Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 75: Proliferação

— Gente, o que tá acontecendo? — perguntou Nathaly, enquanto seguiam pelo corredor, indo até próximo do refeitório, sentar na área externa.

— Em que sentido? — devolveu Nina, não querendo falar mais que o necessário.

— Minha mãe tá... estranha. "Mas isso eu pergunto pra ela..." — E vocês dois parecem estar bravos um com o outro... Não querem tirar as fotos? — perguntou, com o rosto baixo, ponderando o que poderia ser.

— N...

Pa!

— Queremos sim!

Nino aborreceu o olhar, e nem tentou resistir ao aperto.

— ...Então por que ele não diz nada? — Sua voz entristecida soou como uma tortura aos ouvidos de Nina. A dor que sentiu ao notar a tristeza da menina era demais, mas não havia o que fazer, dependia de Nino responder... e o menino respondeu.

No tempo que Nina recebeu o choque, o aperto bloqueando a boca do Primordial ficou fraco, e Nino, não querendo mais problemas ou encheção de saco, decidiu só fazer o básico e ir embora assim que possível.

Se soltou de Nina, sem que a menina nem sentisse, e surgiu atrás de Nathaly, quase como um cachorro, abaixando-se e passando entre suas pernas, levantando-a para o alto — carregando-a no cavalinho sobre seus ombros e pescoço.

Logo segurou o calcanhar com a mão direita e, com a esquerda, apontou para o fim do corredor.

— Vamos tirar as primeiras lá! — disse ele, apontando para uma mesa abaixo de uma árvore do pátio do refeitório.

Nathaly se assustou com o movimento, se envergonhando ao lembrar do que fez no banheiro. Agarrou firmemente o cabelo do menino, buscando forças... apoio, e apenas se deixou ser levada, sentindo o firme toque em suas pernas, deixando-a coisada.

Seu coração começava a bater cada vez mais rápido, a cada mínima alisada de dedo sutil.

Nina se sentiu menos mal.

"Não tá chorando e nem triste... Obrigada por fazer isso." agradeceu o irmão, e seguiu do lado dele até o refeitório, com Nathaly não ligando para olhar nenhum direcionado para ela sobre um menino.

Só aproveitava suas peles em contato, o calor dos corpos sendo dividido.

Chegaram rapidamente à sombra da árvore, onde havia a mesa vazia.

Nino se curvou, preparando-se para deixá-la descer, mesmo que Nathaly não quisesse e quase fechasse as pernas em seu rosto em negação — mas Nina teve outra ideia.

— Espera!

— Hãm? — murmurou ele, confuso, erguendo-se novamente, ainda segurando a menina com facilidade.

Nathaly não disse nada, mas sorria abundantemente por dentro, seus olhos brilhavam e um sorriso quase explodia em seus lábios tentando se manterem selados.

— Nathaly, me dá o celular — pediu Nina, chegando próxima.

A menina, tímida com o momento, soltou uma mão do cabelo dele, em silêncio, buscou o celular no bolso traseiro e o destravou com o rosto, entregando-o à Nina. Logo posicionou a mão bem nas raízes do cabelo do garoto, segurando de forma quase possessiva... erótica.

Tremia levemente, sentindo-se ousada. Seu quadril e pernas denunciavam seu tesão para o menino, que aborreceu o olhar, aproveitando que a jovem não conseguia ver seu rosto lá de cima.

A respiração levemente ofegante e trêmula era perceptível para os ouvidos aguçados dos gêmeos, mesmo que a garota tentasse ao máximo se controlar e controlar o calor que sentia sendo segurada daquela maneira.

Nina deu dois passos para trás, apontou a câmera e preparou-se para a primeira foto.

Nino piscava calmamente, despretensioso, enquanto Nathaly sorria, encantadora, abraçando-o firme... com os dedos na cabeça... e as pernas, como um colar, no tempo que as coxas levemente tocavam o pescoço.

Mas no exato momento do clique...

Nino, em resposta às puxadas firmes de cabelo, deslizou as mãos, subiu pela perna e apertou suavemente a coxa da menina, provocando um pequeno e fofo sobressalto — que trocou o sorriso doce por um rosto embaraçado, no instante em que...

Tchik!

A foto foi tirada.

"Não gostaria de estar forçando isso... Mas ela vai adorar ter fotos com ele..." pensou Nina, querendo deixá-la com fotos juntas e sozinha com seu irmão. "Mesmo que seja um veneno onde eu mesma escolhi beber... A felicidade dela vale mais que a minha tristeza..."

— Ei! Não vale! — resmungou Nathaly, corada, olhando para baixo.

Nino inclinou a cabeça, apoiando-a na cintura da garota... sua mão deslizando lentamente por baixo da coxa.

— Você me apertou primeiro — provocou baixinho. — Se não quer... me peça pra parar.

— ...Só mais um pouco... — murmurou ela, se encolhendo de vergonha.

O toque deixando seu corpo mole.

— Rum...

Nino abaixou o rosto e olhou discretamente para sua irmã. Nina analisava a foto com olhos atentos.

"Que reação fofa... Mas a Alissa nem tá aqui, ele deve ter percebido. Fazer isso não vai lhe trazer nada."

"Bora, fia, quero descer essa menina logo..." Nino olhou de canto para os lados, mas não encontrava e nem sentia quem ele queria. "...Não foi ver o menino manipular aquela aguinha, não, né? Eu sou mais forte, mais interes..."

— Querem mais uma nessa pose? — sugeriu Nina, levantando um pouco a voz... para Nino entender a ordem.

Nina interrompeu o ciúme do menino com sua figura materna dando atenção a outro "filho" menino e, no tempo que fazia carinho em Nathaly, apenas esperou a resposta da menina, que veio com o que não queria:

— Sim! — respondeu animada, com um brilho de felicidade no olhar, enquanto apertava ainda mais suas pernas para não escorregar.

— Só mais um pouco... uma tá bom — rebateu ele em provocação, embora apressado para acabar a sessão.

"Droga!" pensou Nathaly, querendo aproveitar mais do toque do amado.

Nino sorriu de canto, notando a leve e rápida contração que a menina deu em frustração.

Tchik!

Dessa vez, Nathaly conseguiu estampar um sorriso radiante, já Nino, manteve o semblante tranquilo, voltando ao seu normal.

Após o clique, Nino curvou-se, deixando a menina descer suavemente de seus ombros. A tristeza de não ter se preparado para o fim daquilo sendo engolida com a saliva da garota. Queria mais, mas tinha vergonha de pedir.

Nathaly, assim que desceu, virou-se rapidamente para olhar o Primordial... apenas para vê-lo virar o rosto, ignorando-a completamente. Os olhos da menina brilhavam em carinho. Mas, estranhamente, aquilo não a machucou. 

A jovem ficou encarando o perfil dele se erguendo após descê-la, viajando em sua própria fantasia. Seu sorriso não se desfez; apenas se transformou em algo sonhador.

Nino notou, mas ignorou, e lançou um olhar rápido para Nina, que estava analisando a foto no celular.

— Tá — murmurou Nina, se aproximando dos dois. Ficou entre eles e ergueu o celular, posicionando-o para uma selfie.

Nathaly prontamente se encostou nela, sorrindo novamente. Seu sorriso era tímido, encantador, embora perdesse em beleza para a graça natural de Nina.

As duas estavam prontas, já Nino, continuava imóvel.

Olhava para o celular, mas não sorria e nem tinha reação alguma. Continuava como um poste, reto, completamente parado, quase como se não entendesse como aquilo funcionava... Isso... irritou Nina, que já não mantinha muita paciência com o menino naquele dia.

Abaixou o celular e se virou para ele.

Nathaly, que se apoiava no ombro da amiga, desfez o sorriso e apenas observou-a claramente incomodada com algo, quando deu um passo na direção do irmão.

— Tá parecendo o nosso pai, na foto com a nossa mãe... — Palavras calculadas. Palavras atormentadoras para a mente do menino rancoroso que fechou a cara instantaneamente, mas uma coisa ele não fez... Não contestou Nina, não xingou e nem mesmo abriu a boca.

Tinha plena noção de toda a merda que fez naquele dia. Sua irmã, naquele momento, tinha que ser obedecida. Era o acordo súbito, inconsciente, que sempre colocavam em prática quando um tinha mais cabeça no momento.

— Desculpa — murmurou, tranquilizando o rosto.

Nina se virou de costas e ergueu o celular novamente.

Nathaly se juntou da mesma forma, e Nino agora se juntou no outro ombro da irmã com um sorriso brincalhão, abraçando Nina e Nathaly ao mesmo tempo, que gostou de sentir o toque no ombro e o braço passando pelas costas, lançando uma olhadinha de canto alegre, vendo o rosto dele ao lado do de Nina.


Com toda a carga do celular da menina, tiraram fotos por toda a escola.

Poses variadas, brincadeiras sem limite. Tiraram no telhado, no escritório de Louis quando viram o mesmo e Katherine o deixar por um momento... Na sala de Alissa, depois de cuidadosamente, em uma missão secreta e silenciosa, descobrirem que estava vazia.

Fotos em quartinho de limpeza, banheiro feminino e masculino, com Nino e Nathaly em cabines diferentes, em pé no vaso, aparecendo sobre a porta, embora a única coisa que tivesse dado para ver de Nathaly era o início do seu cabelo e testa coberta pela franja.

Fotos no campo, onde Nina aprendeu a programar de pôr para registrar em segundos a imagem, conseguindo assim se juntar às fotos zoeiras. Fotos deitadas em assentos diferentes na arquibancada.

Brincadeira de pôr para tirar várias fotos e saírem fazendo poses, e quem tivesse a foto mais zoada perdia na brincadeira.

Fotos na sala, sentados ou juntos em selfie. Fazendo montanhas de cadeiras, fingindo ser Alissa. Pegando canetões e zoando ser um professor. Fotos brincando com espadas que encontraram em uma sala.

A manhã foi cheia, horas de fotos bobas, poses ridículas e mais sérias em brincadeiras de atuação... mas muitas falhadas de fingir serem sérios... era impossível. E, pelo fato de estarem dispensados e toda a escola não, puderam aproveitar e tirar fotos com ninguém aparecendo de fundo.

Foi um momento juntos bem divertido, um dos dias mais felizes da vida de Nathaly.

Nina via sua menina rir, se sentir feliz, mas se sentia triste ao ver que aquele olhar e sentimento forte ia para quem não dava a mínima para aquilo.


— Aaaaaaah... Descarregou... Mas tiramos bastante, né...? Foi legal... — Nathaly reclamou num misto de alegria, dengo e drama, deitada na mesa da área externa do refeitório, após comerem bastante.

— Eu trouxe o meu celular tam... — Nina tirou o celular do bolso, mas então percebeu o olhar arregalado de Nino, sentado do outro lado da mesa, com o rosto meio tombado, indignado com a fala da irmã.

"CALA...! ESSA...! BOCAAAAAA!!" Nino quase explodiu, segurando seu grito na garganta.

— ...bém. Mas acho que tiramos muitas fotos mesmo. Depois manda pra gente, tá? — ignorou parcialmente a revolta que viu no menino e sorriu gentilmente em sua resposta para Nathaly.

— Tá! — respondeu a menina, com um sorrisão, ainda apoiada com o rosto na mesa, cansada e com um pouco de sono. — Oooaaahh... — bocejou, fechando os olhos.

Sentindo-se protegida ao lado dos dois... acabou adormecendo.

Nino notou a respiração calma, diferente de antes, que era apenas cansada e preguiçosa, após comer.

"Dormiu?"

Seus olhos ficaram curiosos. Ergueu-os para Nina, que apenas o observava.

Com um sorriso malicioso, ele se levantou e virou-se para sair dali.

— Onde você vai?

Tsi... Te interessa não. Agora fique aí e espere ela acordar... Ou vai acordar a menina só pra me seguir?

Nina semicerrou os olhos diante da provocação.

— Tchauzinhoo, otária!

Nino sumiu quase como um teletransporte aos olhos humanos — apenas Alissa, Mirlim e Louis conseguiriam acompanhá-lo. Para Nina, ele apenas correu e pulou sobre o telhado, saindo da escola em poucos segundos.

"...Onde você vai...? Arrrrrg!" Cruzou os braços, a dúvida se proliferando dentro da sua mente. "Certeza que nem é nada demais... Só tá enchendo o saco, tentando me fazer querer me misturar pra eu descobrir que não era nada! Se acha que vou, tá bem enganado! Se tá curioso, vai continuar!"


Menos de dois minutos depois, Nino chegou ao Bloco Um.

Não quis entrar normalmente: passou por trás do prédio, Vul! e saltou até o sétimo andar, Vp... aterrissando na mureta e descendo com os olhos fechados e mãos nos bolsos... Mas então sentiu uma pressão, e ao abrir os olhos... realizou um movimento brusco, um susto igual a um gato assustado para trás, voltando a cabeça rapidamente para a posição normal logo em seguida.

Alissa acabava de trocar a parede de vidro, quando o menino surgiu e se assustou com ela.

— ...

— Tá fazendo o quê aqui? — perguntou ela, o rosto meio apático.

— E-eu vim... — Compreendendo a situação, seu semblante surpreso e confuso mudou num segundo para irritação. — Eu nada! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?!

— PARA DE GRITAR! VIM PÔR O TRECO QUE VOCÊ QUEBROU!

— PARA VOCÊ PRIMEIRO! E VOCÊ QUE QUEBROU!

Começaram a brigar, seus gritos exagerados realçando a situação dos corpos tensos virados um para o outro.

— Fui eu mesmo, mas por que tá aqui? Cadê a Nathaly e a Nina? — Alissa mudou de postura e semblante de repente, voltando ao tom normal.

— Ah, tão na escola — respondeu Nino, na mesma energia, apenas mantendo o olhar firme.

— Eee...? — Alissa moveu levemente a cabeça, esperando o complemento.

— Ah, vim buscar o meu cartão. Vou comprar um negócio no shopping.

— O quê?

— Uma decoração.

— Pra quê?

— Que isso? Cê é da polícia agora?

Sniiiif, fuuuuu... Começa não. Não tô afim de sujar minhas luvas com sangue.

— Ué, só tomar calmante, estressadinha... — Nino sorriu de canto.

Alissa subiu a mão direita, imitando Nina, pressionando os olhos, tentando manter a calma.

— Olha só, o que vai comprar tem a ver com a Nathaly?

— Por que teria?

— CACETE! SÓ RESPONDE! É DIFÍCIL!?

Nino aborreceu o rosto, virando-o para o lado.

— Não tem a ver com ela. Ela é apenas nossa amiga. Não gost...

Pow!

— UHULLL!

Nino se assustou com a explosão repentina.

Virou o rosto e viu Alissa, eufórica, apoiada na mureta da sacada, soltando um lança-confete, vibrando como se comemorasse uma vitória.

O menino semicerrava os olhos, sua expressão endurecendo a cada segundo, de acordo com a fresta de seus olhos se fechando ainda mais.

— Você disse que ia tá tudo pronto antes de voltarmos pra cá. Faz umas duas horas que as aulas acabaram. Tá fazendo o quê aqui ainda?

Hum?

— Vai limpar essa sujeira também?

— Você é chato, hein? — Os confetes caídos na sacada começavam a flutuar, fundindo-se e sendo guiados em direção aos sacos de lixo lá embaixo. — Esqueci de ligar para prepararem o vidro, aí tive que esperar fazerem o negócio.

— Ah...

— Mas já coloquei já, relaxa. Vou indo então. E o shopping é bem movimentado nesse horário. Recomendo ir depois, mais de noite, umas 20h, ou vai pegar fila.

— Não te perguntei nada, não! — respondeu rapidamente, cruzando os braços e virando o rosto de lado, fechado. "20h tenho compromisso!"

...Alissa não reagiu.

Não se irritou...

Não a ponto de estourar.

Caminhou até o menino, que escutou os leves passos e abriu os olhos um pouco assustados, virando lentamente para ela, conforme a sombra do corpo da exterminadora o cobria.

Alissa ergueu a mão esquerda, subiu até o queixo do menino e o segurou, fazendo-o erguer o rosto para encará-la, olho no olho.

— Olha pra mim...

Gulp...

— Obrigada por me ajudar em sala hoje — disse com carinho, mantendo um sorriso gentil no rosto.

Nino não conseguiu responder; apenas confirmou com a cabeça, mantendo os olhos bem abertos, sem conseguir piscar.

Alissa achou engraçada a reação e deu uma leve risada enquanto o soltava e se virava.

— Nos vemos depois. Até — se despediu suavemente... desaparecendo antes mesmo que ele conseguisse ver para qual direção foi.

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