Volume 1 – Arco 2
Capítulo 112: Ditadora Astronômica
Brr, Brr...
— Hum?
No seu escritório pessoal na ADEDA, Louis organizava no computador alguns relatórios que tinha que enviar ao governo: pagamentos, transferências, novos alunos. Muitas coisas extremamente chatas todos os dias, sem exceção. Porém, de repente, seu celular vibrou. Era uma foto de um lugar e um pedido de ajuda silencioso:
— "Uma anomalia está me caçando, por favor, me ajuda!" — Louis olhou para Katherine ao seu lado, que o ajudava no tempo que o segundo intervalo do dia acontecia. — Amor, já volto! Vou ir exterminar uma anomalia!
Katherine o olhou.
— Precisa de ajuda? — perguntou com um tom doce.
Louis vestiu correndo o sobretudo e colocou sua espada na bainha do cinto.
— Não! Pode continuar aí, vai ser rapidinho!
Clap!
Louis surgiu no lugar que a referência mostrava... achava que era em São Paulo... mas a IA de Mirlim fez um pequeno trabalho para alterar isso no dispositivo do homem. Louis se teletransportou para a Bahia... no meio do nada, em Jacurutú. Cerca de 166 km ao sul de onde Thales foi atacado.
Se viu cercado de árvores, olhou ao redor.
— Hum? Cad...
BRRUUMM!!
O Mapinguari aterrissou tentando esmagá-lo igual a um míssil teleguiado por calor. Louis se assustou, mas não houve previsão do futuro. O chão se estilhaçou inteiro. Árvores tombaram, se racharam com a pressão.
Louis olhou aquilo, um olhar que misturava o tédio que sentia dentro do escritório e o de uma animação por finalmente ter algo para se divertir fazendo. Aterrissou como uma bailarina após um salto. Classe. Talento. Stin... o metal da lâmina tinindo ao ser puxado da bainha... BpBUM! o disparo da anomalia indo na direção querendo de fato matá-lo.
Louis avançou... e era mais rápido.
TNCRASH!
Um movimento fluido. Um passar de espada magnificamente lindo... que não funcionou. A espada colidiu e se estilhaçou. Louis abriu bem os olhos, o ser emanando fogo fortemente nas palmas, indo em direção ao humano.
Clap!
BURNM!
Mirlim soltou uma explosão de chamas calculada para não causar um incêndio colossal naquele lugar... mas Louis era muito rápido, porém... não estava mais lá. O homem surgiu em um dos laboratórios secretos da Limpeza em Brasília. Assustou diversos pesquisadores e cientistas... e nem deu atenção.
Crash!
Deu um soco em uma proteção de vidro que inibia seu poder e pegou um dos protótipos das lâminas de presas e dentes que Mirlim estava administrando. Os cientistas assustados correram na direção para impedir, sabendo que Mirlim ficaria muito brava... mas foi tarde.
Clap!
Louis ressurgiu naquele lugar denso de árvores. Empunhava a espada de lâmina curva e serrilhada, moldada com uma única garra grande. O olho da anomalia se irritou ao ver aquilo e Louis nem mesmo deu chance para a Ruína.
Shk!
Um corte limpo. Baixo... Perfeito. Passou e o ser foi dividido em dois. Com uma cara desapontada por ter sido muito rápido, caminhou na direção da carcaça, e ao chegar...
Vrr, Vrr...
Seu coração parou.
Todos os poros, todos os fios de cabelo do corpo se arrepiaram... era Mirlim. Com o corpo tremendo igual vara verde ao vento... atendeu:
— A-al...
— Conecte o fio preto com o vermelho, agora — rosnou sua ordem.
Louis tremia ainda mais.
— Vo-você que fez isso...? Isso é um robô?
— Conecte os fios... Louis.
— Gulp... Se eu fizer isso... você promete que não vai tentar me matar?
— Prometo — rosnou novamente, a voz arrastada.
"Promete o cacete..." — Tá bom, vou ligar! — Louis olhou mais de perto e via os fios e coisas eletrônicas no interior da anomalia. Achou os fios das cores ordenadas... Desligou a chamada, guardou o celular. Clap! devolveu a espada para o laboratório... e levou as mãos ao seu suicídio.
Tz
Conectou.
A anomalia se regenerou rapidamente e o homem arregalou os olhos, erguendo as palmas no tempo em que o Mapinguari vinha com um soco soltando uma aura vermelha. Clap! o cenário mudou. Conseguiu fugir da morte... por um tempo.
Surgiu no escritório desesperado e correu até Katherine, Thumf! abraçando-a fortemente. A mulher não entendeu, mas também gostou bastante. Entretanto, a curiosidade de entender era maior:
— Aconteceu algo? Quer uma rapid... — Tinha um sorrisinho sugestivo no rosto quando foi interrompida.
— Mirlim quer me matar! — exclamou, o rosto mostrando o temor.
— Quê?
Vrr, Vrr...
— Gulp...
O homem engoliu em seco... Katherine escutou o vibrar e olhou para baixo.
— Atende.
— Ela vai m...
— Atende, Louis — mandou com o rosto ficando bravo de ciúmes.
Louis se viu sem saída e, ainda no contato do abraço, atendeu e colocou em viva-voz...
— Seu covarde... uma hora vai precisar soltar ela e boa sorte quando isso acontecer — rosnou sua ameaça, a voz arrastada, ameaçadora.
Desligou e deixou Louis em choque, quase cagando nas calças. O homem olhou para Katherine, que o olhava bem irritada.
— Onde você foi?
— Fu-fui atrás de uma anomalia!
— Prove.
O exterminador abriu o celular, as mensagens que recebeu... A IA havia apagado qualquer registro da existência. O homem ficou ainda mais desesperado.
— Eu juro! Eu juro! E-e-eu fui até lá e era uma armadilha! Ela tentou me matar e eu voltei!
Katherine cruzou os braços, o rosto emburrado, biquinho forte. Louis tentava manter o abraço, mas a mulher negava-o, mantendo o olhar irritado no rosto dele.
— Por favor... não me solta, eu juro que foi isso!
— Como vou dar aula com você me segurando?
Louis viu um brilho em meio à escuridão e, quando o intervalo acabou... os alunos da sala da mulher presenciaram os dois com as pernas amarradas juntas, coladinhas, por uma corda. Louis com a direita e Katherine com a esquerda.
— Escolham suas duplas que hoje vamos fazer uma atividade no Allianz grudados uns nos outros! — exclamou Louis com um sorriso forçado e os olhos fechados, enquanto escutava uma generalizada euforia dos alunos escolhendo com quem iriam ficar juntos.
Katherine continuava emburrada, olhando-o de cara feia e braços cruzados.
"Não me solta... por favor..."
Thales passou o restante da manhã, tarde inteira e quase toda a noite com sua família. De tarde, assim como o pai disse, dois agentes chegaram para continuar os estudos e ensinos. Thales participou, mesmo que tivesse pegado a carruagem em movimento.
Depois, uma última caçada acompanhada pelo pai, na qual viu o homem em ação — rápido e preciso ao eliminar, com respeito, um tatu que viraria janta... de outra família, pois eles ainda tinham carne vermelha e dinheiro para comer bem por bons meses.
Brincou bastante com seus irmãos no PlayStation 5. Seus irmãos, eufóricos, ensinaram muitas coisas e Thales nem se lembrava do Mega Drive... coitado.
A despedida foi mais difícil que a surpresa e emoção da visita... Ninguém conseguiu segurar o choro, embora o esforço fosse forte. Thales foi embora e, poucos minutos depois, estava para embarcar no voo para Guarulhos das 23:55. Bill e Will o ajudaram a todo momento... e a todo momento...
"Ela não veio..." Uma tristeza batia no peito do jovem.
Seu voo foi anunciado.
Os agentes o levaram até o portão de embarque para entregar o QR Code e dar um último "tchau"... e foi aí que Thales viu, bem ao longe, em pé... uma pessoa. Mirlim sem o sobretudo, assim como ficou em todo o dia. Mas... não estava sozinha. No ombro da mulher, Robson acenava com um bracinho redondinho, e olhos felizes... dando tchau para o amigo.
Mirlim mantinha o rosto neutro, braços cruzados. Mas deu um pequeno sorriso, satisfeita, e se virou... saindo da visão para não deixá-lo ainda mais emotivo.
"Ela... Eles vieram...!" Não adiantou muito. As lágrimas vieram e começaram a cair. Bill e Will olharam na direção que o jovem olhou, mas não viram nada, se olharam confusos e voltaram para frente, levando o jovem até o avião. "Vieram me dar tchau..."
Foi deixado nos assentos certos... Mirlim comprou três, não que precisasse, mas por conforto para o jovem e não precisar que alguém ficasse espremido na janela. Will e Bill se despediram ali e saíram da aeronave após o auxílio.
Thales olhava feliz pela janela. Via a escuridão lá fora. As luzes da pista e do aeroporto. Um olhar feliz, o rosto ainda um pouco úmido da emoção. Não se lembrava da dor que sentiu, das humilhações. Não sentia raiva ou rancor. Só gratidão de ter sido escolhido. De ter conseguido ajudar a família. De ter conseguido uma chance de mudar tudo.
— Obrigado... Srta. Mirlim... — sussurrou só para si, no tempo em que as pessoas acabavam de embarcar.
Vrr, Vrr...
Eram seis horas da manhã. O som de notas calmas de piano ecoava com sutileza pelo banheiro luxuoso. Alissa, logo cedo, tomava um belo banho de banheira acompanhada de mais uma garrafa de vinho caro e uma taça ainda mais cara.
Apoiava as costas com preguiça e um leve amargor de tristeza. O último livro que lera terminava com um fim trágico, e o casal se separando... fatalmente. Tocada pela tristeza, se afundava em seu vinho como se aquele livro fosse a mais pura realidade.
A luz suave da manhã, mesmo com uma chuvinha calma do lado de fora, entrava pelas janelas e mesclava-se com os lustres e luminárias. A aula começaria em duas horas; eram mais de uma hora e meia de banho depressivo pela frente. De repente, o celular vibrou, recebendo uma ligação. Seu estado de espírito nem teve motivação para levar uma de suas mãos.
O objeto flutuou e se virou para ela. Era Mirlim. O olhar da mais forte não foi alterado. O celular foi deixado de lado onde esteve, mas a mulher atendeu, deixando no viva-voz...
— ...
— ...
Nenhuma das duas deu início. Tap, tap, tap... mas ao ouvir sons de passos, Alissa iniciou:
— Pensei que nunca iria ligar.
— ...Tava bem ocupada.
— É... dá para ouvir. Está andando?
Mirlim andava em uma mistura de pressa e preguiça pelos corredores da escola, indo para sua sala. Robson a seguia se igualando no mesmo ritmo.
— É... cheguei do aeroporto.
Alissa franziu a testa.
— Ué? Mandou mensagem dizendo que o voo era às 23:55... Tava fazendo o que lá?
— Dormindo num banco. Fiquei com preguiça de ir embora naquele horário.
Alissa assumiu um olhar extremamente entediado.
— Acho que vou comprar aqueles carrinhos de obeso estadunidense.
— Você nem gorda é — respondeu com preguiça.
— Mas sou peituda! — voltou com um leve ânimo.
— ...É... Não dá pra negar... Mandou o relatório? Não chegou nada ainda.
— Não. Só mandei um pro governo, avisando que mandei um aluno. Tenho que escrever o seu com outras coisas. Fiquei com preguiça de fazer junto com o outro.
— Uhum... O menino é um classe A mesmo? Ou é para mentir no relatório?
— Sniff, fuu... não possui magia... não tem como colocar na mesma prateleira de quem possui. Fiz o que podia. O deixei forte, rápido e com o máximo de resistência corporal que dava. Ainda assim... é só um menino de 18 anos. Venceu uma Ruína 2, mas...
— Uma Ruína? Sem a sua ajuda?
— Não. Eu era a Ruína. Tava controlando uma com um protótipo de robô mesclado em uma carcaça de uma Ruína morta. Ele venceu, conseguiu destruir a carcaça, mas ainda assim sofreu.
— Pegou pesado?
— Só nos treinamentos normais. Contra o robô nem fiz nada direito. Mataria ele com uma mordida, é o que eu disse, não possui magia. Pode ser rápido o que for, ainda precisa chegar perto, e um deslize neste "perto"... ele morre. Por isso que eu preciso da sua ajuda.
— Minha ajuda...?
Mirlim entrou no seu escritório. Bill e Will já haviam deixado o café da manhã na sala. A mulher mutou a ligação e deu sinal para que Robson pudesse se alimentar livremente. A geleia ficou feliz, quase como se balançasse o rabinho, e foi se deliciar.
— Isso... sua ajuda.
Mirlim se sentou, o computador sempre ligado. No monitor, um protótipo no qual estudava se iluminou, saindo da tela de inatividade.
— Não é só Thales que é vulnerável assim. Ele só é mais. Venho estudando, já há algum tempo, lâminas, presas e estruturas ósseas de anomalias Ruínas... já que quase nunca sobra material de Calamidade.
— Uhum...
Alissa sentiu como se fosse uma indireta.
— Mas, além disso, depois que escolhi esse menino para treinar, comecei umas pesquisas no que eu intitulei de "Armadura Reativa". Não há como um ser... exceto nós duas, conseguir desviar de 100% dos ataques em toda uma vida. Estatisticamente, um impacto vai acontecer em algum momento. A proposta da armadura é ser um exoesqueleto leve, de perfil fino, responsivo, que absorva integralmente energia cinética, mágica ou térmica no ponto de contato, sem repassar carga letal ao usuário. A dor física residual ainda ocorreria, sim... mas a integridade vital seria mantida.
— Uhum.
— Realizei modelagens simuladas e externalizei os testes físicos para os laboratórios da Limpeza em Brasília. Os materiais que existem no nosso planeta são péssimos, nenhum chegou ou resistiu aos mínimos testes realizados. Além de serem pesados, mal absorviam. Os corpos-cobaias eram destruídos, ou seja... falha total. Mas, em meio às minhas pesquisas, obtive um composto teórico com capacidade de absorção virtualmente infinita, sem dispersão de carga, e com resistência adaptativa a múltiplas formas de agressão física e mágica... reduzindo assim, em 100%, as fatalidades atuais.
— Ele se chama Katherine?
— ...
Mirlim congelou. Os olhos presos na tela. O gesto que faria passou direto — só deslizou o dedo e trocou o modelo de protótipo no monitor.
— Não vou permitir você usá-la pra isso — murmurou Alissa.
— ...Não... Nem passou pela minha cabeça, hehe! Relaxa... Ela não resistiria aos testes reais, mas sim, uma armadura baseada nas propriedades dela, se fosse possível extrair e isolar aquilo, seria totalmente funcional. A taxa de conversão mágica sozinha geraria bilhões e bilh...
— Já disse que não vou deixar você usar ela nisso.
— ...Harf... ok, ok... Como EU sabia que você ia dizer isso, meeesmo que isso NÃO tenha passado na minha cabeça... acabei expandindo a pesquisa. Localizei um planeta que apresenta, pelas leituras espectroscópicas e análise gravitacional orbital, uma superfície com estrutura cristalina e densidade subatômica compatível com os parâmetros da armadura. Estabilidade, absorção, massa ideal... tudo lá. O problema é que esse planeta está a cerca de 20.000 anos-luz daqui. Ou seja... impossível atualmente.
"'Impossível'...? Pra você...?" pensou a filha.
— Meus computadores são quânticos topológicos. Mesmo assim, a simulação do composto ainda demanda milhares de ciclos. Talvez com um biocomputador quântico, ou um sistema pós-quântico unificado com integração neural ativa. Mas isso exigiria densidade energética que... honestamente, não temos. A não ser que eu construísse um reator de buraco negro estável. Ou... ou...
Os olhos da mulher brilhavam de tanta excitação.
— ...Eu criasse uma Esfera de Dyson no Sol...! 386 yottawatts. Computadores planetários distribuídos, rede transdimensional, clonagem atômica simultânea em escala global! Acesso a defensores orbitais de feixe térmico com capacidade de desintegração seletiva. Manipulação local de gravidade, campos de dobra, gestão de tempo em ambientes fechados... CONTROLARÍAMOS A GRAVIDADE COMO BEM ENTENDÊSSEMOS!
Alissa a ouvia em silêncio. O semblante curioso e fofo, pensando na careta que Mirlim poderia estar fazendo. Alissa brincava com a gravidade; parte do seu poder era isso. Ver Mirlim tão animada para fazer isso era quase desejar passar um dia na pele da mais forte.
— A construção nem seria impossível! É mais fácil que chupar uma caceta! Usaríamos Mercúrio, ou asteroides com composição ferrosa densa. Meus nanorrobôs recebem atualizações em tempo real, posso gerar um octilhão deles, autônomos, adaptáveis, autorreplicantes. Construção remota, sem envolvimento humano. Eu só precisaria...
— Mãe!
Mirlim parou.
— Por que você tá falando de fazer essa esfera? Com o trabalho que isso levaria, não seria mais rápido fazer um foguete e ir buscar o material desse planeta logo?
— Alissa... o Sol está a menos de 10 minutos-luz da Terra.
— E...?
— ...Esse planeta está a mais de 20.000 anos-luz. Isso significa que qualquer emissão de fóton refletido daquele corpo leva duas dezenas de milênios pra chegar até aqui. Se ele colapsou, explodiu, foi engolido ou evaporou... não temos como saber. Estamos literalmente vendo o fóssil fotônico de uma estrutura que talvez nem exista mais.
Tlecleklek...
Mirlim pesquisou e calculou instantaneamente usando sua IA de auxílio e um protótipo em holograma foi transmitido flutuando em sua sala. Robson, se deliciando da comida lentamente com sua boca verdadeira, olhou o show de luzes enquanto Mirlim continuava explicando, mostrando e humilhando Alissa em quesito inteligência sem que esse fosse o objetivo:
— Mesmo assumindo um sistema de propulsão de fusão contínua, com aceleração relativística, estaríamos falando de dezenas de milhares de anos terrestres só pra ida. E isso sem considerar o tempo de desaceleração, coleta, alinhamento de trajetória e, claro, a volta.
Um buraco de verme foi feito, Mirlim girando o modelo 3D despreocupadamente com o dedo. Uma pequena nave ia ao encontro da Incógnita Terrestre.
— Buracos de verme? São instáveis, requerem matéria exótica negativa, que, até onde sei, a gente ainda não extraiu nem de sonho, e mesmo que estabilizássemos um, o colapso gravitacional aleatório do eixo de entrada teria 93% de chance de cortar a nave ao meio.
A nave em 3D foi estraçalhada sem piedade pela força do universo. O modelo ia mudando, Mirlim ia pensando e sua IA ia acompanhando, pois possuíam uma inteligência parelha. Mesmo que a IA soubesse de "tudo", Mirlim não precisava saber desse tudo para ser melhor. A IA era meramente uma ferramenta para ter um escravo que não cansava ou reclamava de fazer tudo que a mulher sentia preguiça de ter que fazer sozinha.
— Dobra espacial? Lindo nos livros. Exige campos de energia que ultrapassam o limite de Planck, e se alguém descobrisse como, estaria ocupando o lugar de uma supernova no céu... Minha filha, con...
Alissa corou, sentia muita vergonha e carinho quando sua mãe a chamava assim. Nunca crescia, era o mesmo sentimento das poucas vezes que escutou ainda sendo uma menininha.
— ...struir uma rede solar de coleta energética automatizada com replicadores em órbita é, ironicamente, mais prático. O Sol não vai a lugar nenhum. O planeta... provavelmente já foi.
— Acho tão fofo quando começa a falar em nerdês... pena que é bem raro.
Mirlim aborreceu o olhar, pensando que a menina estava zombando e diminuindo o que começou a sonhar e levava a sério.
— Vô falar de piroca então... — cruzou os braços, emburrada, e o protótipo virou uma enorme rola planetária.
— Nem começa... só fale português mesmo. Prefiro conseguir entender tudo.
— Harff... Fazer a Dyson seria mais rápido. Se eu ditasse o mundo... — Mirlim começou a abrir um sorriso estranho — fosse o governador de tudo... ainda por cima, comandasse esses seres pelo medo, seria papo de 100 a 500 anos pra fazer a Dyson. Mas eu não sou uma ditadora global... sinceramente, dá uma preguicinha também.
— Pensei que ia tentar me manipular com suas jogadas de ideias totalitárias indiretas novamente...
Mirlim fez um sorrisinho sem jeito de olhos fechados, envergonhada.
— ..."Ui, Alissa? Você não precisa ficar na escola. Pode se aposentar, fazer o que quiser, uii-uiii, todos precisam te obedecer, uiii-uuiii. Você dita o mundo, ui-ui-ui"...
— Nha... mas cê tu quiser ser o rosto, eu faço o resto pelas sombras...
— EU NÃO VOU GOVERNAR O MUNDO!
— Você não precisa, só precisa me pôr lá.
— Você é forte o suficiente pra isso! Hmmp!
— Preguiça, com o seu poder seria mais rápido.
— Não vou.
— Harrrff...
— Já não basta ser descendente de alemão. Agora, viver tendo essas ideias? — provocou com um sorrisinho debochado... mas uma ação sempre tinha uma reação. Mesmo sempre caindo na carta armadilha de Mirlim, ainda achava que um dia iria ganhar alguma discussão.
— Você veio da República Tcheca e não quer um piupiu... — Alissa ficou inteiramente vermelha, a água da banheira quase evaporando pelo calor corporal. — Tem algo errado na sua colocação, garotinha.
Ficou em silêncio... a vergonha mais alta que o silêncio.
— Vou continuar com minhas pesquisas secretas. Só você sabe disso tudo que eu comentei. Só confio e contei para você. Me...
Alissa ficou feliz, mas a vergonha continuava e afundou na banheira, ficando só com metade do rosto fora d'água.
— ...os estudos são divididos aqui e lá na Limpeza. Mas lá só os uso para testes práticos com coisas que seria chato demais eu mesmo realizar. A armadura eu mesmo estou pesquisando, assim como iniciei uma forma de descobrir as propriedades do material que encontrei lá para confeccioná-lo aqui... Tá dando pra entender ou quer que eu fale de uma forma ainda mais burra?
Shuashi...
— Credo! — protestou erguendo o rosto da água. — Não sou tão burra assim!
— Eu sei que não, minha filha. Só queria ter certeza que estava entendendo a mamãe... — Mirlim disse com um tom doce e finalizou com um sorrisinho sapeca, sabendo que a menina poderia explodir do nada.
Alissa se manteve vermelha e se enfiou novamente em metade do rosto na água. Blololo... fazendo bolhas de ar.
— Lá é muito difícil. Recentemente, Louis foi lá fazer alguma coisa, e acabou vendo meu protótipo de lâmina que criei com uma garra. Os cientistas não deram meu nome. Não foram loucos de fazer essa merda. Mas ontem, ataquei o Louis com o mesmo robô que ataquei Thales. Quando o imbecil me atacou e quebrou a espada dele, ele se teletransportou até o laboratório para quebrar o vidro que eu tinha mandado ser feito exclusivamente para o imbecil não pegar aquilo... Esse... Esse ser pegou a espada para atacar o meu robô.
Alissa emergiu.
— Deu certo?
— Óbvio. Cortou a carcaça de três metros ao meio com um único corte. Ele é um bom espadachim, mas mesmo um bom, não cortaria algo com uma lâmina cega. Se fosse o caso, a espada dele normal teria feito o mesmo. Mandei que tirassem os protótipos daquele lugar e os colocassem em um lugar mais escondido. Nem seu pai sabe da existência desses testes. Como também não sabe de muita coisa que eu controlo naquele lugar.
— Como o quê?
...Mirlim ficou um pouco em silêncio, sua boca aberta de querer se gabar falou demais... e Alissa não era alguém que poderia silenciar ou matar... teve que improvisar, mas ainda contando verdades.
— Tem um menino que possui um poder único, assim como nós, mas ainda assim ele é fraquinho. O poder dele é meio que uma facilidade além do normal para hacking. Consegue entrar em qualquer sistema existente, secreto ou não. Manipula a mídia, televisão, redes sociais. O menino tem a chave da narrativa em suas mãos. Mas eu queria essa chave para mim. Descobri e eu conseguiria hackear sozinha tranquilamente, mas para evitar dor de cabeça, já que ele tentaria contestar imediatamente o controle... digamos que eu tenha deslocado a coluna do menino... com ele sem as mãos no teclado... eu tive livre acesso.
— ...
— Copiei cada dado. Cada pesquisa e cada informação pública e confidencial. Minha IA manda em tudo. O menino joga o jogo que eu permito. Depois que tomei tudo, voltei a coluna dele e ele sabe exatamente quem sou eu, mas não faz nada sem que eu permita. O adolescente mais importante do Brasil está nas minhas mãos. Ele sabe o perigo que corre, sabe que é vigiado por mim. Uma palavra mal colocada e o jovem seria recrutado pelo Vasco — Mirlim fechou os olhos em soberania, um semblante satisfeito.
— ...Essa piada foi horrível.
— EU TENTEI PELO MENOS! — gritou saindo de toda a fantasia criada.
— Uhum... Descobriu alguma coisa interessante? ...Ou estranha, sei lá?
Mirlim ficou em silêncio por cerca de três segundos e Alissa estranhou.
— Mãe?
— Oi?
— Ficou em silêncio do nada.
— Ah, é que vi um gatinho.
— Sério? Qual cor?!
— Tô falando de macho, Alissa.
— ...Ah.
Silêncio por mais três segundos. Mirlim buscando formas de como falar sem falar nada.
— Você só quer uma desculpa para odiar ainda mais o seu pai. Não tem interesse nenhum em eu começar a dar especificações precisas de tudo... nem entende mesmo — finalizou, levando para o emocional, com uma voz tristinha.
— Você é intelectualmente capaz o suficiente para me explicar isso de forma didática e compreensível a alguém com um intelecto inferior ao seu, como eu.
"Nossa... usou tudo nisso aí..." — Bom... Acontecem testes, anomalias vivas e mortas, assim como já sabe. Porém, estão em foco no que eu mandei, que é a criação das lâminas com as presas que conseguirem obter, e as carcaças que chegarem sem muitos danos para a criação de armaduras experimentais. Não disse nada sobre as reativas, só essas que vou explicar agora.
— Tá.
— Preciso da sua ajuda para PARAR... entendeu? PARAR de fazer bolinhas e papéis de Calamidades.
— Huuuummm... — resmungou.
— Pensei em outro protótipo, um que seria mais fácil de fazer, testar e ver a eficácia. Seria criando armaduras únicas com as carcaças de Calamidades. A pele, couraça dessas coisas são incríveis demais. Conseguindo fazer uma forma que garras, mordidas e magia não passassem, ou ao menos colidissem e não matassem o usuário... seria perfeito a curto prazo. Muitos teriam uma segunda chance de viver, enquanto eu trabalho na reativa. Mas eu preciso que você pare de tacar tanto material biológico extremamente caro fora assim.
— Aff...
— Prometa que vai parar de amassar tudo.
— Tá... Prometo que a partir da próxima que surgir eu não faço uma bolinha...
— Papel também!
— ...Papel também...
— Qualquer coisa minú...
— Já entendi, tá legal?
— Uhum...
Silêncio.
Mas não um que doía, um que só mostrava que nenhuma queria desligar ou parar de conversar. O silêncio foi se estendendo. As duas querendo curtir o momento, uma conversa mais longa, mesmo que fosse coisas rotineiras o assunto. Alissa pensou nas coisas ditas e ofereceu...
— Vai precisar de dinheiro pro projeto? — perguntou de forma inocente, mesmo sabendo que Mirlim tinha um patrimônio alto, mesmo que não soubesse exatamente o valor.
— Quanto você ganha? — rebateu rapidamente, um sorrisinho de um plot que queria dar se iniciava.
— Muito.
— Defina "muito".
— Muito tipo... 90% é meu, 10% é do governo. Recebo mensalmente por proteção. Meio que uma máfia, mas legal. Somos a organização mais forte, e minha presença, como você ama dizer nas tentativas de me levar pro lado "dominação planetária", gera uma tranquilidade e paz mundial. Países com organizações muito fracas e até mesmo não tão assim me pagam por mês bilhões e bilhões por proteção. Basicamente, ganho sem trabalhar, umas duas vezes o PIB do Uruguai de forma passiva.
— Uma bola de neve?
— Isso. Uma bola de neve. Cada vez que surge uma Calamidade no mundo, o medo sobe, e toda vez que eu extermino, a paz reina. Os países que pagam pela proteção têm medo que no dia que não pagarem, uma Calamidade possa surgir e eu não vá até lá sem o pagamento em dia. Como não sabem o dia de amanhã... pagam e continuam pagando, pois é melhor pagar do que ter uma cidade ou até o país inteiro destruído.
— Preço fixo ou equidade?
— Vou continuar fingindo que não sabe de nada.
Mirlim deu um sorrisinho sapeca e debochado.
— Equidade. Não vamos cobrar o mesmo valor que cobramos da China ou Estados Unidos para um país pobre, ou muito pequeno como as Guianas, por exemplo. Cobrimos mais de 180 países. O pouco que resta são países que não possuem muitos surtos de anomalias, consequentemente os governos não veem a necessidade de buscar proteção.
— Digamos que seu patrimônio líquido passe o PIB do México?
— ...Falta um pouco — respondeu, levando a taça para um gole cheio de ego.
— Rum...
— Não vai dizer o seu lado? — sussurrou com classe, após descer a taça calmamente, apoiando o braço na banheira.
— Ainda sou sua supervisora e responsável. 15% do seu 100% mensal é meu.
— Safada... — Alissa abriu um sorrisinho, após rosnar de forma fofa e surpresa. Era tanto dinheiro que nem se preocupava em contar se estava chegando certinho.
— Ué? Eu que cuidava das suas missões, amore. E ainda já tive que fazer algumas por você.
— Por que não assumiu essas? Não queria o S?
— Prefiro não chamar atenção... Por isso preciso que você seja o ros...
— NÃO VOU!
— ...Harrf...
— Que bom que foi nerfada pela preguiça...
Mirlim aborreceu o olhar com o que escutou.
— Por favor, nunca mais fale isso.
— ...Desculpa, pensei que era gíria nerd.
— Não sou nerd.
— Ahãm, né não.
— ...Menina, me estressa não.
— Caaalma... Calma... E aí? Como é o menino pra facilitar minha vida?
— Preto, musculoso, mais de 1,80, usa u...
— Meu Deus, definiu seu gosto. Não deu pra ele não, né?
— ...O que você pensa que eu sou? Óbvio que não.
— ...Essa vozinha aí... sei não — debochou provocando.
— Não dei!
— Uhum...
— ...
— Ficou esse tempo todo sem sexo? Sério mesmo?
— Você nunca tocou em um saco desde que saiu do saco do teu pai e tá nessa.
Alissa corou.
— Tô falando de você! Não de mim!
— Ué... essa vozinha aí... sei não, viu...
— ...
— Tive uns encontros, não muitos, mas alguns homens e mulheres do meu harém.
— Mulher com certeza é mais fácil que homem.
— Ué? Do nada. Tá jogando contra?
— Óbvio que não!
— É... esqueci que tá no banco, nunca saiu um gol.
Alissa aborreceu o rosto.
— Ainda disse bobagem. Mulher é muito pior que homem. Muito mais ciumenta, cheia de frescuras e blá-blá-blá... As que eu fico já sabem o papel e quem manda. Mas quando eu fico com umas por fora, sempre é a mesma coisa. Só que teve um caso diferente recentemente. Deve fazer quase uns dois meses que eu conheci uma mulher em um aplicativo e achei muito linda... perfeita. Cabelo curtinho, cacheada, uma pretinha linda. Já logo chamei e falei que queria ela naquela hora. Aceitou. Levei pro meu apartamento e destruí a menina... sei nem descrever como aquela mulher sabia se divertir. — Quase babava lembrando das brincadeiras...
"Milagre não ser uma explícita safada..."
— Não aguentei. Um dia depois eu marquei mais uma rodada. Só que ela estava indo embora do trabalho. Então eu fui até lá. Chamei um cara do meu harém, me buscou, me levou e me deixou com ela na casa dela. Só que... quando entramos e começamos a se pegar, o irmão dela entrou na sala e viu.
— Podia ter esperado pra fazer no quarto, né? Não ia acontecer isso.
— Não. Não é por isso. É que eu tinha pegado o irmão dela uns dias atrás.
Alissa piscou, incrédula, olhando para frente.
— Só que eu não tava respondendo ele porque... — Mirlim soltou uma pequena risada. — Porque o cara me soltou um "eu te amo" no meio do ato... eu não aguentei e comecei a rir na hora. Além de ser uma afeminada.
— Hum?
— Pô...? Eu queria um homem naquele dia. Se eu quisesse um gay pra comer... eu tinha chamado um gay. Eu que comi ele. Encaixei a rola dele na minha bu...
Alissa apoiou o braço esquerdo na banheira e levou a mão para tampar o rosto de vergonha, completamente constrangida escutando tudo aquilo.
— ...ceta e comecei a marretar ele... Pô? Ok, eu gosto, me dá tesão e tal... Mas eu dei um tapa na cara dele e ele gemia igual uma mulher, pô... Eu queria grunhido, um máácho. Depois que vi isso, peguei logo um cinto e botei no rabo dele. Acha que reclamou ou disse que o consolão que eu peguei era muito? Nada. Botei de quatro e alarguei ele escutando aquela afeminada gemendo. Tipo... não foi ruim, sabe? Mas o "eu te amo" me destruiu em risada. Tive uma crise. Ele lá, cheio de faixas e cordas, e eu rindo da cara dele. Mandei ele ir embora, o coitado quase chorando. Aí ficou me mandando mensagens pedindo desculpas, só que sempre que chegava eu via e ria. Não ia rolar mais, sabe?
Silêncio.
— Sabe?
— Uhuuuumm...
— Aí eu só fiquei ignorando. Não bloqueei porque não foi tããão ruim assim, mas ainda assim, não vai rolar outra vez com ele. Tenho homens com mais conteúdo, entende?
Silêncio.
— Entende?
— Uhuuuummm...
Silêncio.
Mesmo cheia de vergonha, queria escutar mais da voz da mãe.
— Mas e nesse dia com essa mulher? O que aconteceu?
— Ele fez piti, ficou bravo e saiu de lá. Eu e ela fomos pra cama, só que não fluiu. Ela ficou mal, achando que ele ia ficar com muita raiva se nós duas continuássemos aquilo. Aí me pediu desculpas e foi atrás do irmão. Eu que não ia perder uma transa, chamei o cara que me levou até lá, que nem tinha saído direito e fui pra casa, pra transar o fim de tarde com ele.
— ...Uma máquina.
— Rum...
— É mesmo! Fica nessa de querer uma dominação mundial, esfera de não sei o quê... como ficaria o futuro? Disse que podia demorar 500 anos. Você morreria.
— Se começarmos agora, diminuímos o tempo.
— ...Não.
— Rum... mas é simples. Mais fácil que tudo isso é descobrir uma forma efetiva de transplante de cérebro. Depois disso, eu ficaria trocando de corpo em corpo até encontrar a vida eterna. Uma cura para o envelhecimento ou coisa do tipo.
— ...Sacrificar pessoas?
— Uma só de tempos em tempos. O que tem? Eu seria a governante do mundo. Seria uma honra as jovens quererem me entregar seus corpos como receptáculo.
— ...
— Olha o que o Charles Manson fez sendo só um mero homenzinho de merda. Um tanto de bocó seguindo suas palavras. Seguindo uma seita de retardados. Cada um ali daria sua vida por ele. Acha mesmo que eu, num grau de importância assim, não seria o mesmo?
— Não seria mais fácil criar um protótipo de um androide e passar o cérebro pra um robô?
— ...Cê tá maluca?!
— Ué...? Não dá?
— Nunca que eu ia fazer isso. Transar com uma buceta de plástico?! Artificial?! Filha, eu quero sentir é o calor, o pulsar, as veias, a...
Alissa apoiou o braço mais uma vez e pressionou os olhos e rosto com a mão.
— ...forma. Nunca que eu ia fazer uma atrocidade dessas! Nem que a estatística fosse 99,99%! Uma buceta real é 100%! Nunca mais ouse falar uma atrocidade dessas!
Alissa retirou a mão.
— Por que não idealiza um PAU bem grandão de um ET e foca na construção do seu foguete ou nesse estudo da armadura? Acho que assim conseguiria bem rapidinho.
— Como seria o pau de um ET? — Mirlim franziu a testa.
Trleklek!
E começou a criar estudos e protótipos de como poderia ser em seus hologramas 3D. Robson só viajava nas milhares de informações que escutava e via naquela sala. Havia acabado de comer, deixando pelo menos metade de cada alimento para que Mirlim não ficasse sem nenhum dos itens.
— ...
— Pô, mas... se for tentáculos, é fácil de produzir um aqui.
— ...Éeeeh... Mas é isso, mãe. Manda o relatório depois. Vou ir me preparar pra dar aula. Já estou um pouco atrasada...
— Claro, claro, deve estar muito preocupada às 6h da manhã, nua em uma banheira cheia de espuma com uma taça de vinho desleixada na mão direita, se embebedando frustrada sexualmente com mais algum conto ou livro de romance dramático e trágico... Ohhh, o ricaço que parou a vida pra dar dias felizes a uma mulher aleatória viu sua pobre com câââncer morreeeenndo, foi...?
Alissa ficou emburrada e muito, muito embaraçada.
— TEM UMA CÂMERA NO MEU BANHEIRO?! — gritou, irritada.
— Meu ouvido é sensível. Para de gritar. Mas... óbvio que não coloquei nada aí. Isso é a única coisa que sabe fazer. Meio previsível.
"Pra gemido, não é, né?" — Desculpa por gritar... Mas já vou começar a me arrumar. O menino já foi deixado no apartamento?
— Acho que não. Mandei mensagem muito em cima da hora para arrumarem lá. Devem arrumar até o fim das aulas de hoje. Thales deve estar no aeroporto ainda, com alguns agentes que mandei para levá-lo até aí.
— Ahãm... Entendi. Tchau então...
— Tá. Tchau. Te amo, filha. Vai me ligar, né?
— Te amo, mãe... Vou deixar que você faça isso.
Mirlim aborreceu o olhar.
— Ok, tenha boa aula.
— Obrigada.
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