Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 31: Me Nota

O clima na sala mudou instantaneamente.

Cada olhar, antes submisso, direcionado para Alissa, agora se voltou fixo para Nino, misturando surpresa e incredulidade.

Nina escutou a voz do irmão, mas nem se importou; não iria olhá-lo. No entanto, se sentiu obrigada a notar quando a garota que tanto a fascinava se virou para Nino, e, como Nina estava no meio do olhar... Seu coração quase parou.

Em um movimento abrupto, virou-se também, acompanhando a sala, quase quebrando o pescoço no processo.

Alissa cruzou os braços, o rosto transbordando curiosidade misturada com irritação. Já Nino continuava a contestá-la com um olhar fixo. Nem mesmo sabia o motivo, apenas sentia uma ansiedade impulsiva de querer irritá-la. Queria fazê-la olhar para ele. Queria mostrar a ela sua existência ali na sala.

— "Nada não"? — Seu tom era rigoroso, o olhar fixo, como se quisesse perfurá-lo.

Nino sustentou o olhar, embora sentisse uma estranha dor com aqueles intensos olhos azuis direcionados a si.

— Por que todos têm medo de você?

A pergunta cortou a tensão mais precisamente que o próprio olhar da professora.

— O quê? — Alissa franziu a testa, claramente pega de surpresa. — Meus alunos não têm medo de mim. Eles me respeitam. É diferente.

— Não? Tem certeza?

O silêncio foi tão pesado que a sala se sentia sufocada pela disputa dos dois. Alissa olhou para os alunos, esperando uma resposta, mas não recebeu nenhuma.

"Sentem medo de mim?" — Turma, vocês têm medo de mim? — Embora a pergunta tenha sido sincera e do seu jeito "normal", o tom que escutavam era doloroso.

Sentiam que poderia haver consequências em uma resposta mal dada. Sentiam que a pergunta era uma armadilha para pegar alguém de exemplo ao contestar o regime autoritário da mais forte.

Ninguém ousou dizer "sim", mas também não mentiram com um "não".

Alissa permaneceu imóvel por um momento, os olhos perdidos em algo além da sala.

"Realmente sentem medo de mim?" — E-eu sou uma professora ruim?

Os alunos continuaram calados, mas o desconforto no ar era palpável.

— Gente, eu sou uma professora ruim?! — Aumentou o tom, agora quase em uma súplica, embora agressiva, acompanhada de um movimento abrupto e irritado do corpo levemente inclinado sobre a mesa.

— Nããão... — responderam todos em uníssono, exceto a garota de cinza e os gêmeos.

Alissa suspirou, descrente.

"Não é respeito...?" respirou fundo antes de continuar, tentando recompor-se e assumindo uma abordagem mais calma e amigável. — Ó, podem falar o que quiserem. Como sou, o que acham de mim. Não entendi o que o menino quis dizer. Eu não sou ass...

— Meu nome é Nino.

A exterminadora, irritada pela interrupção, quase deixou seu momento amigável desaparecer. Olhou para o Primordial novamente, agora com mais atenção, continuando sua tentativa de uma abordagem diferente:

— Nino, o que você acha de mim? O que em mim causa medo em você?

— A forma como você fala. A forma como olha. A forma como se comporta...

A sala inteira prendeu a respiração.

Os olhos de todos se fixaram nele, chocados e com medo das possíveis consequências do novato, que acabara de despertar a ira da professora.

"Esse menino vai morrer..." pensaram em sincronia, uma única voz coletiva ecoando em suas mentes.

Alissa estreitou o olhar, sentindo-se desafiada.

A tensão no ar era densa, palpável. Dependendo da forma que movesse sua cabeça, a bateria no ar paralisado pela raiva da jovem adulta. Seu disfarce já não funcionava mais; a compreensão que tentou buscar foi destruída por Nino em sua busca por atenção.

O menino não desviou o olhar. Sentia-se vitorioso, conseguindo o que queria: a atenção dela.

— Então... moça. A única pessoa que eu vi com cabelo branco era minha vó. Não sei se você já está velha demais e não entende as coisas, ou se pinta o cabelo já aceitando sua idade avançada...

O olho esquerdo de Alissa começou a ter tiques involuntários, sinais claros de sua paciência se esgotando. Mas Nino continuava, inabalável, sentindo uma estranha satisfação em provocá-la. Apenas sentia vontade de encher o saco mais e mais, e essa vontade inibia o medo que tinha de olhar para ela.

— S...

— Cala a boca um pouco.

Nina estendeu o braço esquerdo, segurando o ombro direito do irmão, cortando a provocação antes que pudesse continuar.

Nino virou o rosto para ela, surpreso, mas Nina já o olhava com clara repreensão.

— Tá falando demais já. "Menino idiota! Se aquela menina me achar estranha por sua culpa, te quebro na porrada!" gritou em seus pensamentos, mas conteve-se para não se misturar e xingá-lo diretamente. Apenas demonstrou sua irritação pelo olhar.

Era arriscado, muitas pessoas olhando.

Então, apenas o soltou com um suspiro, após mandá-lo calar a boca. Nino voltou o olhar para Alissa, que agora o encarava com uma expressão de pura sede de sangue.

"Menino atrevido..."

— P...

Nino abriu a boca para falar, mas Nina foi mais rápida:

— Desculpe pelo meu irmão. A cabeça dele faz eco, é complicado.

Nino lançou um olhar de canto para ela, indiferente, mas também intrigado.

— Pode prosseguir com sua aula. Se ele abrir a boca mais uma vez, dou um soco nele.

Huhumrr! — Alissa limpou a garganta com tanta força que parecia um rugido grave de um crocodilo africano.

Retomou o controle da sala e voltou à sua aula:

— Continuando de onde parei. Anomalias da classificação Massacre são de dificuldade mediana, dependendo da quantidade e do tipo. Tamanho, armas naturais e características específicas podem variar, mas um grupo bem treinado, mesmo de Classe B, pode lidar com elas. Mas se você for B e estiver sozinho... é quase certeza de morte.

Nino ergueu a mão novamente, agora com um sorrisinho de canto provocador.

Os olhos de Alissa brilharam com uma intensidade ameaçadora, quase como se despertassem poderes elementais, fazendo chamas azuladas queimarem neles. Nina viu o olhar, olhou para seu irmão e, Brncrahsh! pulou sobre ele, imobilizando-o no chão.

Tendo a mesma força que a irmã, Nino não conseguiu se desvencilhar.

Se contorceu todo, tentando reagir:

— Me so...!

Mas Nina foi mais rápida e tapou a boca dele com a mão direita enquanto pressionava suas costas com o peso do corpo. Com a outra mão, segurava seus braços com firmeza. Suas unhas, afiadas como garras, quase rasgavam a blusa comprida dele, para ter certeza de que não iria soltá-lo.

— Pode continuar, professora.

Alissa a olhou com uma mistura de tédio e irritação, a raiva ainda visível em sua expressão.

— Nina, certo?

Nina abriu um sorriso descontraído, fechando os olhos brevemente.

— Sim...

Mas por dentro... fervia de ódio.

"Fogo no cu do cacete..."

Virou o olhar raivoso para Nino, que, mesmo com a cabeça pressionada contra o chão, tentava olhá-la de canto.

"Não adianta me olhar assim, não. Acha mesmo que vou me misturar pra ouvir mais do seu blá-blá-blá?"

Enquanto zombava dele em pensamento, Nino tentava se misturar para xingá-la.

"Me solta, inferno!"

A sala inteira assistia à cena, dividida entre o choque e a incredulidade.

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