênis de cano alto da mesma cor do short que estiver usando.
Além disso, usava uma espécie de pequena gravata borboleta cinza-escuro e tinha o hábito de usar luvas brancas ou cinzas, já que não gostava de sujar as mãos ao socar a cara de Nino — mesmo que Nino apanhava a ponto de sangrar, ele sempre manipulava seu sangue para que o sangue ficasse vermelho como o de um humano, já que seu objetivo era irritá-la, ele tinha que estar pronto para as reações assassinas que Alissa poderia ter.
À frente da mesinha circular, havia também uma estante de livros cobrindo parte da parede. Ali ficavam os livros que Alissa já havia lido, fazendo com que seu escritório mais parecesse uma sala de leitura particular.
Depois que Nino tirou a poeira desses livros mais antigos, Tlec! Alissa estalou os dedos, e ele prontamente obedeceu à ordem de sua dona.
Nino caminhou até a cozinha, pegou o café que ele mesmo havia preparado e o levou até ela, começando a servi-la enquanto ela continuava a leitura de seu livro, virando as páginas manualmente, mesmo que não precisasse.
Alissa era bem alta, com 1,79m aos 26 anos. Nino, com 1,78m. Nina, com 1,75m e Nathaly com 17 anos assim como os gêmeos, tinha 1,58m.
Após encher a grande caneca que aquela amante de café sempre usava, Nino voltou para a cozinha e continuou a passar o pano, finalizando a limpeza daquela área.
De repente, Nino decidiu quebrar o silêncio:
— Por que tinha uma roup...
— Silêncio! — ordenou, dando um gole em seu café e passando a página do livro.
Pow!
O corte seco de Alissa fez Nino sentir como se tivesse levado um tiro.
— Aainhn...
Soltou um pequeno gemido, que Alissa ouviu, mas ignorou.
— Que grossa... — murmurou ele baixinho, enquanto continuava a limpar.
Depois de algum tempo, Alissa se virou ao perceber que Nino estava colocando os panos usados de molho na pequena pia.
— Está dispensado por hoje. Pode deixar que eu guardo as coisas depois.
Nino olhou para ela, e por um momento os dois se encararam fixamente. Ele encostou o rodo na parede da cozinha bem lentamente e saiu correndo.
Alissa ficou séria e irritada.
— Deveria ter feito ele limpar a escola inteira, garoto chato.
Quando Nino chegou em seu apartamento, encontrou Nina deitada no sofá.
Ela se levantou e olhou para ele.
— Tem comi... — começou a rir. — Que roupa é essa? — perguntou, caindo em gargalhadas enquanto se segurava.
— Haha, engraçadona — Nino respondeu com um tom entediado.
Nina parou de rir após alguns segundos.
— Uff... Tem comida no micro-ondas, é só aquecer.
Ele foi até o micro-ondas, abriu a porta e viu que ela havia feito macarrão. Fechou a porta e ligou o aparelho para esquentar.
— Valeu!
Nino foi para o sofá sem tirar a roupa de empregadinha e se sentou ao lado de Nina, que permaneceu deitada.
Nina colocou os pés no colo dele enquanto ele olhava para o teto, cansado e com preguiça.
— E como foi lá?
Respirou fundo e respondeu:
— Fazer faxina é um verdadeiro saco! — disse, completamente desanimado.
Pi. Pi. Pi.