Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vanconcelos


Volume 1

Capítulo 18: Pagar Com a Vida

Marcos, um homem bem musculoso, quebrou a parede ao seu lado com um soco. BAM! Bum-bum-bum! Nina se virou, mas foi atingida pelo impacto e arremessada através de várias paredes até cair do lado de fora do prédio. No caminho, ela atravessou o quarto de um garoto que estava distraído, assistindo pornografia no computador.

Bum!

Ele tirou a mão do pinto e olhou para trás, gritando:

— Aiiiihnm... — Ao ver Marcos passar pelos buracos atrás de Nina, ele rapidamente corrigiu o gritinho fino: — Cof, cof... Aaaaargh!

Marcos correu e pulou do prédio em direção a Nina. BAAM! Ela conseguiu desviar do soco dele no ar e o chutou para baixo, fazendo-o atingir a rua com força e criando um buraco cheio de rachaduras ao redor do impacto. Marcos se levantou na rua e Nina ficou na sua frente, mantendo uma certa distância. Atrás dela, apareceu outro homem musculoso.

— Thales frequentava minha academia — Marcos falou, com uma raiva evidente.

— Oh. Que fofo. Quer ir visitá-lo? — respondeu Nina com desdém.

Marcos, enfurecido, gritou: — DESGRAÇADA! — Ele e seu amigo avançaram juntos. BA-BAM! Nina se abaixou e eles acabaram se socando. Creck! O amigo de Marcos foi arremessado para trás, e Nina aproveitou para desferir vários socos nele, quebrando um dos braços e segurando-o com firmeza. SHHK! Marcos avançou por trás dela, mas Nina colocou a mão para trás e criou uma espada segundos antes do soco de Marcos, cortando seu braço. Ela então girou 180 graus e cortou seu pescoço.

Crunch!

O amigo de Marcos tentou atacá-la com a mão que não estava quebrada, mas Nina segurou seu braço e o arrancou. BUM! Enquanto ele gritava de dor, ela colocou a mão na cabeça dele e a explodiu com magia escura, deixando apenas as pernas em uma poça de sangue.

Nino e Nathaly, que estavam correndo pela rua, ouviram a explosão e olharam na direção do som. De longe, viram Nina olhando para os corpos, enojada.

— NINA! — gritou Nino.

Nina ouviu seu irmão e correu até eles. Os três continuaram correndo até encontrar um bueiro. Nino usou magia de vento para fazer a tampa voar. Ele pulou dentro e desceu, congelando toda a água no local. Nina entrou atrás e Nathaly, por último, usou magia de vento para puxar a tampa e fechar o bueiro com os três lá dentro.

— Sabe como chegar lá pelo esgoto? — perguntou Nino.

— Acho que é só seguir reto. Imagino que, depois de uma hora no máximo, chegaremos a um bueiro perto do lugar — respondeu Nathaly, pensando.

— De barco é mais rápido? — sugeriu Nino, sorrindo.

— Barco? — perguntou Nina, confusa.

— Sim, um barco!

Nino criou um barco de gelo e as duas entraram. BUM!! Ele usou magia de fogo azul para ganhar impulso, explodindo o chão atrás deles. O barco deslizou com velocidade absurda, enquanto Nino congelava a água ao seu redor e se divertia nas curvas com o sorriso no rosto.

Após alguns minutos, chegaram a um bueiro. Nathaly espiou através da fresta e viu apenas as centenas de árvores que dividiam a avenida. Havia poucas pessoas ao longe, e nenhum carro estava em movimento. O bueiro dava direto para a grama verde ao redor da antiga casa branca com telhas avermelhadas. Nem mesmo o guardinha estava presente; Nathaly apenas percebeu o reflexo do grande edifício espelhado sobre a casa.

— Não tem ninguém. Vamos! — Eles nem usaram as escadas; apenas correram rapidamente pela grama e entraram pelo outro lado, onde se encontrava a entrada, cercada por árvores e com uma fonte de água.

Dentro da casa, eles entraram em um cômodo onde havia um colchão no chão.

— Acho que não temos como fugir — ponderou Nathaly.

— Concordo. Vamos ter que enfrentar eles. Não acho que tenha outra escolha. Eles vieram para nos matar e vão nos caçar em qualquer lugar — respondeu Nino. — Tem certeza de que quer fazer isso, Nathaly? Pode ser uma operação suicida, um tudo ou nada — continuou, olhando para Nathaly, com Nina ao seu lado.

— Não me importo. Se for para morrer, que seja junto com minha família — respondeu sorrindo levemente.

Nino sorriu e se sentou no colchão.

— Vamos descansar e pensar em um plano. Amanhã, vamo com tudo.


Alissa estava andando pelos corredores da escola quando, de repente, Katherine apareceu e parou na sua frente, a alguns metros de distância.

— Vai deixar isso assim? Seu esquadrão tirando a vida de alunos? — Katherine perguntou com firmeza.

— Você responderia a um tiro entregando uma rosa? Vocês atacam e depois reclamam quando eles se defendem? Que inocência é essa? — Alissa retrucou.

— Eles não são humanos. Não têm direitos. Vá até o escritório de Louis... "Desgraçada. Morra e suma do meu caminho!" ...para ajudar a caçar eles. Já iremos sair — Katherine respondeu, indicando com seu corpo o escritório de Louis.

— Não estou entendendo você. Está com medo de falhar e por isso está procurando minha ajuda? É só para isso que eu sirvo? Ajudar quando precisa? — Alissa se aproximou de Katherine e cochichou próxima a seus lábios: — Melhor não ir atrás de Louis. Se você estiver com ele, acabará morrendo também.

Katherine virou o rosto para encará-la.

— Está me ameaçando? — perguntou Katherine.

Alissa, mantendo o olhar firme e sedutor, respondeu:

— Estou apenas dando uma dica à minha querida amiga. Pense bem na sua escolha, tá? — E, com isso, Alissa se afastou.

Irritada, Katherine voltou para o escritório de Louis, onde estavam reunidos todos os professores, Arthur e os membros restantes dos esquadrões oficiais que atacaram os gêmeos.

— Nathaly está com eles. Coloquei um rastreador no cabelo dela. É só irmos e pegá-los de surpresa — informou Arthur.

— Alguém sabe onde está a Alissa? — perguntou Louis.

— NÓS NÃO PRECISAMOS DELA, LOUIS! — Katherine começou a falar em um tom alto, mas logo diminuiu a voz. Ela estava visivelmente irritada.

— Isso é loucura.

— O quê? — Katherine perguntou, confusa.

— Mesmo sabendo que eles estão nessa casa, sem a Alissa é loucura. Se ela não está com vocês, é porque está defendendo seus alunos. É loucura ir contra ela.

— Mais algum covarde como o Natanael? Não me importo se não forem, não precisamos de vocês — desafiou Katherine.

— Como desejar — respondeu Natanael, olhando para Katherine.

Natanael e três outros professores decidiram não ir. Abaixo da mesa central do escritório, havia um dispositivo de escuta que Alissa havia deixado mais cedo. Enquanto escutava, Alissa usou seu poder para controlar o corpo de Natanael. Sem que ele percebesse, ela usou seu olho e viu o endereço do rastreador que Arthur havia colocado em Nathaly.

— Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3477. Entendi — ela murmurou para si mesma.

Alissa interrompeu o controle sobre Natanael e foi para a rua. Um carro estava passando, e ela usou seu poder para pará-lo. Abriu a porta de trás e entrou. A mulher no assento do passageiro e o homem ao volante ficaram estressados e confusos.

— Quem é você, louca?

— Vá até a Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3477.

— Tenho cara de seu motorista, é? Saia da porra do meu carro.

Alissa, ficando mais irritada, travou o corpo do casal e os controlou, assumindo o controle do veículo. Ela dirigiu até o destino rapidamente, aproveitando a ausência de tráfego para aumentar a velocidade.

— Você vai ser o que eu quiser que você seja. Se ouvir um pio de você ou dessa mulher, quebrarei todos os seus ossos e farei questão de não matá-los para que vocês sofram até o último suspiro de vida.

Assustados, o homem e a mulher permaneceram em absoluto silêncio, obedecendo a Alissa e mantendo-se quietos durante todo o trajeto.

Nathaly, dentro da casa, foi até o banheiro. Nino, sentado no colchão, estendeu a mão para trás e sentiu algo gelado. Olhando para baixo, viu várias camisinhas usadas espalhadas pelo chão. Ele olhou para Nina, que desviava o olhar e assobiava disfarçadamente.

Enquanto isso, Nathaly estava no banheiro, observando seu rosto em um pequeno espelho. Ela jogou água no rosto e, ao tirar seu sobretudo, algo caiu no chão. Vendo uma luz vermelha piscando fraca, ela correu até o cômodo onde estavam os gêmeos e gritou:

— TEMOS QUE SAIR DAQUI!

BOOMM!

Mas já era tarde. Louis havia se teletransportado para o local com Katherine e alguns Exterminadores, destruindo a parede para entrar. Tentaram lutar, mas Katherine bloqueou suas magias. Os gêmeos foram dominados e imobilizados no chão, com Exterminadores sobre eles, incapazes de se mover.

— Eu desprezo completamente a existência de vocês, ou melhor, da sua raça. O que são vocês? Anomalias fingindo ser humanos? O que era aquela anomalia que matou meu irmão?

Ploch!

— Noss...AAAAAAAARRGH! — Nina tentou responder a Louis, quando Marcelo cravou uma espada em suas costas, envolvendo a lâmina com gelo.

— DESGRAÇADO!! PARA, PORRA! NINAA! — Nino, furioso, usou toda a sua força, mas não adiantava.

— Aaaaah... Gritem mais. Adorei ouvir seu sofrimento, seres de merda. Fure ela agora.

Nina, vendo seu irmão gritando e se debatendo, tentou se levantar. Shk! Shk! Shk! Mas Marcelo continuou a perfurá-la e atingiu seu coração. Nina fechou os olhos e sua cabeça caiu no chão. Sangue escorreu da boca de Nino com a dor de serem apenas um.

— PARA, PORRA!... EU VOU MATAR VOCÊS! VOU MATAR TODOS VOCÊS! — gritou, completamente alterado, enquanto sentia a mesma dor de ter seu coração destruído quando Nina morreu.

Os exterminadores riam diante deles.

"Alissa... por favor... Me ajuda!"

Nathaly clamou por Alissa, que chegou imediatamente de carro. Skrrrt! Assim que estacionou, Alissa desceu e forçou o homem a acelerar, fazendo o carro cantar pneus enquanto se afastava. Após a partida, ela parou de controlá-lo e, ao ouvir um grito vindo da casa, caminhou até o buraco na parede e moveu um dedo.

Louis, rindo, entrou em uma visão do futuro. Viu Nino saindo do bloqueio de Katherine e atacando todos na sala com uma magia escura misturada a sangue preto, avançando para cortar seu pescoço. Louis saiu da visão assustado enquanto levantava as mãos.

Alissa controlou Katherine e cancelou seu poder. PL-L-LOCH!! Nino, explodiu em raiva, criou lâminas de sangue preto que saíram de seu corpo, perfurando o coração de todos na sala. Em milissegundos, ele apareceu na frente de Louis, sua espada passando com uma aura roxa em direção ao seu pescoço. SHKRUNCH! Nino cortou a cabeça de Louis, enquanto as mãos de Louis estavam quase completamente fechadas.

Clap!

Nino, Nina e Nathaly desapareceram da sala.

Mesmo com sua previsão, Louis não conseguiu ser mais rápido que Nino desta vez. Katherine, parcialmente atingida pela lâmina de Nino, viu Alissa controlar o poder dele e cancelar apenas aquela lâmina. Alissa não queria Katherine morta.

Alissa entrou na sala e viu vários corpos no chão, exceto os de seus filhos. Katherine estava rastejando, tentando se aproximar de Alissa, que estava de pé diante do corpo decapitado de Louis.

— Por que... Por que fez isso? É sua culpa que ele morreu, sua culpa! — Katherine segurou o sobretudo de Alissa pela parte de baixo, levantando-se um pouco do chão enquanto chorava.

Alissa lembrou do passado, quando as duas tinham nove anos.

[ — Sua culpa. Por que não estava lá? Ele está triste que o tio Luan morreu por sua culpa. Eu queria que você tivesse morrido em vez do tio Luan. ]

Alissa voltou de suas lembranças com um leve riso de desprezo.

— Sempre foi minha melhor amiga... Mas eu nunca fui a sua melhor amiga. Eu te pergunto: você conseguiu o que queria? A culpa é minha por ele nunca ter te amado?

Alissa estava triste e estressada com tudo. Naquele momento, ela desistiu de Katherine. Crunch. Com um movimento de dedo, ela explodiu o cérebro de Katherine, fazendo-a sangrar pelos olhos, nariz e boca.

— Por favor. Poupe meu tempo.

Alissa saiu andando até o buraco na parede e uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

— Chorar por isso? Tenho coisas mais importantes para resolver. — ela passou a mão no rosto e secou as lágrimas.

Dois policiais surgiram no buraco e, ao verem os corpos, sacaram suas armas e miraram em Alissa.

— Você está presa.

Sem paciência, Alissa respondeu:

— E vocês, mortos.

Crunch.

Com um movimento de dedo, os dois policiais foram compactados em uma bolinha. Bam. Antes de deixar o local, Alissa chutou a bola de carne e passou pelo buraco, saindo tão rapidamente que parecia um teletransporte.

O lugar estava se enchendo de policiais porque Louis havia alertado o Presidente do Brasil sobre a invasão naquele endereço. Ao ver isso, Alissa desapareceu para não ser vista ali.


Nino estava caindo do céu, desacordado. Ele ouviu uma risada feminina — a risada da mulher de preto — e, ao abrir os olhos assustado, percebeu que estava em queda livre, já próximo ao chão. Instintivamente, virou o corpo no ar e chutou uma árvore para diminuir a velocidade da queda.

Sccrrrchh...

Conseguiu aterrissar de pé, arrastando a terra daquela floresta densa e imensa, onde árvores maiores que prédios do Brasil se misturavam a outras menores, criando um ambiente totalmente estranho e diferente. A vegetação, os sons das criaturas, tudo ali parecia estranho.

Olhando ao redor, Nino não se importou com nada daquilo. Ele simplesmente desabou de joelhos no chão. Com a respiração trêmula e descontrolada, e com todo o oxigênio que ainda restava em seus pulmões, soltou um berro com toda a sua alma, curvando o corpo para frente.

— NINAAAA!!!



Comentários