Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 121: Obediência

21 de julho. Sexta-feira.

Dois meses se passaram. Os testes e "competições" continuaram sendo realizados três vezes por semana. Alissa colocava os gêmeos para duelarem e dar um norte aos outros alunos do que ela esperava que tentassem.

Não exigia a mesma intensidade ou poder; era loucura, mas só algo mais bruto, uma luta mais acelerada em busca da morte do adversário. Ela estava lá, não tinha com o que se preocupar.

Os gêmeos sempre acabavam destruindo as espadas. Como não podiam ceder parte do corpo, permitindo-se ser cortados para abrir uma abertura de ataque, tinham que, vez ou outra, colidir as espadas, mas a força aplicada era forte demais e os metais cediam.

Nino então usava lâminas de pedra, gelo ou lava, já Nina usava o que mais gostava, uma marreta gigante, seguindo os mesmos elementos ou misturas do irmão. Alissa percebeu a preferência da menina, além de conversas que as duas tiveram.

A espada era obrigatória, mas não era obrigada a usá-la se não precisasse. Não iria mandar fazer uma marreta de metal daquele tamanho; era maior que a menina, gigantesca.

Mas dois outros alunos receberam armas personalizadas para os treinos. Thales não sabia manusear uma katana, assim como Nathaly, mas, diferente dela, Thales foi treinado a dar socos, não usar armas.

Alissa então mandou criar uma manopla personalizada com uma lâmina retrátil sobre o punho, fazendo com que os socos fossem mais intensos, permitindo cortar a carcaça de anomalias abaixo de Ruína.

Já para Nathaly, a escolha foi um pouco diferente. Trouxe diversos modelos de espadas de duas mãos: Claymore escocesa, Zweihänder alemã, espada longa inglesa, montante ibérico, espada longa curta, Spadone italiana, Ōdachi e Nodachi japonesa, Bidenhänder alemã, espadon francesa, Kriegsmesser alemã...

Nathaly experimentou todas, mas a que mais gostou era uma das que Alissa menos acreditou: uma Zweihänder de 180 centímetros. Aquilo era maior que a garota, até mesmo maior que Alissa, com seus 1,79 m.

Aos 18 anos, Nathaly tinha 1,55 m, Nino 1,78 m e Nina 1,75 m. Thales cresceu um único centímetro nesses três anos, chegando aos seus 1,85 m. Arthur tinha 1,81 m e Samanta, 1,71 m.

Alissa já havia decidido que entregaria à garota uma espada longa comum; só fingiu que dava opções para não parecer totalitária, mas esperava que Nathaly escolhesse a espada mais prática. Porém, a menina cismou em querer a espada maior que ela.

Isso resultou em Alissa ter que ordenar que forjassem uma nova espada, usando a silhueta da Zweihänder alemã, mas com o tamanho reduzido para 100 centímetros, permitindo que a menina conseguisse retirar a lâmina da bainha de forma muito mais rápida e prática.

Nathaly aceitou a solução e se adaptou ao novo tamanho em seus treinos.

Faltava uma semana para a nomeação dos novos esquadrões. Chegou o dia dos escolhidos serem separados dos rejeitados. Alissa entrou em sua sala empurrando, de forma física, uma grande caixa prateada de rodinhas, coberta por um pano.

Atrás dela, um professor entrou. Em seu sobretudo verde-escuro, revelava seu nome: "Eric" "25". Sua pele era parda, olhos marrons, cabelo preso em um rabo de cavalo. Não era tão liso, hidratado e grande quanto o de Louis, mas era modesto no que apresentava.

Alissa virou a caixa na direção dos alunos e se apoiou levemente na mesa, meio sentada. Olhou sua turma. Desde que Thales chegou, Nino e ele trocaram de lugar para que o menino conseguisse ver algo, e não apenas as costas do amigo.

Alissa olhou para todos, mas o destaque do olhar foi Nino, vendo que o menino já tinha uma cara de que estava pensando em aprontar alguma coisa.

— Pessoal, este é o professor Eric. Ele... — começou a dizer, mas logo viu Nino erguer o braço direito, mantendo um sorriso de boca fechada bem suspeito. Já se irritou. — Sniiiff, fuuu... Fale, Nino.

— Ele é seu namorado? Finalmente desencalhou, coroa — provocou, mas inicialmente segurou o riso... Mas quase a sala toda riu e Nino começou a rir junto.

Alissa manteve uma expressão cansada, algo que mudou rapidamente enquanto pensava em Mirlim, em como Mirlim quebraria aquele menino na porrada por ser tão insuportável.

Colocou um sorrisinho de canto e...

— Já que gosta tanto de brincar, tenho uma proposta — disse com tom confiante.

Hãm?

— Já que gost...

Hãm?

A expressão confiante e levemente debochada sumiu do rosto de Alissa imediatamente. O encarava com seriedade, e Nino, percebendo o risco, segurou o riso junto com a sala. Ninguém queria provocar além do limite, e aquele olhar da mulher mostrava qual era.

— Você terá 30 segundos para pegar esta caneta sobre a minha mesa. Eu não vou me mexer; vou permanecer parada durante os 30 segundos. Se conseguir, poderá brincar à vontade, faltar aula ou até mesmo parar de vir. Mas, se não conseguir, entrará em um castigo eterno comigo, até que eu decida te libertar — disse calmamente, para que ele entendesse cada palavra.

— Só pegar essa caneta? — perguntou ele, com um ar debochado, acreditando que seria fácil.

— Sim. Apenas isso.

— Posso usar magia?

— Claro. Só precisa conseguir pegá-la — respondeu com desdém.

Toda a sala acompanhava o olhar de um para o outro.

— Você não vai voltar atrás, né?

— Tá com medo? Vai aceitar ou não? — provocou, querendo que Nino ficasse com raivinha, assim como ele ficou quando Mirlim olhou-a com deboche no dia que perdeu "sua liberdade".

IIiiiiiiiihh... — toda a sala zoou Nino, mão na boquinha e barulhinho, o que reforçou o que Alissa queria.

— Óbvio que não!

"Caiu no papo... Desafiar a Alissa? Sério?" pensou Nina, apoiando o rosto com a mão. Seu cotovelo preguiçoso na mesa.

— Aceita então, bebezão — provocou.

Os olhares indo e voltando para frente e para o fundo da sala não paravam.

— Aceito! — exclamou um tanto irritadinho. Alissa o olhando com um sorrisinho.

— Vou pôr o cronômetro no meu celular com os 30 segundos — disse, pegando o celular do bolso e configurando o tempo. — Está pronto?

— Óbvio.

— Vou contar até três. Um, dois, três.

Assim que ouviu o "três", Nino tentou disparar até Alissa, mas seu corpo não se mexia — ele simplesmente não tinha controle sobre si.

Alissa o travou, e toda a classe observava enquanto ele ficava imóvel, com os olhos tremendo de tanto esforço que fazia para se mover.

"Por que ele não se mexe?" toda a sala se questionou.

"Que merda é essa?! MERDA! Ela tá me controlando? Meu poder... Caralho... Merda..."

— Cê tá bem, mano? — Thales perguntou, tentando olhá-lo pela direita, mas Nino só conseguiu olhar de canto para Nathaly, que estava no canto da sala à sua direita, e para Nina, sentada na cadeira ao lado da sua.

Sua irmã o olhava com desinteresse. Mal sabia a merda que podia estar acontecendo.

"VAAIII! SE MEEEXE, PORRRAA!" Nino lutava. Fazia o máximo de força que conseguia para sair daquele travamento. Não tinha controle sobre nada em seu corpo, mas não sentia a magia da mulher, ou que algo penetrou seu sangue, como fazia, obrigando suas "vítimas" a ingerirem seu sangue para seus joguinhos sádicos.

No tempo que todos olhavam Nino paralisado, Alissa refletia, intrigada:

"Por que não consigo usar os poderes dele? É como se ele não fosse humano. Mas não faz sentido, consigo controlar os de anomalias também... Talv..."

Pi. Pi. Pi.

Alissa retirou seu poder.

PRAH! CHASHT!

Imediatamente, Nino caiu de cara no chão, ficando com a bunda para cima. Sua mesa capotada, igual o dono. Os colegas explodiram em gargalhadas, e Alissa, sem perder tempo, anunciou:

— Seu castigo começa hoje. Venha à minha sala depois da aula com uma vassoura, um rodo e um balde. Quero ela brilhando, tá bom, faxineirinha? — provocou com tom debochado.

— Tcs...

Nina soltou uma risadinha de canto, e Nino a olhou com desdém.

Alissa, ignorando a reação, continuou, no tempo que o menino voltava à mesa para o lugar e se sentava todo emburrado:

— Bom, como eu dizia, este é o professor Eric. Ele vai ficar com a maioria de vocês a partir de agora.

A sala se encheu de conversas paralelas; ninguém entendia o motivo da troca de professor.

— Vocês devem estar confusos, mas... — Alissa foi interrompida novamente por Nino, que levantou a mão. — Sniiiiff, harff... O que foi agora? — perguntou sem muita paciência.

— Professooetddg... — disse, segurando o riso.

— O quê?

Brrr!

Nino fez um som de peido com a boca, e a sala explodiu em risadas.

Alissa, furiosa com a provocação, decidiu brincar também.

Bam-Bam-Bam

Controlou o corpo do menino, forçando-o a se socar no rosto. Nino tentava resistir, segurando os socos com o outro braço, mas não conseguia evitar os golpes. Os movimentos eram mais fortes que sua força inteira sendo aplicada no braço esquerdo tentando segurar o direito.

— Que merda é essa?! — gritou, enquanto apanhava de si mesmo.

Em um momento de desespero, sua mão direita parou... quase que olhando-o como uma cobra-rei em pé. Mas ainda não a sentia, e logo percebeu que perdeu o controle da esquerda também. As duas começaram a se mover... descendo um pouco. Pararam nos mamilos... e Nino ergueu um olhar assustado, clemente para Alissa, tentando obter piedade.

Alissa o voltava um olhar impiedoso, Nino fez cara de choro, pedindo desculpas em silêncio... mas não surtiu efeito. A mulher o forçou a beliscar com força a ponta dos próprios mamilos.

O grito de Nino misturava dor e constrangimento, enquanto a sala inteira assistia, rindo.

AaAaAAaah!

— Fala, penico, fala, penico! — Alissa provocou, com um tom de vingança.

— PENICO!! PENICOO! — Nino gritou, desesperado.

— Assobia, assobia! — disse, com um olhar implacável.

Eric, ao lado dela, permanecia visivelmente confuso.

"Mulher doida..." Ishh... perdeu mais um possível cônjuge.

Phrii! Pihh! — Nino tentava assobiar, mas estava tão nervoso que mal conseguia.

O som saía mais como um sopro irregular, bem molhado.

— Não estooou ouviiinndOOO.

Fiuuu! Fiuuu! — Finalmente, Nino conseguiu assobiar, e Alissa o soltou.

— Que que é isso, como fez isso?! — perguntou, irritado e cheio de dúvidas. Rosto exaltado, aproveitando para tentar pegar um pouco de informação do que temeu perguntar durante o couro que recebeu dois meses atrás.

— Meu poder. Controlo quem eu quero e quando eu quero. Agora cale a boquinha se não quiser assobiar mais um pouco.

Nino se sentou na cadeira, com a boca fechada e fazendo biquinho... mas era, em parte, atuação de frustração.

"Tá... não olhou meus poderes, assim como fez com a tal Mirlim. Tá tudo bem... Tamo bem..." Olhou de canto para Nina, que o ignorava a princípio, escutando o que Alissa continuava a dizer.

— Agora, vou anunciar seis nomes. Esses são os destaques da sala escolhidos para competir pelo Terceiro Esquadrão Oficial. Quem não for mencionado, por favor, saia com o professor Eric para a nova sala... Nina, Nathaly, Samanta, Arthur, Thales e o inconvenientezinho do Nino. O restante pode se retirar — completou, em um tom firme.

Os alunos rejeitados se ergueram e foram até Alissa se despedir. Não demorou muito, mas foi uma despedida um tanto complicada para Alissa, que havia se apegado à turma. Também para os alunos, que aprenderam a gostar da mulher depois da mudança em sala.

Nino olhava com desdém para todos, abraçando a professora.

"Saiam daí. Agora." resmungou em pensamentos perversos, oscilando entre torturas e massacres. 

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