Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vanconcelos


Volume 1

Capítulo 16: Missão Conjunta

Nino entrou na sala da Alissa, que trancou a porta atrás dele.

— Como você está? — perguntou Alissa com muita preocupação.

— Bem... Eu acho. Não sei se foi culpa minha o que aconteceu. Eu deveria ter tido mais cuidado. — Nino não conseguiu segurar as lágrimas e começou a chorar — Não sei! Não sei o que eu fiz, deixei eles morrerem, eu...

Alissa correu para ele e o abraçou com força.

— Ei, ei. Não tinha como você adivinhar o que ia acontecer... — Nino chorava muito enquanto Alissa o abraçava — Não se culpe por algo que você não podia controlar. — Ela tentou acalmá-lo, passando a mão em seus cabelos.

— Líder...

— O quê?

— Líder. Eu não quero morrer... Essas foram as últimas palavras de Samanta. E eu estava parado assistindo tudo, sem conseguir me mexer, apenas os vi morrer.

— ...

Alissa permaneceu em silêncio, oferecendo um abraço amigo enquanto ele chorava. Do lado de fora da sala, Nina estava sentada no chão, com as costas apoiadas na porta, também chorando ao ouvir o lamento do seu irmão.


Louis estava em seu escritório quando recebeu uma ligação urgente.

— Alô?...

— Bom dia. É da ADEDA, certo?

— Sim. Posso ajudar?

— Um prédio perto da minha casa está infestado de anomalias.

— O quê? — Louis ficou surpreso com a palavra "infestado".

— Uma mulher saiu gritando na rua, dizendo que algo matou seu marido no prédio. Primeiro, pensei que ela estava louca ou usando drogas, já que estava quase nua. Mas eu tenho um drone e usando ele, eu decidi investigar o prédio. Passei por todos os andares e em quase todos os apartamentos, já que alguns não tinham tela nas janelas e as portas estavam abertas.

— O que você viu lá?

— Muitas anomalias. As pessoas do prédio estavam todas mortas e pareciam zumbis...

"Errantes? Mas errantes são humanoides. Algo transformou humanos em anomalias?"

— ...Eu encontrei o marido da mulher. Ele estava pelado, então provavelmente estavam no coito antes de tudo começar. Subindo alguns andares, eu vi criaturas diferentes; pareciam insetos, só que muito maiores que o normal. Quando virei o drone, algo o atacou e o quebrou. Talvez você saiba o que aconteceu, mas acho que tem algo lá que fez os moradores se transformarem. Todos os zumbis estavam vestidos.

— Entendi. Obrigado pela denúncia. Vou mandar um esquadrão imediatamente. Por favor, me informe o endereço.

— É na rua Caio Prado. Não sei o CEP, mas a rua está bem movimentada e o condomínio está cercado por policiais impedindo a entrada de pessoas.

— Ok. Obrigado. — Louis desligou. — Um prédio com humanos transformados em anomalias?... O que está acontecendo, Katherine? — Louis coçou a cabeça, estressado.

— Não sei o qu...

— Chame seu esquadrão. Vou chamar o terceiro também.

— O quê?

— Será uma missão conjunta. Os dois esquadrões irão juntos. Menos risco de algo dar errado. Com o que o cara me disse, não tenho como saber o que tem lá. Não sei se é algo muito forte.

"Aquela desgraçada de novo!" — Só o meu esquadrão dá conta. Pode conf...

— CHAME LOGO SEU ESQUADRÃO! — Louis gritou, visivelmente estressado. Depois de olhar para ela, ele notou o medo no rosto de Katherine. — Me desculpa... Eu estou com a cabeça cheia, estou cansado. Por favor, chame seu esquadrão. Não quero que mais nenhum exterminador morra.

Katherine saiu em silêncio da sala.

"Ele não gritaria comigo. Aquela mulher vai pagar." pensou Katherine enquanto se dirigia para buscar seu esquadrão.


— Está melhor?

Nino já havia parado de chorar há algum tempo.

— Sim. Já estou melhor. Sabe...

— O quê?

— Lá, eu lembro de matar um homem vestido com uma roupa de cientista, era meio parecida com os nossos sobretudos de exterminador, mas era azul escuro com muitas partes brancas. Não sei por que ele estava lá. Ele assistia à luta de cima de uma árvore, sempre com um sorriso no rosto, escrevendo algo em um caderninho.

— Lembra de mais alguma coisa?

— Não consigo me lembrar de muito mais, apenas de ver o celular e o caderno caírem depois que o matei. Tinha um nome dele no sobretudo, era algo com B, Bin, Bon, Ben, Ban... Não sei. Era pequeno. Isso eu me lembro.

Toc, toc. Alguém bateu na porta. Nina passou as mãos nos olhos para secar as lágrimas e, alguns momentos depois, Nino abriu a porta.

— Louis está chamando você.

Nino olhou para Alissa.

— Nos falamos outra hora. — disse Alissa.

— Tá bom.

No escritório de Louis, o Quarto Esquadrão já havia recebido as ordens, enquanto o restante do Terceiro Esquadrão ainda estava um pouco confuso.

— Missão conjunta? — Nino perguntou.

— Sim. Vocês irão junto com o Quarto Esquadrão.

— Mande o Quarto com o Quinto.

— Não posso fazer isso. Eles ainda são inexperientes. Esta missão tem um risco alto. Vocês e o Quarto são minha escolha.

— Já estou melhor. Podemos ir sim.

— Não. Apenas eu e a Nina. Você fica! — Nino falou com firmeza.

— O quê?

— Você fica e descansa.

— Ele está certo, Nathaly. Descanso mais um pouco para recuperar totalmente o seu braço. — Nina tentou ser mais gentil.

— Tá bom... Leve o celular. Se precisarem de ajuda, é para me ligar.

— Ahãm.

— Prometa. — Nathaly olhou para ele com seriedade.

— ...Prometo — Respondeu Nino.


Eles saíram em três carros do governo e chegaram ao local, começando a se aproximar do condomínio.

— Só para deixar claro, não me agrada nada fazer isso junto com você.

— Hãm?... Quem é você?

Vinícius saiu andando bravo após ouvir as palavras de Nino.

— Quem é ele? — Nino perguntou para Nina ao seu lado.

— O garoto do duelo.

— Aaaaaaah, o fogo de cozinha.


Mais à frente.

— Então, esse é o prédio? — Manoela disse, com uma expressão estranha, olhando para o local.

— Os sons que estou ouvindo não são nada agradáveis.

Nino passou por elas.

— Vamos acabar com isso logo.

— Ei?!... Eu sou o líder aqui. Vamos entrar e acabar com isso!

Nino olhou para Vinícius com desdém, andando na frente, achando que era alguém importante. Ao entrarem no prédio, receberam autorização para eliminar qualquer ameaça encontrada. Era a primeira vez que enfrentavam uma situação onde anomalias transformavam humanos em errantes. O governo havia instruído Louis a concluir a missão e enviar a limpeza para coletar os restos para estudo o mais rápido possível, na tentativa de descobrir a origem desse fenômeno.

Dentro do prédio, os exterminadores mataram todas as anomalias encontradas nas escadas e arrombaram apartamentos trancados. Pedro e Vinícius seguiram Nino e Nina até os andares mais altos, enquanto o restante do esquadrão limpava os andares inferiores e intermediários.

Os quatro arrombaram diversos apartamentos: o de Pedro estava limpo, o de Vinícius também. Nina encontrou um rato grotesco devorando a carne de uma pessoa que ainda emitia os sons característicos dos errantes. Skrunch! Nina eliminou o rato e o humano transformado. Nesse momento, uma voz começou a ecoar do apartamento que Nino havia aberto.

Uma anomalia humanoide inteiramente vermelha, com uma aparência meio demoníaca e confinada dentro de uma garrafa de vidro, começou a falar:

— Por que você está nos matando? Você também não é humano. Consigo ver nos seus olhos que você é parecido comigo.

Nino entrou no apartamento, mas não conseguiu localizar a origem da voz. Shcrec! Nina e os outros dois foram até lá e encontraram a anomalia na estante da sala. Nino a cortou ao meio sem hesitar.

— Por que essa anomalia disse que você é parecida com ela?! — Vinícius confrontou Nino.

Nino virou-se e encarou Vinícius, que era um pouco mais alto. Vinícius, desconfortável, desviou o olhar.

— Tá com o pau no ouvido ou só tá ouvindo coisa?! — Nino respondeu com raiva, seus olhos arregalados de irritação. Ele pensou em matar Vinícius ali mesmo, mas sabia que precisava de uma boa desculpa para Louis. "A anomalia matou os seis antes de eu chegar. Não. É impossível isso dar certo."

Os quatro exterminadores que estavam nos andares inferiores ouviram os gritos e subiram.

— O que aconteceu? — Manoela perguntou ao chegar.

— Nada. Só completamos a missão. — respondeu Vinícius, embora sua expressão deixasse claro que ele queria mais explicações.

Nino e Nina passaram por eles e desceram as escadas.

"Merda, merda, merda!"

Os gêmeos não foram para a ADEDA. Assim que entraram no carro do governo, Nino mandou o motorista levá-los de volta ao prédio onde moravam.

Vinícius e Pedro retornaram para a escola com o esquadrão. Ao chegarem, foram rapidamente até onde Louis estava, com os outros quatro do grupo seguindo sem entender nada que estava acontecendo.



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