Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 128: Dois contra Dois

Lotado de pessoas, o Allianz se encontrava naquela manhã de quinta-feira. Cores e mais cores, roupas e pessoas de nacionalidades diferentes que vieram para poder ver os gêmeos de perto.

Mesmo sentados também na arquibancada, os professores eram separados das pessoas por algumas fileiras vazias e proteções. Assim como os desafiantes do evento de duplas.

O céu era azul, limpinho, nuvens brancas e redondas. Não havia nenhuma ameaça de chuva e, mesmo que começasse, por ventura, a chover... Alissa interviria, parando cada gota que ousasse atrapalhar o evento que aguardava com tanta expectativa.

Centenas de fotógrafos. Câmeras profissionais e mais amadoras, até mesmo donos de pequenas páginas de fofoca, sites e blogs disputavam espaço com seus celulares para conseguir uma boa fotografia dos dois. Poucos foram os que tiveram permissão para fotografá-los ainda sentados na arquibancada...

Uma boa nota foi envolvida para isso. Investimentos de infraestrutura da organização foram antecipados e adiantados nos estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba, principalmente na Paraíba, pois a ADEDA baiana era responsável por controlar todo o Nordeste, protegendo-o de anomalias.

Como nunca houve um relato oficial de anomalia que possuísse magia por lá, Mirlim costumava mandar Bill e Will — usando seu jato particular — para exterminá-las, já que os dois eram mais que suficientes, com o treinamento que tinham, para eliminar anomalias de até Massacre 4; acima disso, não eram capazes, e Mirlim precisava intervir.

Mesmo que nos planos de Louis Mirlim continuasse sendo a figura suprema e responsável da região, ter uma segunda ADEDA por lá poderia salvar muito mais pessoas de possíveis incidentes, e era apenas isso que importava.


A manhã era agitada. Muitos gritavam por Nina e Nino, mas ambos mantinham uma cara de tédio e preguiça daquilo. No primeiro momento foi legal: Nino erguendo o rosto, olhar soberano, egocêntrico, mas a bajulação passou do limite e aborreceu o rosto.

Nina seguiu pela mesma linha...

"Chatice..."ao mesmo tempo, resmungaram em suas mentes "conectadas", ouvindo a chamação de fundo.

Vinícius olhava para os dois — tentando ser discreto — sentados algumas dezenas de metros ao lado. Ninguém ali se importava com ele, nenhuma daquelas pessoas, a não ser seus pais, que vieram do Piauí para vê-lo ser promovido a exterminador oficial.

"Vai ver só..." rasgava uma voz grave em sua mente, sentindo raiva de Nino, querendo sua revanche. Já havia pedido para sua professora: se Alissa escolhesse Nino, era para colocá-lo contra. Queria isso. Precisava disso. Precisava ter a certeza de que tudo o que fez não havia sido em vão.

Eram menos de dois metros o espaço que separava as primas sentadas na mesma fileira. Ninguém entre as duas, apenas as duas ali, em destaque. Alissa tranquila, com um olhar radiante de animação, e Katherine, deixando transparecer seu incômodo e uma raiva... meio... pessoal.

Clap!

O som de uma palma ecoou. Tchik-Tchik! O estádio se silenciou e uma sequência de fotos e flashes começou. Louis surgiu no meio do campo, um microfone em sua mão, pose dramática e conceitual. Quase uma estátua de algum pensador importante, ou retrato de uma divindade grega.

Todos os fotógrafos agora se gladiavam na busca da melhor foto para vender e colocar em suas matérias. O silêncio foi algo fenomenal. Nino olhou para Louis, lá no meio, com um olhar diferente, vendo-o como impôs respeito apenas por chegar no lugar, sem precisar impor medo, temor, nada... Apenas sua presença.

Com um movimento calmo e quase dramático, levou o microfone para próximo da boca. Não saudou, não brincou ou comentou nada que não fosse sua objetividade com o importante evento do dia. Com uma voz suave, mas imponente, anunciou:

— O dia mais importante do ano enfim chegou. Hoje, doze alunos lutarão e mostrarão ao Brasil e ao mundo seus nomes, seus poderes e força. É com muita honra e ânimo que eu, Louis Cardoso, criador e responsável por toda a ADEDA, anuncio que o desafio de duplas se inicie agora.

De todos os lados, gritos animados da plateia ecoavam. Louis, com os olhos fechados, braços meio estendidos como se absorvesse toda a energia, como se estivesse farmando toda a aura daquela posição importante em que se encontrava. Com um suave movimento do microfone sendo levado na direção da boca, todos calaram a boca, e, com o silêncio, Louis completou:

— O time que sair vitorioso será nomeado o Terceiro Esquadrão Oficial ainda amanhã, e os perdedores se tornarão o Quarto Esquadrão Oficial. Mesmo que, no fim, sejamos todos um time. Mesmo que, no fim, todos nós lutemos pela proteção dos civis de nossos bairros, municípios, cidades e estados... Hoje, serão rivais durante o evento... Serão gladiadores em busca do seu respeito... Gladiadores em busca de como seus nomes serão lembrados no futuro da nação brasileira!

Louis abaixou a cabeça por um instante. Clap! Clap! Clap! Palmas vinham de todos os lados. Ergueu o rosto, o silêncio voltou, seu olhar sereno era visto, sua beleza era admirada por mulheres de todos os tipos. O cabelo solto naquele dia só realçava sua beleza quase mística... Lançou um olhar na direção dos professores:

— Por favor, professora Alissa, escolha sua primeira dupla — sussurrou no microfone. Algumas mulheres, mesmo casadas, quase desmaiaram na plateia.

Alissa direcionou o olhar na direção do espaço reservado para o seu esquadrão.

— Nino e Nina, podem ir — ordenou.

Os gêmeos se ergueram como se fossem um espelho.

Tchik-Tchik!

As câmeras travaram em seus corpos. Finalmente, a permissão para fotografá-los veio. Enquanto estivessem dentro do campo, durante toda a luta, era permitido que qualquer pessoa que quisesse fotografá-los tirasse suas fotos, mas, no instante em que fosse encerrada e ambos voltassem para seus assentos, apenas os que pagaram rios de dinheiro tinham permissão para continuar tirando retratos dos dois.

Desceram para o campo tranquilamente. Nino com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, e Nina apenas com os dedões para dentro dos bolsos do shorts. Rostos iguais, respiração, estado de espírito, passos... tudo igual.

— Agora a sua dupla, professora Katherine.

Louis se voltou para Katherine e viu o olhar irritado. Não só ele, como Vinícius, que encarou a professora, tentando lembrá-la do pedido, mas a mulher nem olhava para o menino. Louis notou o erro rapidamente e consertou:

— Por favor.

Após ouvir o "por favor", ajustou sua expressão e escolheu seus alunos:

— Vinícius e Helena, podem ir.

O jovem se ergueu mais rápido e motivado que a namorada. Helena foi logo depois e se posicionou ao lado do namorado. Ambos usando a bainha da espada na cintura. Ambos já segurando o cabo para sacá-las e iniciarem o desafio que se tornou pessoal demais para apenas uma pessoa.

Dez metros de distância à frente, os gêmeos continuavam iguais, olhando a dupla desafiante sem nenhum ânimo existente. Expressões caídas, olhos de quase sono.

— Serei breve.

— Serei breve.

O tédio sumiu e uma raiva deu lugar em seus olhos furiosos. Olharam um para o rosto do outro. Suas mãos viraram punhos erguidos, suas testas quase coladas se peitando.

— Para de me imitar, sua estranha!

— Para de me imitar, seu estranho!

Começaram a se provocar, apontando o dedo um na cara do outro com expressões irritadas... Um mar de entretenimento para os fotógrafos, que enchiam seus armazenamentos internos e externos da câmera com centenas de fotos para conseguirem uma única que fosse incrível.

Os repórteres e programas de televisão de todo o mundo fomentavam uma possível rivalidade de irmãos. A internet ia à loucura querendo saber qual dos dois era o mais forte, qual dos dois seria o líder do esquadrão. Uma disputa de fã-clubes que se dividiram em Nino e Nina. Não eram mais os dois, virou uma guerra dos que eram fãs de um e de outro.

— O que eles estão fazendo? — murmurou Helena, confusa. "Querem se enfrentar? E a gente?"

— Esqueça os dois e foque no que treinamos — respondeu Vinícius de forma fria, concentrado e confiante.

— Sim — respondeu a namorada, tentando se concentrar ao máximo.

— Atenção!...

Os gêmeos ficaram parados, braços caídos, apenas observando na direção da dupla de humanos. A briguinha acabou na mesma velocidade que um guaxinim via seu algodão-doce se desfazendo na água.

Enquanto isso, Helena e Vinícius se preparavam. Ambos colocaram a mão no cabo de suas espadas na cintura com mais firmeza. A lâmina de Helena, ainda na bainha, emanava uma aura vermelha fluorescente. A de Vinícius começou a queimar, mudando a cor do fogo lentamente para azul, mas ele não conseguiu terminar sua magia a tempo.

— COMECEM!

Shk!

Vinícius e Helena não conseguiram se mover nem um centímetro quando a primeira rodada do evento começou. Nem parecia que Louis havia acabado o grito, e...

Suas cabeças voaram... As pálpebras descendo de forma mórbida. Os olhos se fechando lentamente enquanto viam tudo girar. Uma linha de sangue escorrendo dos membros decepados, dos corpos cedendo à gravidade ao solo. Não existia dor. Só um frio e uma sensação estranha. Uma tristeza e estranheza sobre-humana. Não pensavam em nada. Eram apenas as duas cabeças voando com o corte que nem puderam ver ou ouvir... muito menos sentir.

Era um sonho acordado.

Quando despertaram, encontraram Nino e Nina entre eles. Nino tinha sua espada na mão esquerda, como se estivesse segurando uma adaga para baixo. A lâmina quase tocava o pescoço do humano. Vinícius sentiu um medo interno maior do que sentia do escuro, dos gritos, das vozes que costumava ouvir todas as noites. Aquele medo o deixava receoso até de tremer. Mesmo que a lâmina não estivesse afiada, parecia que qualquer pequeno movimento seria suficiente para morrer.

Nina, da mesma forma, porém com a mão direita, permaneceu com a lâmina quase rasgando o pescoço de Helena. A menina sentia o mesmo medo que o namorado. Pareciam estátuas, parados, vendo os gêmeos olhando-os no fundo dos olhos com o mais puro nojo.

Vinícius sentia o frio da lâmina pairando sobre as veias saltadas no pescoço. Com muito medo, virou o rosto calmamente para conseguir entender o que jogava sua alma ao abismo do medo. Seus olhos, tremendo no lugar de todo o corpo, encontraram os olhos de Nino... as íris roxas de Nino, que o encarava com um olhar de desprezo e superioridade.

— Não me viu chegar, princesinha? — sussurrou de maneira arrastada, com um tom de soberania e um olhar mais que aterrorizante.

— Primeira rodada encerrada. Vitória inicial para o time da professora Alissa — anunciou Louis, e toda a plateia foi à loucura... menos os fotógrafos, que olhavam aquilo com olhos paralisados, boquiabertos e frustrados.

Mesmo os que colocaram a câmera em ultra lento não conseguiram capturar os gêmeos se movimentando. Não foi um teletransporte; Alissa viu exatamente tudo que os dois fizeram antes de posicionarem as espadas nos pescoços mantendo os olhares soberbos... mas, para todos, aquilo foi um teletransporte.

As fotos continuavam. Queriam aproveitar ao máximo os pouquíssimos segundos que ainda tinham dos dois saindo de lá. Já na área dos professores, Alissa soltou uma risada satisfeita propositalmente alta, e Katherine, que não a olhava nem se valesse dinheiro, tentou não demonstrar sua frustração, mas o tremelique raivoso que o corpo deu era mais que suficiente para Alissa ficar contente.

Os gêmeos voltavam para os assentos quando Nino olhou para Alissa com um sorriso sereno e contente, fazendo um joinha para a mais forte, e Alissa respondeu com um sorriso igual. Um momento de menos de dois segundos de interação que mostrava um carinho enorme que os dois sentiam um pelo outro.

Vinícius ficou paralisado... sua mente ecoando as palavras de Nino:

"Não me viu chegar? Não me viu chegar?" Tap! Helena tocou seu ombro e o trouxe de volta à realidade.

— Vamos voltar. Não deu dessa vez... — lamentou Helena com um tom triste.

Vinícius não conseguiu responder... Tchin... Pf... A namorada guardou a espada na bainha, mas, quando o fez, a bainha soltou da sua cintura. Olhou para baixo meio confusa, foi se abaixar, mas colocou um pé à frente para se manter equilibrada... Pahf... caiu de cara no gramado. Nina soltou sua bainha e amarrou seu cadarço.

— Hel...

Fush...

Risadas ecoaram por todo o estádio. Nino cortou o cinto, deixando a calça solta para cair a qualquer momento. Vinícius não estava usando cueca naquele dia. Gostava de ficar sem. O pano da sua calça era grosso, e os diversos bolsos de couro deixavam as pernas queimando em uma espécie de forno.

Levou as mãos até a minhoca mole quase que de imediato. Mas, mesmo que pela distância muitos não tivessem conseguido ver, e também tivesse tido a sorte de todos os fotógrafos e câmeras estarem focadas nos gêmeos, a vergonha era impossível de não ser sentida.

Pahf... levou as mãos até a calça no chão o mais rápido que conseguiu para levantá-la, mas, quando o fez, deu um passo e também caiu. Nino amarrou os cadarços da sua espécie de bota nerdística de um fã de fantasia.

Shk...

Helena viu o que estava acontecendo e ficou com medo do seu shortinho ter sido desprendido também. Mas não achou que a menina iria humilhá-la em público assim...

"Só o Viní brigou com o irmão dela, eu não fiz nada..." raciocinou e tirou essa possibilidade da mente. Cortou os cadarços rapidamente com os dedos, usando magia de vento misturada com fogo.

Ergueu-se, segurou sua espada, Thumf e ergueu Vinícius nos braços, deixando a cena ainda mais vexatória para o menino, tentando manter o rosto neutro sendo levado para junto dos escolhidos de sua sala.

Alguns ex-companheiros de sala, que agora disputariam pelos futuros esquadrões cinco e seis, olhavam aquilo com olhares de desprezo... de inveja.

"Fui rejeitado para eles fazerem isso? Sério? Tá de brincadeira?" Um jovem que usava uma cartola de mágico preta pensou. Seu olhar irritado para a dupla perdedora.

Helena colocou o namorado sentado. Vinícius nem a olhava. Muito menos agradeceu. Seu rosto era irritado, usando sua magia de fogo azul para derreter o cinto e prendê-lo novamente na cintura... Frustrado, lançou um olhar na direção dos gêmeos se sentando.

Ambos usavam as bainhas nas costas. Aquela posição permitia-lhes uma puxada de lâmina na vertical. Inveja. Ciúmes. Vinícius removeu a bainha da cintura e colocou-a de forma provisória — já que não tinha o mesmo suporte de couro que Nino — nas costas, imitando o ser que o humilhou na frente de pessoas de todo o mundo.

— Por que colocar nas costas? — perguntou Helena, curiosa... tentando puxar assunto, tentando fazê-lo esquecer do que aconteceu, assim como nenhum dos colegas tocou no assunto e apenas fingiram que não viram nada. Mas Vinícius a ignorou. Nem mesmo demonstrou que a ouviu. Somente a ignorou, deixando-a um pouco triste e também se sentindo culpada.


— Começaremos a segunda rodada. Por favor, professoras... escolham suas duplas — anunciou com um tom dramático. Era o locutor de um show.

— Nathaly e Arthur, ACABEM COM ELES! — gritou Alissa para sua filha, erguendo-se com entusiasmo.

Quando Arthur escutou seu nome com o de Nathaly, o coração ficou quentinho. Batimentos se aceleraram um tanto além do normal. Olhou para o lado e viu Nathaly passar, descendo do lado de Nina para o campo. A menina olhou para a mãe e sorriu de volta.

Katherine, irritada com o tom de Alissa, deixou transparecer um pouco de sua raiva ao anunciar sua dupla:

— Pedro e Manoela — escolheu com um tom seco.

As duas duplas se dirigiram para suas posições.

"Ela é tão linda!" pensou Arthur, não conseguindo esconder muito o seu olhar, vendo-a ao seu lado, na sua direita, a menos de um metro e meio de distância.

Nathaly virou um pouco o rosto na direção dele, olhou-o e voltou o rosto para a frente. Mas notou que o jovem a encarava e retornou quase como uma mola, encarando-o de volta. Perguntou, curiosa:

Hum? Tem algo no meu rosto?

— N-não, eu só tava pensando no que vamos fazer... — respondeu Arthur, colocando a mão atrás da cabeça de forma envergonhada. "Eu sou muito estranho."

— ...Apenas faça o que você sabe fazer de melhor, beleza? — virou o rosto para frente. — Eu quebro ela — murmurou confiante Nathaly, ajustando a posição da sua perna e segurando sua espada na bainha da cintura.

— Beleza! — Arthur respirou fundo e se concentrou em Pedro.


— O que aconteceu com o rosto dela? Cicatriz grande — perguntou Manoela, com nojo na voz.

— Não sei ao certo, mas me contaram que ela matou o pai e quase a mãe em um descontrole de poder. Bizarra essa garota — murmurou meio incomodado.

— Ela fez o quê?! — Manoela exclamou, espantada e assustada, olhando-o completamente alheia ao evento.

Mas... Louis começou sua anunciação:

— Atenção!... COMECEM!

BURRRNNN!!

Ainda na bainha, a lâmina perfeitamente adaptada de Nathaly explodiu em chamas vermelhas, espalhando uma onda de fogo que parecia viva para trás. Um mar de lava queimando, assim como o brilho de suas mechas laranjas e seus olhos âmbar.

Desapareceu de onde iniciou o evento, cortando o ar com rapidez e brutalidade, confiante com sua magia, depois de inúmeros treinos de controle que Nina a ajudou naquele mesmo lugar.

Avançou na direção de Manoela, que não havia voltado muito bem ao foco depois de ver que Louis deu início ao confronto.

A menina viu sua adversária chegar... desesperou. Tentou desviar e pensou:

"ESSA GAROTA VAI ME MATAR!"

VulBurrrnn!

O ataque de Nathaly foi um corte diagonal, descendo da vertical ao desembainhar sua espada, cortando o ar com um feixe de fogo estralando de tão quente... BRRRUUUMM! que atingiu o chão quando Manoela conseguiu sair da frente.

Outra onda de choque foi enviada. Mais um mar de fogo "vivo" se ergueu. Pedro saltou para evitar ser atingido por qualquer ataque mortal que aquela "assassina" — que ele idealizava pelas coisas que escutara — tentava realizar naquele campo.

Manoela não teve a mesma oportunidade de se afastar bem. Só conseguiu uma esquiva desesperada para a esquerda... mas não esperava que Nathaly iria atacá-la tão rápido após aquela explosão sinistra.

Após o corte e o impacto da ponta da lâmina na terra, a menina girou o corpo, voltando com a espada cortando na direção de Manoela, ainda em sua esquiva pela vida. A lâmina bruta, imponente, queimando em incandescência, vinha na direção do seu pescoço... A menina sentiu que morreria. Não conseguia pensar naquele micro tempo... Seu corpo reagiu quase que sozinho.

Shktin...

Ergueu sua katana para bloquear o ataque... mas sua espada foi cortada em duas, com a espada da adversária indo sem mais nada para impedi-la de chegar no seu pescoço e eliminá-la da vida.

Fechou os olhos... apenas aceitou.

— Manoela fora! — anunciou Louis.

Manoela, apavorada, achando que já havia morrido, abriu os olhos. Nathaly segurava a lâmina, já não mais emanando fogo, pairando próximo do queixo dela, mantendo o rosto da adversária um pouco erguido com medo de encostar na lâmina cega.

Pah... caiu ajoelhada no chão com os olhos arregalados, quando Nathaly puxou a espada, escutando que a menina já havia sido eliminada... Foi tudo muito rápido. Pedro nem havia tocado os pés no chão quando o anúncio veio.

Mas, quando ouviu-o, Bm... aterrissou segurando a espada firmemente em suas mãos, erguendo-a em uma pose agressiva com a lâmina horizontalmente na região do rosto... porém, ao olhar na direção de onde viu Manoela pela última vez, viu uma parede de fogo maciço se alastrando pela grama como uma bala perdida chegando na direção do seu corpo.

Assustou-se.

Ficou apavorado. Não sabia o que fazer, só levou os braços na direção em uma esperança de bloquear o ataque e fechou os olhos fortemente, mostrando cada ruga e dobra do seu rosto amedrontado.

— Pedro fora!


Brr... — Alissa soltou um sonzinho de risada segurada, propositalmente para irritar o máximo que conseguia sua prima. Mas, quando escutou a finalização do anúncio de Louis...

— Segunda rodada encerrada. Vitória do time da professora Alissa.

AHAHAHAHA!

Grrr...

Alissa soltou uma risada ainda mais alta, enquanto Katherine, com um rosto irritado, não conseguiu esconder nenhum pouquinho sua raiva.


Quando Pedro finalmente abriu os olhos, a parede de fogo havia desaparecido. Alissa havia intervindo para que o menino não morresse. Percebeu que Nathaly perdeu a mão e não conseguiria controlar aquela parede maciça de atingir o menino.

Arthur havia surgido do nada. Um silêncio, uma velocidade na qual Pedro não sentiu. Apontava a ponta de sua espada emanando água no pescoço dele. Tchiin... Logo retirou-a e guardou-a, olhando com um olhar respeitoso para o amigo que ainda estava assustado com aquilo.

Ao olhar para trás, Paf-Paf-Paf... viu Nathaly pisando desesperada nas chamas restantes queimando a grama verdinha. Tchin-Ssshuuaaashh... Arthur desembainhou sua lâmina, efetuando um corte horizontal emanando uma aura azul-neon que disparou uma pequena onda de água, Tssss... apagando o fogo que se alastrava pela área... Os jardineiros teriam um pequeno trabalho a mais mais tarde.

Uff! Brigadão! — agradeceu, aliviada e com um sorrisão sincero que fez Arthur parar por um momento, encantado com a beleza.

Nathaly voltou primeiro. Arthur, ficou um pouco travado, vendo-a, mas voltou logo depois. Nino olhava a cena com desinteresse... Nina via com ódio.

Todos retornaram aos seus respectivos times, e Louis fez um anúncio adicional:

— O evento não é um melhor de três. O time da professora Katherine ainda possui uma dupla; se vencerem o confronto a seguir, irão competir contra outra dupla vencedora da professora Alissa. Se ganharem novamente, então quem vencer o terceiro confronto será nomeado como o Terceiro Esquadrão Oficial da ADEDA.

A plateia aplaudiu, alguns com raiva, frustrados, como Vinícius e Katherine, outros rindo, como Alissa e Nino, que logo foi imitá-la, e outros meio indiferentes... como Nina. Os jornalistas traduziam ao vivo tudo que Louis dizia para suas nações acompanhando pelos canais de televisão.

— Últimas duplas, por favor, apresentem-se.

— Samanta e Thales. Arrebentem eles! — exclamou Alissa, animadamente, porém ainda sentada. Apenas colocou as mãos próximas à boca, fazendo como se fosse um megafone para escutarem lá de baixo.

Thales e Samanta, já caminhando no campo, assentiram em resposta.

— Por que sinto que se perdermos, nós vamos morrer? — murmurou Thales discretamente.

— Não sei... Ugh... Ela me dá medo... — respondeu a namorada, com um leve tremelique.


— Paulo e Marcelo — resmungou Katherine, com um tom irritado e seco, mantendo os braços cruzados e sem olhar diretamente para seus alunos.

Os quatro foram para suas posições...

"Tudo depende da gente..." pensou Paulo, a responsabilidade caindo como um caminhão carregado de cimento em suas costas.

Marcelo colocou a mão na frente da boca e sussurrou, para que os adversários nem conseguissem ler seus lábios:

— Foca no que der a maior abertura. Eliminamos um, depois o outro.

Paulo olhou-o e assentiu discretamente, voltando o olhar focado para a dupla desafiante.

— Atenção!... COMECEM!

Fu!

Fu!

Tchi-Shkrich!

No instante em que a largada veio, Marcelo e Paulo rasgaram pelo gramado na direção dos dois. Samanta desembainhou sua espada com um movimento imediato e suave, a lâmina brilhando em verde-neon, rasgando em um corte na direção do chão, onde um quadrado foi cortado instantaneamente.

Bam-BAAAM!

Thales pisou fortemente no chão, e o bloco de terra, grama e pedra se ergueu, no mesmo tempo em que avançou com um soco e arremessou-o na direção da dupla adversária. BmFu! Usou aquilo como uma cortina de fumaça, avançou por trás do bloco e, quando Marcelo e Paulo desviaram, Thales surgiu como um monstro, descendo com um soco na cara de Marcelo.

Marcelo se assustou. Mesmo que a lâmina da manopla fosse cega, pegando diretamente daquela forma poderia perfurar seu crânio. A esquiva de ambos foi efetiva, mas eles se separaram momentaneamente. Com os olhos arregalados e o suor frio já escorrendo de sua careca brilhante, Marcelo ergueu a espada... mas não para somente se defender.

Tchinn-Fu!

O movimento foi preciso e suave... Conseguiu passar e avançar com a sua dupla até Samanta. O soco desceu, a espada subiu e colidiu contra a manopla, conseguindo desviar o golpe e abrir uma abertura de avanço, onde correu rapidamente na direção de Paulo, no tempo em que Thales terminava de aterrissar.

O silêncio era uma conversa. Seus corpos se entendiam e sabiam o próximo passo que o amigo iria efetuar... mas Samanta só aguardou paciente... até que não mais. Marcelo avançou com um corte de espada sem magia alguma. Ela era uma garota, não queria machucar uma garota.

Queria somente atingi-la com a espada e eliminá-la tranquilamente... Idiotice.

Cercaram-na. Marcelo surgindo atrás, Paulo vindo com um corte horizontal de frente... Samanta riu em deboche. Tin! Tiiinnrrch! Virou-se em uma velocidade que ambos mal viram. Cortou a lâmina de Marcelo como se fosse um graveto seco e virou-se de volta para Paulo, onde colidiu a ponta da sua lâmina na ponta da lâmina dele, e foi dividindo-a com a sua, se arrastando pelo metal cego...

Paulo se assustou. Mesmo que Samanta ainda não tivesse eliminado Marcelo, era nítido que a jovem estava brincando com os dois antes disso. Aquela lâmina cortando a sua não iria parar até chegar à sua mão... Sua espada brilhou em azul-claro. Uma aura branca como a neve surgiu no mesmo instante.

Froooouust!

Uma explosão de gelo se seguiu. Samanta foi pega desprevenida, ficando somente com uma mão e a cabeça para fora do bloco de estalactites de gelo extremamente grossas nas bases e pontiagudas. Marcelo quase foi pego pela magia do amigo, mas conseguiu esquivar para a sua esquerda.

Paulo explodiu a própria espada no processo, deixando-a presa no gelo. Rodou o corpo em 180°, desviando também da magia que mal controlou, só usou no desespero. Quando seu corpo virou, tomou um susto e não havia mais tempo de desvio.

— Samanta fora!

Crek-BAM!

Tentou... Tentou, mas falhou.

Criou no desespero uma espada de gelo, mas sem fio, assim como foram instruídos no dia anterior do evento, caso as lâminas comuns quebrassem. Conseguiu golpear Thales. Thales estava irado, não pensou direito, não desviou, somente avançou com um soco forte na boca do estômago do adversário.

Havia puxado a lâmina de volta, sabia que de fato era perigoso ferir gravemente alguém com um soco direto. A espada de gelo colidiu com o seu braço direito, mas a espada se estilhaçou, deixando uma pequena linha de queimadura, mas não adiantou. Paulo saiu voando, e Marcelo, que havia desviado à esquerda, não conseguiu desviar do corpo do amigo vindo na sua direção.

— Paulo fora!

Thumf!

Ia sair voando junto... mas não deu tempo. Thales segurou o pé do jovem no instante em que foi erguido do chão, puxou-o para trás como se fosse uma blusa secando no varal, soltou o tornozelo e a mão aterrissou no meio da cara. Sua mão direita cobrindo o rosto e parte abundante da cabeça lisa, brilhando com a luz do dia.

Samanta controlou o ar em volta do corpo, fazendo com que o ar esquentasse para derreter e conseguir sair da prisão de gelo. Crash! Conseguiu, foi rápido, mas já estava fora, já havia sido anunciada sua eliminação. E, ainda assim...

— Marcelo fora!

Louis anunciou que o segundo adversário também estava eliminado. Os olhos do calvão estavam esbugalhados, o aperto atrapalhando até mesmo o fluxo sanguíneo do cérebro... Seu crânio parecia que iria ceder. Pahf... Thales o soltou longe, na direção do outro que tossia, passando mal, ajoelhado no chão, sem ar.


Hihihi... — Alissa soltou uma risadinha provocante... Katherine queria matar alguém.


— Terceira rodada encerrada. Vitória definitiva do time da professora Alissa — anunciou Louis.

Clap! Clap! Clap!

Todos começaram a aplaudir e gritar eufóricos, de suas torcidas. Alissa se ergueu de forma triunfante, rindo como uma vilã que derrotou seus inimigos. Saiu de fininho, usufruindo do máximo de raiva que conseguia tirar dos sons irados que Katherine produzia.

Creesh!

Katherine, furiosa, amassou uma lata de refrigerante que bebia e, com um rosto ainda mais irritado, se dirigiu até Paulo, que permaneceu no chão, sentindo falta de ar no golpe recebido no estômago.

— Vocês estão bem? — perguntou Katherine, com um tom sério.

— Desculpa, professora, não estávamos esperando isso... — lamentou Vinícius, cabisbaixo.

— Eu também não — respondeu Katherine, seca.

Todos abaixaram a cabeça. Todos sentiram a decepção na voz dela.


Thales olhava se Samanta estava bem, quando Nino surgiu ao seu lado, Pa! e deu um chute "fraco" em sua perna. Thales segurou-a e ficou pulando com a outra, tentando aliviar a dor. Nino o olhava muito irritado.

— Se a espada tivesse fio, você tinha perdido o braço — resmungou.

— Eu não pensei direito — respondeu, olhando-o e colocando o pé com calma novamente no chão, mas ainda sentindo dor.

— Então comece a pensar — resmungou, arrastado.

— Foi mal...

Samanta olhava Nino, aquele rosto irritado, e Thales agindo de forma reverente, aceitando aquilo sem mais nem menos. Foi dar um passo adiante, para defender seu namorado, mas então viu os dois com um rosto de quase riso.

Nino ergueu o punho direito, Tap... Thales colidiu os soquinhos.

— Parabéns pela vitória.

— Eu disse que não ia perder.

— Tá arrogante, hein...? — brincou Nino.

Naah, tô nada.

Samanta não entendeu muito. Aquela amizade era estranha demais para a sua cabeça.

O esquadrão se juntou aos três, e Alissa chegou logo depois.

— Vocês tinham que ver a cara de brava dela — ria muito. — Foi impagável! E, para comemorar, vou levá-los a uma churrascaria hoje!

Olharam-na. Os únicos que não tiveram um susto abrupto foram Nino, Nina e Nathaly, que já estavam muito mais acostumados com as repentinas aparições da mulher. Nino abriu um sorriso, dizendo enquanto ria:

— Vou acabar com o estoque.

— Duvido comer mais do que eu — provocou Thales com deboche.

— Virou disputa, é? Tô dentro — respondeu Nina, com um sorriso estranho.

— Ninguém te chamou, esquisita — retrucou Nino, zoando.

— Vou arrebentar tua cara no tapa, muleque chato. — Os dois se encararam com caretas e apontamento de punhos e dedos.

— Acho que vai ser legal — comentou Arthur, esperando saber se Nathaly também ia.

— Naquela que você já me levou? — perguntou Nathaly, recebendo a atenção do olhar da mãe.

— Aquela mesma, a carne de lá é ótima. Louis deve encerrar o evento do dia daqui a pouquinho, então, daqui a seis horas, todos devem estar prontos aqui na frente da escola, ok? Irei vir buscar vocês.

— E desde quando você dirige, coroa?

— ...Se quiser, eu assino sua certidão de óbito — respondeu Thales.

Hãm... Por quê? — Nino olhou para frente, e uma aura maligna emanava de Alissa, que estava com um sorriso horripilante, mas isso desapareceu de repente, dando lugar a um rosto amigável.

— Vou relevar hoje porque fizeram um bom trabalho — disse ela, tranquila.

— Mais um dia de vida, que sorte — comentou Nina, com um sorriso de canto de boca.

"Nem fala..." pensou Nino, com medo de verbalizar e aquele sorriso gentil, que no fundo parecia ser muito macabro, se tornar de fato algo macabro e visceral.

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