Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 94: Segunda rodada

A consideração para o inútil da rodada não contava para aqueles que conseguissem encontrar uma das armas. Mas, mesmo que o jogador não encontrasse, e mesmo que não restasse nenhuma mais... sair e procurar, caçar seus inimigos... contava como utilidade.

Pegar uma pedra, jogar no outro. Tentar lutar, tentar sobreviver sem ser apenas um fujão, um jogador que se esconderia o jogo inteiro para tentar dar apenas o golpe final no último jogador vivo.

O Primordial queria entretenimento. Ver uma pessoa escondida com o cu na mão não fazia parte do seu gosto pessoal. 9 foi punida por apenas fugir. Já 2 foi punido por ser protegido e nem sequer ter tentado ajudar fisicamente seu duo.

Fu!

— Segunda rodada...

A voz de Nino ressoou por dentro das árvores, vibrando nos ossos dos jogadores.

Assim que todos os jogadores surgiram em novos pontos... a caçada começou novamente, e os desarmados... começaram a temer ainda mais por suas vidas.

"Cadê ele?" pensou 1, correndo pelo mato, procurando pelo seu amigo.

Sua movimentação pelo lugar era muito boa, embora usasse um 12 molas.

A ponta da lança cortava o vento, quase produzindo um assobio. Sua roupa deixava claro sua posição para qualquer ser que passasse por perto. Mas... não demorou muito para encontrar o que queria. Subiu um pequeno morro — o mesmo onde 4 eliminou 3.

Schsch!

Empurrou folhas, galhos, ignorou todos os arranhões na pele. Passou pela vegetação do topo, e quando escutou um leve gemido... viu seu amigo, sentado com as costas apoiadas em uma grande pedra... com o braço dividido em duas tiras, sendo iluminado de corpo inteiro pela lua, na falha de folhagem das árvores ao redor.

— Cirilo, caralho! — seu grito rasgou o silêncio, correndo na direção do amigo. Mas, quando 2 ergueu o rosto... implorou, a voz tremendo:

— Sai daqui, mano... Sai daqui...

1 parou, seu rosto em choque com o que via, agora de mais perto, de forma muito mais explícita.

— O-o quê? O-o que aconteceu? — 1 gaguejou, desesperado.

— Viado... sai... só sai daqui. N-não quebre as regras... não pode me proteger mais uma vez... senão vai sofrer comigo... — 2 chorava abertamente agora, cada palavra um gemido engasgado.

— M-ma-mas... — 1 tentava falar, mas o desespero lhe travava a língua. Olhou para os lados, buscando as palavras enquanto escutava o leve choro do amigo no chão. — A gente acha uma arma! Você preci...

Tschaha! — soltou uma risada torta, quebrada, mais triste que qualquer lamento. — Não dá... NÃO... DÁÁÁ!! — gritou, muito frustrado. Curvou o corpo, chorando com a dor que seu grito causou. — Não dá... Mano, não dá. Não tem mais arma. Achei que essa porra era nóia, achei que essa merda era só uma zoeira, sei lá. Não tem o que fazer... Não tem como eu sair daqui... caralho. Não tem... NÃO TEM!

O silêncio caiu pesado.

1 olhou para os lados. Cada sombra parecia rir dele. Debochar de sua impotência.

Tentou falar...

— Temos...

...Mas foi interrompido:

— Não temos nada! Nada, viado! Nada!... Não temos nada... Não temos PORRA NENHUMA! — Sua voz era ofuscada pelo choro. — Sai daqui, por favor, velho. Vença essa porra... Ajuda a minha mãe, por favor, mano... Você é mais que um irmão, cê tá ligado o quanto ela gosta de tu.

— Mano, para, velh...

— Não, mano. Para você! Me escuta, por favor... Só diga a ela que eu a amo, e diga que eu pedi desculpas, por tudo que já fiz ela passar, e por não conseguir voltar pra casa... Mano... Mano... sai daqui... por favor. Se essa porra de segunda rodada acabar agora, com você me poupando, acho que será torturado também... sei lá. Só me deixe pra morrer, e procure alguém pra matar. Alguém pra você conseguir viver.

2 abaixou seu rosto em lágrimas.

Suas palavras nunca foram tão lúcidas. 1 nem mesmo conseguia dizer nada. Seu rosto destruído, mas não em lágrimas. Apertou tão forte a lança que seus dedos se embranqueceram, e se virou de costas para o seu "irmão".

— Eu prometo... Vou cuidar da sua mãe. E vou garantir... que o Miguel não venha pro crime — disse... com a voz embargada, segurando o choro com todas as forças.

2 ficou um tempinho em silêncio... a noite congelando tudo ao redor deles.

Depois de alguns segundos, onde dividiam um silêncio destrutivo... 2 abriu a boca, agradecendo em voz baixa:

— ...Obrigado.

1 não aguentou... começou a lacrimejar, mas então saiu correndo de lá, na busca da vitória, na busca de um jogador para assassinar. 2 ficou lá... em lágrimas, aos prantos da dor, aos prantos do sofrimento de não poder dar aquelas palavras pessoalmente para a pessoa que sempre lhe avisou, para a pessoa que sempre tentou lhe corrigir e ajudar.

Mas... com os gritos, os berros em frustração e agonia... uma pessoa ouviu.

Schsch!

2 se assustou com o barulho do mato se movendo à sua direita e olhou... lá, viu 7... e ele segurava um machado, enquanto caminhava na direção do menino incapacitado.

2 congelou de terror, analisando o homem. As vestes lhe lembravam a de um padre, quando fez catequese.

— Vo-você vai... — murmurou, aterrorizado, vendo a arma reluzindo um pouco da luz do luar.

— Nã, nã, nã-nã-não! Não vou fazer nada de ruim com você, jovem... — Sua voz soava como mel. — Vou ajudá-lo, nós vamos sair daqui! Deus está no comando! Deus está me ajudando! Deus me mandou até aqui, para que eu salvasse os seus filhos do mal!

7 se aproximava com calma, sua voz benevolente, sua feição de bondade, seu sorriso passando sinceridade. Cada palavra era um alívio, uma dose de morfina no coração dilacerado do garoto.

— Voc...

— Sou um homem de Deus, 2. Vou curar suas feridas, e juntos derrotaremos o demônio.

— A-a-aquele menino... é um demônio? — perguntou, os olhos arregalados.

— Sim... Ele se revelou para mim, mas eu consegui afastá-lo, falando o nome de Cristo!

Os olhos de 2 brilhavam... 7 já se encontrava agachado à sua frente, de forma amigável e gentil. Sua voz doce... suas palavras escolhidas minuciosamente para ser exatamente o que o "desesperado" queria... a forma mais fácil de manipular uma pessoa com problemas.

— Meu jovem... Vamos orar o Pai-Nosso, e o Pai irá purificar sua alma. Irá perdoar os seus pecados...

— E-eu fiz muita coisa errada, p-padre...

— Eu sei... meu gafanhoto... — Abriu um sorriso manso... quase angelical. — Mas, para Ele, nada disso importa. Importa o que será feito daqui em diante. Importa o testemunho que irá ser em vida, para que outras pessoas possam ver Cristo em seu dia a dia, e se converterem para o sagrado nome de Deus.

2 soluçava, confirmando com a cabeça.

7 parecia um anjo, a luz da lua da falha daquela área iluminando o homem quase com uma aura celestial... e sagrada.

— Feche os olhos... e vamos orar.

2 obedeceu, fechou os olhos. Suas lágrimas saíam mesmo assim.

— Pai nosso...

— Pai no...

Shkrunch!

4... que também escutou o grito e foi até lá, ficou horrorizado com o que viu.

Seus olhos se arregalaram tanto que parecia que saltariam de seu rosto, o pavor sendo emitido sem necessitar de palavra alguma. THUM! THUM! seu coração batia com violência.

Assim que 2 fechou os olhos e começou a repetir a oração que 7 iniciava, 7 ergueu o machado e desceu sem pena alguma, dividindo a cabeça do jovem ao meio... perfeitamente.

"Que merda é essa?! Esse cara... esse... esse cara mentiu assim?!" 4 ficou tão assustado que nem conseguiu ir para cima do 7, que aproveitava o momento puxando o machado de volta.

"Essa pessoa não merece vencer... Não merece sair daqui..." pensou, a raiva tomando conta do seu ser. "Vou matar você... Eu vou matar você!" jurou para si mesmo... e então foi realizar o seu plano.

Saiu de fininho... mas não foi muito longe.

Se posicionou próximo de uma folhagem no chão, onde escondeu sua espada... e lá?

...Começou a chorar, lamentações e murmúrios... falsos...

Hum?

Que atraíram a atenção do 7. O padre ergueu o rosto... atento.

"Tem mais alguém aqui perto?" pensou... Sch-hcs... limpando o seu machado no chão, e indo na direção do som que ouviu.


9 não sabia que todas as armas já haviam sido encontradas.

Continuava procurando por uma, agora com uma imensa dificuldade. Mesmo que ainda enxergasse bem com apenas um olho, a dor, o incômodo e a sensação eram torturantes demais. A deixavam tonta, sem equilíbrio.

Entretanto, a dificuldade do que sentia e a falta de informações não eram o seu maior problema. Naquela floresta, naquele jogo, um ser a caçava sem descanso... e, surgindo em um bote... Schsch! 8 surgiu, para continuar o que não terminou.

— AHH! — O grito rasgou a noite.

9 se assustou quando o homem passou por uma moita alguns metros à frente. Sorte a dela, que 8 ficou preso. O cinto enroscou em um galho, o que a deu uma chance de sair correndo por sua vida.

— Merda! — rugiu 8, Scrrfrsr! forçando afobadamente o ferrolho do cinto, para retirá-lo e sair correndo. Sua tremedeira o atrapalhava muito. Não conseguia se desprender, e então...

Plashpt!

Usou sua peixeira, cortando o couro de uma parte, conseguindo se desprender e voltar a correr. Seu cinto ficou lá... Burnmn... até que Nino eliminou a prova de que alguém passou por lá.

Chamas escuras consumiram o ferro e couro, fazendo com que aquilo virasse apenas fumaça subindo para a camada de ozônio.

— VOLTA AQUI! — vociferou ele, com a fúria cega de um cão doente.

9 corria sem parar.

Segurando as dobras do vestido para não pisar e se espatifar.

Todos os seus instintos de sobrevivência apitavam ao mesmo tempo. Sua tontura e desequilíbrio eram ofuscados pela adrenalina, e conseguia passar por toda aquela área tranquila, apenas recebendo alguns arranhões e golpes de matos mais altos e galhos secos e jovens.

"Por favor... alguém mata esse cara... Por fa..."

Schsch!

— AAAHH!

ThunPhaft!

— ME LARGA!

O homem a alcançou, segurou e caiu com a mesma no chão mais uma vez.

De barriga para cima, suas costas em contato com o solo, ele segurava a moça de costas em seu peito. A abraçava e imobilizava os braços. As pernas de 9 se agitavam, se debatiam como nunca, tentava machucar o homem. Tentava... Tentava... mas ele não a largava.

A moça sentia a ereção em contato com o corpo... e não se dava por vencida, continuava lutando por sua vida.


— Tô com medo... Tô com medo... Mãe... Mamãe... Cadê você...? — murmurava em lágrimas... 4.

7 chegou ao local, vendo aquela cena.

"Ok, só mais um sacrifício..." pensou, se aproximando lentamente sem dizer nada...

Mas então...

4 ergueu um pouco o olhar, vendo-o, e forçou um susto surpreso, caindo levemente para trás.

— N-...!

— Calma, calma! Sou amigo! A-mi-go! Relaxa... meu jovem — disse 7, voz macia... doce.

4 atuava bem.

O choque em seu rosto, o desespero sendo exalado por seu corpo. As lágrimas enfeitando seu olhar sereno e sincero para o homem que se aproximava com cautela.

— Qu-quem é você...? — choramingou 4, seu teatro digno de aplausos.

— Vou ajudar você! Garoto... Deus tem um propósito em nossas vidas. Ele nos quer vivos... para espalhar o evangelho, para espalhar a bondade — sussurrou, seu sorriso carregado de falsidade.

4 apenas ouvia em silêncio, esperando o momento certo... a distância perfeita.

"Só mais um pouco..."

— Em Hebreus 13,16, diz: "Não vos esqueçais da beneficência e da liberalidade, porque são esses os sacrifícios que agradam a Deus." Aqui, a palavra "beneficência" significa fazer o bem, ser generoso. "Liberalidade" significa parti...

Shkirr!

Fu!

7 explicava a passagem bíblica que usava no momento para manipular o jovem... quando 4 se ergueu, vindo com a lâmina reta no peito do padre. 4 não acertou o coração, mas naquela rodada já havia um morto, e, no instante em que feriu outro jogador com uma das armas, a rodada foi encerrada.

Todos os jogadores surgiram em um novo local... e dentre todos, recebendo a presença de Nino em pé, com as mãos nos bolsos e apenas observando-os com o mesmo olhar de sempre... 9 se via deitada no chão, livrada do abuso... mas diante do Primordial, com um sorriso sinistro... pronto para a segunda punição.

O rosto dela exalava o pavor... o cansaço, o suor da luta para não ser violada.

— Por f...

— Calada.

O silêncio seguinte gritava mais do que qualquer súplica.


Quando 7 foi atingido, assim como para todos, o cenário mudou. Um novo lugar era apresentado para cada um, mas para ele... era específico e diferente.

O corte em seu peito latejava como se o próprio pecado pulsasse sob sua pele. O sangue quente escorria, pingando lentamente em sua túnica. Cada gota era um segundo a menos de esperança.

Um pouco de sangue escorria pelos seus lábios blasfemos.

Sentado... em um cubículo de pedra marrom, simulando madeira antiga, o velho se encontrava, sendo iluminado pela pouca luz que passava dos buraquinhos quadriculares na altura da cabeça da porta selada.

Ao seu lado, uma pequena tela de pano... por onde conversaria no confessionário.

Não havia como ver do outro lado. Não havia como sair do minúsculo cubículo quadriculado. Entretanto, era possível ver uma sombra através daquela velharia sinistra e empoeirada... uma silhueta pequena demais para ser do demônio.

Seu medo se tornava cada vez maior. O sangue continuava saindo. A dor estranha do corte sendo sentida sem nenhuma possibilidade de desmaio ou morte por falta de sangue. Sabia exatamente onde se encontrava. Sabia exatamente o que era tudo aquilo...

Então... se vendo do lado que confessava... disse:

— Perdoe-me, padre, porque pequei...

— Ééeh? O que o reverendo fez... desta vez?

7 arregalou os olhos.

O desconforto da dor em seu peito era mínimo diante do choque por ter escutado a voz do menino com quem se deitava antes de ir parar ali. Seus olhos tremiam, sua respiração ficava cada vez mais acelerada.

— E-e-eu... eu usei o nome de Cristo para saciar a minha carne.

— P-por que fez isso comigo?

O ar ficou mais pesado. O rosto do velho desabou em desespero.

— E-e-eeeu... E-eu não sei... Desculpa. Desculpa. Desculpa... Daniel... — ele mal conseguia falar, as palavras trincando como vidro em sua boca.

7 abaixou o rosto, as mãos na cabeça, enquanto sua perna direita saltitava em ansiedade.

— Desculpas curarão o que fez comigo? Desculpas irão ajudar com o meu trauma futuro? Desculpas irão ajudar quando eu descobrir e me revoltar contra a igreja? Desculpas irão...

"Desculpas irão... Desculpas irão..." A voz do menino ecoava em sua mente, destruindo sua sanidade a cada frase, a cada questionamento.

— Desculpas irão salvar a sua alma do inferno?

O último questionamento... a última pergunta silenciou a guerra na mente do homem... dando lugar ao som de músculos rangendo, uma distorção assustadora na voz do menininho.

Sons de carnes sendo rasgadas vinham do outro lado do confessionário. A silhueta macabra ficava cada vez mais assustadora, e o padre se agitava cada vez mais.

Sua perna não parava.

Todo o seu corpo tremia.

Suas mãos no rosto... suas unhas quase entravam em sua carne de agonia.

O suor pingando como se estivesse em uma sauna queimando.

— Desculpa, Senhor! Desculpa, Senhor! Me salva! Por favor, me salva! Eu sei que está aqui! Eu s...

O som do choro, e todo o som ambiente que o torturavam se cessaram...

— Está... é?

Dando espaço para o rosto de Nino que surgiu do escuro do seu cubículo, olhando-o nos olhos. A voz arrastada em nojo. O olhar sedento por sangue humano.

Sh-shk-sk-sk-shk-shk!

O rosto do Primordial desapareceu.

Lâminas surgiram de dentro das paredes como serpentes famintas. Invadiram seu corpo em todos os ângulos.

O velho ficou com a cabeça mole... solta em seu pescoço, olhando para baixo, sem forças nem para gritar. Não conseguia se mexer, não conseguia fazer nada além de esperar o golpe final ser realizado.

De repente, em meio ao silêncio desconcertante sendo quebrado apenas por suas gotas de sangue colidindo com o duro e frio chão... o confessionário foi desfeito em pedra e poeira, e as lâminas erguiam o corpo do padre.

Instantes depois, 7 teve seus braços estendidos na reta dos lados opostos, e suas pernas se juntaram por conta das lâminas de pedras internas, rasgando seus órgãos, dilacerando seus nervos.

Olhava para Nino, seu pescoço e rosto se mantinham retos, visualizando o Primordial com as mãos no bolso, olhando-o do solo, vendo o velho suspenso na cruz.

Nino sorria de canto, seus olhos brilhando em prazer.

O pouco cabelo que restava da calvície do padre se mantinha ereto... sua cruz... estava de cabeça para baixo. Pregado, sem nenhuma possibilidade de salvação, sem nenhuma forma de sair dali... viu Nino mover os lábios, ainda mantendo o sorriso cruel:

— Morra.

Burnm...

— AAHGHRGHGT!

Chamas escuras tomaram toda a cruz, e queimado vivo... 7 foi, durante bons segundos que Nino permitia o coração bater, para que pudesse aproveitar a agonia antes da morte um pouquinho mais.

O cheiro da carne carbonizando, os gritos... o ranger de dentes...

O padre era proporcionado com uma pequena parcela do que sofreria eternamente.

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