Cheaters Brasileira

Autor(a): Kuma


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 55: Coração da ladra

 

Um inimigo poderoso surge diante daqueles que querem alcançar os tesouros...

PLAYER: [Letícia]

 

 

O pilar se assentou no centro do salão infinito como uma lâmina de energia que perfurava a terra. Os pilares racharam, livros e cera de vela queimaram até se reduzirem a cinzas pretas e o trono do majestoso Argos se viu ameaçado quando um pouco daquela energia obscura ameaçou resvalar em sua direção.

— Merda! O que é isso?!

— Eis minha sentença para aqueles que ousaram adentrar os domínios da torre — A voz de Argos se levantou como uma montanha desmoronando, um vozeirão que sobrepujou o chiado estridente de toda aquela energia condensada. — Vençam seu inimigo e cheguem até a verdade e os tesouros, ou sejam derrotados e pereçam!

E assim, em uma nuvem de pó luminescente que jurei que era o próprio pó das estrelas, o trono de livros gigante junto com a imagem radiante do avatar vendado se desvaneceu em um piscar de olhos, deixando o espaço aberto para a batalha que se desenrolaria.

Invoquei Lapis Lazulli e me preparei para o combate. Juno estava com uma bolsa especial que até pouco tempo atrás, se não me falha a memória, não estava com ela.

E ela retirou uma vassoura... UMA VASSOURA, de dentro da bolsa e montou em cima.

— O que? Aprendi uma coisa ou duas desde que entrei aqui — explicou Juno quando a olhei com o choque estampado na minha cara.

Pude ver uma silhueta se mover rapidamente. Muito rápido! E, antes que eu processasse o que tinha acontecido, uma mão tão quente quanto uma chapa de aço fundida tocou o meu rosto e me empurrou com uma força esmagadora.

O sentimento foi similar a ter o corpo alongado e então prensado abruptamente de uma única vez. Meu mundo capotou e capotou várias vezes enquanto minha visão se apagava, até parar no que seria uma pilha de livros perdida no meio da imensidão dos azulejos.

— Le...?! — A voz de Juno se tornou um borrão sonoro indistinguível que se perdeu com o trovoar de alguma coisa que explodiu a metros de mim. Estava tona demais para ver algo.

Mas eu pude imaginar que devia se tratar da própria Juno quando não ouvi mais sua voz. Levantei o mais rápido que pude, mas caí de joelhos logo depois, tonta e desorientada. O golpe foi muito forte e deixou um chamuscado ardente no meu rosto. Meus braços tremiam e eu estava ofegante, as formas distorcendo ante meus olhos.

Droga... eu levei muito mais dano do que eu imaginei.

Logo, antes que eu pudesse me recuperar totalmente, o solo debaixo de mim inchou e explodiu com uma onda de pressão gigantesca que me empurrou para trás, além de alguns pilares flutuantes.

Semiabri os olhos tempo o suficiente apenas para ver o borrão de energia púrpura e quente que era Oolong, em uma forma bestial que eu não tinha sequer imaginado até então; seu corpo, membros e tórax estavam maiores e com músculos que saltavam e vibravam com poder intenso tanto que pareciam vivos. Sua pele mudou de cor para um tom mais negro e pelos escarlates sugiram do seu peito musculoso, dos braços e das mãos.

Os olhos dele perderam qualquer traço de controle e bom senso, deixando espaço apenas para o instinto de batalha animalesco. Seu corpo exalava e transbordava energia maligna como os poros exalavam suor.

— Merda! Lapis...

— Resposta errada — A voz distorcida de Oolong espreitou meus ouvidos como um demônio sussurrando.

E então senti uma ardência que era quase como ter a carne queimada e fui lançada contra o ar como uma bola sendo chutada, até bater contra as ruínas de um pilar que flutuava naquela trajetória. Mordi o lábio inferior até sangrar, suportando aquela dor visceral e gritei: — Lapis Lazulli!

O arco surgiu em minha mão direta, uma flecha já posicionada para disparar. — |FLECHA LAPIS|!

Duas rajadas de flechas gélidas brotaram daquela única flecha, porém nenhum dos projeteis chegou a alcança-lo. Contemplei, incrédula, a ele reduzindo meu ataque à meras raspas de gelo com facilidade. Um mero balançar de braço foi a única coisa necessária para isso.

Que energia grotesca era aquela? De onde vinha tanto poder e brutalidade? Olhando melhor por aquele ângulo, uma mancha roxa losangular estampava seu peito e devia ser a fonte da sua força. Eu teria que acertá-lo bem ali para pará-lo? Era só uma aposta, um palpite meu, mas melhor que nada.

— Lelê! — A voz de Juno veio de uma ponta longínqua no salão. — Onde você está?

— Juno! Fique onde está! — gritei em resposta, temendo que Oolong fosse atrás dela.

Mas a verdade é que seu alvo era eu! Em questão de poucos segundos, o mercenário possuído cobriu uma distância assustadora entre nós, disparando como um raio do chão que levantou pedras e poeira e objetos próximos. Um clarão roxo refulgiu na minha frente como se um relâmpago purpúreo brotasse da terra, rasgando os céus. Droga!

Bloqueei o primeiro golpe erguendo o arco sobre a cabeça, um chute cortante para baixo usando a ponta do calcanhar. Pesado demais! Forte demais! Só tive tempo de pensar isso quando senti o arco de gelo rachar com a potência da pernada e descer violentamente sobre a minha testa, fazendo o pilar sob meus pés se esmigalhar com a pressão.

Jogada para baixo abruptamente, usei os destroços flutuantes projetados para direções aleatórias como plataformas de apoio, me movendo pelo céu, me mantendo no combate da melhor forma que pude, tentando despistá-lo no meio da bagunça, mas era quase impossível. Ele seguia meu rastro tal qual um cão fareja e caça um furão.

E lá vinha ele descendo com os punhos ao alto, preparando para mais um ataque carregado.

Seu punho brilhava incandescente com aquela energia letal, como se preparasse para disparar uma canhão de poder massivo até mim; no entanto, não foi o que aconteceu. Ele apenas tentou me acertar um soco carregando seu poder, mas eu consegui esqui...

PLAAAAM! BRUUM!

— URGH! — Merda! Não... eu... fui atingida?

— Lelê!! — Juno gritou de algum lugar.

Eu me desequilibrei da pedra onde eu estava e comecei a despencar do ar, uma queda acidentada de alguns metros, entre detritos e pedaços de livros carbonizados, até o chão.

Mas antes de eu sentir a dureza severa do solo que me aguardava, sou capturada por outra coisa, ainda no ar. Uma coisa em movimento. Semiabri um dos olhos para perceber que eu estava em cima... em cima de uma vassoura?

— Ju-Juno? — Minha voz saiu rouca enquanto tentava me equilibrar no cabo da vassoura. Nós estávamos voando e ela tinha conseguido um bom espaço entre nós e o monstro em forma de gente lá atrás.

— Lelê... você está bem? — perguntou, tanto o rosto quanto sua voz exalando preocupação.

— Heh... podia estar melhor, mas eu vou sobreviver — retruquei em um tom apaziguador.

Mas mesmo que eu quisesse acalma-la, meu estado visivelmente contradizia minhas palavras. Agora que eu estava fora do combate, pude perceber mais claramente a cascata de sangue que escorria da minha testa, quando bloqueei o primeiro golpe de Oolong, tapando a visão do olho esquerdo.

Além disso, senti a dor de um braço esquerdo deslocado penetrar os sentidos e tremi, fora a ardência no rosto e agora no peito, onde uma marca de chamuscado fumegante estragava minha túnica.

— O que aconteceu, Lelê? Você não conseguiu sequer andar na frente dele.

— Eu... não sei. Ele usou aquela pedrinha roxa e então conseguiu esse poder nefasto do nada. Eu nunca vi algo assim. — As ideias ainda estavam embaralhadas e confusas, principalmente por causa do pulso de adrenalina que ainda corria em minhas veias. Mas algo brilhava em meio àquele caos em minha mente. Brilhava intensamente e com um brilho roxo. — Mas acho que sei como derrotar Oolong.

— Sabe?! Porque pra mim, ele está invencível do jeito que está agora — Juno lamentou, a voz atemorizada.

Tossi e sangrei mais um pouco antes de responder. O fôlego estava pouco então tinha que ser breve: — Pode até ser, mas todos tem um ponto fraco. E eu encontrei o dele.

— Onde?

— No peito. Uma marca de losango roxa em seu peito. Ali é onde vamos atingi-lo.

— E como vamos fazer isso? — Juno tinha chegado no cerne da questão.

— Temos que bolar um plano. Uma forma de... conseguimos distrai-lo. Urg... — arquejei, a queimadura em meu peito me fazendo grunhir e tossir. — Para eu... acertar meu |MÍSSIL CRISÁLIDA| bem no seu peito.

— Mas você está ferida, Lelê. Temos que fugir daqui e achar um lugar seguro para você se recuperar...

— Não. Não tem como fugir. — As palavras soaram mais trágicas e desesperadoras do que eu queria. — Nós nunca vamos sair daqui se não ou derrotarmos.

— Lelê...

— Juno! CUIDADO!

Oolong veio pulando de pedra em pedra, de pilar em pilar que flutuava e veio do céu, acima de nós, para nos apanhar no ar.

— Lelê, se seguraaa! — Juno gritou e automaticamente eu cruzei os dois braços e as duas pernas, me amarrando no cabo. O movimento arrancou uma pontada de dor excruciante do meu braço deslocado que me fez gemer de dor e ameaçou tirar um lágrima dos olhos.

Juno girou a vassoura no ar e desviou de Oolong por muito pouco. Ele continuou o percurso até cair lá embaixo, formando uma cratera na descida.

— Que que há com esse cara?! — choramingou Juno.

— Se concentra em guiar essa vassoura, porra! — gritei, invocando o arco de gelo de novo. — Urgh!

O arco dessa vez veio mais quebradiço, o gelo mais fino e frágil. Será que eu estava chegando no limite?

Mas não tive mais tempo para me preocupar com isso; Oolong ainda estava no nosso encalço, pulando no ar e tentando agarrar qualquer uma de nós, ou nós duas ao mesmo tempo. Juno fazia manobras e giros e arcos com a vassoura no ar, desviando não só do nosso inimigo, mas dos objetos que flutuavam pelo caminho.

Os borrões roxos subiam e desciam, desaparecendo entre nuvens de poeira e destroços, mas Juno continuava a pilotar sua vassoura com uma destreza invejável, mesmo que estivesse gritando e choramingando a maior parte da nossa perseguição.

Contudo, nossa sorte acabou. Oolong conseguiu se segurar nas cerdas da vassoura, seu peso nos puxando para baixo.

— Merda! Solta desgraça, solta! — alardeou Juno.

— Não vão escapar — sibilou Oolong com sua voz gutural. Ele preparava mais um daqueles ataques carregados. Se aquilo pegasse de cheio em mim do jeito que eu estava ou em Juno, não queria nem ousar imaginar o que poderia acontecer.

— |MISSIL CRISÁLIDA|!

— Lelê, não atira isso aqui em cima!!

— Morraaaaaaaaaa!

Ao bradar de Oolong, disparei meu ataque à queima roupa ao mesmo tempo que ele liberou sua energia latente pelo punho em forma de um ataque explosivo. O contato entre a flecha e o soco de Oolong emitiu um clarão ofuscante que simulou um segundo sol naquele espaço metafísico.

Em uma fração de um instante, minha visão se tornou apenas um branco solar, fazendo tudo à minha volta desaparecer em um borrão indistinguível. Os sons, ruídos e qualquer noção de barulho se dissolveram em um rimbombar estridente que sucedeu o clarão, assim como qualquer sensação que eu estivesse sentindo antes ao meu ataque, fosse dor, fosse frio ou calor, não importava... qualquer tipo de tato se perdeu com a explosão.

Era como se eu estivesse viva e ao mesmo tempo morta e tive a noção breve de estar dormindo, ou em um transe inacabável. Mas então, veio o impacto; me vi batendo e rolando e capotando em pedras e livros e candelabros soltos no espaço, que se quebraram com a colisão, meu corpo parecendo uma boneca de trapos sendo arremessada longe.

Juno e sua vassoura se separaram de mim, ambas rodopiando e batendo em pilares próximos que ruíram com a explosão, rolando vários metros para longe. Quando finalmente parei, eu quase não sentia movimento em nenhuma parte, fosse tórax, braços ou pernas.

Minha roupa estava destruída, assim como eu. Sangue se empoçava ao meu redor e um sinal vermelho como meu sangue e insistente piscava em minha visão, talvez anunciando minha morte. Nunca tinha notado aquilo antes. Uma mensagem dizendo PERIGO... será que eram alucinações minhas antes da hora da morte?

— Lelê... — Juno arquejou meu nome, sua voz era tão fraca que mal passava de um sussurro soprado.

— Urgh... Grawwh... — Oolong se ergueu à minha frente, visivelmente tão machucado quanto nós, mas seu poder o protegera de danos maiores. Porém, aquela marca losangular roxa em seu peito rachou e o fluxo de energia que antes era constante e agressivo agora oscilava e vacilava.

Oolong estava vulnerável agora. Um ataque certeiro naquele centro e era seu fim. Só que agora eu também estava no meu fim. Não tinha mais forças para sequer me mexer, não sentia nada além de dor e dormência e até mesmo aquela voz interior e tranquilizadora que seria Lapis Lazulli a falar comigo se emudeceu.

Tudo que restava era fechar os olhos e esperar que aquele desgraçado desferisse seu golpe final. Que acabasse logo com a minha miséria e, por algum capricho do destino ou pela misericórdia de algum deus ou deusa benevolente, Juno conseguisse escapar de alguma forma.

Desculpa... Thays. Logo eu... falhei com você, que patético. Que lastimável. Logo o braço direito da General acabar sendo derrotada e morta por um mercenário possuído em um fim de mundo como esse. Não podia haver um final mais miserável para mim, mais vergonhoso, mais estúpido...

— Tão fraca... tão frágil como um cubinho de gelo — desdenhou Oolong enquanto carregava mais um ataque em seu punho cerrado. — E agora, tá na hora de você morrer, cubinho.

— Paraaaa!

— Hum?

— Ju-Ju...no? — Eu mal conseguia falar. As palavras eram como navalhas para minha garganta.

— Você não vai... tocar mais nenhum dedo... na Lelê, seu monstro! — Juno cambaleava na nossa direção, sua cabeça espirrando sangue pela lateral.

Oolong deixou escapar uma gargalhada cheia e desprezível. Eu tossi, o fôlego faltando quando vi a burrice que Juno estava prestes a fazer. Eu sequer conseguia gritar para que ela corresse.

— Você... depois eu cuido de você eu mesmo. Primeiro, a forasteira — disse enquanto erguia o punho carregado.

— Letícia... até eu te conhecer... — Oolong parou quando ia desferir o golpe fatal, sua atenção agora focada na ladra e não em mim. — Até essa aventura, eu estava perdida. Roubar, matar, enganar... eu achava que era isso que tinha nascido para fazer e estava tudo bem. “O mundo não quer saber de gente como eu” ou “O mundo que torna todos o que são e não há como escapar disso”. Eu costumava pensar assim, sabia?

— Ju-Juno?

— Hã?! O que você tá tagarelando aí, ô Jun-Jun?! Se estiver querendo ganhar tempo, deveria estar correndo para o mais longe que conseguir! Não se esqueça de que depois que eu finalizar sua amiguinha aqui, você é a próxima — disse Oolong em um tom frio de ameaça.

No entanto, ela apenas prosseguiu com um sorriso sereno: — Só que na verdade, eu estava apenas me enganando. Todo esse papo de que você nasceu para isso, que assim quis o mundo... foi só o que falaram para mim para que eu aceitasse essa realidade. Essa mentalidade me consolava e parecia me justificar diante de tantos crimes e de tanto ódio. — Ela fez uma pausa, levantando a cabeça, seu sorriso se tornando ainda maior e mais brilhante. Algo como lágrimas escorreram dos seus olhos. — Mas eu não sou nada disso... meu destino... meu coração não são de alguém preso à um futuro cruel e injusto. EU posso decidir esse futuro por mim mesma! Posso ser outra coisa que não “eu”.

Ela caminhou mais alguns passos até parar novamente, Oolong já em uma postura mais cautelosa.

— De novo vai se colocar no meu caminho, Juno? — Algo pareceu incomodar Oolong de tal forma que sua postura vitoriosa e convencida sumiu por completo. — Logo contra mim, que fui um pai para você. Que te dei amor, que te dei comida e abrigo... que te dei um propósito para viver além de morrer...

— A única coisa que você fez foi encher minha cabeça com mentiras e ilusões! — Juno rebateu com um grito. — Você nunca sentiu algo como um amor paterno por mim! Tudo que você fez... foi me usar! Assim como todos que se juntam à você!

— Sua cadelinha ingrata! — Oolong balançou o braço e varreu uma rajada de ar que derrubou Juno no chão.

— GYAAH!

— Eu devia ter deixado você morrer naquela maldita floresta se eu soubesse que iria se voltar contra mim agora! Mas não tem problema... — Um sorriso maldoso pintou seu rosto, dentes pontudos como os de uma fera se mostrando. — Depois que eu terminar aqui, vai vim implorando de joelhos o meu perdão enquanto eu lhe entrego uma dor da qual nunca se esquecerá!

— Eu... já disse...

— Que?

— Já disse que você... não vai encostar mais... na Lelê!

De repente, uma onda avassaladora de energia mágica inundou todo o espaço; vento se revolveu, o solo chacoalhou e até aquele céu de mentirinha ameaçava desabar sobre nossas cabeças com aquele abalo.

Oolong recuou alguns passos, mais empurrado pela onda de energia que se revelou do que realmente por opção. Em resposta, o líder do ladrões aumentou sua energia roxa nefasta também e as duas auras rivalizaram em um combate invisível de poderes que lançou objetos e pedras ao longe como flechas disparadas.

Que poder é esse?! Esse poder é mesmo da Juno?! Só pude pensar enquanto meu corpo era movido por rajadas impiedosas de vento. A pressão era tanta que o solo cedeu abaixo dos dois e construções próximos racharam.

— Impressionante. Você então esteve escondendo o ouro esse tempo todo? Nada mal para a filha da Alta Sacerdotisa Roana.

Alta Sacerdotisa? Ela é a filha da Alta Sacerdotisa?! Certo, agora tudo estava terrivelmente confuso para mim. Mas se isso era verdade, então fazia sentido aquela quantidade esmagadora de magia ser liberada.

 

A Alta Sacerdotisa é o símbolo máximo de ||GARDENMOON V|| e a pessoa escolhida pela deusa Princesa do Pensamento para herdar toda a magia e guiar seu povo para um futuro brilhante. Sua representante fiel na terra dos homens. Não subestime os poderes mágicos dela...

 

A Thays me avisara disso certa vez, mas eu nunca pensei que veria, em primeira mão, o que uma candidata a Alta Sacerdotisa seria capaz de fazer. Aquele poder era capaz de rivalizar com o de Oolong agora, até mesmo sobrepuja-lo. Eu sequer podia imaginar o que Juno não seria capaz de fazer com tamanho poder.

— E agora que mostrou isso, Jun-Jun, o que pretende fazer para me parar? — Sua pergunta soou como um desafio impertinente.

— Chutar sua bunda é o que pretendo fazer, mas como vou chutá-la... ainda estou decidindo.

Oolong riu com excitação enquanto cerrava os punhos e os unia em frente ao peito.

— E acha que consegue antes de eu esmagar o crânio da sua amiguinha aqui? — Seus olhos se vidraram em mim novamente. Merda! — Pelo que me lembro bem, você nunca ganhou de mim. Nenhuma vez!

A expressão de Juno agora estava totalmente diferente. Mais confiante, irredutível. Sua postura era de alguém que perdera completamente o medo e se aceitou. Seu olhar era afiado, o que fazia Oolong duvidar até mesmo quando estava provocando-a.

E com esse mesmo olhar esperto e uma aura assustadora, ela respondeu sorrindo:

— Que tal vermos isso agora?

 

 



Comentários