Volume 1 – Arco 2
Capítulo 124: Dependência
Os treinos se mantinham todos os dias, mesmo que fossem realizados em futebol, treinando suas precisões e controles mágicos. Mas, no dia anterior, Vinícius mandou que todos fossem cedinho; queria continuar treinando para enfrentar com mais experiência a turma da professora Alissa.
Manoela era uma prodígia na arte de estragar e queimar qualquer coisa no fogão. Todas as manhãs ia até o apartamento da amiga para comer o café da manhã que Helena tivesse preparado. Não foi diferente neste início de sábado.
Chegou e discou a senha. Seu nariz estava escorrendo e um pouco vermelho pelo frio que a manhã fazia. Limpava rapidinho sempre que sentia, mas sentiu uma coisa pior quando a porta se abriu um pouco e deu visão para o balcão.
Vinícius estava sentado, comendo, enquanto Helena terminava de fazer alguma coisa que a menina não tinha muita visão. Tanto Helena quanto Vinícius olharam para ela. Helena abriu um sorriso, convidando com sua expressão e mãos que Manoela entrasse... mas a menina ficou parada segurando a maçaneta.
"Por que ele tá aqui?"
— Tô acabando o seu! — exclamou Helena. — Entra aí.
— N-... Eeh... — Manoela agiu de forma estranha; seu corpo mostrava o nervosismo. — Tô sem fome. Na escola eu como algo no almoço dos funcionários. Tchau!
Pa...
Não deu mais explicações e fechou a porta.
— O que deu nela...? — perguntou ele, olhando na direção, antes de focar nas panquecas com mel que a menina fez.
Helena virou-se de volta para as que preparava para a menina.
— Não sei... — respondeu em tom baixo. Vinícius a olhou meio desconfiado.
Bem longe do campus, Louis tomava um belo e hidratado banho, cuidando de seus longos cabelos no seu humilde apartamento. Katherine acabava de se arrumar no quarto quando notou que o homem não havia levado o celular para o banheiro.
A curiosidade e o desespero, em meio às paranoias que sua cabeça começou a criar em tão pouco tempo, tomaram conta dela; teve que pegá-lo em mãos.
Na tela de fundo, uma foto dos dois abraçados. O reconhecimento fácil foi pedido, mas a mulher ignorou e colocou a senha numérica... entrou. Procurou pelos aplicativos de conversa da ADEDA por algo, mas não encontrou nada. Na conversa com Alissa, só havia coisas referentes a trabalho e, mesmo rolando bastante, não havia uma resposta da mulher além de 👍, um joia bem grandão.
Procurou por fotos, não encontrou nada. Procurou nos ocultos, nos apagados. Nada. Procurou pelos e-mails. Nada. Revirou o celular inteiro, mas não achou nada. Entretanto, quando puxou as abas abertas para tirar o rastro que deixou no celular, havia uma aba que não foi ela quem abriu.
Era a aba do navegador e, quando clicou, estava no modo anônimo, pedindo o reconhecimento facial. Colocou a senha numérica e entrou. Havia duas páginas abertas lá: dois vídeos pornográficos.
Ficou em choque... foi imediato. Thum Thum Thum — seu coração ficando acelerado.
Não transavam já fazia um bom tempo. Louis sempre vinha com uma desculpa: "Preciso resolver isso... Preciso resolver aquilo... Estou casando. Hoje não, tô ocupado. Não dá, tô sem tempo, preciso acabar aquilo. O presidente quer falar comigo. Preciso decidir sobre as subclasses ou se crio uma nova classificação de anomalias pra essa coisa nova. Preciso resolver as coisas do evento. Conversar com os jornais, abrir as inscrições das pessoas que quiserem ver ao vivo... Tô sem tempo, amor, depois nós fazemos gostosinho..."
Mas nunca chegava o dia. Já estava quase se completando o aniversário de dois anos sem sexo. Descobrir que o homem estava vendo pornografia, ao invés de fazer com ela, a deixou insegura... como se pudesse ser substituída a qualquer momento.
Os dois vídeos eram da mesma atriz pornô, uma mulher que parecia ter entre 23 e 25 anos. Pele clara, muito igual à de Katherine... e Alissa. O cabelo da mulher era branco, mas não parecia natural, embora isso não importasse. O cabelo era curto, parecido com o de Alissa, mas sem muito charme, e o fato de ser mais hidratado pela razão de não ter química alguma.
Usava óculos com abertura em cima da lente em ambos os vídeos.
"Ele gosta de óculos?" pensou, assistindo pelo acelerar da barra de progresso do vídeo como era o conteúdo presente naqueles dois filmes.
O primeiro vídeo se passava em um quarto comum, a câmera capturando um homem concentrado em um notebook sobre uma mesinha de madeira branca desgastada. De repente, a mulher surgiu, engatinhando de quatro com uma felina, as roupas de dormir curtas — um baby-doll preto que mal cobria as coxas e deixava os seios quase escapando — roçando o chão enquanto se movia.
Ela se esgueirou por baixo da mesa, os dedos ágeis desabotoando a calça do homem com uma precisão quase cerimonial. Seus olhos brilharam por trás dos óculos enquanto segurava o pênis dele, ainda semi-ereto, a pele quente contra suas mãos frias.
Com um sorriso sutil, inclinou-se, depositando beijinhos leves na cabeça do membro, os lábios macios deixando um rastro úmido. Sua língua deslizou em movimentos giratórios, lentos e provocantes, lambendo a glândula com uma delicadeza que contrastava com a situação.
O homem continuou digitando, como se ignorasse o prazer crescente, mas seus dedos tremiam levemente. Logo, ela avançou, a boca envolvendo-o por completo, mesmo sem som; um som abafado de sucção começando a preencher o ar era reproduzido na mente de Katherine. O boquete era metódico, a cabeça dela subindo e descendo em um ritmo hipnótico, os óculos escorregando um pouco no nariz enquanto ela o encarava com um olhar travesso.
O vídeo era inteiramente isso, até que chegou o momento em que ele gozou dentro da boca dela. Diferente de Katherine, que engolia com avidez, ela não o fez. Deixou o líquido quente e espesso encher sua boca, a textura visível entre os lábios entreabertos. Engatinhou até a câmera, ainda de quatro, o baby-doll subindo e expondo as nádegas firmes.
Seus olhos reviraram de prazer, a língua escapando para fora enquanto permitia que um fio de sêmen escorresse pelo queixo, pingando no chão antes de engolir com um gole que, só pela passada na garganta, Katherine ouvia o som com perfeição. Um sorriso malicioso iluminou seu rosto, os óculos refletindo a luz, e o vídeo terminou com um fade-out provocante.
O segundo vídeo mudava o cenário para um escritório, o ambiente iluminado por luzes fluorescentes. A mulher vestia uma roupa que ecoava o estilo de Katherine — blusa justa com botões e saia lápis — porém, a saia da exterminadora era indecentemente mais curta, terminando bem acima dos joelhos, e não usava meia-calça como a atriz pornô do vídeo.
O homem, embora lembrasse Louis em postura, carecia da classe e do físico esguio dele. Vestia roupas sociais simples, que pareciam um tanto amassadas. A tensão era palpável, a câmera agora em POV, capturando a perspectiva dele enquanto ela se ajoelhava sob a mesa.
Diferente do primeiro, ele colocava uma mão firme sobre a cabeça dela, guiando os movimentos com uma autoridade silenciosa. A boca dela, com os lábios carnudos e úmidos, envolvia o pênis dele com uma sucção safada, o som molhado ecoando na mente da espectadora mesmo sem áudio, ainda com a mulher apenas passando o dedo pela barra.
Pessoas passavam ao fundo, alheias ao que acontecia, o risco de descoberta adicionando um ar elétrico à cena. Seus olhos, ampliados pelos óculos, fitavam os dele, um brilho de desafio dançando neles enquanto ela chupava com mais intensidade, a língua roçando as veias pulsantes.
A erupção foi igualmente intensa. O homem gozou com um gemido abafado, o sêmen enchendo a boca dela mais uma vez. Ela não engoliu de imediato, abrindo a boca para exibir a "piscina" branca e cremosa, a língua esticando-se para fora enquanto fios escorriam pelo queixo, pingando na blusa apertada.
Com um movimento lento e erótico, engoliu, o pescoço se movendo enquanto degustava, antes de exibir aquele sorriso sapeca novamente, os óculos embaçados pelo calor do momento. A câmera tremeu ligeiramente, capturando o êxtase final antes de o vídeo encerrar.
Katherine sentia um mix de sentimentos. O fato de o cabelo ser curto a deixava angustiada. Alissa tinha o cabelo curto por uma razão que a prima nem sabia, mas era para não ser confundida.
Quando Katherine a negou no Primeiro Esquadrão, Alissa criou o Segundo sozinha. Como não havia operações e missões conjuntas, decidiu cortar o cabelo e usar franja, para não se parecer com Katherine, já que eram muito parecidas.
Não queria que Louis chegasse perto dela achando que era a prima, e isso acabasse deixando Katherine mal.
Shbm...
Katherine escutou Louis abrir o box do banheiro, batendo o vidro na borrachinha. Bloqueou o celular e o deixou onde pegou. Não sabia o que fazer. Não queria contestá-lo... ficou com medo, com receio de ser abandonada.
Louis entrou no quarto, já arrumado.
— Está pronta?
Ela afirmou com a cabeça. Ele estranhou, uma contração no olhar meio desconfiado e curioso, mas ignorou... Clap! Foram trabalhar em mais um dia, do seu trabalho 7x0 por semana... todos os meses... todos os anos.
A mulher ficou estranha o dia inteiro, mas Louis não queria perguntar, não queria resolver o que poderia ser. O silêncio estava agradável; queria que continuasse assim. Abria a boca apenas para dar suas ordens. Katherine o ajudava com ligações naquele dia, contatando a imprensa, os jornais e programas de televisão não apenas do Brasil.
Todos os principais meios de comunicação do mundo queriam conseguir publicar de antemão o resultado. A espera e a ansiedade de todos não eram dos esquadrões em si; isso não era relevante para o mundo, apenas para o Brasil, que teria mais exterminadores para protegê-los no dia a dia.
O ânimo era para verem os gêmeos, já que ninguém ousava filmá-los depois da ameaça em rede nacional que Alissa fez. Nenhum lunático iria contra suas palavras, mas naquele dia tudo era oficial, e o embargo de suas imagens acabaria, pois estariam se tornando oficiais.
Não queria dizer que, em algum momento, iriam dar entrevistas... mas queria dizer que isso talvez pudesse acontecer.
Katherine finalizou os pedidos. Louis não entregava mais que 30%, pois queria se manter ocupado de propósito, conseguindo assim não ter relações sexuais, pois aquilo estava o matando. Era como reviver um crime, uma culpa. Algo que não superou... algo que não se perdoou.
Não conseguia se perdoar. Sentia-se sujo, e isso parecia que nunca iria mudar. Pensava no passado e não conseguia entender como foi idiota, burro. A posição que se colocou e os traumas que isso gerou... que criou. Uma criança fragmentada, uma adulta dependente em um amor irreal.
Mesmo que a única forma de compensar tudo que causou fosse entregar a ela o que ela quisesse... isso murchava a alma de Louis, e tocá-la, mesmo que a carne quisesse, seu pau endurecesse, seus pensamentos carnais e luxuriosos gritassem, tomando controle de sua mente... era torturante; era ele lutando contra ele mesmo em sua mente, negando, dizendo que não era um abusador, um pedófilo.
Uma prisão que se colocou. Contar o passado para alguém era tomar um veneno letal, mas que não agisse de imediato. Uma hora surtiria efeito; uma hora aquela pessoa poderia contar a outro, que contaria a outro, e sua carreira e vida seriam destruídas.
— Acabei o que me pediu para resolver, senhor. Posso ir dar uma olhada no treino do meu esquadrão? — perguntou em tom calmo, mãos juntas para baixo, próximo da virilha. Cabeça baixa, em pé, ao lado de Louis, que trabalhava sem dar muita atenção a ela.
— Ok. Qualquer coisa, eu te ligo — respondeu sem muito interesse. — Vai embora depois ou vai me esperar?
— Vai trabalhar um pouco de casa hoje?
Louis olhou-a com um rosto um tanto apreensivo.
— Vou.
— ...Eu espero então.
Voltou o olhar ao monitor e respondeu em tom baixo:
— Ok.
Katherine saiu e, de fato, foi ver como estavam os treinos.
Observou de longe, não se revelando. Viu uma estratégia mais trabalhada sendo efetuada: pouca magia, mais movimentação e velocidade. Não precisou perguntar; era notório que estavam treinando para conseguir vencer os confrontos o mais rápido possível, conseguindo uma imobilização ou um golpe que Louis consideraria letal.
O objetivo dos treinos que Vinícius estava liderando não era dar um show para as filmagens e vídeos que seriam publicados na internet. Era puramente mostrar soberania, mostrar os mais talentosos, rápidos e eficientes em cumprir as ordens.
Katherine puxou o celular enquanto assistia mais um pouco, chamou um motorista e saiu até a entrada do campus. Um agente da ADEDA a esperava, abriu a porta traseira e ela entrou. Fechou com cordialidade e logo voltou para o assento do motorista, levando-a até uma ótica.
Perdida, tentava não pensar muito no que viu... mas não conseguiu. Decidiu comprar um óculos e realizar a fantasia do homem, para que pudesse se sentir desejada de novo, pudesse sentir o toque dele de novo, pudesse... sentir-se segura de novo.
Comprou o óculos mais parecido que achou e voltou para o campus, ficando na sala do homem em silêncio, enquanto resolvia algumas coisas bobas que ele a colocara para resolver.
Clap!
A noite chegou, e o homem deixou para acabar o restante do que ainda tinha que fazer naquele dia em casa. Tirou seu sobretudo, sua bainha e espada, mas não sua roupa e sapato social.
Havia uma mesinha onde deixava seu notebook ao lado da cama. Sentou-se e ligou-o, pegando os e-mails que restavam para analisar e resolver os pedidos. Fush escutava sons de roupa caindo ao chão atrás de si, mas não se virou para Katherine.
Paf.
Katherine sentou-se ao seu lado, porém na cama, olhando-o.
— Amor, estou bonita? — perguntou com voz dengosa.
Louis olhou, e o que viu foi a mulher com o cabelo preso, usando um óculos de cor vinho-escuro com a superfície da lente aberta. Sorria. Olhos sugestivos, encarando-o na tentativa de despertar um desejo. Usava um shortinho leve de dormir, junto de uma regata de cor preta, um pouco desbotada pelo tempo.
Não usava sutiã, os bicos dos seios com relevo. Pernas juntas... mostrando as coxas.
— Tá linda. Comprou um óculos? — perguntou, sem muita alteração em seu rosto e voz, voltou-se para o trabalho, ignorando-a de certo modo.
A sedução falhou...? Katherine quase chorou naquela virada de rosto.
Tleclectlec...
Louis teclava, nem se importou com o silêncio da resposta não dita.
A mulher continuou. Desceu até o chão e se enfiou embaixo da mesa, olhando-o de baixo com um sorriso. As mãos foram até o cinto, tentando desafivelá-lo, mas Louis segurou as mãos dela, evitando o próximo passo.
— O que tá fazendo?! — questionou ele, meio afobado, surpreso.
— Deixa eu te ajudar a desestressar. Vou ficar quietinha, papai, prometo — sussurrou, cheia de luxúria e uma tentativa desesperada de excitá-lo... mas aquele "papai" só deixou Louis mais flácido.
— Não, não... Agora não. Tenho que respon...
Katherine não conseguia mais esconder a frustração. Começou a chorar, puxou os braços, se desvencilhou e ergueu-se. Plak soltou o óculos em cima do teclado do homem e deu alguns passos para longe da mesa. Louis a olhava. Ergueu-se para tentar acalmá-la... mas então ela assumiu:
— Amo...
— Eu vi seu histórico no celular... Você tá se masturbando escondido?
Louis ficou sem reação, não sabia como responder, e sua feição exalava culpa.
— Responde! — gritou, completamente alterada, sua postura bem agressiva.
— Amor, desculpa...
Lágrimas ainda mais desesperadas desciam em seu rosto.
— Você é um mentiroso... Cabelo branco...? Cabelo curto e branco? Você me odeia, não é? Cansou de mim... Cansou de fingir. Sempre amou ela, não é?! SEMPRE AMOU ELA, NÃO É?! — berrou muito alto, o choro, pulos involuntários. Não conseguia controlar a raiva. Thumf. E Louis tentou abraçá-la para amenizar aquilo.
Pá! Pá!
— ME LARGA! ME SOLTA!
— Amor, por favor, se acalma!
Katherine se debatia, agredindo-o enquanto era abraçada. Os gritos eram muito altos; Louis tinha certeza de que alguém poderia estar ouvindo... e novamente... o ciclo se repetia.
Falar para uma mulher estressada se acalmar nunca foi uma boa ideia, ainda mais quando era um problema que ela não tinha controle sobre si mesma.
— Eu amo você! Eu juro! Eu tô sem tempo ultimamente, confia em mim! Eu só não queria fazer algo muito rápido. Eu não queria deixar você desapontada com sexo rápido, só isso!
— POR QUE O CABELO ERA CURTO ENTÃO?! — Continuava se debatendo.
— Eu não achei uma com o cabelo longo! Eu só queria alguém parecida com você, pra eu fazer rápido e voltar ao trabalho, confia em mim! Eu odeio a Alissa, eu nunca a trocaria por você!
Pá! Pá!
— EU NEM FALEI O NOME DELA, SEU DESGRAÇADO!
— Amor, amor... — Se perdeu, não sabia como faria aquilo parar. — Amor, calma, vamos conversar, eu posso explicar tudinho, por favor.
Pá! Pá!
Recebia socos pelo corpo, cabeça e rosto, tapas incessantes, mas não soltava ela... Katherine parou de gritar, parou de se debater por um momento, mas seu rosto estava destruído de lágrimas. O choro não parava; os soluços assumiam tudo.
— Eu não aguento mais... não aguento mais... Me larga. Vai atrás dela. Vai atrás da Alissa... — resmungava em murmúrios molhados, desolados.
— Amo...
Louis tentou responder, mas quando a voz dela continuou, parou de imediato para deixá-la desabafar, tentando assim acalmá-la de vez:
— Você não entende o meu amor... Não entende o quanto eu te amo, o quanto eu tento. Eu faço tudo... eu faço tudo pra te agradar e fazer você me amar... Mas não sou suficiente, não é? Não sou mais bonita que ela. Não sou nem perto de ser tão poderosa quanto ela. Você tá fazendo o que aqui...? Brincando comigo? Me mostrando o quão inútil eu sou?
— Você não é inútil, meu amor... eu te amo.
— Não ama... Você não me ama... Me larga... Me larga, seu mentiroso... seu desgraçado, me larga.
— Amor, eu não t...
— Me larga, Louis! ME LARGA, LOUIS! VAI ATRÁS DA VADIA QUE VOCÊ AMA! VAI ATRÁS DA VAGABUNDA DE CABELO CURTO, SEU DESGRAÇADO DE MERDA! EU TE ODEIO! ODEIO! ODEEEEIO!! VAI EMBORA! VAI EMBORA! ME LARGA! AAAAAARRRHH!
PÁ! PÁ! PÁ!
Louis deixou-a agredi-lo. Não fez nada além de se manter abraçando-a com carinho... a princípio. Não demorou muito para o medo da mulher de tirar a própria vida voltar... as promessas de suicídio desde que pisou no campus... a promessa que quase se tornou real.
O homem começou a chorar de forma tímida... Katherine continuava gritando desesperada, agredindo-o sem nem notar. Era como se outra pessoa controlasse o corpo dela, não parecia ela... não deveria ser ela... a dependência a controlava, sua cabeça transtornada removendo qualquer noção ou lucidez do corpo.
A agressão perdurou por bons minutos. Louis continuou firme, mesmo que partes do seu corpo, embora por baixo das roupas, já estivessem roxas de tantos golpes consecutivos.
Após esse longo tempo de choro... a mulher mudou do nada, ficando agora com medo... medo dele fazer o que ela disse.
— Você não vai ir embora, né? — murmurou, voz trêmula, fraca. Os braços não se debatiam mais; estavam soltos, moles. A fraqueza... Só se mantinha de pé porque ele não a soltava.
— Não. Não vou — sussurrou ele, voz cansada... cansada de tudo.
— Promete... Promete que não...? — murmurou e voltou a chorar, o medo maior que o corpo.
— Prometo que não vou...
— Você tá mentindo... Tá mentindo... Por favor, por favor... Me desculpa, papai... Me desculpa, papai... Desculpa! Desculpa! Desculpa! Me perdoa! Me perdoa! Me perdoa, papai!
Começou a se desculpar freneticamente, o corpo tremendo. O medo da rejeição, do abandono — mais uma vez — era completamente insano. Louis continuava a abraçando, uma mão agora por trás da cabeça, tentando fazer cafuné.
— Calma, querida... Eu te perdoo... Papai te perdoa — doeu mais do que as agressões dizer aquilo. Katherine ao menos se acalmou, os soluços sendo menos agressivos agora. — Vamos nos deitar. Amanhã eu continuo resolvendo essas coisas. Tá bom?
A mulher afirmou com o rosto, Srwh... esfregando-se no peito dele, molhado de tanto choro.
Deitaram-se.
Louis nem mesmo tirou o sapato.
Peito colado nas costas da mulher. Braço direito envolvendo a cintura. Pernas seguindo as silhuetas das pernas dela. Estavam em conchinha. Louis fazia carinho no rosto choroso da namorada, Katherine parecendo uma criança, recebendo os cuidados do pai.
Ficaram um tempinho assim. Louis olhando distante para frente, com sua mão no automático mais uma vez, fazendo carinho depois de sofrer agressões e xingamentos pra valer.
— Hoje foi legal... — murmurou ela.
— Oi? — respondeu baixo, não escutou muito bem.
— Eu disse que hoje foi legal! Meu time está treinando muito bem! Eu juro que você vai se orgulhar de mim... Eles vão vencer os alunos da Alissa. Eu prometo, papai! Prometo que vou vencer ela! — seu rosto era fofo, determinado. Os olhos brilhavam enquanto comentava.
O olhar de Louis era cansado... morto por dentro, apenas deixando com que ela falasse como foi o dia, como os alunos estavam, e não fez mais nada.
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