Volume 1 – Arco 2
Capítulo 93: Querer
4 o seguiu.
Correu empunhando a espada com as duas mãos, segurando como se sua vida dependesse daquele momento... e realmente dependia. 3 corria igual um louco, o corpo rasgando a vegetação com brutalidade. Mesmo sem um braço, o cotoco se movia por reflexos ao tentar retirar o mato para não colidir no rosto.
"Preciso achar uma arma!" exclamou em pensamentos. "Não dá! Não dá!" Memórias voltaram em sua cabeça, ele assistindo o padre engolindo uma das folhas, abaixo de um morro muito íngreme para conseguir atacá-lo e matá-lo com a pedra, antes que consumisse o papel. "Aquilo era imenso, não dá tempo de achar e comer algo assim..." — Arrrrrrggg... PORRAAAAA!
Sua frustração era tamanha, que gritou — um grito alto, que todos os jogadores escutaram.
9 ainda tentava resistir ao abuso. 8 já havia a virado de barriga para o chão e buscava uma forma de segurar os braços com uma mão e conseguir erguer o vestido com a outra. Mas 9 conseguia se agitar bastante, fazendo com que o homem se estressasse cada vez mais.
Bam-bam-bam!
Começou a agredir a mulher, confiando que a Regra Número Um não fosse aplicada por golpes sem ser de uma arma do jogo.
— Para de mexer, caralho! Não posso te rasgar com a faca, mas posso te espancar, desgraçada! — rugia, a mão descendo como martelo contra a cabeça da mulher.
— NÃÃÃÃO!
Bam-bam!
9 continuava se debatendo, berrando, e 8 continuava a agredi-la, atrás da cabeça, tentando fazê-la parar de resistir.
O grito fez com que muitos olhassem para a direção. Dentre eles, 1... que quando olhou, se assustou com um rápido passo em avanço do 5... que não atacou, apenas ameaçou.
1 recuou um passo de medo — isso o fez encostar as costas no 2, que não entendeu.
— Tá com medo, porra? Mata logo o cara, caralho!
— Cala a boca, viado!
1 tremia... mesmo com uma enorme lança em mãos.
Continuou encarando 5, que apenas andava, circulando os dois. Mesmo com uma arma pequena, sua imposição e coragem se sobressaíam, fazendo a dupla ficar acuada. 2 olhava o amigo cheio de receio, mas não queria assumir a bronca.
"Porra, velho. Anda logo!"
"Não dá! Porra! Não dá!" 3 continuava sua corrida, quando se lembrou da existência do morro que subiu. "ISSO!" Avançou na direção da vegetação que o escondia, Schsch! passou por ela sem se preocupar com os gravetos tentando perfurar sua carne, e saltou.
Sccrrrchh...
Deslizando pela terra levemente umedecida e coberta de folhas secas.
4 o seguiu, Schsch! mas quando passou a vegetação...
— Huh!
PahfSccrrrchh...
Escorreu no morro e o desceu caído, ainda segurando a espada, mas não com muita firmeza. Seu corpo rolou, ficou sujo, mas isso não importava. Assim que chegou no solo... viu um pé se aproximando do seu rosto em contato com o chão.
Seus olhos se abriram, e um reflexo jamais feito por aquele humano foi realizado.
Fu!
O golpe preciso passou quase tocando sua face no desvio, e então, 4 se ergueu, vindo com um corte de espada na altura do quadril.
3 se desesperou.
Ao efetuar o golpe e errá-lo, se desequilibrou no chão levemente molhado.
Escorregou, mas não caiu. Tentava descer a perna, no tempo que dava um salto com a esquerda para trás... mas... não deu tempo. A espada colidiu... e por sua sorte... 4 o atacou com o lado errado.
Pa!
Entretanto, o objeto de pedra colidiu no seu quadril, batendo com tudo em um osso, causando uma dor muito forte e uma fraqueza maior ainda.
— Argggh!
Pafth!
Seu gemido de dor acompanhou sua queda.
Ao dar o salto desesperado, de fato perdeu o equilíbrio e caiu.
A dor era como se seu osso tivesse quebrado internamente. Como se a perna tivesse sido desligada do corpo. Não havia sangue... o que havia era uma chance de ainda sair vitorioso.
Pensando rápido, viu 4 segurar a espada corretamente com as duas mãos e começar a avançar na sua direção. O que usou ao seu favor. Shchiu! Jogou sua mão com tudo na terra úmida e arremessou um punhado em 4, acertando os olhos do jovem.
— Aihr!
4 gemeu com raiva, devido à ardência que sentia, mas, novamente, sabia que aquilo não o mataria. Não podia fraquejar. Não podia se importar com aquela dor "mínima".
Tirou o excesso com rapidez, seus olhos irritados, vermelhos e irados.
Lançou o olhar para 3, que vinha avançando com um salto, um chute lateral, um "Kra-tote-teii". Bem feito. Bem treinado. Bem executado...
...Não importava.
Nada importava.
Sua experiência com Muay Thai era inútil. Não era uma luta justa. Não era olho por olho, dente por dente. Era um ser desarmado, sem seu braço principal, e um ser armado, com uma lâmina afiada ao extremo.
O susto foi grande... mas 4 só precisou jogar a espada para o lado, bloqueando o chute, e viu, de camarote, a perna do homem se dividindo em duas, em um corte ultra limpo, rápido e preciso. Uma faca... cortando gelatina com creme de leite.
Shkrunch!
— ArRrRHgHGhG!
Pahft!
3 caiu no chão com tudo.
Gemia, gritava de dor. Um animal ferido, uma presa incapacitada.
Não adiantava segurar o ferimento, não adiantava chorar, gritar, se contorcer. 4 o olhava com muito ódio, e nem mesmo lembrou da sua humanidade, só ergueu a katana mais uma vez... e a desceu.
Shk!
Cortando o pescoço de Felipe, eliminando o primeiro jogador...
E o que aconteceu?
...Começou a chorar. Não pela ardência que nem mais sentia nos olhos... mas sim pelo que fez.
— ME LARGA, POR FAVOR, ME LARGA!
9 ainda gritava histericamente. 8 já havia conseguido prendê-la inteiramente.
O vestido já havia sido levantado, e só faltava abaixar suas calças e inserir seu membro. Sua afobação, sua abstinência. Tremia como um animal selvagem faminto, e sua tremedeira o atrapalhava a tirar sua calça jeans.
— PARA DE GRITARR!
Bam-bam!
O duelo entre 1 e 5 continuava.
1 não tomava uma iniciativa, apenas era levado a recuar.
Mas em sua mente... tinha uma estratégia.
"Assim que der um passo avançando, eu vou!"
2 começou a ficar com medo, a demora do amigo era angustiante... e então... quase morreu.
Fu!
5 foi para o tudo ou nada.
Era óbvio que perderia em uma troca direta, a lança o pegaria de muito longe. Então tentou um ataque rápido. Jogou o cutelo na direção do 1. A arma rodou e o acertaria em cheio, mas 1 conseguiu desviar, e, com uma atitude rápida, Pa! deu um chute quase como um coice lateral no amigo, fazendo-o ir para trás junto, desviando do cutelo que passou ao seu lado como um sopro.
— AGORAA! — gritou 2.
1 se encheu de adrenalina, seu corpo se arrepiou inteiro com o grito, e seu movimento seguinte foi preciso... 5 avançava em sua direção para ir para uma luta corporal. Uma lança, em uma luta corpo a corpo, era inútil — sendo maior e mais forte...
"Quebro esses dois na porrad..."
Ploch!
Fu!
A lança perfurou o pescoço do 5... Varou de lado a lado.
Assim que houve a penetração, os dois amigos olharam aquilo como se o tempo tivesse parado. Tudo em câmera lenta. O sangue começando a ser jorrado, o olhar do jogador ferido perdendo a vida.
Mas...
Todos foram mudados de lugar...
Dois jogadores foram eliminados...
...A primeira rodada foi encerrada.
9 se livrou do abuso.
8 ficou irado, tremendo como um pinscher.
7 permaneceu parado, empunhando seu machado.
10 da mesma forma que 7, entretanto empunhando uma picareta.
6 também tremia, o morador de rua sentia sua abstinência em álcool e drogas baterem na porta. Em sua mão, uma pequena faca de cozinha, com uma pequena serra e a ponta... redonda.
4 continuava chorando, mas agora sem estar ajoelhado perante o corpo do homem que matou.
2 surgiu de pé, e 1... também.
Uma coisa todos tinham em comum...
Todos olhavam para Nino parado na frente de cada um.
Já outra coisa... apenas dois dividiam... a punição por serem inúteis na primeira rodada.
9 permanecia deitada.
O vestido erguido, levemente rasgado. Roxos em seus braços e pernas eram visíveis. A agressão foi muito forte, mas isso não importava para o Primordial. Nino caminhou até a mulher e se agachou na frente da mesma.
— Arranque seu olho esquerdo com a sua mão. — Uma ordem direta, um murmúrio rouco e agressivo.
A mulher o olhou assustada, tremendo e cheia de dores pelo corpo. Mas a voz dela ainda encontrou forças para implorar:
— G-garoto... por favor... eu tenho filha, pre...
Nino sorriu de lado.
— Não mais.
— Q-quê? — gaguejou, incapaz de processar.
— ...Eu a matei.
[ Minutos antes:
A mulher acendeu a luz do porão, que fez a menina começar a tremer de medo, vendo quatro sombras de pernas atrás da porta. Logo... a porta foi aberta, e um novo "homem" entrou na sua prisão, indo lentamente, olhando-a com uma fixação doentia, um sorriso estranho... deixando-a cada vez mais apavorada.
O "homem" estendeu a mão, indo até a criança que fechou os olhos em choque mais uma vez...
Mas... a menina os abriu depois de segundos de espera, notando não ter recebido nenhum toque... e o que viu... foi Nino, no canto, próximo da porta, olhando-a diretamente, com a marca preta brilhando e pulsando mais que o escuro, os olhos roxos, iluminados e cegando sua alma.
Nino continuou parado, e a menina... começou a chorar. Mas... não era medo.
A pequena menininha se levantou da cama, e começou a caminhar na direção do Primordial, que continuava só a olhando fixamente, com um olhar e uma presença que faria qualquer humano normal tremer.
Mas ela... não.
Continuou com passos pequenos, o choro escorrendo, o silêncio do lugar escuro onde era abandonada diariamente. Shtchs! A corrente em seu tornozelo chegou ao limite máximo, e esse limite ainda a deixava bem longe de Nino. Esticou os bracinhos na direção dele, implorava por colo, sem dizer nada.
Nino deu quatro passos, saindo do completo escuro, deixando seu corpo ser visto.
Segurou a menina e a ergueu em seu colo. A menina apoiou o rosto de lado no peito do jovem, o choro ainda bem intenso, as mãos apertando o tecido da roupa humana do demônio.
Nino piscava tranquilamente. Não dizia nada, apenas deixava ser abraçado pela humana.
E então...
Veio o pedido.
Com uma voz frágil, tão pequena que parecia um sopro quebrado no espaço:
— P-por favor... me mata.
Ao escutar a voz trêmula lhe pedir aquilo, seu rosto não se alterou, mas abaixou o olhar, como quem observava uma vela se apagar.
— Tem certeza que é isso que você quer?
A criança não hesitou.
— Eu vou pra um lugar melhor, não vou...? Vou sair desse lugar escuro, não vou...?
Nino não sabia a resposta exata para aquela pergunta... mas respondeu com voz calma:
— Sim.
A menina sorriu...
Um sorriso aliviado...
Um sorriso triste demais... para uma criança.
— E-então... pufavor... me mata, moço.
— ...Claro.
Skruch!
O corpo da jovem explodiu.
Não sentiu dor... foi uma morte instantânea.
O que restou de sangue, vísceras e roupa rasgada no chão, teto e paredes... queimou em chamas escuras, assim como o sangue que sujou a roupa do jovem, devido ao abraço aconchegante que colocou a pequena menina para descansar.
Nino deu quatro passos, saindo de lá. Mas ao chegar na porta, olhou de canto para trás, para o escuro do quarto, para a cama, a prisão da jovem. Seu rosto neutro, sua apatia típica não foi desfeita. Virou o rosto, e apenas desapareceu daquele lugar. ]
— V-v-você mat...
— Cale a boca e faça o que ordenei. Se ajoelhe e arranque seu olho esquerdo na minha frente.
"Meu Deus... Que porra tá acontecendo?" pensava, enquanto seus joelhos deslizavam no chão frio.
Se ajoelhou e olhou para suas unhas postiças... enormes. Sua mão tremia, mas o olhar do menino lhe gerava mais medo. Aproximou a mão e, então, em um ato de puro terror, enfiou os dedos no olho.
— Arghg...
Gemia, suspirava de dor, enquanto as unhas penetravam o tecido mole da órbita ocular.
Tentava puxar o globo para fora, uma dor estranha, uma sensação de que aquilo explodiria... Tentou forçar mais... mas a dor a fazia fraquejar, mesmo que já estivesse com as unhas cravadas internamente... tão longe... tão perto.
Sabia muito bem que a regra não poderia ser desobedecida.
"Não é tão ruim! Calma, calma! É só um olho! É, exato! É só um... olhooorr!" — Oorhfrr!
Tentava pôr em sua cabeça que era fácil, mas a dor foi tamanha e tão estranha, que vocalizou a sensação. Tlck...! um estalo seco. Uma das unhas postiças quebrou — ficando presa atrás do globo ocular, cortando um pouco da carne, piorando tudo ainda mais.
A dor explodiu em seu crânio como uma bomba sônica.
Tudo girava. Tudo doía.
A mulher continuava tentando. Seus sons de dor, suas tremedeiras, sua angústia eram músicas para Nino, que apenas observava com um sorriso, degustando a visão privilegiada da inseto sofrendo.
Do outro lado, sem a menor pressa:
— De joelhos — ordenou Nino para 2, que obedeceu e se ajoelhou... Quando o fez...
Shirrp!
Um serrote de pedra surgiu do solo, como uma lâmina invocada do próprio inferno, assustando-o abruptamente.
— Corte sua mão direita fora.
— QuÊÊÊ!!? — O fino grito foi quase cômico de tão incrédulo. — Tá loco?! Bato punheta com essa, caralho!
2 se ergueu num salto, não acreditando em tudo aquilo.
— Vai se fuder, criança estranha. Mostra a porra da câmera, cadê?! — Olhava para os lados em ironia, procurando pelo que acreditava estar escondido. — Muito engraçada essa pegadinha. Tá com mais quantos imbecis que sabem magia? Hein? Seu canal tem quantos inscritos? 10 mil? 10 mil imbecis! Vai tomar no seu cu. Não enche o saco! Cortar a mão. Que piada. Tá chapado ou só é retard...?
Nino... só o observava.
Não mudava a expressão facial, não retirava as mãos do bolso... mas se cansou.
Regra Número Três: "...Caso não obedeçam à ordem, sofrerão com algo que os fará implorar para apenas serem mortos..." 2 desobedeceu... e, com o aborrecimento de Nino, o castigo do humano foi aumentado.
2 acabava de provocar o Primordial, quando sentiu todo o corpo travar. Não o controlava mais. Naquele momento ali, o sangue lhe controlava e a única coisa que podia fazer era falar e mover os olhos. Seu corpo voltou para diante da serra e se ajoelhou.
— EI! EI! QUE PORRA É ESSA?!
— Você falhou. Foi um dos inúteis da rodada. Não lutou nem achou uma arma. O que lhe coloca aqui. Ordenei sua punição e você desobedeceu. Aprenda a jogar. Aprenda a seguir as regras... ou nunca mais irá conseguir seguir... imbecil.
2 estendeu a mão e segurou a serra com a esquerda.
— EU TAVA BRINCANDO, PORRA!! DESCULPA! DESCULPAAA!! — Gritava, mas era inútil.
A serra foi posicionada entre o dedo do meio e o anelar... Sem enrolação alguma...
Srkrun-krun-chu-krucnh!
2 foi obrigado a assistir e sentir o seu braço lentamente ser dividido em duas tiras. Sua carne se separava. Os nervos expostos cantavam em agonia.
— AAAAAAHHHHGGRHHH!
Seus gritos atravessavam a floresta.
As folhas estremeceram.
Os demais jogadores congelaram, suas almas apodrecendo um pouco mais a cada grito.
Todos ouviam com nitidez tudo aquilo e, dentre eles... 9 chorava sangue, ajoelhada com as palmas erguidas para cima, na direção de Nino, com o olho solicitado, ensanguentado, nas mesmas.
Nino sorria excitado, e a mulher... tentava manter os braços erguidos, sem tremer... tentando segurar internamente toda a dor que sentia para não aborrecer o seu diante de si.
No tempo em que o caos reinava... 4 continuava ajoelhado no chão, suas lágrimas escorrendo sujas de terra. Seu peito subia e descia em soluços trêmulos.
Quando ergueu o olhar, viu o clone de Nino parado à sua frente, observando-o como se admirasse uma peça defeituosa de um museu.
— Você me obrigou a matar uma pessoa... — a voz dele saiu fraca, embargada, quase infantil.
Nino inclinou o rosto ligeiramente de lado, o sorrisinho zombeteiro atravessando a distância com precisão... e crueldade.
— Hãm? Tsie... — soltou um riso debochado, os olhos cintilando em perversidade. — Tem que parar de colocar a culpa do que fez em outros. Eu não fiz nada. Você que foi atrás da página. Você ergueu a espada, não eu.
4 trincou os dentes, a cabeça pendendo para frente como se o peso da verdade fosse uma corrente invisível.
— E-eu não queria... — sussurrou, a vergonha e o desespero misturando-se em cada letra.
Nino curvou os lábios num sorriso maior, e perguntou com voz macia como um travesseiro... de tungstênio:
— Tsie... Por que fez então?
A voz ressoou nos ouvidos do humano... e, sem resposta, abaixou a cabeça, diante do olhar de cima, extremamente soberbo do Primordial.
— ARHGGHGTHGT!
2 ainda gemia e gritava sem parar.
Ainda rasgava a própria carne sem escolha.
O rosto contorcido de dor.
A boca aberta em gritos mudos.
Tudo com a cabeça voltada para o corte sendo realizado.
Tentava manter os olhos fechados... mas o sangue controlou as pálpebras e o obrigou a assistir tudo... Cada centímetro. Cada fibra muscular partindo. Cada nervo exposto. Mesmo jogando o olhar para os lados, em seu campo de visão era bem explícito tudo acontecendo.
O serrote se arrastava.
Crchu-krucnh!-rrrhhhkch!
O corte chegou ao fim.
O braço ficou dividido igualmente, o osso sendo visto nas duas tiras.
O sangramento parou após a punição, o sangue caído no chão evaporou em chamas escuras, e o olhar de Nino se mantinha igual... já o de 2... não.
Olhava com medo, uma linha de raciocínio e pensamento completamente destruídas.
Não brincava e nem queria mais brincar.
Notou da pior forma que aquilo não era só uma brisa das drogas usadas antes do assalto.
Sentia cada centímetro do corte, sentia seus ossos divididos. Sentado, nem era mais controlado. Mas não conseguia se mover, cada mínimo movimento doía muito mais que ficar estático, sentindo só a queimadura insana do vento ao colidir com o ferimento exposto.
Com um fio de voz — a garganta arranhada pelo choro sufocado — 2 murmurou:
— M-m-m-m-me-me... me responde só uma coisa... — perguntou, tentando não demonstrar hostilidade, perante ao menino que o encarava, se deleitando do sabor do sofrimento que 2 proporcionou.
— Pergunte.
Sentia medo até no quão chorosa sua voz sairia. O medo de blasfemar perante aquele ser à sua frente doía:
— Aaaa-a-ainda tem folhas? — A pergunta saiu fraca. Quebrada. Quase sem vida.
— Tscie... Ha-h-ha... Não — Nino respondeu e se virou de costas... deixando-o com os olhos arregalados... O medo da próxima rodada sendo maior que a dor que sentia.
— Não... Não... Não...
Chorava enquanto lamentava.
Tentava não tremer com as lágrimas.
O medo e a ansiedade de acabar sendo inútil novamente e sofrer com mais uma punição eram absurdos. O medo de sentir uma dor ainda mais insana o fazia...
— Me mata... Me mata...
Implorar pela morte.
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