Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 65: Educação Positiva

A firme mão, embora macia e fria devido à luva, segurava seu cotovelo, mantendo seu braço esticado, enquanto a jovem mulher o mantinha suspenso no ar, encarando-o com frieza no fundo dos olhos do jovem Primordial.

Nino não sentia medo, mas não compreendia como Alissa havia chegado tão rápido ali.

As palavras da moça ecoaram em seus ouvidos, e seus olhos, agora bem abertos — não mais em prazer pelo coração da criança assassina que devorara, mas em surpresa e curiosidade —, responderam rapidamente em seus movimentos trêmulos, seguidos de sua voz, embora de forma ambígua:

— Fui pegar um ar... — Sua voz não traía a mentira, mas Nina, ouvindo aquilo, percebeu.

"O que você fez?" pensou a jovem Primordial, percebendo que sua preocupação tinha fundamento. 

Nino havia feito uma merda — e uma merda que ela ainda nem imaginava o tamanho.

— Exemplo? — insistiu Alissa.

Sniiiiff, assim! — Nino inspirou alto, abrindo um sorriso provocativo, com a voz doce.

Cranm...

— Aiaiai!

Alissa apertou o braço do garoto — uma força calculada, mas que gerou um leve estalo. Nino se debateu um pouco, enquanto a exterminadora o encarava, séria, sem achar graça alguma na provocação.

Nina, por outro lado, deu dois passos, aproximando-se, embora ainda hesitante, sem saber o que fazer.

"Para de gracinha, não é hora pra isso..." pensava ela, notando que a dor que seu irmão sentia parecia mais prazerosa do que realmente dolorosa. "Pra que fazer isso de propósito? Não consegue ficar sem chamar a atenção da professora?"

— O que era aquilo na sua mão? — A voz firme e autoritária de Alissa só aumentava a vontade de Nino de provocá-la ainda mais.

— Nada!

Cramnm...

— Fala.

Mas tudo tem limite...

"Se apertar mais vai quebrar..."

— Uma melancia! — exclamou Nino, com um sorrisinho de canto, enquanto seus olhos encaravam os dela, que pareciam lhe rasgar.

— Cadê ela?

— ...Comi — respondeu, meio sem jeito, torcendo para que acreditasse numa mentira tão fraca.

— Tá me dizendo que comeu uma melancia inteira antes de eu chegar?

— Virou fiscal agora? — rebateu Nino, num estalo, e tudo que vai... volta.

Alissa se enfureceu e ergueu a outra mão. Quando o fez, Nino arregalou os olhos e, erguendo o braço livre em rendição, gritou de forma afobada, quase teatral, clamando por sua vida... mas ainda assim de maneira provocativa:

— Por isso todos têm medo de você!

Nino fechou os olhos, esperando o impacto do punho... mas não sentiu nada.

"Puta merda!" Nina se assustou, tanto com a resposta quanto com o movimento. Deu um passo à frente, mas, ao perceber algo, parou, apenas pensando: "Cala a boca, só cala a boca um pouco, imbecil!"

Alissa havia segurado seu soco. 

Quando Nino abriu os olhos, piscou duas vezes...

Paf!

Caiu no sofá quando a moça o soltou.

— Não zombe de mim... Seu... boboca! — disse ela com raiva, embora sua expressão lembrasse a de um gatinho fofo.

Nino fez uma careta de nojinho ao escutar uma palavra tão besta.

— Bora aceitar a idade, senhora... — dizia, gesticulando de forma debochada, mantendo os olhos semicerrados em careta. — Não precisa tentar achar palavras jovens. Entendo sua dificul— Aiai!

Alissa agarrou sua orelha direita, torcendo-a e erguendo-o no ar. Nino gemia, sem esboçar reação — braços para baixo —, enquanto via a moça se aproximar com um rosto irado.

— Pede desculpas — ordenou ela, irritada.

— Nem pra Amanda! — respondeu ele, segurando um risinho diante da doce dor prazerosa.

Alissa franziu as sobrancelhas, olhando-o. Piscou uma vez, sem entender muito bem, e apenas por deixar de olhá-lo por milissegundos, Nino notava a força que era a pressão de ser observado por aqueles olhos azuis.

— Que Amanda? — perguntou Alissa, inocente diante da provocação.

Tsi... — Nino soltou um risinho, sabia do perigo que seria responder aquilo, mas o risinho fez Alissa se irritar ainda mais e a moça começou a beliscar com mais força a orelha do jovem, que desta vez, não aguentou e ergueu as mãos, segurando o braço da exterminadora.

Mas, mesmo que usasse toda a sua força, não conseguiria movê-la, embora em sua cabeça, só não conseguia naquele momento, porque não queria machucá-la, e então apenas atuava... tentar se soltar.

— Aiiir, aii!

Enquanto o menino gemia e se debatia de forma exagerada, Alissa virou seu rosto para Nina, em pé, cerca de um metro e meio à esquerda, na entrada do corredor que levava ao banheiro e ao quarto. Nina tremeu, mas logo se estabilizou, encarando Alissa.

— Isso foi uma piadinha? — questionou a moça.

A menina ficou em silêncio por um momento. Não queria entregar o irmão, mas mentir parecia ainda pior — tinha certeza de que seria punida junto se mentisse.

— ...Sim — respondeu baixinho, abaixando a cabeça de forma tímida e apenas escutando a continuação da briga...

— TÁ ZOANDO COM A MINHA CARA?! — gritou Alissa, encarando Nino.

No mesmo instante, o menino arregalou os olhos e gritou, desesperado:

— SUUAA TRAÍÍÍÍRÁÁÁ!

Os dois desapareceram.

Mas Alissa não se moveu em uma velocidade que não alterava o vento.

Não sabia se Nino conseguiria resistir a uma pressão como essa, embora em sua linha de pensamento "fofinha" e "cuidadosa", não se ligava que não mudaria nada, já que surgiu na sacada do quarto, onde o arremessou para baixo.

Nina sentiu o corte no vento passar ao seu lado, e quando reparou que os dois sumiram, se virou e caminhou até o quarto. Alissa voltava da sacada, passos pesados e furiosos, mas assim que viu Nina chegando à porta, com expressão de surpresa e curiosidade, ouviu também passos atrás de si.

Quando se virou, lá estava Nino, andando de forma despreocupada, o corpo meio inclinado para trás, como se não quisesse acompanhar o ritmo das próprias pernas. Mãos nos bolsos, sorriso debochado, olhos fechados.

— Não é só você que é rápida não, coroa.

— Grrr!

Nino nem viu.

Alissa simplesmente agiu — um movimento quase de teletransporte —, agarrando-o e arremessando-o novamente pela sacada. Mas ao virar-se, ainda com o andar de uma ogra faminta, Nino surgiu da mesma forma, mas agora...

Oooaaahh... — bocejou em provocação.

Alissa o capturou de novo, mas desta vez, Nino se segurou no braço dela, abraçando-se de corpo inteiro, igual quem escalava um coqueiro em busca de um coco fresquinho. A exterminadora tentou arremessá-lo, mas Nino não foi jogado.

Abraçando-a firmemente, olhou para cima e encontrou o rosto da moça, antes dela sacudir o braço mais rápido que um liquidificador descontrolado, enquanto fazia uma vitamina com o sangue do menino chacoalhando no corpo.

Fululululululu...

Tentava desgrudá-lo... mas o menino era determinado.

Nina apenas observava a moça quase entrando em voo com o bater da asa improvisada, mas embora os esforços — não tão esforçados assim —, Nino não se soltava, continuava firme, até que a moça parou, entediada e muito irritada.

Olhando-o nos olhos, disse:

— Vou tentar aplicar a educação positiva: quer se soltar e apanhar agora, ou se soltar e apanhar daqui a cinco minutos?

Nino ficou alguns segundos em silêncio, apenas piscando sob o peso daquele olhar mortal.

Então respondeu, atrevido:

— Vai ser na bundinha?

TAP!

Sua provocação gerou um peteleco no meio da testa, que o arremessou para baixo da sacada, mais uma vez. E embora tenha doído bastante, surgiu na sacada quase que instantaneamente, mesmo que estivesse um pouco tonto, aguardando a regeneração que veio logo em seguida, para deixá-lo normal.

— Argg... — resmungou, dramatizando enquanto massageava a cabeça, e caminhou até a exterminadora.

Quando parou diante dela, ergueu o rosto para olhá-la diretamente — ela, com seus 1,79 m, e ele, com seus 14 anos e 1,61 m de altura.

Alissa não disse nada, apenas o olhava com sua típica expressão soberba: rosto empinado, olhar frio, raivoso e egocêntrico. Uma verdadeira muralha de autoridade. Nino, então, fingiu lágrimas nos olhos e, teatral, abraçou a cintura da moça, apoiando a cabeça nos seios, quase pescoço.

— Machucou... — reclamou, num tom vitimista.

Alissa permaneceu imóvel, mas uma lembrança invadiu sua mente:

[ — ...Não precisa olhá-los como se fossem os professores que torturamos. Era outro tempo, outra necessidade. Não precisa criar máquinas de obediência e disciplina, são crianças... ]

As palavras de Mirlim ecoaram, e ao ver o menino "chorando", Alissa percebeu que talvez fosse hora de tentar uma nova abordagem em sala — uma educação menos brutal, começando dali mesmo.

Ergueu os braços e o abraçou de volta, deixando o estresse escorrer pelos ombros.

— V...

— Até que é macia, achei que seria igual um maracujá de gaveta... Toda velhinha, coita...

Tuc!

— AiiIiiIihgt...

Com um semblante indiferente, deu um cocão no menino, que se agachou, com as mãos na cabeça, onde um grande calo subiu de forma quase cômica. 

No tempo que isso acontecia, Nina continuava à deriva de tudo, não entendendo absolutamente nada do que se desenrolava ali.

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