Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vasconcelos


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 107: Cargueiro

Thales trancou a porta do corredor de terra, quase tornando-o lama. Não conseguia segurar; as lágrimas saíam sem parar, e seu cansaço mental continuava a aumentar. Desceu correndo como uma criança que ia ao encontro dos braços do pai, ao cair. Entretanto, logo percebeu que seu pai não estava lá, e só restava chorar e sentir, mais uma vez, que era só um ser fraco e inútil.

Um pesadelo. Um, dois, três; os números continuavam dizendo sozinhos. Sua mente perturbada precisava de descanso, mas não descansava. Juntavam-se e gritavam simultaneamente: palavras e números, letras e sequências.

Chegou ao fim do quarto, e no chão sua ração molhada o esperava. Parecia merda. Um amontoado de bosta fria e massuda. Os pães com ovo, molhados com água, se misturaram à terra onde foram deixados. Maldade. Ao lado, o chão era de rocha, mas, ainda assim, foi deixado na sujeira.

Ficou parado. Braços esticados, tensos, ao lado do corpo. Olhava aquilo; sua barriga doía de fome. Mesmo sendo nojento, era "sua ração", "sua natureza", o que "merecia" por ser um escravo desobediente e falho. Era o que lutava para não concordar, mas já concordava, só não notava.

Passou ao lado. Negou comer aquilo. Pmcshh... Escorou-se e desceu o corpo, sentando no chão, bem no cantinho, mantendo o rosto escondido entre as pernas abraçadas pelos braços trêmulos. Fricsh-Frrichc... As mãos coçavam a pele, como se quisesse rasgá-las, arrancá-las... como se quisesse fazer-se sangrar. O som leve que produziu ao descer foi sentido por Robson, que abriu os olhos, vendo seu amigo do outro lado, sentado como se sofresse uma crise de ansiedade e falta de ar.

Rastejou até lá, escutando-o murmurar:

— Eu tento... Eu tento... Eu tento, tento e tento... Tento mostrar que não sou inútil. Tento mostrar que valho algo. Tento mostrar que minha compra não foi desperdício, mas não consigo, não consigo um único olhar humano. Sou tão nojento assim? Não sou capaz de nada? Não presto pra nada? Vou ser substituído? Vou pagar minha dívida com minha morte? O que quer de mim?... Me venda pra outro limpo... pegue seu dinheiro de volta. Não presto pra ser seu escravo, Srta. Mirlim...

Robson o olhava. Não havia o que fazer, mas subiu na perna do jovem, que ergueu o rosto e deu de cara com o amigo, olhando-o bem de pertinho, com os olhos esbugalhados. Achou engraçado. O rosto todo marcado de cansaço e lágrimas abriu um pequeno sorriso de contraste.

Robson viu novamente o rosto gentil, mas agora quem via a tristeza e angústia no fundo dos olhos era ele, vendo os olhos de Thales. Desceu no peito do amigo e se firmou, meio que um abraço. Thales não dizia nada, e Robson não se movia. Sua espécie de abraço foi instintivo, como se soubesse que aquilo ajudaria. Cada vez mais humano, cada vez mais longe do que deveria ser.

O cheiro da comida o convidava. Thales olhava de canto na direção a cada pontada no estômago. Mas descer o rosto e comer como um animal, um selvagem, tirava ainda mais sua humanidade... Humanidade? Ainda persistia em se fantasiar com isso? Ser um escravo inútil não podia, era ruim, mas ser um escravo útil... isso sim podia? O faria humano?

Venceu.

Não se submeteu a comer. Fechou os olhos e focou em dormir, descansar. Era mais importante. Robson permaneceu em seu peito, e Thales meio que o abraçou com as pernas juntas e braços fechados.

— Acorda.

Uma ordem surgiu do nada. Os olhos do jovem se arregalaram obedecendo, e ao abrir, viu Mirlim em pé, olhando-o de braços cruzados. Diferentemente de todos os outros dias, quando às vezes ela usava uma saia de escritório e outras, um short curto, desta vez usava uma calça social de alfaiataria de cintura alta, bem justa, de cor preta. Uma regata branca, como costumava usar na adolescência, tentava segurar seus seios. Uma blusa de frio preta mostrava com desleixo o ombro esquerdo, enquanto o direito era coberto. Um salto alto elegante, fino, mais caro do que pagou no próprio menino.

— Por que não comeu sua ração, verme?

Robson abriu os olhos quando seu corpo começou a vibrar com a presença da mulher.

— E-...

— Se curve e coma, agora.

O menino não esperou; Robson saiu de cima, e o jovem se curvou de quatro, a cabeça abaixada na lavagem como um porco. Comia, engolia. Os sons nojentos, animalescos, molhados, mórbidos. O cheiro era nauseante, mas comeu tudo, só não conseguindo ingerir o que a terra absorveu para si.

— Sua regata tá um nojo. Toda alargada. Tira essa merda e joga fora — rosnou sua ordem, rosto impassível.

Thales se virou para ela, o rosto um pouco sujo por não usar as mãos. Seu olhar pedia clemência, e sua voz implorava:

— Ela foi um presente importante, por favor, deixa eu ficar com ela...

Mirlim soltou os braços, o direito desceu, e em sua mão nanorrobôs começaram a criar uma coisinha bem longa, de cor preta. Um chicote. Mirlim moveu a mão para trás. Shrr... o som da arma arrastando no chão.

— Tire essa regata — rosnou.

— Por favor...

Curvou-se com a testa apoiada no chão. Mas Mirlim não se importava. SLAP! O chicote estalou nas costas do jovem. Uma linha fina, sangrando. Parte do tecido da regata foi rasgada, e Mirlim segurou o chicote para mais um golpe, enquanto Thales se mantinha na mesma posição, mas com o corpo meio trêmulo, sentindo a dor reverberar.

— Por favor... é importante pra mim.

— Se é importante, tire essa regata.

— Por fav...

SLAP!

Arh...

Mirlim acertou com perfeição no mesmo lugar do primeiro golpe, cortando um pouco mais da carne por dentro. O sangue escorria, sujando o tecido. Robson assistia impotente à crueldade do ser à sua frente.

— Como consegue ser um ser tão desprezível, burro, inútil? — Thales se mantinha em posição, olhos abertos, angustiados, vendo o chão, a terra, sua cama. — Não consegue pensar, não consegue raciocinar. Um verme. Anomalias conseguem ser mais úteis e inteligentes que você. Tire essa coisa. Se é tão importante assim, esse pedaço de pano alargado e agora rasgado e com sangue, você já deveria ter percebido que era melhor tirar. Quer continuar sendo educado? Quer levar o que merece até suas costas ficarem esburacadas e essa regata for destruída?

Não houve respostas.

SLAP!

— ME RESPONDA!

— Não!-Ahr...

— ENTÃO TIRE ESSA MERDA!

Thales retirou a regata, mas a segurou firmemente em suas mãos... protegendo-a. Os joelhos se mantinham no chão, mas o corpo estava ereto, vendo Mirlim caminhando na direção. 

Ficou com medo de ter que entregar; seu corpo mostrava tal resistência. Mirlim nem se importava. Passou ao lado do jovem. O chicote sumiu de suas mãos, e a ordem veio, ao cruzar os braços e seguir até a entrada do túnel:

— Deixe essa coisa aí. Não vai precisar — rosnou.

Thales a olhava; um pouco das costas brancas era visível pela blusa de frio caída e a abertura traseira da regata. Olhou para a regata de dragão nas mãos. O corte que ficou nela. Toda judiada, suja.

— Desculpa, Sr. Sandro... Não cuidei bem do seu presente. — Dobrou-a e a colocou no chão.

Mirlim continuava em passos lentos, esperando-o. Thales se ergueu, passos rápidos. Um pouco atrás dela, não esperou ordem, saltou baixinho... mas nada aconteceu.

— Quê?

Bm! Os pés tocaram o chão.

PHAAAAAAAANNNNNNFU!-BAM!

E o buraco em seu formato ficou mais profundo.

Saiu, sentindo um arder, pois poeira tocava sua carne exposta nas costas, e seguiu a mulher que surgiu caminhando lentamente de olhos fechados, braços cruzados e com o típico pirulito nos lábios.

Chegaram ao corredor da escola. Thales ficou confuso; ainda era escuro.

— Srta... — parou imediatamente, tanto a fala como o passo, quando a mulher virou um olhar irritado de canto. — Des-Desc...

— Se refira a mim como Sinhá, escravo burro — rosnou, virou-se e voltou a andar.

— Sinhá... que horas são?

— Devido à sua desobediência e demora, talvez umas 04h06 da manhã.

O corredor no qual seguiam era o contrário do campo de futebol. Thales ficou muito curioso e decidiu abrir o bico mais uma vez:

— Sinhá... onde estamos indo?

Silêncio.

Thales acatou e jogou o olhar ao chão. Ver, mesmo que só um pouco, do ombro e costas brancas de sua "dona" era desrespeitoso ao seu ver. Olhava para o chão e seguia, vendo o próprio tanquinho de rocha e pernas escuras...

"Sujas... a Sinhá é muito linda. A pele dela parece tão macia, tão limpa... Esse cheiro. Só de andar, deixa o ar cheiroso... perfumado. Quanto tempo eu não tomo banho? Não... não mereço. Eu continuaria fedendo." Com o olhar desanimado e enjoado com o seu cheiro, chegaram na avenida, saindo da entrada da escola.

Mirlim parou. Thales, distraído, foi parar só quando o olhar baixo atropelava a mulher que, mesmo de salto, continuava mais baixa. Ergueu o olhar. Uma carroça o esperava. Mirlim subiu, sentando-se preguiçosamente e de forma quase indecente. Thales não notou a luxúria, mas sentiu algo em meio às pernas. Uma piscadinha de cu, e a terceira subia.

Na parte da frente da carroça, no lado para o qual Mirlim estava virada, havia duas madeiras retas para frente e uma em horizontal, conectando-as... exatamente o local onde Thales seguiu, segurou, ergueu e começou a andar, a partir do olhar de Mirlim, mandando-o.

— Sinhá... o que é pra fazer?

Nanorrobôs de repente começaram a trabalhar. Olhando para frente, Thales via setas em verde neon, como hologramas em 3D, indicando a direção que era para seguir. O menino juntou 1+1 e começou a andar na direção certa, trabalhando como uma mula, cavalo... um burro.

Aquilo não era nada. Mirlim não era pesada, muito menos puxar aquele veículo. Mas ele não via nada além da viseira que criou em sua própria cabeça. Mirlim soltou o braço, esticou o direito minimamente e seus nanorrobôs materializaram um chicote novo.

SLAP!

— Mais rápido.

Thales tremeu inteiro. Sua carne rígida, forte... treinada para ser bruta como uma rocha, se cortava como uma tesoura em papel. Uma dor aguda, que queimava, ardia sem parar após cada batida.

Prendia os dentes como um ranger silencioso. Tentava não gemer nem produzir som algum, mas o tremor que suas costas involuntariamente faziam mostrava o grito interno que segurava.

SLAP!

— Mais rápido.

Mirlim não demonstrava sadismo. Fosse Blacko, os sons do riso, da gargalhada reverberariam consumindo e destruindo a cabeça do menino. Mas ela trabalhava no silêncio impassível, desdenhoso, cruel.

SLAP!

— Mais rápido.

Mesmo de madrugada, havia pessoas saindo para viajar e trabalhar. Carros, mesmo que poucos, transitavam pelo lugar. Thales corria rapidamente, mesmo sem instruções, corria no limite que acreditava que a carroça não iria quebrar, ou que ele mesmo não quebraria o apoio de braço correndo sozinho.

"Que isso?" pensou um motorista, quando Thales passou voando ao seu lado. Era possível ver, através das luzes dos postes e do próprio farol alto, as costas do menino em carne, sangrando, com Mirlim dando chicotadas.

Reconheceu a mulher, mesmo de costas. Mirlim era, assim como Alissa disse, a personificação da preguiça, mas ainda aparecia na televisão quando era necessário. Seu rosto, sua importância no lugar, era reconhecido por todos em Salvador, e possivelmente em outros cantos da Bahia.

Puxou o celular do painel, onde o deixava para facilitar suas corridas de aplicativo. Ligou a câmera e tentou filmar para denunciar aquilo... mas não esperava que, ao apontar, aquilo em sua frente se tornaria um fantasma em sua mente.

"Quê?!" Ficou com medo. Na câmera, não existia nada na avenida, mas ao olhar com os próprios olhos, via o menino sendo chicoteado, correndo cada vez mais rápido e desaparecendo de sua visão ao longe...

A IA de Mirlim hackeou o aparelho em tempo real, censurando a filmagem para não criar problemas. Caso falasse o que viu, seria só uma historinha infantil de terror. Ninguém iria acreditar que Mirlim, a mulher que era mais importante que o próprio governador da Bahia, estaria às 4h da manhã chicoteando um negro empurrando uma carroça na Av. Tancredo Neves, seguindo setas holográficas e fluorescentes no chão, como um jogo de corrida... em busca da Via Expressa Baía de Todos os Santos... que iria chegar em poucos minutos em sua velocidade atual.

SLAP!

— Mais rápido.

18 minutos após sair da ADEDA, que ficava em Jardim Armação, quase na divisa com Boca do Rio, chegaram ao destino, Comércio, chegaram no Porto de Salvador. Thales seguia bem mais lento, pela Av. Fontenelle, seguindo as setas que passavam pelo estacionamento do lugar, parando em uma das vagas.

Mirlim havia desmaterializado o chicote segundos antes. Mas isso não mudava o fato de as costas do menino estarem irreconhecíveis. Abertas. Cortes. Centenas e centenas. Gotas de sangue caíam no chão. A dor ardia com o sopro gelado do vento. Entretanto, em meio a tudo, Thales mantinha sua postura de não gemer nem demonstrar estar sentindo muita dor.

Entraram.

Passavam pela rua principal, que dava visão aos guindastes ao fundo, na "borda" do cais. O lugar, embora ainda na madrugada escura, era bem iluminado. Thales seguia Mirlim, enquanto observava o lugar, vendo os contêineres majoritariamente vermelhos, com uns azuis, outros brancos e cinzas.

Um grupo de trabalhadores aguardava a chegada de Mirlim, o superior havia avisado, mas não sabiam de fato o que iria acontecer lá. Vendo a mulher, se aproximaram cumprimentando formalmente, mas ela os ignorou e seguiu andando até debaixo dos guindastes, próximo à água, para dar sua ordem a Thales.

Os trabalhadores, com seus uniformes laranjas, não entenderam o vácuo, e muito menos o menino sem blusa... mas quando os dois passaram por eles, viram as costas destruídas de Thales e se arrepiaram de medo, olhando-se de canto. Olhos arregalados. Mesmo assim, seguiram os dois; a ordem era o que Mirlim dissesse, essa foi a ordem do superior.

Mirlim chegou. Corpo imponente, olhar afiado para o mar aberto. Thales ficou próximo, já o grupo de homens mais afastados, aterrorizados com as costas sangrando daquele homem gigante, com carinha de adolescente e cabelo dos anos 70.

Mirlim não apontou, mas na reta do seu olhar, perguntou:

— Tá vendo aquela coisa brilhando no mar ao longe?

Thales olhou e viu, bem distante, um navio cargueiro.

— Sim, Sinhá.

— Estenda as mãos.

"Oi?"

Estendeu, mesmo sem entender, e trilhões e trilhões de nanorrobôs criaram uma corda que o jovem segurou e viu-a sendo materializada por quilômetros e quilômetros até a embarcação, travando-se no casco, embora esse detalhe ele não conseguisse ver. A corda era metálica, grossa. As mãos de Mirlim não conseguiam fechar em uma volta completa, mas as de Thales eram grandes e conseguiam.

— Dentro do cargueiro, tem 15 mil TEUs, padrão internacional, média de 6 a 8 bilhões de reais em mercadoria... "E uns pirulitos importados que comprei para experimentar..." pensou, quase salivando, mas voltou com sua ordem: — Peso total: 100 mil toneladas. Está a 12 quilômetros do cais. Você vai puxar tudo isso até aqui e estacionar. Sem quebrar, sem tombar, sem afundar nada.

— Pera?! O quê?! Você qu...

Pah...

Um dos homens se exaltou, aumentando a voz, pelo fato de a mulher colocar em risco tanto dinheiro em mercadoria nas mãos de uma pessoa para uma missão que julgava impossível. Mirlim moveu o indicador direito, e o homem caiu desmaiado. Nem os olhava, mas lançou um olhar de canto aos outros homens.

— Mais alguém?

Ninguém respondeu. Apenas moveram a cabeça em negação, extremamente assustados.

— Tirem o corpo desse inútil da minha frente e me tragam a melhor comida, a melhor bebida e a melhor poltrona que tiverem neste lugar horroroso.

— S-sim, senhora! — exclamaram juntos, pegando o colega de trabalho e saindo correndo.

Observou-os ainda de canto saírem do local.

— Entendeu a minha ordem?

— Sim, Sinhá, tudinho.

— Quero ir embora ainda hoje. Não demore — rosnou e saiu andando, olhos fechados.

— Prometo que não vou!

Thales se voltou para o objetivo, o navio ao longe. Olhou a corda.

"Eu consigo! Vou mostrar!... Vou provar que mereço servir você!" exclamou de olhos fechados. Firmou as mãos, apertou bem firme e começou a puxar lentamente, estudando, entendendo como iria conseguir executar aquela operação.

Cerca de oito metros atrás, Mirlim aguardava os itens solicitados de pé, olhando Thales explorar as possibilidades. O olhar da mulher era afiado, mas não desdenhoso, agressivo ou negativo. Apenas afiado e crítico, nerd e inteligente:

"100 mil toneladas, dispersas em 15 mil TEUs. Distribuição de massa uniforme, centro de gravidade provavelmente 2,8 metros abaixo da linha de flutuação, considerando as camadas inferiores mais densas. 12 quilômetros de deslocamento, resistência hidrodinâmica quase nula em linha reta, mas a inércia... essa é a real barreira."

A poltrona chegou, junto a uma mesinha com dois acarajés, que a esposa de um dos homens fez para que ele comesse de lanche. Como julgaram na cozinha ser a melhor comida disponível, levaram junto uma taça do que restava de um vinho barato que bebiam escondido.

Mirlim continuava com o olhar analítico. Sentou-se de forma automática quando a poltrona de cor bege chegou. Cruzou com sensualidade uma perna sobre a outra e tomou em suas mãos o vinho, enquanto os homens saíam de fininho para não terem problemas.

"A força máxima registrada por ele foi 321 mil quilograma-força, ou 3,15 meganewtons. Se aplicar essa força de forma constante, o navio vai atingir uma aceleração de aproximadamente 0,0315 metros por segundo ao quadrado. Isso deve ser suficiente para cobrir os 12 quilômetros em 14 minutos e meio, com uma velocidade final perto de 100 km/h. Se ele não calcular o ponto de frenagem, vai enterrar 8 bilhões de reais direto no concreto do cais."

Glub...

Se deleitou de um gole... mas sua expressão ficou rígida, meio irritadinha com nojo.

— Se isso custou mais que 50 reais, foi um roubo — murmurou em desdém e voltou o olhar para o jovem, mas dando foco na corda.

"A linha de tração não vai romper. Não é só uma corda de metal. É uma massa de trilhões de nanorrobôs materializados em formação coesa, ajustando densidade, ângulo e tensão em tempo real. Pode suportar muito mais do que a força que ele é capaz de aplicar. A única limitação aqui não é o cabo... é o navio. Se ele puxar com força demais, de forma abrupta, o casco não vai aguentar. As costuras estruturais vão ceder, e o cargueiro pode simplesmente virar, tombar no próprio eixo e derramar bilhões de reais no fundo do mar."

Ts... Seria engraçado. Mas meus pirulitos estão a bordo. Faria esse pirralho caçar em contêiner por contêiner, um por um, até achar os que me pertencem e me devolvê-los.

Thales puxava, notava que era leve. Não sentia muito peso, então começava a aumentar cada vez mais a força que aplicava no puxar. Seus braços rígidos, o corpo inclinando para trás. Os dentes cerrados, agora começava a sentir o peso... que logo foi ofuscado, quando o navio recebeu uma velocidade contínua na direção.

Quanto maior aquilo ficava, menos força Thales aplicava.

"Não pode bater... tenho que estacionar! Não vacila, nego, não vacila! Falta pouco! Ela disse que não queria demorar, e falta só um pouquinho!" Abriu um sorriso, o vento nos machucados nem o incomodava mais.

Quanto mais metros aquilo se aproximava, a grandeza, a imponência daquela embarcação se revelava. Thales ficava admirado, adorava isso, coisas gigantescas, coisas muito maiores que ele próprio. Os olhos brilhavam vendo as luzes daquilo acesas. Quem não sentia isso eram as pessoas a bordo, que dependiam do êxito do menino para conseguirem chegar sãos e salvos... Mirlim colocou uma grana alta para colocar Thales naquela operação. E os trabalhadores a bordo só podiam aceitar calados, o acordo com o responsável por tudo, que nem daria um centavo aos mesmos.

Mirlim calculou 14 minutos e meio... Thales chegou com o navio em 16. Todos assistiam impressionados à força do garoto. Exceto Mirlim. Thales puxava de pouquinho em pouquinho, estacionando aquilo. Os nanorrobôs se desmaterializaram do bico frontal após o jovem deixá-lo na posição e se materializaram na traseira, ajudando muito no tempo que o menino levou para deixar aquele navio de mais de 340 metros estacionadinho naquele porto.

Ficou muito contente.

Acabou a operação e correu até Mirlim, que esperava sentada, de olhos fechados e sempre com os braços cruzados. Os operários começaram o desembarque com o auxílio dos guindastes.

— Sinhá! Consegui! — exclamou eufórico.

Abriu-os lentamente, os lábios se moveram:

— Agora descarregue.

— ...Quê?

— Seja rápido. Já devo ter dito que quero ir embora ainda hoje — murmurou secamente e fechou os olhos.

Thales não sabia do que o aguardava, mas abaixou a cabeça em obediência:

— Disse sim. Não vou demorar, Sinhá, já volto.

Virou-se e foi rapidamente até onde alguns homens trabalhavam. Pediu informação. Disse o que foi ordenado, e os homens não ousaram contestar. Instruíram o menino, e Thales então começou a descarregar tudo aquilo, sendo muito mais rápido e prestativo que os guindastes.

Começou com um, depois dois, três, quatro, cinco de uma vez, no braço. Não podia ser bruto, jogar no chão. Não sabia o que tinha dentro. Mas, mesmo com tanto peso nas costas, conseguia descer e subir, descer e subir, pulando muito alto e aterrissando com perfeição para não amassar nem deixar nada cair.

Erguia uma torre de cada vez. Limitou-se, por segurança, a cinco unidades. Uma média de mais de 100 toneladas. Tinha percebido que, mesmo pegando de cinco em cinco, às vezes eram mais pesados, ou tinham coisas dentro que eram estranhas e tiravam um pouco do equilíbrio. O menino não tinha nenhuma noção da força que possuía, da precisão que adquiria a cada segundo, levantando aquilo, equilibrando tudo aquilo.

O tempo foi passando. Conseguia, a cada 15 segundos, descarregar cinco contêineres. Viu o dia amanhecer, o sol iluminando seu rosto gentil trabalhando sem reclamar, suando, mas não se importando com nada além de descarregar.

12 horas e meia se passaram. Fez 99% do trabalho e, mesmo assim, agradeceu aos trabalhadores nos guindastes. Seguiu até Mirlim, que se mantinha sentada, olhos fechados... baba nos lábios?

— Sinhá... acabei!

Era tarde, pouco mais de 17 horas. Mirlim dormia; sua preguiça disse mais alto que observar pelos próprios olhos o desempenho do garoto. Thales chamou, mas não obteve resposta. Ergueu a mão para encostar no ombro, chamando-a, mas afastou-a antes de fazer isso...

"Não... Sou sujo. Não posso."

Mesmo que não tenha tocado, o vento que sua mão fez colidiu levemente no nariz da mulher, que abriu os olhos lentamente, acordando e vendo-o parado à sua frente. Thales recuou um passo e ficou mais ereto.

— Sinhá! Acabei!

Mirlim piscou uma vez e se levantou.

— Vamos embora — murmurou e se virou, indo para o estacionamento. — Estou orgulhosa.

Os olhos do menino se abriram mais que o rosto, um sentimento correndo nas veias que nem conhecia.

— Pensei que se mostraria inútil mais uma vez. Mas não se mostrou.

Thales a seguiu no automático. Sentia uma estranheza muito forte.

"Isso... isso... é real? Minha senhora tá brincando? Eu escutei errado? E-... Eu fui útil?!"

Mirlim sentou na carroça, e o menino logo assumiu a posição. Ergueu e as setas começaram a ser projetadas ao chão. Thales continuava incrédulo. Não conseguia acreditar e só pensava naquilo. Nas palavras. No tom... que não foi grosseiro, que não foi irritado.

"Eu fui útil?!" Os olhos do menino disputavam com o brilho do suor de todo o corpo, mas venciam, venciam e por muito. Seu transe no conforto que aquilo gerou era tão forte que nem percebia que a mulher não o chicoteava. Não percebia que Mirlim nem ameaçou fazê-lo. Da mesma forma que não percebeu que o caminho de volta não era o mesmo da vinda.

Descendo a Av. Lafayete Coutinho, o destino da vez era uma parada na Barra, no apartamento de Mirlim, o nono andar do Orizon View Houses. Correndo bem rápido pelo trajeto projetado, muitos carros viam os dois. Mesmo que Mirlim não estivesse agredindo o menino, as costas ainda mostravam a tortura passada.

Puxaram os celulares, mas tudo virou conto de fadas macabros. A IA fazia o seu trabalho, além de copiar dados de cada pessoa, descobrindo coisas, aprendendo coisas, se espalhando cada vez mais, cada vez mais dando poder à sua criadora.

Um malware indetectável. Corrompeu um celular, pegou todos os contatos, corrompeu todos os novos celulares, e tudo continuava. Informações infinitas, a IA mais inteligente e perigosa do mundo. O maior perigo: ninguém sabia que foi exposto. Ninguém sabia que uma pessoa tinha o poder de, com um clique, virar de cabeça para baixo suas vidas. Chantagens, zerar contas bancárias sem rastro algum. Um clique, e o ser mais inteligente, vivo em terra, brincaria de caos mundial.

Cerca de 30 minutos depois, as setas pararam, e Thales nem se ligava no tempo que havia passado nem onde estava. Saiu do seu mantra de pensamentos naquele instante. Olhou para a esquerda: uma muralha de folhas. Olhou para a direita e via a água, via a Praia da Pedra Alta. Se encontrava na Av. Oceânica quando ouviu a ordem vinda de trás:

— Me segure nos braços — um tom doce, calmo, foi sussurrado.

Thales olhou para trás. Mirlim esticava os braços como uma criança para o pai. O rosto tranquilo, longe de tudo que já tinha visto, mas gerava um receio, uma estranheza nele.

— Ma... mas eu sou sujo, Sinhá — murmurou, abaixando levemente o rosto, ainda segurando a carroça erguida.

Hm? Só está suado, não ligo. Tô com preguiça de andar. Me segure nos braços. — Fechou as mãos e abriu-as duas vezes, um gesto quase infantil com seu rosto aberto, gentil.

Aquele "não ligo" foi um soco. Um soco que o jovem sentiu e que destruiu centenas de escudos. Algo estranho crescia dentro dele. Um sentimento esquisito brotava em seu ser. Com vergonha e cuidado, segurou-a... meio sem jeito. Não sabia o que estava fazendo, mas a segurou, erguendo-a com um braço por baixo dos joelhos e o outro nas costas.

"Meu Deus... que cheiro doce é esse? Que maciez é es..."

— Tá vendo aquela janela aberta? — perguntou, apontando preguiçosamente com o braço, olhando na direção da parede de folhas. Thales, interrompido em seus pensamentos, olhou e viu um prédio ao fundo, atrás das folhas.

— Sim, Sinhá.

— No último andar, entre por lá. Tô com preguiça de ir pela recepção.

Thales visualizou a janela, virou o corpo na reta e dobrou levemente os joelhos... antes de, Fuhsss... saltar, cortando o vento, indo na direção perfeita da entrada, entrando com suavidade, acompanhando um andar ainda mais suave para diminuir a velocidade sem turbulência para a mulher em seus braços.

Mirlim olhava para os lados. Estando na sala, ordenou olhando para seu sofá:

— Me coloque no sofá.

Thales obedeceu e a soltou com delicadeza. A mulher se derretia naquilo. Apoiou-a e assim ficou. Não se movia, só mantinha a expressão e o corpo molenga de preguiça. O menino ficou em pé, sentimentos e pensamentos conflitantes, sem saber o que fazer, como agir.

"O..."

— Ajoelha.

Obedeceu.

Ajoelhou-se de frente para ela, olhando-a. Sentia vergonha, o rosto meio corado. Mesmo não ficando muito baixo, o corpo dela marcava muito nas roupas, e, mesmo que nunca tivesse tido uma relação ou ficado com uma menina, seu corpo reagia ao estímulo visual.

Não sabia se devia continuar olhando-a.

"Ela tá bêbada? Por que tá me tratando bem? Eu ser útil a fez ficar feliz comi..."

— Tire os meus saltos — sussurrou com um tom muito doce.

Thales olhou para os pés, que, mesmo em meio à preguiça da mulher, se esticavam para ele.

— M... Eu vou sujar a sua pele limpa se eu fizer isso, Sinhá.

— Quero senti-la, toque meu pé. Tire meus saltos.

Thales engoliu seco e ergueu as mãos, tocando-a com muito medo e calma para não ser bruto. Idealizava uma pizza: seja suave, carinhoso. Tirou com suavidade. Ff-ahf... Sons calmos de respirações saíam da mulher, deixando-o ainda mais estranho, coração disparado.

Olhou para cima e era erótico. O corpo dela era vulgar mesmo inteiramente tampado. O menino se sentia acuado, pressionado, envergonhado de estar próximo e tocando alguém tão bonito. Enquanto se perdia, olhando-a cheia de preguiça e olhos fechados, escutou algo que fez o coração parar:

— Tire minha calça... Estou com preguiça demais para fazer isso sozinha — sussurrou com um tom manhoso, carente.

Thales arregalou os olhos. O corpo vibrou de nervoso.

— O-o... quê?

— O que foi? Você é meu escravo, obedeça.

Thales tremia.

Ergueu um pouco para realizar o pedido, mas, mesmo a vendo de olhos fechados, ele foi colocado em uma situação de extremo nervosismo. Suava mais do que erguendo toneladas nas costas feridas. Suas mãos foram em direção à cintura. O botão da calça chamando-o como a primeira parada.

Tocou-o e desabotoou. Zi-i-i-i... puxou o zíper lentamente; Ahnrf... um leve arfar saiu dos lábios da mulher e desestabilizou o menino. A calcinha era levemente revelada, cor rosa-choque, extremidades rendadas em preto. O menino segurou o tecido da calça nas laterais da cintura. As mãos, mesmo que sem intenção, tocavam-na, e sentia o calor emanando do tecido da regata branca.

Começou a puxar com lentidão, cada vez mais revelando as coxas, a calça sendo presa pela bunda perfeita. Não dava para levantá-la, tinha que ir puxando, e vendo a indecência da pele se revelando e mostrando que a silhueta e o corpo por baixo da calça justa não se comparavam: era divido, era a pura sensualidade em sua literalidade.

Thales não conseguia parar de olhar. Era hipnótico, a calça lascivamente bem lenta sendo arrastada pelas pernas, até que enfim o jovem tirou-a inteira, deixando a mulher "exposta". As pernas claras, que sempre viu, mas não ousava encarar, agora estavam diante dele. O cheiro era incrível.

"Como pode ter um cheiro tão bom..." Viajava; a pele perfumada da mulher o seduzia, o fazia ficar bobo, obediente e submisso a qualquer coisa. Uma obediência voluntária. Um voto a uma divindade. Enquanto quase babava, um movimento foi feito por ela.

O pé esquerdo foi na direção das genitais do menino, que sentiu o toque suave sendo retirado de imediato. Foi como um truque de mágica. O menino ficou duro imediatamente, e a cueca que o Sr. Sandro deu cumpriu com sua prece de aguentar a peça. O jovem ficou assustado, ficou duro igual rocha lá embaixo.

Não tinha reação além da vergonha imensa. Sem nenhum contato com mulher, nenhuma namoradinha em toda sua adolescência, ficou perdido. A cabeça girava, fritava. Atitude? Tento algo? Um beijo?

"O-o-o-o-o qqqqqueee eeee-eu..."

Travado igual um computador bugado, escutou outra ordem:

— Faça uma massagem nas minhas pernas — murmurou quase que em gemido.

Thales pulsava entre as pernas. Nunca havia sentido uma ereção tão forte. A cueca queria rasgar, e suas mãos tocaram a pele do calcanhar. Nem sabia o que fazia, suas mãos só apertavam e deslizavam lentamente, sem subir muito, só descendo das canelas aos pés.

"Igual uma pizza. Pensa em uma pizza. Pensa em... em... ma... mas é... é mais macio que uma pizza..." A cabeça rodava, não só a de cima. O que sentia era forte demais, e o pré-gozo sujava sua cueca "nova".

Arnrff — rosnou, igual uma gatinha. — Sobe um pouco mais...

Thales deixou sua pele negra perfeita para trás e ficou vermelho como o sangue que escorreu de suas costas naquele dia. Suas mãos deslizavam subindo. O calor e a maciez disputavam quem destruiria seus sentidos primeiro. Não era normal. Aquela mulher era a luxúria, a sedução. Não fazia nada além de ficar parada e ordenar, e mesmo assim o jovem quase gozava sem nem conseguir se permitir imaginar transando com ela.

Thales deslizava as mãos. As coxas da mulher eram carnudas, mas as duas mãos aguentavam pegar toda a carne. A suavidade, o carinho, a calma. Uma pizza. Pensa na massa de uma pizza. Continuava subindo gradativamente, bem lento, mas subia, ganhava espaço, absorvia calor, aproveitava o deslizar.

Olhava hipnotizado, uma ordem e lamberia todo o pé e as pernas. Beijaria sem parar. Só queria sentir mais, seu desejo só crescia. Queria mais e mais. O sentimento estranho florescia. O estômago embrulhava, mas o sangue se direcionava e bombeava exclusivamente para o pau, e naquele momento, só pensava com ele.

Mirlim abriu os olhos, soltando uma leve risada que derrubaria multidões de homens se escutassem. A muralha viva se estremeceu. Mirlim ergueu-se de tronco, se mantendo sentada no sofá, com o jovem segurando suas coxas com erotismo... dedos lascivos. O sorriso bobo da mulher, os olhos rosas vibrantes, antes agressivos, agora cheios de malícia e luxúria, sugaram os verdes-água do menino, que eram guiados pelos movimentos impostos.

A boca de Thales se abriu de forma involuntária. Quase babava. Um zumbi, guiado pelo desejo pela mulher que o comprou como escravo. O leve rubor no rosto de Mirlim, uma mistura de infantil, bobo, jovial, se mesclava ao seu ar sedutor. Thales era só um coitado, uma presa que caía nas graças da caçadora insaciável.

— Você nunca tocou em uma mulher, não é, querido?

Sem nem sentir o rosto, o jovem concordava com movimentos leves. A mão da mulher se guiou até o queixo do menino, deslizando os dedos e arranhando de leve, com suas unhas afiadas, a pele suada das bochechas e dos "pentelhos" espalhados da barba que começava a querer surgir no rostinho de bebê.

A mulher mantinha o sorriso, os olhos que já derrubaram os mais fortes. Puxou o pirulito de forma indecente da boca, deslizando a bola suavemente pelos lábios e língua e então deu seu xeque-mate. Colocou seu pirulito babado dentro da boca de Thales, que o recebeu salivando como um animal, ainda hipnotizado pela predadora natural para qualquer homem que se dizia machão de verdade.

O gosto de Mirlim era sobrenatural, a saliva que Thales engoliu era como água sagrada. Um presente de uma Deusa a um fiel. Engolia cada gota que sua boca produzia pensando nela. No gosto da primeira engolida. Sua vida era servir... ela.

Com as mãos tocando o rosto, a preguiçosa sorriu com uma risada leve e divertida, capturando quase que a alma do jovem. Acreditava tê-la vendido, agora a entregava por vontade própria. As mãos ainda afofando, os dedos ainda explorando, Mirlim deixando, Mirlim brincando com mais um.

Soltou-o, Puf... e deitou-se para trás, alongando os braços como uma gata preguiçosa. Os olhos fechados e o rosto sereno, divertido. O menino continuava seguindo a ordem. Resumia-se a isso: seguir ordens, seguir operações. A mão ia cada vez mais para cima, cada vez mais próxima da roupinha que o separava do céu.

Os dedos iam ganhando espaço. Os sons safados que Mirlim produzia o enlouqueciam. Sons pensados, planejados para se divertir. Faltava pouco. Eram dois centímetros que separavam um homem de um garoto. Mas a ordem não foi essa.

"Não posso tocar minha Sinhá sem ela permitir..." Um pingo de sanidade o invadiu. Mesmo cheio de tesão, aquilo não era atitude. Ela era sua senhora. Mas, de repente, um som cortou o ambiente. 

Piiii!

A campainha tocou, e no susto, Pb Thales subiu a mão e tocou a calcinha. Coisa de menos de milésimos: um toque e já um afastar de corpo e mãos. Mas tocou, e isso era...

"E-eu toquei!" Tremia de vergonha. "Ela ficou brava?! Ela sentiu?!" O rosto estava baixo, ainda ajoelhado, mas de forma mais submissa. Ousou olhar para cima para vê-la, e a viu da mesma forma, sentada, relaxada na preguiça, de olhos fechados e com suaves respirações sensuais. "Ela é perfeita..." Seus olhos brilhavam.

— Atende a porta pra mim — disse de forma tão fofa que o jovem se levantou mais rápido do que quando era para viver, quando era para não ser espancado por horas.

"Essa porta deve valer mais que eu." pensou, vendo o luxo da porta diante de si. Nem entendia ela direito, mas porta era porta. Tocou na maçaneta.

Trikchik!

E abriu. Quando abriu, teve uma surpresa. Era uma mulher... uma linda cacheadinha, de pele negra.

A mulher olhou para Thales e abriu um sorriso provocante. Os olhos brilhavam em malícia, olhando-o do rosto ao peitoral mais que definido e trincado. Era o mais puro e sincero desejo.

— Nossa... Vai participar da brincadeira hoje, pretinho gostoso? — rosnou em malícia, quase se atirando no menino que julgava ser homem pelo tamanho.

Tocou o peitoral do menino como uma stripper. A mão deslizando pelo suor, sentindo o relevo de cada gomo, desejando lamber aquele corpo, sentir aquilo enquanto era penetrada com raiva. 

— Q-q-q...-uê? — O jovem travou completamente, mas atrás dele, Mirlim estava de pé. A blusa comprida ainda presente, deixando exposto um ombro da forma mais sensual e indecente. A regata marcando ainda mais os seios, e a calcinha brincando com o look e suas pernas branquinhas.

— Só nós duas hoje. Ele é só um aluno meu — respondeu pelo menino.

A cacheada ergueu o olhar no fundo dos olhos de Thales, que não sabia como reagir, mas se via acuado, se via como uma presa, em meio a feras indomáveis, insaciáveis. Seus olhos nem piscavam. Um virgem no meio de duas mulheres que não teriam pena alguma de usá-lo até quebrar.

— Mas não é meu — disse ela, tentando seduzi-lo.

Mirlim riu com a resposta, mas aquilo não passava de uma brincadeira... para ela. Chegou mais perto da porta, olhando sua presa do dia lhe encarando de volta. A cacheada não aguentou os encantos. A mão saiu de Thales e os passos foram antecipados, seu rosto chegou próximo ao de Mirlim, próximo demais...

As respirações quentes se juntaram, os olhares brincando de quem encarava mais os lábios. Um sorriso foi aberto ao mesmo tempo, um desejo, um calor.

Mwah...

Os lábios se tocaram, Thales ficava mais duro que o pênis de uma estátua. Mirlim se afastou, olhando-a nos olhos.

— Me espera no quarto vermelho, vestida, pronta para ser usada — rosnou sua ordem safada.

A cacheada sorriu e, sem dizer nada, pediu mais um beijo.

Mwah...

Calmo, meio lento, antes de sair com passos rebolantes para dentro do apartamento em que seria usada, em que iria gemer o nome da sua dona. Mirlim olhava os movimentos da mulher indo realizar sua ordem. 

A mulher, mais jovem que ela, cabelo longo, cacheada e com a pele um pouco mais clara que a de Thales, usava um legging de academia preto, junto de um top justo. Vinha da academia. O cardio havia sido marcado com antecedência...

Mirlim se voltou a Thales, que bambeou por um momento.

— Volte pro seu quarto. Deixei algumas coisas para comer em uma cesta. Pode comer tudo, tá bom? Tchauzinho — disse de forma fofa, acolhedora... suave. Antes de fechar a porta, deixando-o no corredor do seu andar.

Thales olhava para a porta, ainda hipnotizado, acreditando também que ainda sentia o gosto da saliva dela, pelo pirulito que mamava parecendo uma criança no peito da mãe. Nem notava ao redor. O andar era dividido em dois apartamentos de luxo, apenas duas portas: Mirlim e um vizinho.

A IA voltou a trabalhar. Mesmo que fosse normal os escravos — tanto mulheres lindas quanto homens trincados — do harém de Mirlim sempre irem e saírem de lá, Thales não fazia parte do harém. Mas o real problema eram suas costas destruídas. A IA censurava sua existência. Não havia ninguém na visão das câmeras do lugar. Thales era invisível... mas precisava sair de lá sem ser visto.

— Desça as escadas.

Thales quase teve um treco. Jogou o corpo para o lado, assustado.

— Quê?! Quem disse isso?! — murmurou, mas em tom alto, olhando para todos os lados.

— Sou a Inteligência Artificial criada pela Srta. Mirlim Schmidt. Estou reproduzindo minha voz através de um nanorrobô dentro do seu ouvido. Preciso tirá-lo daqui e levá-lo de volta ao seu quarto. Então, siga minhas instruções: desça as escadas. Não vejo ninguém em nenhum andar, além de que a recepção está vazia de moradores. Ande logo, não temos muito tempo.

Thales olhou para o lado. Havia também elevador... mas o mesmo nem sabia o que era aquilo. Diante da informação de que aquilo era de Mirlim, seguiu sem pestanejar. Desceu as escadas correndo... e mesmo assim da forma mais silenciosa que conseguiu. Não demorou muito para chegar ao térreo e a IA falar com ele novamente:

— Tá vendo aquela porta de vidro? Vou abri-la e você passa correndo o mais rápido que conseguir. Depois, vire à direita, pule o muro de folhas e pegue a carroça que carregou a Srta. Mirlim hoje, para levá-lo de volta até a ADEDA.

Thales usou a cabeça e não respondeu em palavras, pois os seguranças e o recepcionista poderiam acabar escutando. Afirmou com a cabeça e a IA tomou o controle do sistema do prédio... sem nenhum risco de ser detectado. Abriu a porta e todos olharam para a mesma, sem entender.

FU!

Um forte vento moveu suas roupas. A dúvida cresceu.

"O vento veio de dentro?" Quase uma dúvida universal.

Thales executou o que foi ordenado. Aterrissou na avenida... que bom que não havia carros. Viu a carroça, mas sua visão foi roubada pela tarde indo embora. O céu tingido de laranja foi o que viu quando chegou, mas o que via agora era muito magnífico. As nuvens queimando, pegando fogo com a iluminação... mas não mudava uma coisa:

— Vou contar à Srta. Mirlim que você está de pau duro pensando nela — ameaçou a IA.

Thales quase explodiu em um tom mais quente que o céu.

— Não conta pra ela, por favor! — suplicou, quase de joelhos para uma IA.

— Posso pensar, mas precisa chegar no seu quarto em menos de 20 minutos.

O menino correu até a carroça e acelerou o passo como um maluco. Desesperado para não ser revelado. Sofrendo bullying de uma IA, enquanto a mesma controlava os nanorrobôs produzindo os hologramas de setas para guiá-lo até o destino final do dia.

Chegou na escola pouco tempo depois. Colocou a carroça onde foi ordenado pela IA e foi deixado de lado, sem a confirmação de que não seria contado o ocorrido para Mirlim. Thales ainda estava duro. Já dentro do quarto, andava em direção ao fim do quarto, onde Robson, em mais um dia, permanecia deitado no cantinho, com os olhos vaporizados.

O sorriso era eufórico.

"Eu fui útil... e pude tocar aquela pele macia..." Com o pirulito ainda na boca, se deliciava do sabor da boca da mulher que o maltratava diariamente.

Acelerou o passo e, quase saltitante, chegou ao fim, acordando Robson com o som dos passos despreocupados. O amigo criou os olhos e estranhou aquela feição. Olhou meio de canto, mas ainda assim foi até Thales.

— Pode me ajudar com isso aqui? — Virou-se e mostrou a cena de tortura tão feia que Robson desviou o olhar, mas mesmo assim pulou, envolvendo o corpo do amigo ainda de pé. Tratou as feridas, limpou o suor, blah... e desceu, olhando-o e tentando entender a alegria.

— Ela... Ela disse que eu fui útil hoje! Eu tô muito feliz! Ela me deu o pirulito dela! Ela... ela me deixou tocar os pés dela! Me deixou tirar as calças... me disse que eu não sou sujo, disse que não ligava e só queria sentir minhas mãos... me... me elogiou! Robson...! Ela disse que se ORGULHOU DE MIM! — exclamou, visivelmente eufórico e feliz.

Era notório que Robson ficou feliz pelo amigo, mas ainda assim, um pingo do seu olhar mostrava um receio. Um medo em relação àquilo. Em relação a Thales querer tanto ser um escravo premium.

Thales olhou para o lado e viu a cesta que ela disse, cheia de comida, e dessa vez não tinha pão com ovo. Só deliciosos doces e uma refeição: uma imensa tigela de bobó de camarão. A boca do menino salivava — só não mais do que pensando na mulher. 

— Ela deixou isso pra gente! O que quer experimentar primeiro?! — Seu ânimo contagiava.

Robson olhou a cesta, e um bolo de coloração azul lhe chamou a atenção. Foi a primeira coisa que Thales cortou e experimentaram juntos, curtindo o jantar. Passou um tempinho, já haviam acabado de comer tudo.

Thales se encontrava deitado, o pirulito ainda na boca. Seu pau ainda duro, com a cueca úmida do pré-gozo que ficava se renovando. Não sabia como parar de pensar em safadezas com sua dona.

"Ela é muito perfeita... Arhh..." Torturante. Encostava em seu pênis; era involuntária a sensação de se tocar, mesmo nunca tendo feito aquilo. Mas ainda achava errado, e não o fazia, pois não havia permissão.

Depois de muita luta e resistência... conseguiu dormir, e mesmo assim não escapou de sonhos eróticos, e do seu pau lutando para rasgar a cueca como os seios de Mirlim lutavam constantemente contra qualquer peça superior.

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