Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vanconcelos


Volume 1

Capítulo 17: Televisão

Arthur acordou do coma com um sobressalto, seus olhos se abrindo lentamente. Lembranças de Nino criando uma espada preta o atormentavam. Desesperado, ele arrancou a máscara de oxigênio e começou a retirar os tubos e máquinas conectadas a ele, gritando:

— TIO! TIO!

A enfermeira responsável correu para a sala, alarmada pelos gritos.

— Arthur, calma! Você não pode tirar isso!

— LOUIS! TIO! ONDE ESTÁ MEU TIO?!

— Arthur, calma! Você não pode tirar isso ainda!

— CHAMA LOGO MEU TIO!

Louis ouviu os gritos. Clap! Surgiu lá.

—  Arthur, o que foi? — Louis, visivelmente preocupado, segurou o rosto do seu sobrinho.

— NINO! O NINO!

— Arthur, calma. Fale devagar, respire.

— O Nino, ele criou uma espada igual à da foto daquela anomalia que matou meu pai.

— O quê?!

— Sim! Ele criou uma espada igual. Acho... Acho que ele quer nos matar para vingar a outra anomalia.

Arthur já havia, de certa forma, superado a perda de seu pai. O que realmente o motivou a dizer aquilo foi ver Nino ao lado da garota que ele amava.


"De onde ele tirou isso?!" Nathaly estava próxima à sala e escutava toda a conversa.


Vinícius e seu esquadrão chegaram correndo.

— Diretor...

Louis virou-se para Vinícius.

— Diga.

— Na missão, havia uma anomalia que conseguia falar e disse que Nino era igual a ela. Quando cheguei, Nino matou a anomalia e mentiu, dizendo que eu estava escutando coisas. — Vinícius falou rapidamente, ofegante após a corrida.

— Tem certeza do que está falando?

— Eu escutei e vi tudo também. — confirmou Pedro.

— Tio, ele quer nos matar.

As palavras de Arthur ressoaram na mente de Louis.

— Ele... Ele é uma anomalia que fala?!... ENCONTREM E O MATEM!! Vou ligar para o governo e colocar os rostos deles na televisão. Eles não podem fugir. KATHERINE! — Louis berrou o nome de Katherine, e ela se assustou.

— S-sim... Louis.

— Rastreie os celulares deles e bloqueie suas contas. Com seu esquadrão, os encontre.

— Sim, senhor. Vamos! — Katherine saiu, chamando seu esquadrão.

Nathaly se afastou dali, caminhou por um corredor, pegou seu celular do bolso e ligou para Nino. Brrr! Nino atendeu e colocou o celular no viva-voz para que Nina também pudesse ouvir.

— Nathaly?

— Descobriram sobre vocês. Onde vocês estão?

— No nosso apartamento.

— Destruam seus celulares e saiam daí, vão rastrear vocês. Me encontrem naquele nosso lugar em uma ou duas horas. Tchau.

Creck!

Nathaly desligou a chamada e esmagou seu celular. Crash! Pegando o gesso do braço, ela o quebrou e descartou na lixeira. Com o rosto sério, deixou o lugar que já não podia mais chamar de segunda casa.


— Nosso lugar?

— Eu sei onde é. Vamos.

C-creck!

Nino esmagou seu celular junto com o de Nina e deixou os destroços sobre a mesa. Em seguida, correu para o quarto e pegou a foto de seus pais, que havia guardado quando saíram da casa da sua avó. Ele a observou por um momento, antes de escondê-la em seu corpo, absorvendo-a com seu sangue por baixo da blusa.

Enquanto isso, Nina estava na cozinha e ouviu passos se aproximando do corredor. Quando Nino chegou próximo dela, ela instintivamente colocou a mão em seu peito, empurrando-o para trás.

— Tem gente aí, vamos pela sacada. Agora! — cochichou.

Eles correram para a sacada e se jogaram. PAH. No exato momento em que caíam, a porta foi arrombada. Katherine, acompanhada pelo quarto esquadrão, invadiu o local. Ao entrar, não encontraram ninguém; apenas os celulares quebrados sobre a mesa.

— Eles devem ter saído há pouco tempo. Se separem e os encontrem.

— Sim, senhora!

O esquadrão obedeceu à ordem e saiu pela porta, iniciando a caçada. Enquanto isso, Katherine caminhava pelo corredor, já ligando para Louis.

Priii! Pr...

— Encontrou eles?

— Não estão aqui. Alguém os avisou. Quebraram os celulares antes de fugir.

— Nathaly está envolvida nisso, então. Já avisei as emissoras, vão passar em todos os canais. EU QUERO ELES MORTOS! ME ESCUTOU?!

— Sim... "Até nisso... Criar aquela assassina mirim. Alissa só atrapalha meu relacionamento." — Vou ach...

Louis desligou, a ignorando.


— Como aquela desgraçada ainda se atreve a desejar a melhora de Arthur na minha frente? Mentirosa de merda. — Louis estava completamente irritado, consumido pela raiva e pela frustração.


— Lamentamos interromper sua programação, mas algo muito urgente aconteceu. Descobriu-se que os exterminadores Nino e Nina, na verdade, são anomalias capazes de falar, pertencentes à mesma raça que matou centenas de milhares de pessoas em Minas Gerais, em 2006. Pedimos a todos que não saiam de casa até que a ameaça seja neutralizada. Se estiverem no trabalho, permaneçam até que a situação se resolva! — disse o apresentador com ênfase. — Uma recompensa de 1 milhão de reais e o status de Classificação S foram oferecidos pela eliminação das anomalias, independentemente de a pessoa ser aluna da ADEDA ou não. Caso tenham informações sobre o paradeiro deles, liguem para a ADEDA. Dependendo da relevância da sua denúncia, uma recompensa será oferecida. Ambos foram classificados como Calamidade 4. Se você não acha que tem habilidades suficientes para enfrentá-los, não tente. Sua vida vale mais do que qualquer quantia de dinheiro.

Devido ao valor elevado da recompensa, o Quinto e o Sexto Esquadrão também partiram em busca deles. Enquanto isso, os Gêmeos estavam no topo de um prédio de seis andares.

— Somos nós dois contra o mundo novamente.

— E a Nathaly também.

— Eles não devem saber dela. Não seria mais seguro para ela nos deixar?

— Quem vai decidir se ela vem ou não é ela mesma.

Enquanto discutiam o que fazer, uma criança no nono andar do prédio vizinho brincava enquanto sua avó assistia à reportagem na TV. O neto olhou para baixo e chamou sua avó, que foi até a sacada e avistou as anomalias que apareciam na televisão. Rapidamente, ela correu até o rack da TV e discou o número da ADEDA.

BOOMM!

Não demorou muito para que os Gêmeos fossem atacados por trás. Ao se separarem, Nina foi arremessada para um prédio próximo, caindo dentro de um apartamento, em pé.

Nino permaneceu no prédio de seis andares, onde enfrentou três exterminadores do Quinto Esquadrão. Um deles avançou, mas Nino segurou sua espada e o socou no rosto. Pow! Enquanto o garoto caía, Nino soltou a espada, agarrou o pé do garoto com a mão esquerda e, com a direita, puxou a pistola do coldre, disparando um tiro na testa dele, matando-o instantaneamente. Crunch! Em seguida, Nino descartou a pistola e avançou sobre o segundo exterminador, decapitando-o com a espada. Pow! Ele não percebeu que havia um terceiro, que apareceu por trás e disparou um tiro. Tinn! Nino, no entanto, bloqueou a bala com sua espada, cortando-a ao meio e desviando-a para a janela atrás.

O último exterminador jogou a pistola no chão.

— Eu não preciso disso... Foi você que matou o Thales, né?

Nino abriu os olhos, irritado.

O exterminador envolveu seus punhos em chamas e avançou, tentando socar Nino. Crunch! Em resposta, Nino ergueu uma fina parede de pedra à sua frente, e o golpe do exterminador resultou em sua mão e parte do braço cortados ao meio. Shk! Antes que ele pudesse gritar de dor, Nino passou a espada cortando sua cabeça, descartando-a sobre o corpo como se fosse lixo.

— Nunca machucaria meu melhor amigo.


No sétimo andar do prédio vizinho, havia uma visão direta do topo onde Nino estava. Nesse andar, uma mulher falava ao telefone com o marido:

— Ele... El... Tá... Aqui. ELE QUER ME MATAR, ME AJUDA...

— Amor, pensei que você já estivesse bem.

— Ele vai me matar. Por favor, me salva. — A mulher estava completamente alterada, dominada pelo medo. Ela era a mulher que Nina havia ameaçado no banheiro do shopping.

— Sai do apartamento e vem pro meu trabalho. Traga as crianças. Talvez um pouco de ar livre as ajude.

— T-t-tá bom.

Fuu!

Vinícius chegou de surpresa logo após Nino ter matado o terceiro exterminador. Com a espada envolta em chamas azuis, ele tentou atacar Nino, que percebeu o movimento e desviou, encostando suas costas nas de Vinícius.

— Eu disse para não encher meu saco. Você não me escutou, né?

Vinícius tentou girar para cortá-lo, mas errou. BAM! BUMM! Nino respondeu com um chute lateral que o fez atravessar a parede e ir parar no apartamento do sétimo andar no prédio ao lado.


Nathaly, que saltava de prédio em prédio em direção ao local do encontro, viu Nino entrando pelo buraco na parede de um dos edifícios.

— Nino?

Vinícius entrou capotando no chão do apartamento. A mulher, em pânico, pegou seu filho no colo e segurou a mão do outro, puxando-o para fora do apartamento. Quando a parede se quebrou, ela gritou e deixou o celular cair:

— NÃOOOO!! — Ela conseguiu sair pela porta, mas o pânico estava estampado em seu rosto.

— Vanessa, o que tá acontecendo?! — Seu marido, do outro lado da linha, ficou desesperado.

— ALGUÉM ME AJUDA, POR FAVOR! SOCORRO! — Completamente traumatizada, Vanessa correu pelo corredor do prédio, puxando seus filhos chorando enquanto gritava por socorro.

Crunch!

Enquanto isso, Vinícius se levantou, olhando para frente, mas foi surpreendido por um corte que ele nem viu de onde veio. Nino chegou rapidamente, cortando o braço esquerdo de Vinícius com uma espada feita de seu próprio sangue preto. Crunch! Vinícius gemeu de dor e tentou golpeá-lo com a espada, mas Nino desviou e cortou seu braço direito. Cr-runch! Em um movimento rápido, Nino cortou as pernas de Vinícius, chutou seu peito com força e o derrubou no chão. Bum-bum-bum-bum! Fazendo os andares do prédio se quebrarem enquanto ambos caíam até o térreo, com Nino pisando sobre ele. Como último recurso, Vinícius começou a gritar, liberando fogo azul misturado com sangue pela boca. Shk! Mas Nino simplesmente cortou sua cabeça fora.

— Voz irritante. Cale a boca logo.

Após matar Vinícius, Nino se lembrou do poder de fogo azul que Vinícius possuía e, curioso, criou chamas azuis em sua própria mão.

— Então isso é a "posse"? Interessante.

[ — O que foi que eu te ensinei?! Você não pode simplesmente tomar de outro o que não é seu. ]

Nino se lembrou de quando era criança, sendo repreendido por Marta. Com uma pequena risada entre as palavras, ele respondeu:

— Tsc... Posso sim, vovó.

Nesse momento, Arthur apareceu com sua espada em punho e avançou em direção a Nino. Antes que pudesse atacar, Nathaly surgiu do nada, arremessando sua espada envolta em chamas altas entre os dois, os separando. Eles se viraram para ela, que se aproximava lentamente.

— O que vocês tão fazendo? Somos amigos, porra! Por que estão se matando?

— Ele é como aquela aberração que matou meu pai. Por que acha que estou fazendo isso? — Arthur respondeu, colocando a mão no ombro dela.

— Passamos três anos juntos na mesma sala de aula. Você descobre que ele não é humano e o que isso muda? O que isso muda, porra! — Nathaly tirou a mão dele do seu ombro. — Se você vai ser igual aos outros, então você é meu inimigo agora.

Arthur se afastou, olhando para ela com uma expressão emburrada por alguns segundos, e disse:

— Vão embora.

Nino olhou para Arthur, mas sem dizer uma palavra, se virou e começou a se afastar.

"Sorte a sua. Sua morte só serviria para traumatizar ainda mais aquela criança."

Nathaly, ainda olhando para Arthur, também virou as costas e começou a seguir Nino.

Crash!

Arthur, frustrado, chutou uma cômoda, quebrando-a.

— Droga!

Debaixo da cama em um quarto, uma criança tremia de medo, tentando não fazer barulho. No celular da garotinha, havia uma mensagem de seu pai.

— Papai, estou com medo.

— Papai já está chegando em casa, tá?

Minutos antes:

Nina estava de pé, de costas para o buraco no prédio causado por seu impacto. De repente, foi atacada por Helena, que surgiu com um rastro rosa e uma aura emanando da espada. Mas Nina não se importava mais; sua Marca estava ativada. Suas pupilas ficaram minúsculas, e seus olhos, arregalados. CRECK! Ela lançou um olhar para trás, ignorando a espada de Helena, e segurou o pulso da exterminadora, quebrando-o antes de arremessá-la contra a parede. BUM! Quando a parede resistiu ao impacto, Nina girou rapidamente e desferiu um chute na barriga de Helena. BAM! CR-R-RECK! Quebrando todos os ossos da região e destruindo a parede, arremessando-a para trás.

Em seguida, Nina ergueu uma parede de pedra que interrompeu o voo de Helena. CRUNCH! Antes que ela caísse ao chão, Nina avançou e desferiu um soco em sua cabeça, que explodiu. O corpo de Helena tombou, sangrando por todos os lados.

Observando a cena com um sorriso sádico, Nina murmurou:

— Vai servir para um teste.

Nina deixou seu sangue escorrer da mão para o buraco no pescoço de Helena. Controlando o corpo de Helena pelo sistema nervoso, ela usou seu sangue preto para regenerar a cabeça de Helena.

Toda a luta aconteceu em menos de um minuto. Manoela entrou na sala após ouvir as paredes sendo destruídas e, ao olhar ao redor, viu Helena de pé ao lado de Nina.

— O que ela está fazendo... O QUE VOCÊ FEZ COM ELA!? — gritou Manoela, nervosa e confusa. "Por que você está do lado dela?"

— Eu a matei. Você não está vendo? — perguntou, enquanto Helena avançava em direção a Manoela, que bloqueou o ataque com sua espada.

TINN!

— HELENA, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?! SOU EU!... — Manoela se afastou de Helena, desesperada.

— Ela está morta. Você é cega e surda? Ela não vai voltar. Prefere morrer do que acabar com o resto do sofrimento dela?

— CALA A BOCA! HELENA!... EU SEI QUE VOCÊ TÁ AÍ!... Por favor. Volta... — Manoela começou a chorar, olhando para Helena.

A expressão de Helena mudou, e ela começou a lacrimejar enquanto caminhava lentamente em direção a Manoela. Convencida de que sua amiga ainda estava ali, Manoela abaixou sua espada, permitindo que Helena se aproximasse.

— Hele...

Shkrunch!

Ploch!

Antes que pudesse terminar, Helena cortou os pulsos de Manoela e cravou sua espada na barriga dela.

Manoela caiu de joelhos, sangrando abundantemente. Sem suas mãos, ela não conseguia tirar a espada e a dor era tão intensa que não conseguia nem gritar; apenas chorava, paralisada, com o rosto traumatizado. Helena se ajoelhou diante de Manoela, enquanto Nina colocava a mão na cabeça de Helena. CRUNCH! Nina sorriu sentindo prazer ao ver o olhar desesperado de Manoela e, então, esmagou a cabeça de Helena bem na frente dela. Shk! Com os olhos arregalados e a expressão congelada, Manoela, ainda chorando e sangrando, começou a baixar a cabeça para olhar o corpo de Helena, mas sua própria cabeça rolou pelo chão. Nina a cortou com uma espada feita de sangue.

— Não me leve a mal. Foi escolha de vocês me atacarem.

BOOM!

No momento em que terminou de falar, Nina ouviu um estrondo alto; a parede ao seu lado se quebrava.



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