Cheaters Brasileira

Autor(a): Kuma


Volume 1 – Arco 4

Capítulo 51: Lapis Lazuli

 

||REN DO NORTE||, 15 anos antes... uma jovem luta contra seus temores, em um mundo de sonhos e pesadelos gelados...

PLAYER: [Letícia]

 

 

Eifrim?

Aquela floresta, aquele momento... era como ver um flash do passado. Em um momento, eu já não estava mais naquele corredor escuro de antes, na ||TORRE DO MAGO SOLITÁRIO||, mas sim na tundra onde eu me criei.

Aquele lago congelado no centro da clareira era sem dúvidas o ||LAGO DOS ABISSAIS||. Sendo assim, ao Norte ficava a ||PLANÍCIE DO DIVINO SACRIFÍCIO||. Sim, aquele lugar maldito onde tudo aconteceu...

Onde... onde Lapis Lazulli foi selado em mim.

— Letícia! Está prestando atenção?! — A voz de Eifrim se levantou, com autoridade.

Eu chacoalhei a cabeça, como se tudo que tivesse acontecido antes daquele momento não tivesse passado de um sonho... um delírio momentâneo.

— Ah, ah... estou ouvindo, estou ouvindo, senhora! — respondi.

— Francamente, você anda tão distraída ultimamente! Essa distração pode acabar custando caro para você, garota — repreendeu.

— Peço perdão.

O que... por que eu estou dizendo isso? Ela não está mais viva. Tudo isso é uma ilusão!

— Certo, certo. Só tente não perder o foco até o dia do rito, está bem? — Sua voz era dura, mas a forma como ela falava era agraciado com a doçura das palavras de uma mãe.  — Então, vamos continuar de onde paramos?

 — Certo. Vamos continuar.

Rito? Aquele rito? E por que eu estou dizendo isso?

— Muito bem... — Ela puxou seu arco das costas, um arco médio de madeira. As flechas estavam cravadas no chão, um total de 15 flechas espalhadas entre nós e pelo ambiente. — Consegue me acompanhar, jovem?

Empunhei minha arma também, um arco de madeira igual ao de Eifrim e um faca de caça simples. Minhas únicas armas e amigas fieis durante o longo treinamento na floresta gélida.

Aquelas flechas haviam sido espalhadas propositalmente, por ela, então analisei bem o campo onde eu estava; flechas no chão, nas arvores e algumas cravadas na capa de gelo do lago; umas entre arbustos, outros em meio a montes de neve. Eu tinha que escolher bem onde eu pisaria, ou Eifrim poderia tomar vantagem disso.

— Começar. — Eifrim projetou seu corpo para frente e disparou em corrida. Que veloz! — Pensa rápido!

Ela apanhou a primeira das seis flechas que estavam no espaço entre nós e atirou. A seta rasgou minha bochecha; um tiro de aviso. Eifrim não erraria um alvo fácil como eu.

Pressionei a mão no rosto e soltei um grunhido, porém serviu para me acordar para o combate. Comecei a correr quando ela alcançou a segunda flecha e a atirou contra mim, dessa vez atingindo o tronco que usei de proteção.

Primeira lição, menina — disse Eifrim, apanhando as 4 flechas restantes. — Nunca deixe o inimigo tomar a iniciativa.

Ela atirou para o alto, a flecha descrevendo uma trajetória em arco até atingir algo entre os galhos. Não entendi o porquê até que vi algo se soltando entre a madeira. Uma corda! Droga, era uma armadilha!

Rolei para fora da proteção do tronco e uma rede se levantou de onde eu estava agachada há pouco tempo. Foi por pouco! Por que tinha uma armadilha justamente ali?

No entanto, agora eu estava desprotegida. Avistei Eifrim correndo por trás das arvores e preparando mais uma flecha. Meu instinto acionou minhas pernas que também começaram a correr e pular.

Eifrim atirou a primeira, a segunda, a terceira flecha, mas não conseguiu me acertar. A terceira passou perto de atingir minha perna, mas consegui ser mais ágil. Na direção que corri, duas flechas jaziam cravadas em um tronco na minha frente e as apanhei no meio da corrida.

Me virei para devolver os ataques, mas ela sumiu da minha vista. Eifrim desapareceu em meio ao bosque nevado.

— Os inimigos não irão dar tempo de você sequer pensar ou agir. — A voz dela era como um de um espectro, sondando todo o ambiente, ecoando por todos os lugares. — Tem que estar sempre um passo à frente. Agir primeiro, atirar primeiro, matar primeiro...

Olhei de canto em canto, mas não conseguia encontrá-la, não conseguia ouvir seus passos, prever o que faria. Eifrim se misturava ao ambiente de tal forma que ela não estava em lugar algum, mas também aparentava estar em todos os lugares.

Então eu me virei...

TACK!

Eifrim me atingiu com sua faca de caça, mas bloqueei, colocando o arco na frente. Ela estava colada comigo, nós duas trocando forças enquanto aqueles olhos de águia esquadrinhavam minha alma. Como se soubessem o que eu estava pensando, o que eu iria fazer a seguir... Aquele olhar de quem vai me matar.

Segunda lição, pequena. — Ela forçou um pouco mais seu punho contra meu arco e a ponta da faca perfurou meu ombro. Soltei um grunhido antes de ela continuar: — O inimigo que você não ver, vai te matar.

— Merda! Você... me esfaqueou, maldição! — xinguei, colocando ainda mais força para empurrá-la pra longe.

Terceira lição. Arqueiros não usam apenas o seu arco... — Ela virou o corpo e me chutou bem na boca do estômago, me fazendo rolar no chão de neve dura e gelada até bater em uma pedra. — Nós também somos sobreviventes e mestres no combate corpo-a-corpo. Usamos armas, usamos nossos punhos, usamos todo o ambiente, mas sempre conseguimos sobreviver.

Eu me levantei com certa dificuldade, a respiração saindo dolorida por causa do golpe. Peguei minha faca de caça em mão e corri em direção à Eifrim.

Quarta lição, pequena Letícia... — Eifrim se montou em uma postura defensiva, a sua faca de caça em riste.

As duas lâminas retiniriam ao nosso encontro, voando e dançando em golpes rápidos, liberando zunidos metálicos que cortavam o vento.

Eifrim enroscou seu braço ao meu pulso para me desarmar, mas me agarrei ao seu gibão de couro rapidamente e me segurei nela, tentando derrubá-la. A arqueira projetou seu corpo para frente e rolou junto comigo, arrancando minha pegada da sua gola.

Meu arco estava ao seu alcance quando ela rolou para frente e, em um arbusto próximo, uma flecha estava escondida.

— Leia cada movimento do seu oponente e antecipe o próximo. — Ela posicionou rapidamente a flecha, no meio de uma cambalhota, e atirou.

Me livrei do ataque pulando para a esquerda, mas não encontrei chão.

— Drogaaaaaaaaaaaaaahhhhh!! — Não percebi que estávamos próximos do barranco que levava para o ||LAGO DOS ABISSAIS|| e capotei vários metros abaixo até ser freada por um tronco caído, a poucos metros do lago.

Minha visão ficou opaca, terra aquosa e folhas e neve preenchendo minha boca e meus ferimentos. Eifrim desceu logo em seguida com manobras e saltos graciosos como o de uma gazela.

— E por fim... — Ela estendeu a mão na minha direção ao chegar mais perto. — Sempre avalie o terreno onde pisa.

— Mas que... droga... — Aquela queda tinha me quebrado toda. Eu não tinha força nem para mexer um braço e meus ossos agora eram como farinha.

Não me lembro de muita coisa depois disso, mas depois que despertei, estava nas costas de Eifrim, que me carregava por uma trilha aberta. Alguns flocos esparsos começavam a cair, anunciando uma tempestade.

— Acordou, Letícia? — A voz de Eifrim agora era doce e amistosa, muito diferente daquele tom frio e afiado de antes. — Já estamos indo para casa. Não se esforce muito.

Meu corpo inteiro latejava de dor em vários cantos e eu já estaria gritando e gemendo se não fosse pelo efeito anestésico que o vento frio e os flocos de neve causavam em meu corpo — e também alguma pomada curativa que Eifrim usou em mim.

— Acho que por hoje já chega para você — disse Eifrim entre suspiros.

— Eu... fa-f-alhei de novo? — Até pra falar doía.

— Não se force tanto, Letícia — Eifrim respondeu em um tom mais relaxado, descontraído. — Está chegando o grande dia e eu creio que você está mais que pronta.

— P-p-pronta?

— Isso. É uma surpresa para você. Acho que você vai gostar, hihi. ♥

Gostar, é? Eu me lembro de sorrir alegremente ao ouvir aquelas palavras, em ansiar por coisas boas diante da promessa da minha tutora. Ela realmente me disse aquilo com um sorriso sincero.

Ou pelo menos... eu pensei que fosse.

— E aqui está! Letícia! Essa será a próxima que servirá de receptáculo para Lapis Lazuli! — o Grande Sacerdote da [ORDEM DAS ASAS GÉLIDAS] bradou. Todos vibraram em resposta, levantando punhos fechados.

E eu não entendia nada do que acontecia. Não sabia o destino cruel que me aguardaria; os aplausos, os encorajamentos, enquanto todos sorriam para mim e gritavam meu nome, apenas serviram para mascarar o verdadeiro propósito daquela noite.

Eles não estavam felizes por mim. Estavam felizes porque eu serviria de sacrifício para abrigar o tal deus dragão deles. Queriam uma imagem em um pedestal para adorar, para que, de alguma forma, eu desse algum sentido para as vidas miseráveis que levavam.

Eu não sou... quem vocês pensam que eu sou. Eu não... eu não...

Eu não sou uma deusa! Eu não sou Lapis Lazuli!

— Renasça, criança! Renasça e salve a nós e toda essa terra com o poder do dragão de gelo ancestral! — Essas foram as palavras do Grande Sacerdote antes da cerimônia começar.

Em meio àquela planície, cercada por montanhas e em um céu nublado, eu e o último hospedeiro do dragão ancestral, um senhor com roupas frondosas e cerimoniais, estávamos lado a lado, amarrados a uma mesa de pedra com inscrições mágicas pintadas com sangue.

E congelada de medo eu estava. Meus braços e pernas paralisaram e só conseguiam tremer. Eu mal conseguia respirar ou soltar mais do que arquejos desconexos. Enquanto eu escutava as conjurações das várias vozes de todos os membros da [ORDEM DAS ASAS GÉLIDAS], todas em uníssono, e observava o céu revolto abrir sobre nós, meu coração acelerava cada vez mais e mais.

Minha garganta havia secado ao tentar repetidas vezes gritar, mas nenhum som saía. Meus olhos vítreos estava focados no céu, e o velho ao meu lado também estava com seus olhos fixos nas nuvens que se remexiam como se estivessem vivas, os trovões ribombando no céu como deuses enfurecidos.

E seu semblante era assombrosamente sereno, como observando uma bela paisagem. Ele já havia aceitado seu destino e estava pronto para abraçar a própria morte. Isso só fez eu perder a cabeça ainda mais, afogada em um pânico sufocante.

E ao término da interminável conjuração coletiva, um trovão atirado pelos próprios seres divinos rasgou os céus e marcou meu peito em um impacto brutal. Meu corpo se debateu violentamente em resposta ao impacto e senti uma dor que nunca havia sentido, nem nunca sentirei em toda a minha vida.

Outro desceu logo em seguida, dessa vez sob o peito do velho, que convulsionou tão violentamente quanto eu, mas por pouco tempo. Seu corpo ficou inerte segundos após a explosão incandescente e então, uma aura azul gélida e carregada subiu das narinas inertes do cadáver como uma nuvem, uma aparição tórrida que sobrevoou e preencheu todo o céu acima da ||PLANÍCIE DO DIVINO SACRIFÍCIO||.

— Eis ele! O nosso salvador! Ó, grande Lapis! Nos salve! Salve essa terra! — O Grande Sacerdote estava em êxtase.

SALVE-NOS! SALVE ESSA TERRA! — todos bradaram em uma só voz, de mãos erguidas.

Aquela aura, que era como uma explosão de um milhão de geleiras e nevascas sobre toda a cadeia de montanhas que delimitava a planície, se expandia cada vez mais em brilho e poder. Majestosa, etérea, irredutível. Uma verdadeira silhueta divina que ficava, a cada minuto, mais e mais parecido com um dragão.

Sua verdadeira forma. Era Lapis Lazuli que sobrevoava sobre nós... sobre mim.

E então toda aquela presença aterradora e bela, aquele poder esmagador e gélido, foi comprimido e reduzido à um tornado de gelo e cristal, cintilando e resplandecendo em um show de luzes juntamente com os raios que pipocavam no céu, e foi sugado pelo meu... corpo de ossos pequenos.

Bom... eu poderia me dar ao luxo de me chamar de pequena, só daquela vez. Diante daquilo, todos nós éramos como formigas insignificantes.

Mas eu não consegui acompanhar nada além do óbvio; nem uma luz, nem vozes, nem formas ou cores, mas apenas uma escuridão barulhenta onde eu era apenas uma pedra sólida com ondas e mais ondas se chocando contra mim.

Ondas de dor lacerante. Ondas de energia tão gelada que queimava, tão intensas que ameaçavam me carbonizar de dentro para fora. Uma energia tão pesada que era como se minha própria alma estivesse sendo despedaçada, esmagada por uma pedra 10, 100, 1000 vezes maior.

O sofrimento estava longe de acabar.

 

Por quê?! Por que fizeram isso comigo?! Por que me escolheram para carregar esse fardo tão pesado? Por que... por que me reduziram à isso?

 

Pisquei várias vezes e já me encontrava em outro lugar. Na floresta de novo, mas não mais a floresta de antes. Era uma floresta feita inteiramente de gelo. Um rochedo imponente se erguia ao extremo Norte, como o bico de um falcão em pleno mergulho.

O pico se erguia até perfurar uma massa negra e carregava de nuvens que nunca pareciam descansar, nunca paravam de despejar neve. Estação após estação, uma tempestade após a outra, aquele céu fechado nunca seria aberto novamente.

Esse é o ||SACRÁRIO DE LAPIS LAZULI||?

Sim... esse era o lugar. O lugar onde me prenderam. Me empoleiraram sob uma pedra ornamentada, uma gruta gelada como uma prisioneira... apenas para me terem como uma espécie de ídolo de estimação.

E lá estava eu. Cercada por uma floresta cristalina onde todas as arvores congeladas pareciam se ajoelhar perante a grande montanha nevada que se levantava até os céus.

E sangue... sangue banhava meus pés. Meus olhos estavam petrificados diante dos corpos estraçalhados demais, tão destruídos que ninguém poderia acreditar que foram humanos algum dia.

— E-E-Ei-Eifrim?! — Cada tentativa de falar era como passar uma faca garganta abaixo.

Seu corpo, da cintura para baixo, não existia mais. Havia sido reduzido a uma pilha de carne congelada e quebradiça no solo de neve enlameado. Da cintura para cima, queimaduras, cortes e uma estaca que destruiu seu pulmão direito completamente.

O frio estancou qualquer hemorragia, no entanto, os olhos de Eifrim já perdiam sua cor. A vida fugia deles enquanto lutava para montar uma frase.

— Le-Le-Le-tí-ci-a... — ela conseguiu dizer. — E-e-e-eu...

— Ei-E-Eifrim... por quê?! Por que você fez isso?! Por quê?! — As palavras saíam como sopros convulsos. — VOCÊ NÃO DISSE QUE IRIA FICAR PRA SEMPRE AO MEU LADO, PORRA?!

Sua respiração falhava, seus pulmões congelados e destruídos falhavam em reunir o fôlego necessário. Ela nem mesmo conseguia mover sequer o único olho que lhe restara na minha direção.

— E-e-eu... se-se-sem-pre...

— Ei-Ei-Eifrim... — As lágrimas desciam congeladas dos meus olhos.

E em seus últimos esforços, seus lábios se curvaram para cima levemente, soltando nada mais que alguns suspiros fracos, quando disse:

— E-e-eu... te... o-o-ode-io...

E então algo se quebrou dentro de mim, tão forte que o som reverberou em cada canto ínfimo do meu ser, em cada lacuna vazia que agora era minha alma. Eifrim morria aos meus pés, junto com mais outros arqueiros que treinaram comigo e foram... gentis. Que... cuidaram de mim.

E era tudo... mentira. Mentira! Mentira!

E um rugido escapou de mim como se fosse o estampido do próprio Lapis Lazuli, irrompendo pela tempestade da noite. A nevasca... o gelo e a dor que se libertaram do meu coração... o próprio dragão de gelo ancestral estava solto para consumir tudo, afogar todo aquele mundo de gelo e assim o fizemos.

Assim fez Lapiz Lazuli.

Começando por aquela planície infernal... junto com todos os seguidores da ||ORDEM DAS ASAS GÉLIDAS||. Uma onda frígida avassaladora que se assentava sobre o mundo, reduzindo tudo e todos a meras estatuetas de gelo. Pequenas, frágeis, quebradiças.

Nenhum deles entendeu, nenhum deles sequer teve tempo de correr. Apenas seus rostos de puro pavor estava agora esculpidos em gelo cristalino. Assim como arvores, animais e monstros... tudo agora não passava de uma vastidão glacial e sem vida.

E no meio dela, eu me fiz uma rainha de coroa despedaçada.

 

 

 

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De volta ao corredor...

 

Por quê? Por que eu vi tudo isso? Olhei para minha mão segurando o arco de gelo e ela estava tremendo... não só tremendo. Não só ela. Meu corpo inteiro era confusão tremulante, meu rosto o retrato fiel do próprio desespero ao rever aquelas... lembranças?

Quando pisquei de novo, em um passe de mágica, eu estava de volta ao corredor escuro da torre.  

Não é óbvio, Letícia? — Aquela voz de novo. Eifrim ainda estava atrás de mim. — Você sequer consegue ver o que está bem na sua frente.

— Consigo ver um fantasma apenas — respondi, lutando para controlar a voz e o corpo. Era uma luta comigo mesma para manter a calma. — Você não tem mais controle nenhum sobre mim.

— Huhuhu..., mas estou aqui, não estou? Bem aqui na sua frente. E pelo que eu me lembre... — Ela colocou seu arco a postos. — Você nunca conseguiu ganhar de mim, nem mesmo uma única vez.

— Sempre tem uma primeira vez pra tudo. — Deixei o arco de gelo pronto também. — Você me entregou isso... você me deu Lapis Lazuli por uma razão, Eifrim. — Uma flecha de gelo apareceu armada. — E está na hora de descobrirmos qual.

Ela riu enquanto dava de ombros. Mesmo depois de virar um fantasma, minha antiga tutora ainda continuava com a mesma personalidade debochada de antes. Era até de certa forma... nostálgico. Talvez eu gostasse disso.

Eifrim fez o mesmo e então nós duas estávamos com nossos arcos, o meu de gelo e o arco espectral dela, um apontado para a outra. Tutora e tutorada. Discípula e mestra. Mãe e... filha. Engoli em seco.

— Concordo. — Ela fez uma pausa e sorriu para mim. Aquele sorriso de novo. — Talvez você consiga recuperar o que está... “faltando”, com isso.

— E o que seria?

Com outra risada, ela responde:

— Vai ter que me derrotar para descobrir.    

 

 



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