Clube de Gênios Chinesa

Volume 1

Capítulo 6: CC

O silêncio na sala era pesado, e a atmosfera, tensa e desconfortável.

— Na verdade… — a mulher foi a primeira a falar, rompendo o silêncio. — Desde que te vi me imitando na praça e pulando no carro com o Rosto de Gato Grande, achei que você era maluco.

— O mal-entendido já foi resolvido agora? — perguntou Lin Xian.

— Agora, estou ainda mais convencida disso! — ela respondeu, com o tom carregado de descrença.

Lin Xian ergueu as mãos em sinal de rendição. — Então você ainda não acredita em mim? Mas já que está aqui pra roubar o cofre do Lin Xian, deve ter feito alguma pesquisa sobre ele, certo? Não sabe como ele é?

Ele apontou para o próprio rosto. — Olha bem. Compara meu rosto com as fotos da sua pesquisa. Vê se bate.

A mulher negou com a cabeça. — Não pesquisei sobre o dono desse cofre, então não faço ideia da aparência do Lin Xian.

Lin Xian ficou sem palavras. Nunca imaginou que provar sua identidade seria tão difícil.

— Mas tanto faz quem você é — ela continuou, cruzando os braços enquanto encarava a fechadura mecânica e robusta. — Se fosse uma fechadura eletrônica, eu já teria aberto em minutos. Mas isso aqui é um cofre com fechadura mecânica de 8 dígitos. Nem força bruta nem técnicas auditivas vão funcionar rápido.

Ela se virou para Lin Xian. — Então, sua identidade não importa. Você pode ser qualquer um. Mas se conseguir abrir esse cofre, você é meu parceiro.

— Fechado — Lin Xian estendeu a mão. Apesar de querer confirmar a história dela antes, não tinha como provar que era Lin Xian, de modo que precisava ceder.

— Como devo te chamar? — perguntou.

— CC — ela respondeu, apertando a mão dele rapidamente. — Só me chame de CC.

Lin Xian notou a ausência de nomes normais entre os personagens do seu sonho.

— Qual é o seu plano? — CC perguntou, olhando fixamente para ele.

— Vamos tentar datas importantes da minha vida — sugeriu Lin Xian. — Vamos testando uma por uma.

Juntos, tentaram todas as datas marcantes que Lin Xian conseguia lembrar, enquanto CC manipulava a fechadura. Mas nada funcionava.

— Nem o aniversário da minha mãe… — murmurou Lin Xian, desanimado.

CC balançou a cabeça. — Que tal tentar o da sua avó agora?

— Eu nem sei o aniversário da minha avó — confessou Lin Xian.

— Não deu pra perceber que eu estou sendo sarcástica? A gente já tentou o aniversário das suas sete tias, seus tios e até do seu cachorro! Pensa em outra coisa — CC o repreendeu.

— Por que tem que ser uma data? Um código de 8 dígitos pode ser qualquer coisa — ela acrescentou, confusa.

— Não, tem que ser uma data. Confia em mim, é um hábito meu quando crio senhas — insistiu Lin Xian.

— Ainda tá fingindo ser o Lin Xian? — a descrença de CC era evidente.

— Já falei cem vezes — suspirou Lin Xian, exausto. — Eu não estou fingindo ser o Lin Xian. Eu sou o Lin Xian! Dá pra parar de interromper?

— Sua atuação é ótima — retrucou CC, sarcástica. — As datas que você mencionou são de séculos atrás. Se eu não precisasse da sua ajuda, nem perderia tempo com essa palhaçada! Sua família é um bando de imortais, por acaso?

Lin Xian fechou os olhos e esfregou as têmporas. Precisava cavar mais fundo. Havia alguma data que estava esquecendo.

Enquanto esgotavam todas as possibilidades, Lin Xian começou a duvidar da situação. Será que esse cofre era mesmo dele? Mas esse não era o sonho dele? Como o cofre de outra pessoa poderia estar no sonho dele?

Lembrou-se do conselho de um amigo: "Seu sonho nunca vai incluir nada que esteja fora do que você conhece."

Então, a senha de 8 dígitos tinha que estar dentro da sua memória. O que estava faltando?

Enquanto pensava, um bipe eletrônico cortou o silêncio, seguido de um alarme ensurdecedor ao redor deles.

— Droga! — Lin Xian praguejou, chutando o cofre com frustração.

— Pensa mais rápido! — gritou CC, enquanto o alarme soava como uma contagem regressiva para o fim.

— Estou tentando! — exclamou Lin Xian, coçando a cabeça em desespero.

Seu cérebro parecia superaquecido, com o mundo girando enquanto memórias passavam por diante de seus olhos.

— Se você não descobrir logo, a polícia vai chegar! Eu nunca devia ter confiado em você! — CC gritou mais alto que o baralho.

Lin Xian olhou para o relógio: [00:41:27].

O sonho estava acabando, restavam apenas 33 segundos.

— Você vai conseguir ou não? — exigiu CC. — Onde foi parar toda aquela valentia?

— Cala a boca! — retrucou Lin Xian, com o alarme cada vez mais alto.

Sua cabeça latejava de dor enquanto as lembranças o invadiam. Então, uma memória esquecida emergiu.

— Eu gostava de uma garota… — Lin Xian murmurou com a voz tensa.

— Ficou maluco? Não quero saber das suas histórias de amor! — gritou CC.

— Ela era minha colega de classe…

— Eu! Não! Me importo!

— Não estou feliz em compartilhar isso, mas é pro nosso bem! — Lin Xian gritou de volta, apontando para o cofre. — 19990707! Aniversário dela!

Sentia-se ridículo por revelar um segredo tão pessoal.

— Rápido!

CC digitou o código e puxou a tranca.

Nada.

— A senha tá errada!

O alarme continuava: [00:41:47].

— 20150609! — gritou Lin Xian, cobrindo os ouvidos.

— Que data é essa agora? Não me diga que é o dia da declaração! — CC gritou mais alto que o barulho.

— Só digita logo!

— Já foi!

[00:41:56]

CC cerrou os dentes e forçou a tranca com tudo que tinha.

Ainda não abriu.

Lin Xian sentiu as forças o abandonando, a visão embaçando enquanto encarava CC ao lado do cofre. Ela se virou para ele com os olhos cheios de desprezo.

— Mentiroso.

[00:42:00]

BOOM!!!

Uma luz branca ofuscante envolveu tudo…

Lin Xian acordou em um quarto limpo e organizado, no começo de uma manhã de inverno. Abriu os olhos, com as memórias vívidas do sonho ainda frescas na mente.