Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 122: Disputa entre Primas

Depois que o último saiu, Alissa fechou a porta e voltou para sua mesa, encostando-se nela.

— Escolhi vocês por serem os mais fortes da sala. Vocês participarão de uma competição contra outra turma, a da professora Katherine. Ela é minha melhor amiga... ou era — disse, com um tom de voz baixo e abatido. — Katherine disse que vencerá esmagando vocês. Então, é o seguinte: se vocês perderem, eu vou torturar cada um de vocês até que a eternidade acabe. — Alissa pronunciou essas palavras com um olhar sombrio e ameaçador, enquanto uma aura de fogo azul sinistra emanava dela, dando a impressão de que se alimentava de almas, tal entidade macabra.

— ...

Ninguém se atreveu a falar, todos visivelmente assustados.

— A competição será de dois contra dois por rodada, usando armas brancas. As que treinaram.

Frush.

Alissa se levantou e retirou o pano que cobria a caixa grande que trouxe, revelando não só as espadas e a manopla de Thales, como também seis pistolas 9mm, com seus coldres de perna.

— Essas possuem fio e serão entregues depois que os esquadrões três e quatro forem nomeados. Durante as lutas, usarão as mesmas armas que usaram nos treinos. Podem apreciar seus equipamentos.

Nathaly segurou sua espada, passando o dedo suavemente pelo fio. Só o reflexo daquele brilho prateado parecia cortar qualquer coisa. Thales equipou as manoplas, Tchin! ativando as lâminas para ver.

— As pistolas são para uso contra pessoas, se necessário, já que usar magia contra civis é crime inafiançável.

"É sim... uhum..." pensou Nathaly, mas não provocou a mãe.

— Como eu disse, será dois contra dois, um atrás do outro no mesmo dia. Ganha quem imobilizar o adversário. Não precisam se espancar ou tentar se matar. Se colocarem a lâmina no pescoço do adversário, já conta como imobilização, e a vitória é dada. Podem tentar se matar se quiserem, mas um golpe fatal, se considerado assim pelo diretor, também conta como vitória. Direi as duplas no dia. Não quero que treinem juntos já sabendo isso. Quero que treinem o individual; precisam saber resolver o que der e vier sozinhos. Se conseguirem se garantir sozinhos, em grupo será mais fácil e não vão precisar depender de ninguém. É meio clichê, mas um esquadrão é um por todos e todos por um. No entanto, se você é dependente de todos, você não é nada. Se quiserem treinar, podem começar agora — Alissa falou com um tom tranquilo, mas, do nada, mudou para um ameaçador, e seu rosto voltou a exibir um sorriso frio e maligno. — Apenas não percam... Uhahahaha! — terminou com uma risada sinistra.

Todos a observavam em silêncio, tensos e preocupados.

— É isso. Estão dispensados por hoje — disse, com uma expressão alegre e um sorriso largo.

Todos a encaravam, vendo o sorriso e os olhos fechados. O silêncio ambiente, o ar denso pesando nos pulmões. Começaram a caminhar bem lentamente de costas, mantendo os olhos nela. Era tão assustador que pensavam que, se parassem de olhá-la, um jumpscare aconteceria e seria morte na certa.

Enquanto saíam, Nino tentou se misturar entre os colegas para escapar.

— Onde você pensa que vai, empregadinha? — chamou Alissa de forma arrastada, com um sorriso ameaçador e um olhar implacável, enquanto observava Nino de costas. Todos correram de lá; só o menino ficou... tremendo igual cachorro molhado.

"Fudeu..." pensou, enquanto se virava lentamente para olhar sua professora.


— Bom, turma... Hoje vocês serão divididos em três grupos — disse Katherine de forma entristecida, diante de sua turma. Ao seu lado, dois professores com sobretudos de cor verde-escuro. Naquele dia, três novas salas começariam a ser usadas.

As inscrições diziam: "Rodrigo" "23" e "Maurício" "36".

Murmúrios paralelos foram ouvidos de todos os lados, mas Katherine ignorou e continuou:

— Como comentei antes, o número de integrantes dos esquadrões oficiais seria decidido pela professora Alissa. E ela decidiu que seriam apenas seis integrantes.

Olhares de espanto e receio de não serem escolhidos surgiram de todos os lados.

— Eu já decidi quem irá fazer parte da minha tutela e supervisão, mas quero dizer que foi muito difícil escolher, pois todos são muito fortes e habilidosos. Eu... bem. Depois que eu escolher os seis, peço que os que ficaram de fora se dividam em dois grupos de 12 integrantes. Já conversei com o diretor. Primeiro haverá o evento para classificar os esquadrões três e quatro, mas, depois de um tempinho, algumas semanas, talvez, os esquadrões cinco e seis serão criados.

Um alívio surgiu nos alunos, mas a ambição de estarem no Terceiro Esquadrão Oficial era maior.

— Obviamente, vocês passaram por outra peneira, caso os professores Maurício e Rodrigo, aqui presentes, decidam que nem todos estão prontos para se tornarem exterminadores oficiais. Mas saibam: vocês passaram anos juntos, treinando juntos, mas agora são rivais.

Todos afirmaram com a cabeça em silêncio.

— Os alunos que escolhi para se tornarem exterminadores oficiais são: Vinícius, Pedro, Paulo, Manoela, Marcelo e Helena.

Todos os escolhidos comemoravam baixinho, o rosto deixando de ser apreensivo para tranquilo. O restante ia ficando cada vez mais ansioso, e, quando os nomes acabaram, um sentimento de não ter sido suficiente permaneceu em seus peitos.

— Podem separar os grupos — permitiu, e os alunos começaram a se levantar e dividir entre amizades mais fortes e pessoas que mais interagiam em sala.

Não demorou muito. Os dois times foram separados e se despediram com abraços em Katherine, antes de seguirem com seus novos professores para suas novas salas no terceiro andar da ADEDA.

Vinícius tinha pele clara, 1,83 m de altura, e seus cabelos eram da mesma cor dos olhos, cinza-claro. Vestia roupas diferentes dos outros. Gostava muito de assistir desenhos de aventura e fantasia quando criança, e agora, tendo 19 anos, vestia uma calça azul-escura de pano, com detalhes de couro marrom-escuro nos diversos bolsos.

Sua blusa era simples e branca, mas usava luvas sem dedos de couro em ambas as mãos. Um tênis que parecia uma cruza entre tênis e bota de couro cobria seus pés.

Pedro tinha o cabelo rosa natural. Era da família da falecida Sabrina, embora o jovem não tenha puxado o lado de manipulação de ar. Tinha 1,72 m, com 19 anos, pele clara e olhos azuis, mas um tom muito distante dos vibrantes de Alissa. Vestia o que tivesse à frente. Todo dia aparecia com algo novo, não se importava com como os outros o viam; só queria treinar e mostrar serviço.

Paulo era primo de Pedro, mas o cabelo não era inteiramente rosa. Puxou o tom, mas curiosamente nasceu com duas tonalidades: azul e rosa. Assim como seus olhos, pois possuía heterocromia: um era amarelo e o outro laranja. Seu apelido era Semáforo... não gostava nenhum pouco.

Única coisa que combinava com seu cabelo e olhos eram tons neutros, então sempre optava por roupas mais escuras ou nessa linha. Tinha 1,74 m de altura, 18 anos.

Manoela tinha pele clarinha, 1,49 m de altura, com 19 anos. Seu cabelo era longo, de cor preta, e, além da franja, sempre o deixava no penteado maria-chiquinha. Usava uma calça moletom cinza-claro, com uma listra branca vertical na lateral das pernas.

Olhos amarelos, um tom dourado bem presente. De peça superior, uma blusa de manga comprida de cor azul-marinho — beeem escuro — justa ao corpo.

Marcelo tinha pele escura, um tom marrom bem próximo de Samanta. Tinha 1,80 m de altura, com 16 anos, sendo também o aluno mais novo da antiga sala. Olhos bege: até então, ninguém nunca havia visto alguém com aquela tonalidade de íris... mas também nunca tinham visto uma pessoa com dois olhos de cores diferentes.

Gostava de roupas sociais, mas usar ternos para treinar era muito ruim. Logo, optava por roupas sociais mais leves, como o próprio Louis e Arthur costumavam usar. Sempre posturado e educado, o mais novo sempre era bem falado no quesito se vestir bem... mas era calvo, o que o fez raspar a cabeça e ser careca antes de chegar aos 18... coitado.

Helena tinha 17 anos, 1,76 m de altura e olhos vermelhos como sangue. Sua pele era clara, e costumava usar um shortinho jeans, de tom cinza. Seu longo cabelo loiro clarinho chegava nele, tirando um pouco a visão enquanto de costas.

Gostava de franja, mas no olho esquerdo tinha uma fenda com menos cabelo. De peça superior, usava uma blusa de manga comprida, justa ao corpo, canelada em tom creme-claro.

— A competição entre a turma da professora Alissa será feita em dupla. Dois contra dois, usando as espadas que vocês usam nos treinos. Vou deixar a separação das duplas para Vinícius, que também será o líder do esquadrão de vocês — disse com tranquilidade.

Paf...

— Parabéns — disse Marcelo, depois de dar um tapinha no ombro de Vinícius, contente. Todos o olharam com uma expressão companheira.

— Vou liberar vocês para irem treinar no Allianz. Treinem bastante, temos que vencer. Vocês querem o Três ou não?! — exclamou.

— Queremos! — Todos responderam juntos.

— Então treinem para destruir eles. Não quero perder para Alissa. Nós somos melhores. Somos mais fortes. Juntos, nós vencemos qualquer coisa! Sempre se mantenham unidos, juntos. Vocês agora estão a um passo de se tornarem exterminadores oficiais. Vamos mostrar para o mundo o nosso valor, mostrar ao mundo o esquadrão mais unido e forte!

— Sim!

— Segunda-feira eu vejo vocês... Estão liberados.

Katherine tinha uma cabeça muito diferente de sua prima. Alissa mandou-os treinar solo, além de não dizer quais seriam as duplas. Seu pensamento era voltado à eficiência. Visava uma eficiência maior ao mandá-los separados para missões de extermínio, pegando assim muito mais áreas.

Se Nina era suficiente para exterminar uma Ruína — já registrada antes — que surgisse, não havia motivo para mandar outros com ela. Assim, segurando recursos para caso surgisse um problema em outro lugar. Mas, claro, só com anomalias registradas. Não havia como saber se o que estavam indo na direção era uma Calamidade "adormecida" ou que fingia não ser.

Alissa nunca precisou de ninguém, sempre fez tudo sozinha, missões solo desde pequena. Sua visão era mais aberta por esse motivo. Seu estilo de dirigir um esquadrão era esse: mais eficiência e menos medinho de falhar, mandando apenas um, dois ou três exterminadores por vez.

Já Katherine... não.

Sempre foi apenas uma ferramenta a ser usada pelo esquadrão um. Anulava os poderes das anomalias e os outros a matavam. Devido a isso, seu pensamento era dependente do time. Cada um com sua função, cada um sabendo o que completava lá dentro.

Ou seja... se um falhasse, todos cairiam.

Louis tinha o mesmo pensamento que Alissa. Queria conseguir cobrir a maior área possível e, por isso, decidiu que a competição seria feita em duplas — e não esquadrão contra esquadrão — para ao menos tentar colocar na cabeça de Katherine que mandar duplas de exterminadores em missões cotidianas era mais prático e eficiente.

E só, caso de fato fosse uma ameaça estranha, mandasse todo o esquadrão... mas a mulher teimava sempre que o nome de Alissa estava envolvido. Mesmo que Alissa estivesse certa, a mulher preferia seguir pelo errado do que concordar.


O esquadrão escolhido se encontrava agora no Allianz. Vinícius já tinha escolhido as duplas: ele e Helena, Pedro com Manoela e Paulo junto de Marcelo. Ocupavam a parte leste do campo; a outra estava sendo usada por professores em conjunto, fazendo atividades mais leves com alunos crianças.

— Estão prontos? — perguntou Pedro, olhando Vinícius e Helena posicionados de um lado, e Paulo e Marcelo do outro, prontos para o primeiro treino do dia.

Todos os quatro confirmaram com a cabeça, e, enquanto Manoela se mantinha quase deitada no assento da arquibancada, apoiando o rosto, esperando os perdedores para entrar com Pedro, Pedro exclamou:

— Comecem!

O treino iniciou.

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