Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 95: Terceira rodada

O grito ecoou por boa parte do ambiente, fazendo diversos pássaros em seus ninhos se encolherem de medo da presença que Nino causava ali. O grito chegou aos ouvidos dos jogadores, que apenas aceitaram que mais um morreu. Entretanto, dentre eles... um reconheceu a voz.

4 olhou para o clone de Nino, que o encarava sem piscar.

Thum! Thum! Thum!

O coração batia em sua garganta, como tambores de guerra prestes a anunciar sua execução. As palmas das mãos suavam tanto que o solo sob seus dedos parecia escorregar. A tontura de encarar aqueles olhos brilhantes...

Fechou os olhos, como se pudesse se proteger, e com o pico de coragem que reuniu... perguntou:

— E-essa vo-voz... esse grito é o do 7?

— ...

Nino não respondeu.

Escutando apenas a angústia dos gritos que não cessavam, o menino com os olhos fechados não aguentou. Era quase a mesma sensação de fechar os olhos enquanto tomava banho, mas, diferentemente, aqui você realmente poderia morrer.

Abriu os olhos de repente, e muito rapidamente... da sua frente, Nino havia sumido.

O terror lhe travou a espinha.

"Q...?"

— Você já sabe a resposta, então me diz... por que faz perguntas tão imbecis? — questionou Nino, ao lado do jovem, olhando-o no rosto, levemente para cima, devido a Douglas ser um pouco mais alto.

— Me-me perdoa... — balbuciou 4, abaixando a cabeça como um prisioneiro diante do carrasco.

Nino não respondeu.

Apenas permaneceu olhando seu rosto por longos e sufocantes segundos antes de se afastar, cada passo ressoando atrás de si como marteladas fúnebres.


1 estremecia.

O suor escorria livremente pela lateral do rosto. O grito o deixou gelado — mas... não reconhecia a voz.

"Ele... ele morreu?" Olhou para Nino o encarando. "O-o que é essa coisa...?" Seu corpo se estremecia ainda mais apenas de vê-lo não piscar uma única vez enquanto o encarava.

Seus dedos mal conseguiam manter a lança apoiada no chão. A garganta seca implorava por alívio. Mas, ainda assim, arriscou:

— Q-q-queEe-...

— Hãm? — a voz rouca e arrastada de Nino cortou sua tentativa.

Gulp... Q-q-quem morreu nessa rodada...? — forçou-se a completar a pergunta, quase se afogando nas palavras.

Nino não piscou. Seu rosto fechou-se em um tédio tão cruel que apenas piorava a sensação de que havia cometido um erro fatal.

— Por favor! — suplicou rapidamente — Esqueci do por favor...! Desculpe minha falta de educação! — Abaixou a cabeça enquanto completava o pedido.

Só então Nino abriu a boca, seu tom quase debochado:

— Quem morreu... é? Tcsi... 7 matou 2...

O mundo de 1 paralisou... mantendo os olhos trêmulos escancarados.

Seu olhar caiu vazio, com o rosto abaixado.

— ...e 4 matou 7.

O sangue ferveu em suas veias. A raiva ultrapassou o medo. Ergueu-se como podia, fixando o olhar desesperado em Nino:

— Por favor... me diga onde está o 7... eu vou mat...

— Qual o seu nível de burrice?

A voz de Nino estalou como um chicote.

"Huh?"

1 o encarou, sem entender a princípio a ofensa.

— Não consegue interpretar uma simples frase...? — bufou, desprezando-o. — Puta merda. Seu amigo tá morto. Quem o matou tá morrendo nesse exato instante. Eu já tinha uma ideia do quanto você e o outro inseto eram imbecis. Só de olhar pra essa blusa brilhando já diz muito. Nem sei como ninguém te achou e atacou. A porra dum ponto brilhando pelo mato.

1 baixou a cabeça em vergonha. Sua respiração era trêmula. Só aceitou as ofensas, sem mais nem menos.

Olhando para o seu corpo, percebeu que o Primordial tinha razão.

Furs.

Penetrou um pouco no chão o cabo da lança, liberando sua mão. Logo levou a mão para o zíper da blusa, mas no instante em que ia puxar... Burnm! uma explosão de chamas escuras tomou conta do seu corpo... mas não lhe tocou.

Seu corta-vento foi desintegrado, e o que restou foi apenas o susto que levou.

Olhou para o Primordial... que continuava o encarando da mesma forma.

"Como caralhos eu vou cumprir o que eu prometi... irmão? Olha essa porra... Olha essa criança do capeta..." pensou, o desespero tomando conta de vez.


O choro de 9 se misturava à respiração irregular.

Seus músculos tremiam tanto que mal conseguia manter o tronco ereto. Ajoelhada diante do Primordial, o sorriso maníaco de Nino parecia distorcer o próprio ar ao seu redor, como uma miragem maldita.

A mulher, com a cabeça baixa, mãos espalmadas contra as coxas machucadas, ainda tentava entender o que acontecia... Quando, Shiirp! uma marreta de pedra emergiu do chão na sua frente, quase a tocando.

— Harf!

Arfou em susto, recuando minimamente. A sombra da marreta era monstruosa à luz pálida da lua.

Antes que pudesse processar o terror que brotava em suas entranhas, a sentença foi dita:

— Destrua o seu joelho esquerdo.

Ergueu lentamente o rosto, os cabelos desgrenhados escorrendo como teias mortas. Seus fios bagunçados de todas as lutas que teve com 8. Sua face era o retrato do desespero: o buraco vazio do olho esquerdo ainda sangrava, mesmo selado pelas pálpebras, pingando lentamente sobre o vestido rasgado, tentando inutilmente proteger suas pernas.

— N-não-não... Não... Por favor... Por favor... — as palavras se engasgavam em sua garganta seca — Tem um louco atrás de mim! Tem um louco me caçando... querendo me estuprar. Por favor... E-eu não vou conseguir correr assim... meu senhor. Por favor! Por favor!

Clamava como um réu perdido pedindo clemência diante de um rei cruel.

Nino, no entanto, manteve o sorriso... e respondeu, num sussurro ácido que a atravessou como punhais:

— Quem disse... que eu me importo?

A sentença destruiu sua última esperança.

O choque veio imediatamente, o olhar desolado vendo que não conseguiria fugir do homem novamente.

— Destrua a porra do teu joelho esquerdo, agora — ordenou, com a sede pelo sofrimento sendo sentida em cada sílaba. Sua boca salivava, seus dentes afiados.

A mulher, trêmula como nunca, olhou para o objeto, e pensou:

"Esse cara gritando... O cara da rodada passada também gritou pra caralho... Não posso desobedecer... Não posso desobedecer..." tentou se convencer de que era a melhor escolha. Que resistir seria pior, que resistir estaria quebrando uma das regras. "É só ir com tudo..."

Segurou o cabo da marreta... sua perna já esticada, seu joelho à mostra, esperando os golpes.

"É-éÉéÉee... É só ir com tudo... Quebrar o mais rápido que puder... Isso... Isso... ISSO...!" — AAAAAAAHR!

Branck!

— ArhGtgTg!

Bateu com força, sentiu o osso rachar, sentiu sua perna ficar mole... Com apenas um golpe, tentando usar toda a sua força... ela de fato conseguiu quebrá-lo... mas quebrar... não foi exatamente o que Nino ordenou.

— A-ah-ah-aa-a-ai... Ai-ai... Ai. AIiii...

Gemia baixinho... Sua perna dobrava para o lado errado, o joelho transformado em uma massa inchada e roxa. Sua mão tentava segurá-la... tentava amenizar a dor.

Chorava com abundância... uma criança pequena.

— Pr-pronto... Pronto...

O grito do 7 já havia cessado, o homem já havia deixado de existir — assim como a cruz.

"Calma... Foi fácil... F..." Seu corpo travou, como uma marionete sendo controlada por fios. Não conseguia controlar nenhum membro, perdeu o controle de si mesma, e então, sua mão direita segurou a marreta, ergueu-a e uma voz foi ouvida... enquanto seu desespero interno gritava sem entender... sem saída:

— Eu mandei destruir... não apenas quebrar.

Creck!

— ARGHGT!

Cracksh!

— ARHGT!

9 foi obrigada a ver seu corpo agindo sozinho, destruindo não apenas o joelho, mas cada centímetro da sua perna. Cada marretada espalhava novas fraturas internas, e durante longos segundos, sua perna inteira foi destruída, assumindo um roxo intenso, um roxo profundo.

Seu único olho foi obrigado a permanecer aberto... e nem mesmo conseguiu implorar por piedade, no tempo em que era torturada por si mesma. O osso se transformava em uma lama roxa e escura. As fibras musculares se rompiam como fios sendo arrancados.

Quando todos os ossos presentes na perna esquerda foram pulverizados, seu corpo foi liberado, Tuf... e a marreta caiu no chão, se desfazendo em pó... na terra... que era molhada pelas lágrimas profusas.

9 caiu para o lado, as lágrimas jorrando descontroladamente, misturadas à sujeira e sangue que sujavam seu rosto e corpo inteiro. Com esforço, ergueu minimamente o rosto... para olhar Nino, que mantinha um sorriso ainda maior, pegando de ponta a ponta da orelha. O olhar de cima, os olhos intensos olhando diretamente para a alma da humana.

Tsie...

Nino virou-se... e com um único passo...

Fu!

— Terceira rodada.

Todos os jogadores surgiram em um novo ponto... e... 9... surgiu em um lugar aberto ao céu... deixando-a exposta, deixando-a no lugar mais visível da área reduzida mais uma vez.

A mulher viu aquilo e se encheu de terror.

Thunf!

Caiu de bruços no chão enlameado, arrastando-se com a perna destroçada, tentando alcançar uma moita, qualquer esconderijo que a livrasse da exposição mortal.

Seu corpo juntava terra e folhas molhadas enquanto se movia penosamente... e... inutilmente.

— Preciso sair daqui... — sussurrou tão baixo que nem o vento ouviu.

A área de jogo agora era minúscula: apenas 3600 metros quadrados. 60 metros cada uma das paredes deste quadrado imaginário. O que ajudou para que 8 encontrasse a mulher novamente... e bem mais rápido do que da última vez.

Nino posicionou os últimos seis jogadores em um formato de 3x3. Três surgiram próximos um do outro no sudeste, e três no noroeste. Queria ver uma briga fervorosa, todos se olhando, se ameaçando e se atacando... mas acabou que não obteve o que queria.

Mesmo que tivessem surgido relativamente bem próximos... apenas 8 saiu como um selvagem correndo atrás de alguém... mais especificamente a número 9. Os outros jogadores foram mais cautelosos, silenciosos em suas caçadas.

No instante que 8 viu 9 se arrastando com a perna roxa sendo iluminada pela lua... seu sorriso doentio se abriu, e correu até lá.

"Corre agora! Corre agora, desgraçada!" rugia em pensamentos, a saliva escorrendo de sua boca num misto de ódio e ânsia... chegando próximo da jogadora, que até então não havia o notado.

A dor e seus pensamentos de querer sair daquele lugar a dominavam, e só foi perceber que o homem chegava até ela tarde demais... Tapshc... quando ouviu um passo profundo na lama ao seu lado, jogou o rosto, e então viu... a silhueta maldita que tanto temia.

— NÃO!

Thanpf!

O homem subiu nela.

O peso dele a esmagou contra o solo. As mãos fortes imobilizaram seus braços. De sua boca, uma risada com grunhidos saía. Seus olhos brilhavam vendo sua presa indefesa. O vestido, já rasgado, virou uma arma contra ela — usado para amarrá-la de forma rudimentar e cruel.

9 lutava, esperneava e gritava... mas então percebeu que lutar doía mais que apenas aceitar.

Se debater puxava sua perna mutilada em ângulos de dor insuportáveis... só fazia sua perna doer muito mais...

Então... desistiu.

"Não... Não..."

Seu choro era inútil. Sua rendição era notória. Os braços amarrados, a força que aplicava para se desprender era ínfima. O homem a tinha sem mais nenhuma restrição.

— Por favor... não faz isso. E-eu tô com o dinheiro... Por favor. Por favor...

8 não dizia nada...

Retirou seu membro ereto da calça, e apenas penetrou na mulher machucada.

Pla-...-pla-pla!

Seu riso selvagem preenchia o silêncio como um coro sinistro.

O ângulo dificultava um pouco o que fazia, seu pênis não era nem mesmo modesto. Era mais barulho e batida de virilha do que penetração, mas não mudava o peso emocional, a destruição na mente da 9.

O homem continuava rindo e produzindo grunhidos selvagens e estranhos.

Segurava o cabelo, puxava com força, arrancando fios em sua mão. Forçava o rosto da mulher contra o chão. Não parava. Continuava só se satisfazendo da forma mais ansiosa, rápida e grotesca que conseguia... tudo isso com a mulher em silêncio... sem vida... sem nenhum pingo de brilho em seu único olho meio aberto, olhando para o chão... olhando para o nada mais longe possível.


1 caminhava tranquilo, embora bem atento, com sua lança pronta para ser projetada à frente em um ataque rápido. Passava por uma área... bem... bem... limpa de árvores, com uma pequena coisinha que chamou sua atenção — luz... amarela.

Até então, a única iluminação que tinha, assim como os outros, era a luz roxa mesclada com preto que iluminava o chão e um pouco os arredores em suas testas. Mas, ao ver uma luz amarelada, caminhou na direção.

Ainda não havia chegado, mas olhando dentre as árvores... ele via... uma construção humana, iluminada por postes. 1 estava diante — e ao mesmo tempo, longe — do Reservatório de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.

— Quê isso? — sussurrou para si, enquanto continuava caminhando cada vez mais na direção.


— Arrrh! Arrr... Geme! Geme, desgraçada! Não é uma puta igual à filha? Geme, caralho!” — Sua voz distorcida, mais animal do que humana.

Pla-pla!

O homem não parava.

Movia os quadris igual a uma pessoa tremendo de frio. Não sabia o que fazia, apenas fazia de qualquer forma. 9 não respondeu e nem muito menos produziu som algum. Seu olhar continuava inerte, sua vontade de viver já havia deixado seu corpo.

Só queria a morte... só queria sair de alguma forma de lá... sem sofrer mais.

Bam-bam!

— GEME, PORRA!

Começou a agredir com socos a cabeça, afundando o rosto na lama, e, devido à sua atenção voltada ao corpo da mulher... não notou a grande silhueta, em pé... atrás de si.

PLOCH!

Uma picareta atravessou seu peito.

Uma penetração brutal, precisa... direto no coração.

8 morreu instantaneamente, e 10... puxou o corpo dele para trás, Pahsh... retirando-o da mulher. Impassível, empurrou o cadáver com o pé, arrancou a arma cravada sem esforço... e olhou para 9 caída.

Sniffff, harff... — Levantou a picareta com lentidão e apoiou-a sobre o ombro e pescoço, o ferro úmido roçando sua pele suada. — A rodada ainda não acabou. Então você ainda tá viva. Credo... que merda aconteceu com a sua perna? — perguntou com um meio sorriso torto, olhando a mulher no chão... inerte na tortura psicológica presa. — Tendi... Não vai responder... Melhor assim.

Ergueu a picareta, deixando-a pronta para golpear a cabeça da mulher... dar a ela o ponto final na história e na sua participação no jogo. O braço pesava mais que antes, o cansaço começava a bater, precisando sempre erguer aquela arma extremamente pesada e grosseira.

— ...Melhor que nem veja — sussurrou... enquanto sua arma descia... com força.

Fu!

Shirp!

Mas...

O cenário mudou de repente, e seu golpe atingiu a terra, penetrando o solo como uma enxada.

— Quê...?

No momento em que seu golpe a eliminaria... outra pessoa morreu. 1 não se atentou. Não lembrou da Regra Número Quatro: "...assim como o número que brilha em suas testas, fazendo com que vocês se encontrem mais fácilmente, a área também é visível. Saia, e morra instantaneamente..."

"Deve ter um telefone... a ADEDA deve apar..."

Curioso com as luzes e a construção, foi seguindo pelo mato, e acabou não vendo a linha de chamas escuras. Em sua visão, acreditou que era o padrão, a iluminação que sua testa gerava, mas não... não era.

Assim que seu pé tocou fora da área, Rag se manifestou em sua frente.

O olho surgiu rasgando a realidade, encarando o humano fixamente.

A lei imposta pelo ser era simples: "Mova-se e seja dilacerado"... 1 não respeitou a imposição do olhar. Se moveu, e seu corpo foi reduzido a nada, com a quantidade de cortes que recebeu.

Mas...

Uma coisa foi deixada... Thum! Thum! o coração voou intacto, um último protesto de vida, e Nino surgiu, segurando-o, e o lançou para cima.

Nhac!–Nhami!–Nhamm... Gulp!

Com o órgão voltando pela gravidade, caindo certeiramente na boca do jovem, que mastigou e engoliu, saboreando um coração fresquinho... ainda pulsante.


Diante de outra versão de Nino, 9 surgiu. A inércia, o vazio em sua mente evaporou como fumaça diante da presença. O medo preencheu todos os espaços.

— Arranque o seu segundo olho com as mãos.

A ordem foi dada... e a mulher não se moveu ou fez nada.

— Não vou fazer porra nenhuma... Me mata, só me mata... sua criança de merda... SEU DESGRAÇADO!!

Nino sorriu... mais largo que nunca, quando retirou a mão direita do bolso, gesticulando em zombaria.

— Por que imaginou que eu lhe daria o que tanto quer? Eu adoro matar... Ver a vida deixando uma carcaça destruída... é hilário... delicioso. Mas... há muitas outras coisas mais gostosas que matar... Uma delas é escutar um inseto implorando por ela.

O corpo de 9 travou...

CRECK!

— AGRGHGT!

Os braços, presos, foram soltos, mas quebrados ao meio, dobrados para trás como se fossem feitos de galhos secos, pelo cotovelo.

— Escutar cada gemido, cada lamento... sentir o desespero. Apreciar o som dos ossos chacoalhando, tremendo de medo...

Mesmo quebrado, o direito foi controlado, grotescamente, até o rosto da mulher, e então, Plshsh... as unhas penetraram a carne, afundando, tateando o globo ocular... envolvendo o olho... para...

Plash!

— AGHRTTHG!

Arrancá-lo brutalmente duma só vez.

O buraco pulsava como uma ferida viva, cuspindo sangue e nervos em convulsão.

— Por favor... por favor... para... para... me tira disso... me desculpa... me perdoa... me mata... por favor... me mata... socorro... socorro...

— Era assim que sua filha enxergava todas as noites... Era assim que você a deixava a cada dia... Era assim que ela clamava, e você não dava a mínima... — Nino a humilhava, mas então um sorriso insano tomou conta do seu ódio perante uma mãe de merda.

— Olha só? Hilário, não? Tá enxergando alguma coisa, inseta? Tá gostando do que vê? Ahhhrr! — arfou roucamente, em um tom alegre.

Se aproximou, rindo com desdém, passeando ao redor da mulher como um chacal em volta de uma carcaça. Destruindo-a enquanto a mesma chorava, pela dor... mas também... pelas palavras.

— Vai me dizer mesmo que não consegue anNNdarrr, éééhh? Sua perna tá presa por uma corrente... por acasoh...? HumhHumh? Ahhhhhrr! — Nino ergueu o rosto para o céu em sua arfada forte, rouca. — Usaram o seu corpo sem sua permiiissããoooo? Vai me dizer que não gostou do dinheiro em troca, desgraçada? Dorme que passa, filha da puta. Falava isso pra ela? Trancando a menina no escuro, dia e noite, noite e dia? Ela já viu a luz? Já viu o dia? JÁ VIU A PORRA DO SOL?! JÁ VIU A POOORRA DA VIDA?!

Nino se irou com fervorosidade... lembrar que aquilo na sua frente era uma mãe, e que não cuidava da filha... lhe deixava mais irritado do que o ódio que sentia na generalização de toda a raça humana... e toda a raça considerada inferior pelo seu sangue... pela sua herança.

O choro da mulher continuava... e sem nenhum outro jogador inútil na rodada...

Fu!

— Quarta rodada...

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