Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 120: Fraco

— Dispensados — disse Alissa com um tom sereno, mas seu rosto tranquilo era ameaçador e bem suspeito. Todos saíram de fininho, deixando somente Nino e ela por lá, obedecendo à ordem imposta por aquela sombria forma de interação.

Sil-BRRUUUM!

Iiiiiiihhh... só isso?

Sil-BRRUUUUMM!

— Meu Deus, Nino? Você é fraco, hein...

Gaarrr!

Sil-BRRRUUUUMM!!

— Pensei que era forte... Cadê sua força, seu fracote?

Alissa permaneceu sentada na arquibancada, perna cruzada, rosto apoiado pela mão. Seu semblante era de puro deboche, irritando-o e provocando um pouco da chatice que ele a fazia suportar. Os barulhos atrapalhavam a aula de Katherine, e os alunos constantemente olhavam na direção de Nino, mas a mulher reclamava e mandava não dar atenção àquilo.

Fora essa turma, no campus, também atrapalhava as aulas essa barulhada... mas Nino não parava.

Sil-BRRRUUUMM!!

— Quebra o alvo logo, garoto... — Nino puxava para trás mais uma flecha, seu rosto irritado pelas provocações, olhar vidrado no alvo, quando escutou a voz de Alissa vindo bem pertinho do seu ouvido esquerdo: — Ou assuma que é fraco — sussurrou ela, bem baixinho. Sua voz adentrando o corpo do menino. Nino parou, olhou na direção, mas Alissa havia sumido do seu lado e também da arquibancada.

"Nem fodendo" respondeu-a em pensamentos.

Silrr-FRRRAAASHH!

Tentando agora com outro elemento.

Nina passou o dia com Nathaly, mas estava um tanto estressada com Nino ter ficado na escola. Alissa passou o dia em seu escritório, lendo e usando sua magia para que o som das explosões fosse anulado por lá, permitindo-a ler tranquilamente.

Samanta passou o dia empenhada nos estudos, ainda focada em aprender um segundo elemento, mesmo que fosse algo muito difícil, pois o comum era nascer com facilidade em determinada magia; aprender uma do zero envolvia muito cansaço mental e físico até conseguir dominar.

Como o combinado entre Thales e ela era somente nos fins de semana, o menino não quis arriscar chamá-la e Nino aparecer por lá do nada... mas não assim. Depois de uma tarde inteira ouvindo os sons das explosões chegando à área dos apartamentos, desligou o videogame e decidiu ir até lá.

— Assim não dá — murmurou e saiu do prédio.

Já era noite. Nino atrapalhava a paz e o sossego de todos que moravam próximo ao campus. Impossibilitou que turmas brincassem em 50% do campo, pois tinham medo de serem atingidos pelas explosões; logo, somente a turma de Katherine pôde usufruir da outra metade, jogando futebol com um gol improvisado no meio do campo.

Mas naquela noite, nem mesmo Louis estava na escola. Não quis reclamar com Alissa pela barulhada, preferiu trabalhar de casa com sua namorada. Era só Nino naquele campo enorme. Apenas ele, a iluminação do estádio iluminando-o, e seu alvo zombando-o o dia todo.

Siilrr-BRRUOOSSHH!

Nada.

Grrrrr!

Tap...

Escutou um passo e olhou para trás, irado.

— Sou eu, relaxa — disse Thales, e Nino aliviou o rosto, balançando-o em negação, não querendo aceitar que era o único incapaz de quebrar aquilo. — Cara... vamos embora.

— Não.

— Nino, Alissa já disse, é só dizer que não é tão for...

— Não vou me rebaixar — resmungou de forma agressiva, mas não para intimidá-lo, e sim pelo fato.

Thales ficou sem palavras... mas algumas se juntaram em sua mente, e ele logo formulou frases:

— Cara... vou ser sincero com você. Você é muito forte. Não só eu acho isso, como todos aqui. Eu vi os vídeos que gravaram de você e sua irmã lutando contra uma Calamidade. Aquilo foi insano. Vocês não pareciam cansados ou com medo, parecia que... sei lá. Estava divertido, estavam zoando aquela coisa.

— E daí?

— E daí que você é forte! Todos sabem... Mas Nino... você é muito arrogante.

Nino olhou-o seriamente.

— Não pede desculpas com facilidade. Não tem empatia. Não vê que os outros têm dificuldades. Só pensa em você. Não vou ser mentiroso aqui. Mas eu vejo perfeitamente que você só não é egoísta comigo, com sua irmã e com Nathaly. Com o resto, você não se importa de tratar mal ou se gabar, diminuindo e humilhando o outro sem nem perceber em suas palavras. Você chamou toda a sala de fraca, de imbecis. Chamou Arthur de inseto. Por quê, cara? Não precisava ter batido no Arthur ou xingado. Mas você sempre quer se mostrar, provar que é o mais forte, sendo que não precisa. Não precisa! Todos já sabem que você e Nina são os mais fortes! Por que então você precisa tanto se provar assim?!

— Fracos pedem perdão... eu não sou fraco.

Thales ficou decepcionado. Sua expressão, desapontada, meio para baixo.

— Cara...

Oooh... o garotinho ainda não quebrou? — zombou Alissa, provocando após surgir do lado dos dois. Thales levou um susto, dando um salto para trás. Nino não, já sentia o olhar da mulher observando-o, e quando ela apareceu bem próximo, só continuou com sua cara de bunda.

Thales observou-os. Notava com clareza a doce vingança da mulher atormentando o garoto.

— É assim mesmo, Thales. Essa criançona aqui acha que é o centro do mundo — zombou com um sorrisinho.

— Pelo menos não sou uma velha — provocou.

— Eu não sou velha — respondeu sem se exaltar.

— É o que uma velha diria — contestou com um olhar afiado.

— Nino, você sabe que é fraco.

— Não sou fraco!

Tsii... é o que um fraco diria — zombou.

Grr... — rugiu e virou o rosto emburrado.

— Vamos... é tão simples. Assuma e você pode ir embora.

— Não vou.

Aaaah, então você concorda que é?

— NÃO! — gritou, rosto desesperado, olhando-a.

Alissa gargalhou de tanta graça. Degustava daquele momento com vontade. Era melhor que um vinho antigo. Dar-lhe o que recebia todos os dias era impagável. Fazer com o outro o que sofria era gostoso... mas só com os outros.

O menino quase pegou uma corzinha em suas bochechas pálidas. A gargalhada da mulher o corou, mas ele controlava o sangue para não mostrar tal vulnerabilidade. Braços cruzados, rosto para o outro lado.

— Thales.

— Oi, professora?

— Poderia nos deixar sozinhos? Tenho uma coisa que preciso conversar com ele em particular.

— Tá bom.

— Obrigada — disse com um leve sorriso gentil.

Thales confirmou com um movimento de cabeça e foi embora.

— Eu já disse que não sou fraco — Nino repetiu assim que Thales sumiu.

Alissa olhou-o.

— Mostrar alguma vulnerabilidade. Ter algo no qual não é tão bom. N...

— Sou bom em tudo. Não me compare com esses fracos — resmungou, exalando arrogância.

"Cala a boca, cacete!" Olhou-o com olhos aborrecidos. — Não ser o melhor em tudo não te faz menos que outra pessoa.

— Faz.

— Nino... eu já fui como você. Eu...

— Bonito, forte, gostoso, t...

TUC!

IiiiiIiIight...

— CALA ESSA BOCA UM POUCO!

— PraAa que issuu? — resmungou, agachado no chão, chorando com a dor no crânio.

— PRA VER SE ENTRA ALGO NESSA CABEÇA SUA! SACO! — cruzou os braços, olhos fechados, irritados... mas sabia que tinha que continuar com um tom mais tranquilo. — Você me acha forte?

UhUuUum...

— PARA DE DRAMA! LEVANTA LOGO!

O jovem se ergueu, segurando o meio do braço direito com o esquerdo. Não conseguia olhá-la diretamente.

— Acha que alguém conseguiria me vencer?

Negou com a cabeça.

— Nem eu achava. Até perder.

Nino olhou-a diretamente, um pouco surpreso, um pouco curioso e desacreditado.

— Quê?

— Eu era como você. Olhava para todos com arrogância. Me achava mais que tudo. Ainda me acho, não vou mentir, mas eu sou consciente, algo que você ainda não é.

— Você perdeu pra uma anomalia?

— Não. Perdi pra minha supervisora de esquadrão. Assim como eu vou ser um dia de você e do esquadrão de alunos que eu escolher. O nome dela é Mirlim. Talvez Thales já tenha citado o nome dela, foi ela que treinou ele.

— Já... já sim. Mas... mas, como? Como? Ela é mais forte que você? — Nino estava incrédulo. Balançava o rosto em meio à dúvida, as mãos soltas sem saber onde poderiam ficar.

— Não.

Nino abriu um rosto debochado e um sorrisinho quando a mulher caiu na sua atuação.

— Eu que sou o arrogante aqui? Perdeu e-TÁTÁTÁ! DESCULPA! DESCULPA! — ergueu as mãos em rendição com gritos desesperados ao ver o cocão sendo erguido. Um passo de reflexo para trás, que não adiantou quando a mulher cravou a mão no braço, segurando-o para não fugir.

— Para de gracinha — rosnou.

— Desculpa...

Soltou-o.

— Sou a mais forte, mas não quer dizer que sou invencível. O que me fez perder foi minha arrogância. Eu nunca perderia. Nunca. Ela mesma disse isso. Mas também me mostrou, sem precisar de palavra nenhuma, que eu estava cega. Completamente cega. Ela me venceu sem nem se mexer, me venceu sem fazer nada, só porque eu não achei que perderia.

— Mas, mesmo assim, não faz sentido. Como você perdeu?

— Eu consigo entrar no sistema nervoso, controlar o corpo da pessoa. Desta forma, consigo usar o poder de quem eu quiser através da pessoa em questão. Mas eu acreditava que ela era fraca. Acreditava em mim, afinal, eu sou a mais forte. Mesmo eu podendo fazer isso, eu não fiz... Por quê? Por causa da minha arrogância. Louis deu início ao duelo e eu perdi instantaneamente.

— Como?

— O poder de Mirlim funciona mais ou menos como um refletor. Se você disparar uma de suas flechas nela, é você que recebe a magia no corpo. Se acertar um soco, é você que recebe o impacto no seu corpo. En...

— Então você atacou ela e recebeu o ataque?

— ...Exato. Mirlim é a pessoa mais inteligente que eu conheço. Eee... Talvez mais inteligente do planeta também. Mas não vou entrar nesse detalhe. Só que, quando ela me desafiou para o duelo, me propôs que o vencedor seria quem acertasse o primeiro golpe.

Aaaah, entendi. Você não perderia se fosse um duelo comum.

— Óbvio que não. Eu veria o poder dela e controlaria para que eu vencesse.

"'Controlaria'?" Nino entendeu e, ao mesmo tempo, não. Só em palavras ficou meio confuso. "Controla tipo um personagem de jogo? Usar o poder da pessoa? Se ela me controlar... descobre o que eu sou então?" Ficou com medo e também receio de perguntar mais sobre, mesmo curioso.

— Ela usou da inteligência para me vencer sem nem fazer esforço. Naquele dia foi como morrer e nascer de novo. Eu mudei. Eu era criança, mas eu mudei. Ainda me acho, como eu disse, não vou mentir. Não acredito que algo possa me vencer, também não vou mentir, mas entenda: você não é eu. Você é forte, mas continua sendo humano como todos da sala.

Nino a olhava segurando ao máximo para não vomitar com o que ouviu.

— Se Mirlim me quisesse morta, ela teria me matado. Consegue entender?

Nino não esboçou reação alguma.

— Se fosse uma anomalia, eu teria morrido. Ser arrogante, ter um ego muito alto, pode te levar à morte. Subestime uma anomalia e pode acabar morto. Você não tem medo de nada? Não tem realmente nenhuma fraqueza?

Nino desviou o rosto, não iria mentir para Alissa, ainda mais quando o corpo quase deu um tremelique insano com a aranha cabeluda armando as pernas que veio em sua mente.

— Não respondeu com um "não", então você sabe que não é tudo isso que pensa.

— Você acabou de dizer que eu sou forte.

— Disse... e o que tem? Realmente não escutou nenhuma das coisas que eu disse fora isso?

— Eu sou tão forte quanto você — desafiou.

Alissa gargalhou da cara dele. Nino se manteve ereto, rosto sério, aguentando a zombaria.

— Essa foi maravilhosa.

— Não foi uma piada.

Oooh, tem certeza que não?

— Tenho.

Aaaaaah... Vamos mudar as regras então. Vamos duelar. Se me acertar um único golpe, você vence e pode ir embora. Caso contrário, não precisa fazer nada. Acredito eu que já cairá na real da sua insignificância — disse com um tom provocante, voz risonha.

— Fechado — respondeu confiante.

Vu!

Nino avançou um soco, mas, quando notou, seu corpo estava suspenso no ar. Alissa o segurava pelo braço, olhando nos olhos com os rostos quase colados.

— Mais rápido.

Soltou-o longe, e, quando o menino tocou no chão, avançou com uma lâmina de pedra em mãos, surgindo com um corte.

Vul!

— Mais rápido, cê tá surdo? — provocou ela, encostada com as costas nas costas do jovem, deixando-o inclinado para frente.

Sk!

Nino cortou para trás, Thumpf... mas Alissa o abraçou pela cintura, envolvendo-o com os braços, o queixo pousando no ombro direito, enquanto sussurrava, provocando-o mais uma vez:

— Tá brincando com a minha cara ou não consegue ser mais rápido?

Nino se assustou e tentou uma cabeçada... mas Alissa surgiu em sua frente, zombando com as mãos no bolso, imitando o menino em seu dia a dia.

Sk-Sk-Sk!

Tentava acertá-la, mas, mesmo muito rápido, a velocidade não se comparava.

— Não disse que era forte? Posso brincar também?

Shk!

Tentou mais um avanço.

TUC!

IiiIight...

Levou um cocão.

Ergueu-se, acelerando na direção.

Shk!

TUC!

Iiiiight...

— Não era o tal? Vamos, use tudo. Já conseguiu me provar sua lentidão.

Fu! Nino avançou mais uma vez. Sh-BRRUU-...! Tentou mais um corte, entretanto, pela lâmina, soltou uma explosão para tentar acertá-la na área de atuação das chamas... mas o poder foi reduzido a uma pedrinha incandescente instantaneamente.

TUC!

IiiIiIghht...

— Seu fraco — provocou com um tom soberbo. Olhava-o de cima. Nino agachado com as mãos na cabeça. Aqueles golpes de fato faziam seus miolos estremecerem. Não parecia um golpe físico, mas que colidia diretamente na alma do jovem. — Vou lhe entregar uma coisa... mas tem uma condição.

Alissa estendeu a mão direita. A luva branca, os dedos meio curvados, esperando uma coisinha chegar. Dentro de sua sala, a sua espada katana, que nunca foi usada, além de poucas vezes que fora empunhada, se encontrava guardada atrás da estante de livros.

A bainha em preto, com figuras de dragões desenhadas por linhas em azul, a única espada personalizada de exterminador, além das que Louis colecionava, saiu voando na direção do campo.

Mas passou como um raio através dos corredores, e foi bem no momento em que um grupo de meninos e meninas — seis meninos e quatro meninas — equipados com comida, água e muita coragem em suas mochilas, passavam, indo na direção da escada.

O objetivo era claro. Agora que estavam um pouquinho mais velhos, queriam subir até as salas que ainda não eram utilizadas para caçar a anomalia fantasma... Vul! Foi quando a espada de Alissa passou voando em suas frentes... e o desespero engoliu a coragem. Todos saíram correndo até o portão para sumirem de lá pelas ruas escuras da noite de lua crescente.

Pp...

A bainha se encaixou na mão da mulher, e Alissa segurou-a firme, com Nino olhando do chão. Tchiiiinnn... desembainhou-a lentamente, deixando o som do metal sair com intensidade arrastada. A lâmina prata, com fios azuis desenhados iguais à silhueta de um relâmpago, refletia o olhar de Nino como um espelho para ele mesmo.

— Essa é a espada que recebi quando me tornei exterminadora. Quero entregá-la a você... mas tem uma condição.

Nino ergueu-se.

— Qual? — questionou, desejando aquilo, almejando aquilo mais que tudo na vida.

— Vai provar o que disse. Disse que era tão forte quanto eu. Prove. Você tem até o amanhecer para me acertar. Caso o sol nasça e você ainda não tenha me acertado, vou levá-la de volta — disse com calma. Tchin... guardou-a na bainha e estendeu para Nino, que olhou-a meio sem saída.

"Fudeu..." pensou, mas não queria dizer que era fraco nem fodendo.

Pegou a espada.

— Vou provar — disse com garra.


Foram horas... horas intensas de cocões, rasteiras, zombarias e humilhações. Nino apanhava e nem via de onde. Se fazia de vítima no chão e subia tentando pegá-la desprevenida... mas era impossível. Só a força de vontade e a revolta não eram suficientes.

Mesmo só batendo, Alissa reparava que o menino era de fato o que dizia. Era forte, rápido, tinha um controle absurdo com magia, além de uma vastidão de conhecimento para usar diferentes elementos; era muito inteligente e muito habilidoso com a espada... mas continuava com a mesma cabeça arrogante desde o início.

Era só assumir, mesmo que não fosse fraco. Era só assumir que receberia a espada e poderia sair de lá... mas não aceitava.

O dia amanheceu. O sol nasceu, e Nino estava no chão, com Alissa pisando em seu peito, mantendo-o lá. O rosto emburrado, já havia cansado de tentar golpear a perna dela naquela posição e errar, mesmo que não conseguisse ver nem sentir que ela desviou, retirando o pé afundado no seu corpo.

Pp...

A katana voou da mão do menino, assim como a bainha das costas. Alissa segurou-as, Tchiin... guardou-a. Vul! E a espada saiu voando na direção da sua sala. Nino continuava sem reação, deitado no chão. Não piscava; seu olhar era reto no céu. Revoltado, indignado com a derrota tão feia.

— Vamos... assuma logo — deu uma última chance de presenteá-lo com a espada.

— ...Não.

Sniiifff, haarrff... — bufou desapontada. "É só um adolescente ainda. Não queria que tivesse que aprender na dor. Não quero que cometa um erro e morra." pensou, mas estava sem cabeça para pensar em uma forma de fazê-lo entender o que de fato ela queria dizer.

Retirou o pé e Nino nem se mexeu. Começou a andar, saindo de lá.

— Só saia daqui quando destruir o alvo, então — murmurou e desapareceu.

Nino se ergueu em silêncio, esticou o braço direito. A magia mesclada entre gelo, fogo, pedra e água, na mistura desesperada de quebrar aquilo logo, surgiu com intensidade, mas o brilho não ofuscava o de seus olhos.

"Meu pai morreu porque era fraco. Eu vi nos olhos dele que estava com medo. Não sou como ele." pensou. Em sua mente, lhe voltou Blacko olhando-o no berço, antes de ir embora naquela fatídica manhã de julho.

Sil-BRUUUSSHHUMM!

Voltou a disparar flechas incessantes.

A aula do dia foi terrível. Um barulho infernal, mas tentou ignorar e prosseguir. O menino não dava um intervalo de 20 segundos que fosse; só disparava e disparava. A aula acabou. Thales o olhou de longe, um pouco triste, e se virou, indo embora.

Alissa não foi vê-lo. Chegou a noite e foi embora, notando que as explosões ainda aconteciam sem parar. Naquela noite, Nino estava literalmente sozinho na escola. Era apenas ele e seu alvo, apenas ele e...

Psiu... Rag... — murmurou, mesmo que tivesse certeza de que ninguém o via.

Rag abriu o olho sobre a marca do menino, que se revelou instantes antes.

— Consegue destruir isso?

Rag olhou na direção do alvo. Seu olho sumiu do pescoço e a realidade parecia ter sido cortada, com o ser se materializando, flutuando no ar ao lado. A massa preta, como o sangue do Primordial, oscilava igual fumaça. O grande olho — de íris preta — no meio encarava o alvo sem piscar.

Shkskskkskskskksk!

O alvo foi dilacerado com cortes ultra precisos, mas continuou "intacto". Rag arregalou o olho, não entendendo o que aconteceu. O alvo foi inteiramente cortado. Rag conseguiu passar pela magia de Alissa, mas a magia ainda estava lá, mantendo a forma do alvo intacta.

A gravidade estava sendo pressionada sem espaço para nem mesmo a entrada de ar. O alvo nem oscilava, nem era possível ver as linhas finíssimas dos cortes realizados. O ser olhou para Nino, com um olhar que era quase um pedido de perdão por falhar.

Nino olhou-o, mas não o reprimiu.

— Pode voltar — ordenou com tranquilidade.

Rag se fundiu ao sangue do jovem novamente, sentindo na alma do Primordial que o Herdeiro não estava zangado com ele.

Não havia outra forma. Esticou o braço e voltou a disparar magias.

O dia seguinte chegou. As aulas começaram e as explosões estrondosas continuavam. O dia acabou, o próximo se iniciou e as explosões continuavam... mas, nesse novo dia, Alissa não aguentava mais. Foi até o campo e surgiu ao lado do menino teimoso.

— Você não cansa, não? — reclamou.

Nino olhou-a.

— Você que falou que eu não podia sair daqui — retrucou.

— ...

E Alissa não soube responder.

"Chatice. Não aguento mais esse barulho!" reclamou em pensamentos, retirando seu poder do alvo para Nino conseguir, no próximo ataque, finalmente acabar com aquilo. Já não ligava tanto do menino continuar sendo cabeça dura; já havia aceitado que a maturidade teria que vir com o passar dos anos... mas...

Shiissh...

Ambos olharam o alvo e o suporte se desfazerem como poeira. Pedaços tão minúsculos de cortes que mais pareciam grãos de areia sendo levados pelo vento. Alissa arregalou seus lindos olhos azuis.

"O quê?! Como acertou o alvo?! Como passou a barreira?!" Sua mente se enchia de dúvidas, mas, quando olhou para o menino, viu-o com um sorriso triunfante e notou da pior forma que seu plano caiu por terra.

— EU FALEI QUE EU ERA FORTE! SUA VELH...AAAAAAAAAAAaaaaaaaaa... — Nino saiu voando. Plin! Voou tão longe que um brilho surgiu no céu como uma estrela depois que sumiu de vista. Alissa moveu o dedo, irritada com a provocação.

— Não sou velha! Meu cabelo é natural branco, seu imbecil! — rosnou extremamente brava, saindo do campo corcunda, com os braços rígidos igual a um ogro, indo em direção à sala para retornar, agora com o silêncio, à sua aula do dia.

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