Volume 1 – Arco 2
Capítulo 68: Mistura
Olhando para o menino emburrado, Alissa voltou seu olhar para Nina.
— Sua ideia é boa, mas hoje eu tô um pouco estressada, e...
— Nossa, nem percebi — ironizou Nino, ainda emburrado, o rosto voltado para a esquerda...
Mas...
FuuUuUu...
Sentiu um vento gelado bater contra o corpo.
Suas roupas dançaram no ritmo da corrente fria. Alissa, irritada com a resposta, decidiu não bater nele — optou por algo mais "leve": deixou-o no telhado do prédio, sentado na grade de proteção, exatamente na mesma posição em que estava dentro do quarto.
Nino abriu os olhos e seu semblante logo caiu em puro tédio.
— Sssniiiifff... Harrrff...
Respirou fundo, soltando o ar pesadamente, antes de voltar ao apartamento pela sacada. Trik-trk... pisando sobre os cacos, olhando as duas o encarando.
Nina olhava com dúvidas do que aconteceu:
"Nem vi ela se mover..." A surpresa exalava seu olhar, que logo se voltou para Alissa, ainda em pé, de braços cruzados.
— Foi pegar um ar, criança? — provocou Alissa, com um sorrisinho de canto.
Nino esticou os braços para baixo, punhos cerrados, tremendo de raiva.
— NÃO SOU CRIANÇA!
— Não?
"Não inventa..." pensou Nina, receosa do que seu irmão poderia falar naquele momento de raiva.
— Não!
— É o quê, então?
"Nin..." No exato segundo que chamava por ele em sua mente, ouviu a resposta desastrosa:
— Um adult...
— Tsihihahaha!
Pahft!
Nina não aguentou. Caiu na gargalhada, rolando no chão, abraçando a barriga.
— Hahaha!
Alissa acompanhou a risada, rindo de forma mais contida, abraçando a barriga com um braço, enquanto a outra mão próxima da boca fazia um gesto debochado, olhando Nino — que permanecia imóvel, de olhos semicerrados, com expressão de puro tédio.
Olhava o showzinho exagerado da irmã, querendo lhe encher o saco.
— Tá, tá, chega! — exclamou ele, mas Nina continuava se esbaldando no chão... até que...
Parou.
Sentou-se, olhou para Nino...
— Tbriff... Hihaha!
Quando tentou falar, desabou novamente em risadas.
Nino levou a mão ao rosto, pressionando os olhos com os dedos, apenas aguardando que sua irmã terminasse a palhaçada. Mas a menina quebrava as leis da física, e começou a atropelá-lo, rodopiando pelo seu corpo, para encher ainda mais o saco.
Nino, sem perder a chance, tirou a mão do rosto. Quando a irmã passou pela sua lateral esquerda, segurou-a — mas Nina continuava girando.
Resultado: Nino ficou equilibrando-a na ponta do dedo, como uma bola girando numa esteira.
— Já deu, acha nã...
— Acho — respondeu a Primordial, agora já de pé, ao lado dele.
Nino olhou para ela com a clássica "cara de bunda", mas foi ignorado.
Nina se voltou para Alissa, que ainda ria baixinho — uma visão inusitada para o que ela apresentava para os dois em todo o tempo que esteve ali.
— Qual a— Nino, ao ver o riso, decidiu provocar, mas no exato instante em que começou a falar, surgiu no telhado do prédio mais uma vez — gra...ça...? Sniiiiffff... Harrrff...
Trik-trk...
Voltou para o quarto, pisando sobre os cacos, erguendo o olhar irritado em direção a Alissa.
— V...
...E surgiu no telhado de novo.
"Que saco isso!"
Trik...
— Dei... Rrrrrrgg...
Trik...
Irritado por nem sequer conseguir terminar uma palavra, Nino surgiu de volta no quarto — agora ajoelhado sobre os cacos, as mãos juntas em súplica, olhos fechados como quem clamava por misericórdia.
— Es... — Abriu um olho receoso, acreditando que já havia surgido no telhado, mas, dessa vez, ainda estava no quarto.
— "Es"? — perguntou Alissa.
— Essa bagunça... Alguém vai vir limpar?
Tririirirk-k...
Todos os cacos de repente começaram a flutuar, e, de uma vez, se colidiram, fundindo-se em apenas uma esfera de vidro perfeita, que, suavemente, pairou até pousar na mão de Alissa, caminhando até a sacada, onde a olhava e o brilho azulado da noite se refletia, tentando, mesmo que inutilmente, disputar intensidade com o azul cintilante dos seus olhos.
Os gêmeos observaram a cena hipnotizados.
O brilho, mais que mágico.
A dúvida sobre o poder da mais forte... que não via aquela cena como os dois. Na sacada, chegou mais perto da mureta, onde esticou o braço e soltou a bola, que, embora o tamanho coubesse perfeitamente em sua mão, o peso era inteiro, de cada vidro usado para aquele "enfeite".
CrecksrrRuaaal! Mrrrau!
Caindo sobre o lixo ainda espalhado da queda anterior, a esfera assustou alguns gatos que dormiam ali, fazendo-os fugir, rugindo e rosnando para o intruso brilhante e pesado.
— ...Que exemplo feio. Jogando lixo no chão? Foi você que espalhou tudo lá embaixo? — Nino provocou, misturando sermão e deboche.
— Rrrr, me erra, garoto! — Alissa rosnou, virando o rosto para a esquerda. — Menino chato!...
Nina fechou os olhos, suas orelhas quase se dobrando para baixo, tendo aquelas palavras como as suas.
— Nina.
Assim que ouviu seu nome, a menina abriu os olhos e encontrou o olhar firme da professora.
— Oi?
— Amanhã começamos o seu plano. As aulas começam às 8h. Coloquem o celular da ADEDA para despertar, caso tenham dificuldade com isso.
— Nã...
Pa!
— Ok! — Nina respondeu de imediato, dando um tapa rápido na boca do irmão assim que ele abriu a boca para falar.
Mantendo a mão firmemente sobre os lábios dele, evitou qualquer comentário inoportuno.
Nino tentou se desvencilhar, mas, tendo a mesma força que a irmã, sua tentativa era inútil — a menos que usasse magia, o que sabia ser um erro ainda maior naquele momento.
— Boa noite.
— Boa noite, professora — respondeu Nina, educada.
Alissa desapareceu no ar...
Reaparecendo silenciosamente no quarto de Nathaly — como uma entidade nas sombras —, observando a menina dormindo.
Com um simples gesto de dedo, a costura da parte de trás da gargantilha de Nathaly se desfez, liberando um pequeno rastreador que flutuou até a mão da exterminadora.
Assim que o dispositivo saiu, a costura se refez sozinha.
Alissa deu dois passos silenciosos até a cama, inclinando-se sobre a filha adormecida. Seu olhar, antes severo, agora era puro carinho enquanto acariciava lentamente os cabelos da menina.
O sorriso que se formou em seus lábios era suave, caloroso, carregado de amor.
Mas quando Nathaly se moveu levemente no sono, Alissa desapareceu novamente, surgindo no canto escuro do quarto.
Uma visão que atormentaria qualquer pessoa que acordasse vendo tal cena.
Constatando que era apenas um movimento natural do sono, sua silhueta sumiu outra vez — surgindo agora na rua.
A noite fria a envolvia enquanto caminhava pela calçada, sob a luz amarelada dos postes.
Tirou o celular do bolso e abriu uma conversa.
Tchik...
Brr, Brr...
A foto foi enviada... mas a pessoa que recebeu... bem... nem mesmo notou.
Mirlim continuava dormindo, sobre o seu teclado RGB aceso, em seu escritório particular. O pirulito na boca todo babado, o celular brilhando pela notificação, iluminando parcialmente o rosto da preguiçosa.
Olhando para a conversa, bloqueou o aparelho e guardou-o no bolso frontal.
— Amanhã ela vê — cochichou para si mesma, sumindo na noite.
Nina finalmente retirou a mão da boca do irmão, que a encarava com desconfiança, julgando-a por tamanha "traição".
— Vo...
— Calado.
— Ssniiffff... Harrff... Sério? Já deu, acha não?
— Não. Pega o seu celular e faz o que ela pediu — disse Nina, pegando seu próprio celular da cama e ajustando o despertador para 7h30, todos os dias.
— Não vou — respondeu ele, infantilmente, cruzando os braços e olhando para o lado.
Nina o encarou com puro tédio e disparou:
— E ainda se irritou ao ser chamado de criança.
— Calada!
— Menino chato — murmurou, saindo do quarto em direção à cozinha.
Pegou o celular do seu irmão, e o reconhecimento facial se desbloqueou com ela. Sem perder tempo, ajustou o despertador, mas também resolveu entrar no aplicativo de mensagens...
Onde respondeu Nathaly com um simples "Oi"... Mas, para não deixar provas, apagou para si, deixando que apenas a menina visse aquilo mais tarde.
"Não vou deixar que você estrague isso, feioso."
Após insultar mentalmente o irmão mais uma vez naquele dia, Nina voltou ao quarto com o celular dele, deixando-o no criado-mudo do menino, que fingia estar dormindo, voltado para a sacada, agora com uma atualização improvisada que permitia ainda mais a entrada de vento.
Nina o olhou com desgosto, analisando tamanha encenação.
— Senta e me fala o que você fez.
— Tô afim não — respondeu sem nem abrir os olhos, e Nina caminhou até o interruptor.
Plu...
Apagou a luz antes de se deitar ao lado do irmão, olhando-o de costas, vendo-o tranquilamente, pela paleta de cores da noite, não muito fria, que passavam naquele momento.
A brisa leve que invadia o quarto trazia um clima de falsa tranquilidade.
— Você gosta da professora?
— Eu já respondi isso mais cedo.
— E o que estava na sua mão?
— Por que quer saber?
— Porque você poderia ter nos colocado em uma merda desgraçada.
— Você se juntou com ela pra zoar com a minha cara — murmurou, carregado de mágoa, buscando o sono.
— Aaaahrr, vai chorar por isso? Sério? — zombou-o, com um tom debochado.
— Calada. Fala comigo não.
— Vira pra cá.
— Fala comig...
— Seu imbecil! Você só consegue dormir pra esse lado, para de drama!
Abrindo os olhos em seu semblante emburrado, Nino se virou para ela. Sabia que não tinha muita escolha se quisesse dormir.
Seus rostos ficaram próximos, suas testas quase coladas, suas respirações sendo parcialmente divididas, e seus corpos quase que na mesma posição espelhada.
Se encaravam — Nino com raiva, e Nina também, embora conseguisse esconder essas coisas muito melhor que seu irmão.
— Me diz logo, onde você estava?
Nino ergueu a mão, posicionando-a perto dos rostos, e Nina lançou um olhar rápido para o gesto, voltando logo em seguida a encará-lo.
— Todas as respostas estão aqui. — A voz de Nino soou séria, madura. — Apenas toque e se misture. Quer saber onde eu tava? Quer saber o que estava na minha mão? Quer entender essa história de gostar ou não? Toca... Não tenho nada pra esconder... mas acho que você tem.
Nina encarava o olhar firme do irmão. Mesmo pega de surpresa, sua expressão se manteve inalterada, fria e atenta.
— Vamos, você quer saber. Eu sei que quer. — A voz dele abaixou um tom, mais provocativa. — Mas você não quer que eu saiba de algo, né? Então não vai tocar.
Nina continuou em silêncio, imóvel.
— Rum...
Nino murmurou num sarcasmo contido, antes de se virar de costas novamente, olhando para a lua atrás da cortina.
Fechou os olhos, não sentindo raiva ou qualquer sentimento negativo por Nina — apenas sabia que ela escondia algo, e usaria isso para esconder suas diversões sangrentas também.
— Foram várias vezes que negou se misturar... — disse em tom calmo. — Relaxa. Quando quiser entender o que se passa na minha cabeça atual... e quiser me mostrar o que se passa na sua, é só dizer. Sou seu irmão. Só tenho você... Mesmo que não confie mais em m...
— Ooooowwt, a menininha vai chorar...? — zombou, arrancando um suspiro entediado do irmão.
Nino abriu os olhos lentamente, emburrado.
— Para de drama, não combina com você. Já é burro, ficar com esse papinho torto só te deixa ainda mais feio.
— Eu não sou burro!
— Tsi, não negou ser feio.
— Grr! Você é igual eu, retardada!
— Não sou tão burra como você.
— Prove!
— Rum... — Nina soltou um som de desprezo. — Mandei você virar pra cá porque não consegue dormir virado praí, e você virou praí de novo só pra fazer seu draminha sentimental.
"Droga..." pensou Nino, sentindo o golpe.
— Nesse momento o choque de realidade bateu — continuou ela, impiedosa. — Você pensou em como estou certa e decidiu esperar um tempo para se virar, achando que ia arrasar, me fazendo acreditar que o animal não se esqueceu que não consegue dormir virado praí.
Pego no pulo, Nino apenas resmungou, derrotado, e se virou novamente para ela.
— ...Chata.
— Rum...
Nina sorriu de leve ao ouvir a ofensa, fechando os olhos com satisfação. Logo, foi acompanhada pelo irmão, que finalmente se rendeu ao sono.
— Te amo — murmurou ela, a voz calma... embora sua mente fervesse: "Não posso te falar. Não quero ser um alvo do seu ódio... como o nosso pai é."
— ...Te amo — respondeu ele, sua voz tranquila, sua mente leve... Mesmo enquanto, internamente, quase babava de ansiedade para ver no noticiário o nome do próximo "inseto" que seria sua próxima refeição.
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