Volume 1 – Arco 1
Capítulo 4: Quebra-Cabeça Humano
Crunch!
A espada de sangue desceu com uma velocidade mortal, cortando Luan de forma precisa e cruel. O corpo foi dividido ao meio, P-phash... suas partes caindo pesadamente no chão. O sangue se espalhou por todo o local, formando uma poça escura enquanto o celular, ainda em mãos, enviava a foto para seu irmão.
— Que demora! — Louis resmungou impaciente, aguardando com Katherine ainda perdida em seus próprios pensamentos, tentando lidar com o turbilhão de emoções dentro dela.
"Eu também sou forte!" pensava, tentando acreditar nisso.
O esquadrão assistiu, paralisado, à brutalidade do que acabara de acontecer. O choque era palpável, mas entre todos, um homem de cabelo castanho — cujo nome estava inscrito no seu sobretudo: Taylor — foi quem mais demonstrou uma raiva incontrolável. A dor de ver um amigo ser morto de forma tão rápida e horrível rapidamente deu lugar a um ódio avassalador.
Blacko olhou para o corpo de Luan sem um pingo de interesse. Sua espada, feita de seu sangue preto, apontava para o chão, e um pouco do sangue "impuro" e "nojento" do humano escorria pela lâmina. O nojo que sentia pelos humanos era evidente, mas algo chamou sua atenção: o celular banhado em sangue.
"Hãm? O que é isso?"
Nunca havia visto um celular como aquele. Alice possuía um, mas a tecnologia da ADEDA era de outro nível, muito além da velha peça de metal e plástico de sua mulher, cheia de botões que mal servia para fazer ligações ou enviar e-mails de trabalho.
"Deve ser como a magia da tal TV..." pensou, desinteressado.
Ignorando o que não deveria, virou-se sem destruir ou cancelar o envio da foto.
Olhou com desdém para os membros restantes do esquadrão, que nada viam sob o lençol marrom.
Com um gesto elegante, Blacko apontou a espada para o chão e começou a andar lentamente em direção a Sabrina, que estava um pouco afastada do resto do grupo. A exterminadora, por sua vez, desembainhou rapidamente sua espada, imbuída com magia de vento.
O ar ao seu redor ondulava, formando uma barreira invisível, enquanto a jovem adulta se posicionava defensivamente, observando atentamente cada movimento do inimigo.
"Ele é rápido... Um contra-ataque deve ser mais eficiente!" pensou, focada na batalha que se aproximava.
Blacko continuou sua caminhada tranquilamente, estudando Sabrina. A cada passo, aguardava uma brecha, um erro. Analisava o ambiente, absorvendo cada detalhe e controlando o gasto de energia, calculando o quanto poderia utilizar em cada movimento para economizar forças e estar pronto quando o seu Medo surgisse para enfrentá-lo.
"A garota não está aqui. Não usava dourado. Quem são esses imbecis?" pensava, com os olhos fixos em Sabrina, mas atento ao seu entorno. Seu melhor amigo, dentro de seu corpo, informava cada mínimo movimento hostil.
Taylor... porém, não aguentou esperar mais. Seu sangue, fervendo com magia de fogo, não suportava a ideia de permanecer passivo. Louis era o líder, e Luan comandava quando Louis não estava presente. Agora, porém, sentia que era sua responsabilidade agir.
Com as mãos e os braços tremendo levemente, fez com que o fogo vermelho queimasse com um ódio puro e incandescente. Era um fogo com desejo próprio, uma vontade de destruição.
"Vou mandá-lo para o inferno, anomalia desgraçada."
Em um movimento explosivo, girou seu corpo 360° e esticou o braço, lançando sua mão para frente como se arremessasse algo físico. A magia de fogo rasgou o ar, se lançando contra Blacko como uma serpente flamejante, pronta para dar seu bote.
O Primordial, porém, não se moveu. Continuou impassível, com uma expressão indiferente, mesmo diante da serpente flamejante avançando de boca aberta em sua direção.
BOOM!
A explosão foi colossal, C-r-r-r-eshh! criando uma onda de choque tão intensa que destruiu todas as vidraças dos prédios ao redor. Os postes de luz foram reduzidos a escombros, e até os vidros dos carros estilhaçaram-se.
Uma fumaça grotesca, de cor vermelha-escura, subia pesadamente pelo ar, impregnada pelo cheiro horrível do sangue humano evaporado próximo ao Primordial. O odor denso e metálico misturava-se com o medo que pairava sobre os membros do esquadrão, amplificando a ansiedade.
"Cadê ele?! Não dá pra ver nada..." pensou Felipe, balançando a mão na frente do rosto enquanto tentava dissipar a fumaça e conter a ânsia causada pelo cheiro nauseante.
— Se agrupem! — gritou Taylor, a voz carregada de urgência e determinação.
Apesar da dificuldade em enxergar, os exterminadores se agruparam em pares, formando um círculo defensivo espaçado. Cada um empunhava sua lâmina, atentos, enquanto esperavam que Blacko reaparecesse.
O medo que os consumia era intenso demais para acreditar que a anomalia que caçavam pudesse ter sido destruída tão facilmente.
Aos poucos, a fumaça foi se dissipando, revelando o cenário de destruição.
No entanto... Blacko havia desaparecido.
Grr, au au au au!
O latido incessante do cachorro ecoava, quebrando o silêncio opressivo.
O esquadrão olhava para todos os lados, os músculos tensos, prontos para reagir. No entanto, Taylor, distraído, não percebeu o instante em que Blacko surgiu à sua frente, a lâmina de sangue preto já rasgando o ar com precisão mortal, pronta para cortá-lo ao meio.
Taylor não viu.
Mas Danilo... viu.
Tinn!
No último instante, Danilo ergueu sua lâmina, bloqueando o golpe com um estrondo que ressoou como metal contra metal. O sangue preto do Primordial, mais endurecido que aço, chocou-se violentamente contra sua arma. O impacto quase o derrubou, mas Danilo se manteve firme, os pés cravados no chão.
Sabrina, percebendo o perigo iminente para seus amigos, agiu sem pensar. Com sua magia de vento, lançou-se para frente em um movimento veloz, rasgando a distância entre ela e a "anomalia", pronta para atacá-lo pelas costas.
Ploch!
Mas... errou.
Blacko desapareceu antes que sua lâmina o atingisse — rápido demais para olhos humanos acompanharem. E no instante seguinte, o pior aconteceu: Sabrina, em sua tentativa desesperada, fincou a espada no peito de Danilo.
O som do metal perfurando carne foi seguido por um silêncio brutal.
Pah...
Danilo caiu de joelhos, seus olhos arregalados encarando os de Sabrina. O sangue escorria de sua boca, enquanto a exterminadora tremia, apavorada, incapaz de soltar a espada.
— D-Desculpa... Desculpa, eu nã... — murmurou, sua voz entrecortada por lágrimas quentes que escorriam como lava de culpa.
Danilo tentou responder, mas o sangue o impediu. Antes que pudesse dizer algo, o som frio de uma lâmina cortando o ar interrompeu tudo.
Shk!
O choro de Sabrina cessou de forma brutal. Sua cabeça foi separada do corpo com um corte limpo e perfeito.
Pah-pah...
A cabeça caiu no chão com um som abafado, seguida pelo corpo sem vida que tombou como um fardo vazio.
Danilo, ainda empalado, abaixou a cabeça levemente, fixando-se na amiga caída.
Mas... não teve tempo de lamentar.
Shk!
A lâmina de Blacko cortou sua cabeça ao meio, de forma tão precisa que a parte superior, Sliizzpah-pa... deslizou suavemente antes de cair, completando a cena macabra.
Taylor, que havia recuado após Danilo salvá-lo, assistiu a tudo paralisado, o choque gravado em cada traço de seu rosto.
"Não! Não! Por que me salvou?! Por quê?!"
Seus pensamentos estavam em conflito, mas conseguiu se agarrar ao único sentimento que o mantinha de pé: ódio.
— AAHHRRR!
Com um grito de fúria, Taylor ergueu sua espada, imbuindo-a com magia de fogo. A lâmina assumiu um brilho incandescente, quase insuportável de olhar. Dois exterminadores próximos, vendo sua determinação, juntaram-se ao ataque.
Ambos eram manipuladores de água. Suas espadas começaram a brilhar em azul, envoltas pela magia pulsante, mas Felipe optou por algo diferente. Sua lâmina, também azul, foi revestida por um manto de fogo, criando uma combinação letal e contraditória. Uma mistura poderosa... e incomum.
Taylor, impulsionado por sua raiva e desejo de vingança, deu um passo à frente. Um sinal silencioso, uma ordem não verbal que os outros dois membros do esquadrão entenderam imediatamente.
Sem hesitar, Felipe avançou primeiro, sua lâmina iluminada pela magia de água e fogo. Com um corte diagonal, mirou o peito do Primordial.
O golpe foi preciso, mortal. Porém, Blacko, de forma preguiçosa, apenas levantou sua espada de sangue, preparando-se para bloquear o ataque com desdém. Mas o que aconteceu em seguida foi uma "surpresa": a lâmina de sangue não foi suficiente para resistir à força combinada das magias.
Shk!
A lâmina se partiu.
Felipe, com um breve vislumbre de vitória, percebeu a vulnerabilidade da anomalia.
"Quebrei a defesa!"
Ao menos... caiu no papinho do demônio.
Bamcreck!
Antes que pudesse reagir, Blacko girou o corpo rapidamente, escapando do golpe em chamas. Com um movimento cruel, acertou um soco de esquerda na nuca do humano.
Pahfft...
O impacto foi tão brutal que o corpo do exterminador caiu mole no chão, mas... não sem vida. Algo que não era um milagre, mas uma maldição, e que percebeu imediatamente. Blacko o transformou em uma caixa de música, uma caixinha de prazer, onde a melodia era composta pelos seus sons de agonia.
Seu crânio foi esmagado, e seu corpo caiu de maneira grotesca e contorcida, uma marionete que perdeu seus fios. O som de sua agonia reverberava baixinho pela praça, um grito silencioso de dor tão profundo que faria qualquer um estremecer... ou fugir.
— Aaaaaargh...
Enquanto isso, uma lâmina imbuída com magia de água avançava para cortar a cabeça do Primordial... que não se deu o trabalho de se mover. Naquele instante, começava a retomar sua confiança habitual.
A espada cortou o ar com um som vibrante, Tinn! mas quando perfurou o tecido do lençol e atingiu a pele do Primordial... nada aconteceu. O impacto foi como o som de um martelo batendo contra uma pedra sólida.
A lâmina não conseguiu cortar a pele da anomalia; soou como se batesse contra aço. Mesmo com a magia em sua lâmina, mesmo com a promessa de que qualquer espada imbuída com poder seria capaz de penetrar qualquer anomalia, não houve efeito.
A única coisa que a lâmina de Taylor conseguiu fazer foi cortar um pequeno pedaço do lençol marrom próximo ao pescoço, revelando sutilmente a Marca Primordial Preta, algo que não sabia o que era, e que também levaria o segredinho consigo para seu funeral...
Aquele homem, de perto, não pôde nem raciocinar sobre o motivo de uma anomalia estar usando um lençol, algo tão humano.
Blacko curvou seu corpo, aproximando-se de Taylor com um sorriso sádico. O olhar do exterminador encontrou brevemente o sorriso através da transparência do lençol. Um arrepio de puro terror percorreu sua espinha, mas já era tarde demais.
Antes que pudesse recuar, um som melódico de dor — o grito contínuo de Felipe — soou em seus ouvidos, destruindo-o de medo, um som que só aumentava a excitação de Blacko. Sentia prazer naquela dor, aquilo o alimentava, o fazia mais forte, mais confiante.
BAAM!
Com um movimento devastador, o Primordial acertou um soco violento no estômago do exterminador, arremessando-o para longe como se fosse uma folha sendo levada pelo vento. A dor do impacto foi avassaladora, seus ossos se contorcendo e seu corpo dobrando-se de forma antinatural sobre o braço.
A espada de Taylor foi deixada para trás, no ar, caindo no chão, inútil.
O Primordial, calmo e sem pressa, segurou a espada humana. Sabia que o próximo ataque chegava... naquele exato segundo.
"Não me viu, é agora!" O segundo manipulador de água, sem hesitação, avançava em suas costas, determinado a tentar acabar com a ameaça de uma vez por todas.
Mas... Blacko não tinha preocupação alguma. Simplesmente observou o lançamento de Taylor, enquanto deixava o próximo humano chegar. A perspectiva do tempo, sendo completamente superior, permitia que a lâmina "lenta" do exterminador descesse... o show em sua visão era mais importante.
Cr-r-r-r-r-runchh!
O corpo de Taylor girava violentamente sobre o chão, sem tocá-lo. De repente, o asfalto ao redor de seu corpo se estremeceu.
Crum-crum-crmnn!
Espadas finas, feitas de magia de pedra, emergiram do chão com uma força imensurável.
Shk-shk-shk!
Cortavam com precisão cirúrgica, decepando membros, tecidos e ossos. Cada parte do corpo de Taylor era separada como se fosse um quebra-cabeça humano sendo desmontado.
A dor foi insuportável, e Taylor, ainda vivo o suficiente para sentir cada corte, agonizava com cada movimento das lâminas. Tentou gritar, mas sua voz foi sufocada pelo som das pedras rasgando sua carne. Cada pedaço que caía aproximava sua morte.
Com a dor intensificada a cada milissegundo, Taylor foi lentamente transformado em um amontoado de carne, ossos e pedaços de sangue. Quando, finalmente, o último resquício de seu ser foi destruído... o sofrimento cessou.