Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 96: Depois da quarta vem a quinta... e depois da quinta vem a sexta

A área havia encolhido ainda mais... Todos os jogadores foram realocados — menos ela.

9 permaneceu onde estava. Estirada, exposta à luz direta da lua, ao frio cortante do vento que a açoitava como agulhas de gelo. Já não era uma jogadora... era apenas um corpo, abandonado entre o nada e o fim.

Sua vida literalmente havia acabado.

Não enxergava, não andava. Só sentia dor e frio, dor e frio.

Para somar em toda a sua desgraça, dentre os criminosos ainda vivos... um deles era mais louco que 8. O morador de rua, o número 6 — um vulto sujo, trêmulo e faminto. Seus olhos percorriam a escuridão como um animal esfomeado farejando carniça — encontrou a mulher... e o que não conseguiu fazer com Thaís... acreditou que seria possível com o "defunto" à sua frente.

A risada sem dentes escapava entre seus lábios rachados, saliva transbordava, enquanto a pequena faca de serra tremia entre seus dedos. Seus passos descompassados se aproximavam com urgência animalesca.

9 escutou os passos... mas não era como se desse para fazer algo.

— Me mata... me mata, por favor — implorou, sua voz arranhada, enfraquecida por tanto tempo de choro, dor e humilhação. Como um gravador quebrado, repetia em súplica.

6 parou por um segundo, surpreso... levou um susto.

— Achei que tava morta — disse, com um sorriso podre, como se aquilo fosse uma boa notícia. E então, mais animado ainda, se posicionou atrás dela, puxando sua calça imunda com dificuldade, sem se importar com o estado da mulher. O vestido rasgado e o corpo coberto de terra, lama, arranhões, sangue e cicatrizes... nada o impedia.

— Me mata primeiro... por favor, não faz isso... só me mata, por favor... me mata primeiro — continuava ela, como um robô travado numa única linha de código, implorando pelo fim. Repetia as mesmas coisas várias e várias vezes... mas o homem lhe respondeu... e a resposta foi... aterradora:

— Óbvio que não! Seu corpo vai ficar frio, e fica ruim pra fazer assim.

Pla-pla!

O som nojento dos corpos imundos se chocando...

— Me mata... me mata... por favor... para, para... só para e me mata...

O choro com murmúrios atraiu a atenção do 4, que passava por ali.

Quando o jovem caminhou na direção e viu o estado do corpo da mulher e o homem a segurando com brutalidade — um corpo em cima de outro, sem dignidade, sem compaixão, sem nada além de selvageria — seu sangue ferveu, seus dentes se cerraram em fúria e, tomado pela necessidade de ajudar... correu silenciosamente, na direção do abusador.

Shk!... Pah-... pah...

Um corte preciso foi desferido, bem no pescoço.

A cabeça se desgrudou do corpo e voou, com pouquíssimo sangue acompanhando-a no ar. A cabeça caiu no chão com um baque atormentante, e o menino logo segurou o corpo morto, puxando-o para trás, Pahf! jogando-o como lixo, tirando o agressor da mulher.

Mas quando se virou para a mulher... ouviu algo que o arrepiou:

— Voc...

— Me mata... por favor... me mata...

4 travou ao escutar aquilo. A mulher continuava apenas repetindo e repetindo a mesma coisa, sem parar... um único instante. Foi presa ainda viva em um inferno infinito, não via nada e em sua... "visão", caía em um limbo de desgraça e solidão... tudo que plantou, tudo que causou...

"Isso que ela sentia... isso que minha filha via..." As palavras de Nino dilaceraram toda a realidade da mulher. Tudo que sabia e pensava foi reduzido a perceber, na mais cruel realidade, o que fez sua menina sentir e passar desde que a pequena se entendia por pessoa.

Embora seus pensamentos fossem para este lado, suas palavras continuavam apenas implorando pela morte... e 4, vendo aquele sofrimento, lacrimejou e fechou os olhos.

"Não tem como salvar ela... Ela quer isso... Não sou uma pessoa ruim... Ela tá pedindo..." Abriu os olhos, cerrou os dentes... buscava coragem. — Ela tá pedindo... e eu preciso... sair... DAQUIII!!

Shk!

Fu!

Clap! Clap! Clap!

4 separou a cabeça do corpo de 9, matando-a e encerrando a quarta rodada.

Assim que o ambiente mudou, se viu sentado em uma cadeira de pedra. Seus braços e pernas bem justos nos encostos, presos, imóveis. Diante de si, 4 via 10, na mesma situação, e, pelo outro, entendia melhor como estava preso.

Tinham movimento ali, mas era impossível sair. Podiam se contorcer, se debater... e isso era um ponto negativo... que não entenderam de início. Na área das mãos, era circular, podendo deixar toda a mão aberta, com a palma para baixo.

A área agora era minúscula.

Um cubículo grotesco de pedra e chamas. Quando os dois surgiram ali, seus olhos bateram diretamente na linha de chamas escuras, que delineava a arena — paredes de agonia líquida, pulsando como se estivessem vivas. O calor escorria pelas costas, mas não aquecia: queimava por dentro.

Nino os recebeu com um sorriso sereno e malicioso, e o som das palmas ecoou como sinos fúnebres. Ambos ergueram os rostos em alerta. Seus olhos fixaram-se no garoto em pé.

— Parabéns... — Sua voz saiu com um tom leve, quase zombeteiro. De repente, franziu a testa, como se tivesse esquecido de algo: — Huh? Ah, é... esqueci que não podem aplaudir.

Caminhava pelo local, as chamas reagindo aos seus sentimentos. Aumentando e diminuindo, oscilando de acordo com como e o que falava.

4 olhou de relance para 10. Ambos, suando, respirando com dificuldade, mas ao ver que o velho prestava bastante atenção em Nino, também focou no menino, para escutar tudo que o Primordial tinha a dizer.

— Para esta rodada, vou dar novas instruções. Funciona da seguinte forma... — Nino interrompeu a si mesmo. Seus olhos se estreitaram em tédio.

Se lembrou de 1 e 2, resultando em uma provocação indireta:

— A não ser que sejam imbecis, sabem muito bem que possuem 10 dedos no total de suas mãos. Cada dedo será o custo de uma rodada.

"Quê?" pensou 10, olhando de relance para suas mãos.

— A cada rodada, vou contar até três. E, assim que eu disser "três", os dois irão dizer "eu" ou "ele", para escolher quem irá morrer. Se os dois disserem "ele"... — um sorriso se abriu em sua boca, como uma flor murcha e demoníaca — ...quebro um dedo de cada um.

Os dois se olharam rapidamente.

Um flash de pânico, misturado com cálculo.

Um tentando prever o outro... um tendo a mesma reação que o outro.

— Após a punição da rodada, ficarei dois segundos em silêncio e começarei a contagem novamente. A conversa é permitida a todo momento, sem restrição e sem punição pelo que disserem ou induzirem. Apenas conversem e decidam quem irá vencer... e quem irá morrer...

Os dois se olharam diretamente, após acreditarem que Nino havia terminado de falar as instruções.

Respiravam de forma ofegante só de imaginar seus dedos sendo quebrados, mas então Nino completou, quase cantando:

— A cada rodada, a morte do que se sacrificar será mais dolorosa.

Ambos voltaram o olhar para o Primordial.

— Cada dedo vale dois segundos... cada rodada vale quatro segundos de pura dor. Digamos que demorem cinco rodadas para decidir quem irá ganhar. Serão 20 segundos de tortura até a morte para quem decidir que morrerá. Caso não decidam até a décima rodada... ambos sofrerão por 40 segundos até a morte.

10 forçou os olhos.

"Se ele aceitar morrer na primeira, não vai sofrer!" pensou, já planejando uma estratégia.

— Não me importo se entenderam ou não... — Com um sorrisão estampado, Nino finalizou, erguendo os braços para os lados, no tempo que as chamas escuras reagiam e explodiam, subindo com o seu ânimo: — Que a quinta rodada comece... Um...

Os jogadores entraram em desespero, olhando-se em gritaria:

— 4, ACEITA A MORTE, SE ACEITAR AGOR...

— POR FAVOR, 10, EU PRECISO ACAB...

— Dois...

— ...A, VOCÊ NÃO VAI SOFRER!

— ...AR A FACULDADE! PRECISO HONRAR A MINHA MÃE!

— Três.

— ELE!

— ELE!

A resposta foi um eco assassino.

Nino sorriu, Fu! e surgiu ao lado de cada um, segurando o mindinho.

CRECKRRRRAASG! BRUNNNM!!

— AAAHRRGGTG!

— AAHRHGGHGT!

O som do osso se partindo não era humano. Nino mentiu... não era apenas quebrá-los. Era como madeira seca sendo arrancada à força. Mas não parou por aí. As carnes foram rasgadas para trás, expondo nervos, ligamentos, sangue... e dilacerando toda resistência mental.

O Primordial aumentou o tamanho dos dedos de forma absurda, enquanto sangravam por todo o apoio da cadeira. Seu sorriso se mesclou aos gritos e à explosão que as chamas fizeram, deixando o jogo com mais adrenalina, banhado na iluminação da magia escura.

Os dois se contorciam nas cadeiras como condenados à fogueira.

Os braços amarrados, os olhos arregalados, a boca sempre aberta — seja para gritar, seja para implorar por ar.

O terror já não era novo... mas a dor... a dor era sempre insana.

Se debatiam como vermes espetados por ferro quente. Cada espasmo arrancava novos gemidos. Pulavam presos, aos saltinhos grotescos de um teatro de sofrimento. Tentavam inutilmente, com a outra mão, segurar o novo dedo rasgado até o braço... mas não dava.

Podiam conversar, precisavam decidir quem viveria e quem morreria, mas esqueceram de um detalhe... a dor. A dor os impedia de conseguir falar... e os dois segundos dos intervalos... passavam quase que instantaneamente.

— Um...

— AAAARGHHTT!!

— HHRRR-HARFF-HARG!!

— Dois...

Ninguém conseguia falar nada. Não conseguiam tentar se convencer... a dor os surdava, os deixava mudos.

— Três.

— ELE!

— ELE!

CRECKRRRRAASG! BRUNNNM!!

— AHRRGHTT!

— HHHGRGHTQ!

Mais um dedo foi rasgado da mão até o braço...

Mais sangue jorrava pelo apoio das cadeiras.

Mais violentamente os corpos se debatiam em saltos curtos... saltos presos. 

Mais risadas Nino dava.

Mais prazer Nino sentia.

Mais forte as explosões ficavam, dando cor ao seu jogo macabro.

Nino gargalhava, rodando como um maestro embriagado com a sinfonia de gemidos.

4 não conseguia ter forças para falar, só conseguia gritar, e gritar. Mas 10... 10 engoliu com raiva tudo o que estava sentindo. A dor ainda estava lá, sentia cada nuance do que Nino os obrigava a experimentar, mas ele... ele tentou, ele queria... queria sair de lá, queria a vitória daquele jogo.

— 4, POR FAVOR! EU SOU VELHO, EU SEI!

— Um...

— MAS EU PRECISO VOLTAR PRA CASA!

— Dois...

— PRECISO CUIDAR DO ME...

— Três.

— ELE!

— ELE!

CRECKRRRRAASG! BRUNNNM!!

— ARRHGHGG!

— AIIIIII-AIIIIIRRGGT!

Mesmo com toda a força de vontade que sentia naquele momento, a cada dedo rasgado em sua carne, não resistia e precisava gritar para tentar se aliviar... Mas isso custava tempo, e mesmo que fosse um único segundo... era um único segundo que não podia ser perdido.

— 4, EU PRECISO CUIDAR DO MEU FILHO! ELE SOFR...

— Um...

— ...E NA ESCOLA! NÃO GOSTAM DELE! ELE...

— Dois...

— ...TEM AUTISMO DE TERCEIRO GRAU! ME...

— Três.

— ELE!

— ELE, PORRA!

CRECKRRRRAASG! BRUNNNM!!

— AAAIIIIRRRH!

— PORRA! PORRAAAA! — O corpo do 10 se dobrava de dor como um louco, mas ele não cedia. Cada grito que o rasgava só era interrompido por mais súplicas. Não havia pausa. Não havia respiro. Só... desespero.

Nino ria e não parava, o maestro circulava as cadeiras quase em uma dança macabra, suas unhas afiadas loucas para rasgar a carne... dos dois.

— MEU FILHO TEM O SONHO DE SER ASTRONAUTA! COM...

— Um...

— ...O VOU DIZER A ELE QUE NÃO DÁÁÁ?! E...

— Dois...

— ...U PRECISO CUIDAR DELE! EU DEI A ELE U...

— Três.

— ELE!

— ELEE!

CRECKRRRRAASG! BRUNNNM!!

— AAAAIIIIRG!

Tentando ganhar tempo, 10 engoliu toda a dor calado, e pela primeira vez no jogo... apenas 4 gritou, não aguentando aquela dor insuportável. Cinco rodadas se passaram, a próxima mão esperava o seu momento.

4 só conseguia gritar "ele", quase que de forma súbita, do seu corpo, do seu ser não querendo morrer. A dor deixava seu rosto pálido. Mas as palavras... as palavras do velho queimavam dentro de si... começavam um incêndio em seus sentimentos.

— EU ALUGUEI PRA ELE UMA FANTASIA POR UMA SEMANA DE ASTRONAUTA! TIREI FOTOS, TENTEI FAZER AQUILO FICA...

— Um...

— ...R GRAVADO NA CABEÇA DELE! O DIA QUE...

— Dois...

— ...ELE DEU O SORRISO MAIS BELO DA SUA VIDA!

— Três.

— EEELE!

— ELE!

Nino sorriu, ficando cada vez mais excitado.

CRECKRRRRAASG! BRUNNNM!!

— AHHIIIIRRRR!

— EU NÃO TENHO DINHEIRO PRA DAR A ELE O QUE ELE MERECE, MAS EU NÃO TENHO NINGUÉM PARA CUIDAR DELE! MINHA ESPOSA MO...

— Um...

— ...RREU FAZ MUITO TEMPO! MEU FILHO TEM 11 ANOS...

— Dois...

— ...E EU COMPREI UM CAPACETE PARA QUE ELE BRINCASSE E SE DIVERTISSE SOZINHO...! E-EU...

— Três.

— EEEELE!

— ELE!

CRECKRRRRAASG! BRUNNNM!!

— AAAAAAHIIRRG!

10 continuava falando quase que no automático.

A dor era um chicote dentro da carne, e o tempo era um carrasco sem piedade. 

Não tinha tempo para pensar direito, não tinha tempo para raciocinar e nem mesmo ter dúvidas se 4 o escutava ou não... e sim... 4 o ouvia. Cada palavra, cada pequeno fragmento de história — tudo era visto como um espelho na cabeça do menino.

O sofrimento na escola, na rua, na faculdade... os julgamentos, os comentários, as "brincadeiras" com sua condição. Que, embora não fosse de terceiro grau... lhe atrapalhava e atormentava diariamente.

Quando 10 falou que sua esposa morreu... quando 10 falou da fantasia que alugou para ver o sorriso do filho com hiperfoco em astronauta... seu coração sorriu.

— EU NÃO TENHO NINGUÉÉÉÉMM! SÓ EU! SÓ EU...!

O choro o tomou por completo.

Perdeu os dois segundos de intervalo tentando se recompor.

— Um...

— E-e-e-eu... eu... só...

— Dois...

— ...eu... só... eu...

— Três.

— Ele...

— Eu.

10 olhava para baixo quando deu sua resposta, vendo Nino surgir diante de si, segurando seu dedo para rasgar sua carne mais uma vez... Mas... quando escutou o "eu", seus olhos se encheram de dúvidas, tremiam abundantemente, e por poucos instantes, toda a dor parecia ter cessado.

Ergueu o olhar e encontrou... 4, o olhando. O olhar sereno... bondoso. 

Um sorriso sincero, em meio ao sofrimento que sentia, à forte dor tentando roubar o sorriso do seu rosto para gritos de tormenta.

— V-v...

— Cuida dele... por favor... cuida do seu filho. Não o deixe... não o abandone.

10... abaixou o rosto.

Não conseguia manter contato visual com aquele semblante decidido e alegre pelo seu sacrifício ser por um bem maior. O choro no rosto do menino, manchado por lágrimas que não cessavam.

— E...

— Desculpa... — sussurrou... 10.

— O-o quê...?

— Eu não tenho filho — respondeu, em tom baixo, o rosto abaixado em vergonha.

TsiHAHAHA!... HIIE-Hi-HEHAHA!

Nino gargalhava... se divertia passando por trás da cadeira do menino enganado.

— HAAAAHAHAHA! — Colocou a mão no rosto, incapaz de esconder o sorriso satisfeito ao ver o rosto em choque do menino bondoso. — Eu avisei... garoto. Todos vocês vieram por um motivo. E você acabou de se sacrificar pela porra de um pedófilo... Huhu-...-ha-HAHA!

4 encarava 10 com um olhar mais que intenso. Ignorava tudo que sentia e só sentia raiva e mais raiva... e Nino? Explodia em júbilo macabro. Gritava como uma criança no parque de diversões da desgraça.

— O jogo é jogado, e a mentira é uma arma. Caiu no papo do cara que abusou da própria sobrinha...

4 mantinha o olhar na direção do velho... que não conseguia por nada encará-lo nos olhos.

— Vamos, vamos, vamos-vaaamos... Me ajude a contar seus dedinhos quebrados... Uuummm, dooooooiiis... — Nino dizia enquanto dava pequenos toques com suas unhas afiadas e frias na carne exposta de cada dedo, fazendo com que 4 se debatesse, nem mesmo conseguindo nutrir o ódio que criou por 10 naquele instante.

— Trêêêêêssss, quaaaaatrooo...

— Arrrghht!

— Ciiiincoo, seeeeeisss, seeeete! Sete dedinhos... que bonitinhoooo! Hi-Ha-HAHA!

Nino ergueu-se jogando o corpo para trás em zombarias e risos. Sua forma de andar desafiava a lógica humana, o equilíbrio e a anatomia conhecida. Um ser diferente de qualquer anomalia já vista na televisão pelos dois humanos presentes.

Nino girava como um dançarino demente.

Uma bailarina demoníaca com sangue nas sapatilhas.

Lançou o corpo, parando com o rosto ao lado do rosto do perdedor, e sussurrou, sua voz arrastadamente prazerosa, animadamente psicótica:

— Vamos ver se o menininho é bom de matemática... Sete vezes quatro ééééh??

— Vi-vinte e oito...

— Acertou! E sabe qual é o seu prééééeeemio?

Chorando pra valer... Douglas respondeu:

— A mortARRHGHTT!!

Rrasg!-rgsrg!-rasgrt!

10 se assustou e fechou os olhos em choque quando Nino começou a rasgar a carne do menino com as unhas. Rasgava o abdômen como se buscasse uma resposta na carne.

Pahfrsraasg!

Não teve pena, apenas avançou no jovem, abrindo o corpo e o fazendo sofrer por 28 segundos sendo mantido vivo, com o coração batendo a milhão... até que, em sua contagem de cabeça, o tempo acabou e, em perfeita sincronia... Ploch! Nino o matou.

Penetrou as garras no coração exposto, BRUNM! causando uma explosão de chamas escuras, obliterando a carcaça. No meio do brilho, 10 viu a silhueta do garoto, ao abrir os olhos de susto com o barulho.

Nino sorria... e 10 viu o sorriso com aquela feição psicótica se aproximando.

Fu!

A cadeira sumiu.

10 surgiu ajoelhado... o corpo destruído, a mente à beira do colapso... diante de Nino, olhando-o de cima.

Ergueu um pouco mais o rosto sujo de sangue, os olhos esbugalhados de esperança:

— E-eu venci! Eu venci! Cert...?!

— Sexta rodada — anunciou, sua voz rouca e arrastada.

Shirrp!

O olhar de 10 perdeu as esperanças.

Uma faca de pedra emergiu na sua frente, e quando a olhou... Nino ordenou:

— Se degole.

Os olhos do homem tremiam mais que seu corpo.

"Vo-você mentiu..." pensou... mas obedeceu.

Esticou a mão e então lembrou que a mesma fora destruída. Estendeu a outra e, com seus três últimos dedos, segurou fracamente o cabo da arma branca.

"Desgraçado... desgraçado..." pensava, olhando-o enquanto posicionava a faca em seu pescoço... mas então... desobedeceu à ordem.

Tentou se erguer em um movimento surpresa, perfurando o pescoço... mas não o seu — e sim o de Nino. Só que... digamos que nem tenha conseguido se erguer um único... centímetro. Quando abaixou a lâmina para o movimento, seu corpo travou. O sangue o controlou.

Nino deu dois passos calmos.

Aproximou-se como quem iria cochichar um segredo no ouvido de um velho amigo:

— Tá na hora de sentir um pouco do que fez sua sobrinha sentir... — sussurrou... bem no fundinho do ouvido do inseto.

PLOCH!

Do chão... uma viga, uma enorme estaca de pedra emergiu, subiu como um míssil, perfurando pelo ânus e saindo pela boca do homem, deixando-o empalado... impossibilitado de morrer. THUM! THUM! THUM! THUM! seu coração batia mais alto e rápido que pistões de um hipercarro.

O pilar se estendeu e se virou na horizontal, deixando o corpo do homem como se fosse um... assado de porco. Burnm! Rag sentia cada vontade de Nino, e o menino não deu ordem, nem criou aquela fogueira sob o humano... Rag que se deu o luxo de preparar aquilo... lembrando dos humanos que Blacko assava de café da tarde.

Nino não disse nada, mas gostou — e, ao sentir que seu mestre gostou, Rag se alegrou, presenciando a tortura pelo olho que abrira no pescoço do Primordial.

— Sabe...

Nino criou uma faca de sangue e, enquanto o homem girava no espeto, sendo queimado levemente pela fogueira, Rasrsr... Nino ia tirando filés da carne... não para comer, pois daquele ser à sua frente, a única coisa que sentia era ânsia e nojo — mas sim para dar-lhe o que merecia, em seu ponto de vista: a dor.

— Eu queria ter todo o tempo do mundo pra brincar com o seu corpo da forma mais minuciosa possível... mas eu não tenho. E não é apenas nós dois nesse lugar... Uma pena... não é verdade? Raaa, eu sei que você queria se divertir comigo. Você... hãm... você gosta bastante de brincar com crianças... né? Mas, e uma criança brincar com você? Dói... né? Tsihanhanhan... O cheiro da sua carne sendo queimada é bem diferente de um imbecil que eu matei hoje. Hilário isso... não acha?

Nino já tinha notado a presença de Nina, e isso o fez broxar um pouco com os planos que tinha de torturar o abusador da sobrinha. Se aborreceu, e nem disse mais nada.

Burnm!

O corpo de José foi carbonizado... simplesmente deixou de existir, e o jovem colocou as mãos nos bolsos, saindo de lá com uma caminhada de nariz empinado.

"Porra, que saco...! Sabia que não tava dormindo... Sabia!"

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora