Volume 1 – Arco 2
Capítulo 80: Homenagem
Mais alguns minutos se passaram, e Alissa conferiu as horas em seu celular.
"Falta pouco para o sinal tocar..." pensando nisso, ergueu-se e caminhou para a frente da sala. — Pessoal... terminaram?
— Siiimmm! — responderam animadamente, prontos para mostrar seus desenhos.
No meio daquela movimentação, Nino observava o próprio desenho de um jeito diferente, que chamou a atenção de Alissa. Curiosa, se dirigiu até ele, andando de forma tranquila.
— Nino, posso ver o desenho do senhor "esqueci meus lápis"? — brincou, esboçando um sorriso enquanto caminhava.
Foi nesse instante que Nina olhou de canto e viu o que Nino havia feito: um desenho perfeito em arte e... brutal, retratando a si mesmo atravessando com um braço o corpo de Blacko, arrancando o coração do próprio pai, com uma cidade inteira em chamas escuras ao fundo.
Nina viu Alissa chegando e se desesperou, erguendo discretamente o dedo mindinho da mão direita sobre a mesa.
Burmn...
A folha incendiou-se instantaneamente, sem calor ou faíscas — apenas desaparecendo em fumaça diante dos olhos surpresos de Nino... apagando a burrice e irresponsabilidade desenhada.
"PARA COM ISSO, SEU ANIMAL!" gritou mentalmente, lançando-lhe um olhar irado.
Nino respondeu com outro olhar, igualmente aborrecido.
Burmnm...
A folha da menina também queimou.
"Não vai mostrar o seu também não!" o grito mudo estampado no olhar do menino.
Alissa chegou nesse exato momento, vendo apenas o restinho da fumaça se dissipando no ar.
— Ué? O que aconteceu? — perguntou, erguendo uma sobrancelha.
— O dele era muito feio, confia em mim... — respondeu Nina com um tom desanimado... Nino olhando-a ainda irritado.
— E o seu? — insistiu Alissa.
— Ficou bravinho e se vingou — respondeu desanimada, soltando um suspiro entediado.
— Ah, não esperava menos desse aí — provocou com um sorrisinho debochado.
— Rrg... — Nino rosnou baixinho.
— Também não. Por isso que era um desenho falso, esse é o verdadeiro — falou debochada.
Com um sorrisinho travesso de canto, puxou outra folha, que Nino tentou incendiar, mas Nina, precavida, mantinha um fluxo constante de vento ao redor do papel, impedindo que aquilo acontecesse.
Alissa sorriu com genuína surpresa:
— Não esperava menos de você.
— Eu sei — respondeu Nina, com os olhos fechados e um rosto nas nuvens depois do elogio, que irritou ainda mais seu irmão.
— Rrrr...
— Tá bravinho, fofo?
— Calada!
Alissa analisou o desenho e ficou impressionada.
O nível de arte era idêntico ao de Nino. Um retrato quase vivo de tão belo. Na imagem, não era só Nina. Era Nina, Nino e Nathaly, enfrentando um ser continental. Usando seus poderes para voar, rodeando a anomalia imensa, destruindo-a por partes. Nino e Nina com uma mescla de todos os elementos que sabiam e Nathaly, com apenas fogo, brilhava entre eles.
— Hum... A proporção nesse desenho é incrível. E a ideia também. Vocês três ficaram iguaizinhos. Posso ficar com isso? — perguntou, animada.
— Pode. Melhor mesmo — respondeu Nina, apontando com o polegar para Nino, de forma relaxada. — Esse animal aqui tá doido pra destruir isso. Tenho certeza.
— Não tô não! — protestou Nino, virando o rosto com um muxoxo irritado.
— Para de tentar então — rebateu Nina.
— Num vô também não! — retrucou ele, cruzando com força os braços como uma criança contrariada.
Nina virou-se para Alissa, sorrindo debochada, apontando com o dedão, de mão fechada, na direção do irmão:
— É uma criançona — provocou.
— Sim — confirmou Alissa, de imediato, sem nem pestanejar.
"Chatice!" pensou ele, sozinho novamente na guerra criada em sua mente.
Voltando para a mesa, Alissa viu o desenho de uma menina e estendeu sua mão para pegá-lo.
— Com licença... O que seria isso?
O desenho era bem simples, rasurado, mas... com muito sentimento. A menina desenhou ela mesma, em estilo de palitinhos, com um buquê bem grande nas mãos, ao lado de um túmulo... escrito "mamãe".
— Sou eu dando flores pra minha mamãe... — respondeu a menina, de maneira tímida, mas cheia de carinho.
Alissa sentiu o peito apertar.
Segurou o sorriso de ternura e respondeu com uma voz suavemente doce:
— ...Que homenagem fofa.
— Obrigada! — disse a garotinha, sorrindo radiante.
Olhando a reação feliz, a exterminadora tentou ser delicada, em seus gestos e palavras:
— ...Poderia me mostrar o seu poder, garotinha?
— Uhum! — A menina afirmou com a cabeça e logo ergueu as mãos juntas.
Seus olhos se fecharam e era visível a força que fazia, com sua expressão mudando e suas pequenas mãos tremendo um pouco. Shiiii... De repente, um suave brilho esverdeado surgiu, e dele uma rosa foi criada.
Uma rosa viva... embora mágica. Não morria, nunca murcharia. Seria sempre daquela forma, a não ser que alguém fizesse algo para matá-la... A não ser que alguém quisesse destruí-la.
— Muito bonita...
A menina estendeu, mas não disse nada.
— Hum? Pra mim? — perguntou Alissa, surpresa.
A garotinha confirmou com um leve aceno de cabeça, um gesto tão fofo que arrancou um sorriso sincero da exterminadora, que recebeu a rosa mágica com delicadeza.
— Obrigada, mocinha... — disse, fazendo um cafuné gentil, sem bagunçar muito o cabelo da jovem, antes de sair de volta para a frente da classe. "Como vou deixar essas crianças fortes? A menina faz uma rosa...? Sério? Se não me engano, faz parte dos que nem quiseram disputar com o teste C... Será que consegue fazer uma armadura de madeira pra proteger o braço, pelo menos? Aaahrr... Tô ferrada..."
A aula se seguiu animada.
Alissa brincando e fazendo as crianças se sentirem mais cuidadas e com uma liberdade maior para com a professora... Porém, todos os desenhos eram bem longe do que queria... Nem mesmo Nathaly se salvou.
Perdida, sem saber como usar o fogo para salvar uma cidade, quando Alissa pegou o desenho dela, se deparou com uma página de histórias em quadrinhos. Onde começava com a menina vendo um meteoro vindo em direção à cidade, desesperada, puxava o celular e abria o contato "Mamãe".
Ligava e gritava desesperada para Alissa, que surgia segundos depois, antes mesmo da menina acabar de falar na ligação, com uma pose de super-heroína sobre um prédio ao lado.
O brilho nos olhos da menina refletia Alissa, e a mais forte, com um movimento de dedos, KRAKABUM! destruiu e lançou de volta para o espaço o que restou do meteoro.
Alissa abaixou a folha após ler os textinhos e ver as imagens com atenção, e atrás da folha se revelou o sorriso meigo, envergonhado e o rosto feliz da menina olhando para a mãe, meio sem jeito.
A exterminadora abriu um sorriso admirada, seu coração amoleceu instantaneamente. E, como todos os outros alunos, Nathaly deu o desenho de presente para ela.
"Ainda tem medo do próprio poder... Um dia vai perder... Eu sei que vai..."
Além do desenho de Nina e Arthur, uma única pessoa apresentou um desenho que fosse um pouco do que Alissa queria ver da mentalidade das crianças. Essa pessoa era uma mocinha, de pele negra perfeita, sem nenhuma única falha, lisa e quase brilhante. Puxava-se para o marrom, mas um marrom... bem bombom.
Gostava de usar uma regata simples de cor branca, com uma calça moletom camuflada de tons verdes, com um pouco de bege e tons secos. Seu cabelo era um pouco longo e liso, chegava em seus seios, mas dava-se para notar a natureza cacheada.
Seus olhos... um tom de verde chá. Usava franja, e era levemente picotada, revelando parcialmente sua testa. Seu cabelo era preto... com um toque bem... bem sutil de um azulado.
Samanta, esse era o nome da jovem.
A menina desenhou-a salvando um prédio de tombar com sua magia de vento. Entretanto, não era um prédio simples de quatro andares. Era toda uma rua, com prédios imensos, com alguns nem mesmo cabendo na folha.
Além de segurar os prédios com correntezas de vento, pessoas que caíam dos mesmos flutuavam individualmente, com sua magia salvando cada um, fazendo-os planarem e sentirem que aprenderam a voar do nada.
Alissa ficou levemente mais tranquila.
Mesmo com uma sala fraca, em comparação com Katherine, os únicos A, eram de fato A.
O restante do horário se seguiu em brincadeiras. Samanta se demonstrava mais tranquila com Alissa, e com a permissão dada pela professora, os alunos conversaram e brincaram um pouco pela primeira vez dentro de sala.
Os que conseguiam controlar suas magias, usavam-nas para se divertir, mas a atenção de Alissa era clara: não deixaria nenhum acidente acontecer ali.
"É... Dois pedreiros, um padeiro, uma jardineira... Michel pode escolher entre tratamento de esgoto, lava-jato ou piscineiro... É... Essa sala vai ser difícil." Enquanto observava as crianças com atenção para agir se precisasse...
VuuuuuUUUUuuuu...
O sinal tocou, e a aula do dia chegava ao fim.
— Tchau, gente! Vejo vocês amanhã! — disse, erguendo a mão.
A cena na visão de Alissa foi reconfortante.
Os alunos devolvendo o tchau, não mais roboticamente. Cada um no seu tempo, antes de sair de sala, também acrescentando um sorriso com um tchauzinho de mão.
Mas... nem todos.
Arthur acenou um tchau distraído, ainda perdido em pensamentos, e saiu apressado em busca de seu tio.
Alissa viu a reação do menino, e só pensou em uma coisa:
"Vai contar pro seu sobrinho?" Se voltou para os desenhos em sua mesa, olhando-os mais uma vez. "Conte a verdade, seja homem uma única vez... Fale a verdade, seja sincero pela primeira vez."
Enquanto pensava e uma raiva subia, Nina, Nathaly e Nino surgiram na frente da sua mesa. Quando a sombra tampou os desenhos, Alissa ergueu o rosto, Thumf! e Nathaly a abraçou com força... a mãe ainda sentada.
— Huh? — murmurou em surpresa, seus olhos bem abertos e face mostrando sua dúvida.
— Eu não te abracei ontem! — reclamou a menina, num tom manhoso e fofo.
Um sorriso mais que sincero brotou no rosto da mais forte, abraçando com força e ternura a menina de volta.
— Rum... — soltou num meio sorriso, quase deixando lágrimas caírem.
Nathaly a soltou devagar, depois de um tempo, e os três amigos se viraram para se despedirem da moça.
Nino não encheu o saco ou brincou de nenhuma maneira, Nina não disse nada ou o impediu de fazer algo... só deixaram as duas em paz na pequena interação de mãe e filha.
Saíram logo em seguida... e poucos segundinhos de silêncio depois... Alissa se viu ali, parada, olhando o vazio da porta aberta.
"...Cada vez mais deixando de ser aquela menininha medrosa..." Uma lágrima ameaçou cair... Mas Alissa a reprimiu... só uma única vez. Seus olhos não aguentaram.
Com sua magia, Prak-tlic! fechou e trancou a porta, para ninguém ver seu momento frágil... Dando-se um tempinho, ficou sozinha, com o forte sentimento de amor para com sua filha lhe fazendo companhia...
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