Volume 1 – Arco 4
Capítulo 46: Canção do Gehenna
De volta à ||FLORESTA DO GEHENNA||...
Certo... eu já estava me arrependendo HORRORES de ter me intrometido nos problemas alheios — de novo! HOR-RO-RES! Que droga! Aquele lugar era 5, 10 vezes mais assustador à noite!
Calma, calma. Respira fundo. Um, dois, um, dois, um, dois... ah, respirar fundo é o caralho! Não estava dando certo! Sons ecoavam por todos os lugares; e aquela canção que a senhorinha citou antes...
Assim que passei da fronteira que separava a tundra da floresta de arvores secas, comecei a ouvir. A princípio um sussurro jogado ao vento, mas depois ia aumentando de intensidade conforme avançava por entre o terreno maldito.
A terra era como areia movediça sob meu pés, ameaçando me engolir a cada passo. As arvores de troncos secos e distorcidos que formavam rostos macabros se tornavam ainda mais ameaçadores com o jogo de luz e sombra da lua, como se ganhasse vida de fato. Também tinha a impressão de estar sendo seguida desde minha entrada ali.
Que droga, que droga, que droga... por que eu sempre fazia essas coisas? Sem falar que, dependendo do que fosse encontrar lá dentro, eu poderia atrasar minha missão principal. Um ato sempre duramente repreendido por Thays, que sempre foi a mais racional de nós duas.
Parei em uma intersecção, meu próprio receio me impedindo de continuar seguindo adiante, para o coração da ||FLORESTA DO GEHENNA||. Não era meu intuito me afastar tanto da cidade — quanto mais próximo eu estivesse do meu destino final, melhor —, no entanto, talvez não fosse possível atraí-la para fora daquela floresta de morte e névoa.
E então como uma percussão sombria àquele canto, sons de passos rondaram o lugar. Leves e ondulantes, como se quem estivesse lá comigo não tivesse peso, marcando um ritmo quase imperceptível para sua canção.
Metade... Metade... ♪
Você é apenas metade ♪
Sua canção... mudou?! Um baixo cantarolar agora se tornava uma voz fria e espectral, beijada pela noite... se aproximando, se aproximando. Um ritmo melancólico e lento, como uma canção de ninar — não estava mais para uma caixinha de música —, marcada por batidas de sinos, iniciou em algum lugar.
O coração acelerou e invoquei meu arco de gelo rapidamente, me preparando para o combate.
Você e o dragão são metade cada ♪
Que só se olham de relance ♪
Mas uma metade está fora de alcance ♪
Dragão?! Ela... estava falando de Lapis Lazuli? Mas... como? Essa mulher... me conhecia? Conhecia minha Relíquia Hospedeira? Algo como um nó se fez na minha garganta, os dedos tremendo sob a empunhadura do arco de gelo — e pelo tremor que senti no arco, Lapis Lazuli também parecia inquieto.
Você tem apenas meia alma ♪
Perdida no meio da tempestade ♪
Para onde foi... a outra metade? ♪
Alguma coisa se contorcia dentro de mim ao ouvir aquela canção. Uma cascata de sentimentos que eu não sabia decifrar, escorriam por cada poro meu, por cada espaço vazio do meu pensamento. Eu... não conseguia parar de tremer.
E então, vi de esguelha uma pequena silhueta andando, cortando seções de arvores tortuosas. Era... uma criança? Uma criança andando pela floresta?
Está ouvindo isso, mocinha? É um choro de um pai que acabou de perder sua querida filha que adormeceu...
As palavras da senhorinha clarearam minha mente, enquanto eu tentava me concentrar em qualquer coisa que não fosse naquela maldita música. Aquilo que vi era a criança que desapareceu? Ou estava começando a alucinar por conta daquela canção fantasmagórica?
Não... se tivesse alguma chance de ser a menina que sumiu, eu tinha que verificar. Eu tinha que salvá-la, assim como salvar as outras pessoas que foram levadas — e claro, deter quem quer que fosse que estivesse cantando.
Então saí daquela encruzilhada e segui seus rastros, de arvore em arvore, cada uma formando um rosto e uma forma mais medonha que a outra, enquanto tentava não tropeçar em raízes retorcidas e no solo irregular pelo caminho.
A música continuava e continuava na mesma altura, não importava aonde eu estivesse ou para onde eu fosse. Era como se fosse onipresente, sendo carregada e espalhada pelo próprio vento. Eu mal conseguia ouvir os estalos do cascalho se partindo com os passos dela, ou mesmo dos troncos rangendo.
Perdi ela de vista, mas continuei seguindo seu possível rastro até que cheguei a o que devia ser uma clareira em algum tempo em que aquela floresta tinha vida. Parei arfando ali, olhando de lado em lado, procurando por qualquer movimento e silhueta no ambiente.
E nada. Completamente nada. Eu a perdi de vista.
Metade... metade... ♪
Dentro de você, ela reside ♪
Batendo dentro de você, uma vida preciosa ♪
Balancei a cabeça com os ouvidos tapados, tentando me libertar daquilo, daquela música. Mas eu não conseguia... não conseguia! Eu podia correr, tapar os ouvidos, enterrar minha cabeça, estourar os tímpanos, mas ela estava lá! Droga, droga, droga!
— Menina! Consegue me ouvir! Se você estiver aí, acorde! Responda! — Sem resposta. Minhas pernas começaram a pesar.
O que você estava perdendo, ela foi capaz de preencher ♪
Até a última gota, sem se perder ♪
E assim, seu destino agora está selado ♪
Algo se revirou em minhas entranhas. Não... era mais profundo que isso. Algo se contorcendo dentro de mim... na minha alma. Lapis Lazuli? Era Lapis Lazuli? Minha Relíquia Hospedeira estava... reagindo à canção?
Por um momento, senti que iria apagar, como se as pálpebras dos meus olhos estivessem ficando cada vez mais pesadas à medida que a música avançava para seu encerramento fúnebre. E mais e mais meus músculos se tornavam mais difíceis de mover. Droga...
— Que feitiço... é esse?
Mas continuei avançando cegamente pela floresta, procurando pela menina, — de arvore em arvore, clareira em clareira, intersecção em intersecção — quando um grande espaço se revelou; um afluente do ||RIO DAS SEREIAS|| cortava aquela porção da floresta. Lá outra figura borrada pelas sombras estava parada na borda do rio, enquanto uma cortina de névoa dançava envolta dela.
Ela estava sentada sobre os joelhos, a menina dormente repousando em seu colo enquanto ela deslizava mãos pálidas lentamente sobre seus cabelos e testa — como uma mãe faria. Estava usando um vestido branco, rasgado em alguns lugares, que por vezes se mesclava à sua pele branca demais como se roupa e pele se unissem em uma só coisa, se não fosse pelas dobras e manchas de sujeira aqui e acolá.
Seus cabelos eram púrpuros como a senhorinha da cidade mencionou, como se uma constelação de estrelas no céu noturno dançasse a cada mecha, despejando a negritude da noite a cada fio. Seus olhos não podiam ser visto, bem quase todo seu rosto, deixando apenas seus lábios finos e descorados visíveis.
— Você... o que está... fazendo?! — Ameacei empunhar o arco, mas uma tontura desmanteladora me acometeu e eu caí de joelhos. — Porra! Eu... não consigo... ficar de pé.
O gelo do arco estalou em contato com o solo seco e barrento daquela parte da floresta e depois derreteu. O ambiente estava ridiculamente pesado, tanto que eu desesperadamente tentava aspirar um ar que não chegava aos pulmões. Fazer até mesmo o mais simples movimento se tornava difícil.
A mulher dos cabelos púrpuros levantou enquanto mantinha a criança dormente em seus braços e foi aí que tive outra surpresa: sua altura! Ela era imensa — devia ter pelo menos dois metros e meio de altura! — e seus cabelos também se espalhavam pelo ambiente como vinhas de uma arvore.
Ela deixou a criança dormente no lago imerso em uma capa de névoa e a menina afundou lentamente na água negra, sem resistir, sem gritar... dormindo. Sonhando.
— Droga... PA...RE!! — Porra, até falar estava difícil. Minha mandíbula parecia ser feita de pedra.
E então ela se virou para mim e a música recomeçou enquanto caminhava devagar até mim, seus passos suaves e tão leves que sequer pareciam tocar o chão enquanto seu vestido farfalhava suavemente com a brisa da noite.
Como se não tivesse corpo algum ali.
Uma metade e mais uma metade ♪
Iguais, porém distintas... ♪
Você e ele, duas metades juntas ♪
Eu tentei invocar o poder de gelo de Lapis Lazuli novamente, mas era inútil. Até mesmo minha Relíquia Hospedeira estava enfeitiçada por aquela canção. Eu não podia fazer nada enquanto observava com olhos semicerrados ela se aproximar e se aproximar e se aproximar...
Um grande espírito e uma criança meio crescida ♪
Amigavelmente juntos, amizade florescida ♪
Compartilhando um mesmo corpo ♪
Eu não conseguia mais me manter acordada. A última coisa que pensei ter visto foi seu vestido branco como a lua alta, farfalhando perto da minha cabeça. Um toque gelado em seguida me abraçou, me envolvendo enquanto minha mente... meu espírito se afastavam mais e mais, despencando no mais profundo e escuro dos abismos.
O abraço da própria morte.
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Em algum sonho perdido... talvez uma memória?
Frio... eu sentia tanto frio.
Por que eu sentia tanto frio?
Por que eu estava sofrendo tanto?
Presa em uma tempestade, eu sobrevivia.
E então aqueles braços quentinhos...
Braços quentes e amáveis me envolveram.
Me protegiam;
Me amavam;
Cuidavam de mim;
Eu não preciso de mais nada, não é?
Poderia nevar o tempo que fosse.
O céu poderia rachar o quanto quisesse.
Ali eu permaneceria... para sempre.
Eu irei cuidar de você, Letícia. Para sempre, estarei do seu lado.
Essa voz... Eifrim?
Eifrim... é você?
Não... não pode ser você.
Você me abandonou...
Você se foi... deixou este mundo.
E me deixou sozinha para morrer.
Para ser devorada.
Para sofrer...
Você não pode estar aqui.
Você não pode ser real.
Você não teria dito isso.
Não teria feito isso.
Você... é uma farsa!
Farsa, farsa, farsa, farsa, farsa, farsa, FARSA!
A única coisa que você me deixou...
Foi minha Relíquia Hospedeira.
Foi Lapis
E eu a odeio por isso...
Tanto que eu queria te matar eu mesma.
Mas eu sinto tanto sua falta
Queria tanto você aqui.
Por que teve que fazer isso?
Acorde, LETÍCIA!
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De volta ao mundo, nas profundezas do rio...
Acorde, Letícia!
Que voz era essa? Uma voz feminina tão poderosa, tão imponente, mais austera que qualquer soldado jamais pensaria em ser. E ela gritava com o som de um trovão rimbombando nos céus, ou o som de várias espadas colidindo no campo de batalha.
Um abraço... não era nada real. Aquilo, aquela sensação de calor, de carinho, de conforto, de proteção... tudo era mentira. Tudo era uma ilusão... uma ilusão! Eifrim havia me deixado há muito tempo. Ela não estava mais comigo e não havia mais nada que eu pudesse fazer para mudar esse fato.
Acordar... eu tinha que acordar! Me libertar daquilo!
Consegui abrir meus olhos de uma vez e acordei com um solavanco dentro da água. Dentro do rio! Meu corpo estava submerso naquele líquido denso e negro, o rosto desfigurado e horrendo daquela mulher agora preenchendo minha visão. Seus delicados lábios pálidos agora não passavam de uma bocarra de dentes podres e tortos, com a mandíbula exposta.
E seus olhos... seus olhos eram terrivelmente fundos e vermelhos, como faróis da morte. Rachaduras brotaram em todos os cantos do rosto e do corpo, como se não fosse feita de carne, mas sim de algum tipo de madeira ou gesso que agora estava rachando para dar espaço para sua verdadeira forma.
Seus cabelos agora se tornavam algo como tentáculos ou membros elásticos feitos de uma carne podre e decrépita que se enroscava no meu corpo como algas presas. Ela grunhia com sons bestiais abafados pela água e me empurrava para mais e mais fundo no rio, para meu túmulo aquático.
Eu me debati, lutando para soltar, socando e chutando debaixo da água. De novo, de novo e de novo... minha força contra a força dela. Mas era inútil. Ela devia ser algum monstro marinho para se mover tão rápido quanto se movia debaixo d’água, além de sua força esmagadora.
Meu fôlego estava por um fio! Se eu abrisse a boca, eu... eu...
Invoque... o arco.
Aquela voz de novo? Essa voz que até então eu nunca havia ouvido; uma voz severa de uma guerreira experiente e que sempre sabia o que deveria ser feito, como se ela estivesse escondida esse tempo todo. Eu seguiria aquela voz, mesmo que eu pudesse morrer... era minha única alternativa no momento.
Invoquei o arco e então o gelo começou a tomar conta de toda a agua, se espalhando como um fungo pelo líquido escuro e barrento. A besta em forma feminina se afastou de mim com um susto, rugindo enquanto abria e fechava aquela bocarra dantesca, lembrando um inseto.
No entanto, seus cabelos continuavam enroscados ao meu corpo. E isso foi o que selou o destino dela.
O gelo percorreu todo meu corpo e então se espalhou para seus tentáculos de carne pútrida antes que ela se desse conta do que tinha feito sem querer. Ao se livrar de mim, no entanto, ela somente se tornou uma alvo mais fácil para abater — e eu como uma caçadora, estava bastante grata.
A camada espessa de gelo avançava de fibra em fibra, músculo em músculo, assim como toda a água ao redor de si. A criatura se debatia no pouco meio líquido que restava entre nós, tentando voltar para a superfície, mas a realidade é que ela apenas se debatia inutilmente como um peixe pego na rede do pescador.
Antes de chegar até emergir, seus membros já estavam todos congelados e seu tronco era a próxima parte. Seu rosto terrível de monstro voltava a ser aquele rosto fino de uma mulher meiga e assustada, sem entender o que estava acontecendo. Enquanto isso, lá embaixo, eu já havia invocado meu arco de gelo e preparado um último ataque.
O derradeiro ataque do qual aquela aberração não escaparia, mesmo se tentasse.
— |MÍSSIL CRISÁLIDA|! — A pequena flecha esculpida de gelo se expandiu, tornando-se maior do que uma estalactite da maior caverna de qualquer região de ||REN DO NORTE||.
O projétil se formou de todo o meio líquido que restava, se unindo e se solidificando em algo maior, brutal. O projétil gigante em azul celeste rasgou o gelo fino feito da maior parte do rio e avançou rapidamente em direção ao seu alvo: a mulher dos cabelos púrpuros!
Aquela bestialidade, aquela ferocidade de um monstro sedento não existia mais. Antes da flecha relar nela, a única coisa que transparecia em seu rosto era o de uma mulher apavorada, seus olhos implorando por misericórdia.
E qualquer um que machucasse pessoas inocentes e criancinhas — e ainda por cima mexesse com as memórias dela... com as minhas memórias! —, não era digno de nenhuma misericórdia.
Então a flecha mágica de gelo gigantesco atravessou o monstro no abdômen com uma potência tão avassaladora que seu corpo foi carregado para fora do rio cristalizado, seguindo mais dois ou três metros para cima antes de explodir — e diag-se de passagem, que baita explosão! Gelo e carne e ossos se partiram em vários pedaços e pedras maciças de gelo que se espalharam pelos arredores após a explosão do míssil.
Nada para contar a história.
Quando emergi, o que sobrou daquele monstro travestido de mulher se dissolveu em um pozinho cintilante que foi carregado pelo vento, até desaparecer na vastidão do céu noturno. Após isso, o ambiente em volta começou a se distorcer terrivelmente como se fosse um pano dobrado.
Várias arvores desapareceram; terra voou e mudou de lugar, alguns trechos desaparecendo, outros surgindo; a afluente do ||RIO DAS SEREIAS|| que existia ali havia sumido completamente e dado lugar a uma trincheira imensa, repleta de cadáveres e ossos.
Meu estomago se revirou em 360° quando observei do que realmente se tratava: uma ilusão. Para esconder seu verdadeiro depósito de alimentos e manter todos os viajantes desconfortáveis e bem longe.
E a menina que havia sido levada estava lá, dormindo ainda, em meio à vários e vários ossos espalhados. Um rio de ossos, devo dizer... Até mesmo a sensação de estar molhada de há pouco tempo atrás agora não existia mais.
Até porque nunca existiu um rio ali para começo de conversa.
— Então tudo era uma ilusão desde o início? Causada por ela? — disse para mim mesma, observando a menina dormindo em um sono profundo, imperturbável.
No entanto, a música ainda continuou baixinha e novamente eu invoquei o arco, em estado de alerta. Aquele ataque mágico não foi o suficiente para matá-la?! Olhei de lado em lado, esquadrinhando a paisagem, agora parecendo mais “normal”.
— Onde você está? Se mostre?
Uma amiga... forte e gentil ♪
E você... que disparou o projétil ♪
Ela é a única que conhece sua solidão ♪
E então, a música cessou definitivamente quando a última luz daquele pó brilhante de seu corpo se desfez. Os sinos não eram mais ouvidos, a voz se calara.
As arvores ao redor voltavam a ficar frondosas e verdes e o solo se enchia de um capim viçoso, fustigando minhas canelas enquanto se moviam com o vento noturno. A terra até parecia mais fofa e mais viva quando olhei melhor.
Eu a derrotei... tenho certeza. Derrotei e salvei a criança. Mas... por que eu estava com um vazio tão colossal em meio peito? Por que eu me sentia tão oca, como se tivesse sido eu quem levara meu próprio ataque? Por que esse sentimento amargo de derrota?
Acho que a Thays tinha razão com aqueles discursos dela, no fim das contas.
Haverá batalhas que vai preferir não ter vencido.
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Enquanto isso, em ||ABSTERGO||...
PLAYER: [???]
A música... finalmente parou. Só havia o doce silêncio, agraciado com rajadas de vento geladas e serenas.
A música parou mesmo. Aquela doce e fatal melodia que por anos nos atormentava.
Aquela jovem de pele escura, de cabelos castanhos cacheados e dourados nas mechas; ela, que tinha o rosto tão distante e perdido, vestida com roupas de caçadora e armada com um arco e flecha para fazer a única coisa que a ensinaram a fazer... ela conseguiu.
Ela quebrou a maldição sobre essa cidade.
Ela nos libertou de um destino cruel que nos caçava há várias gerações.
Ela nos deu novamente a paz e a tranquilidade de uma noite de sono.
Ela. E foi apenas ela.
Queria ter pelo menos perguntando seu nome antes de ir.
— Até que enfim... o silêncio... o doce silêncio... — Meu corpo se inclinou para frente, meu pescoço se tornando incrivelmente pesado como minhas pálpebras. — Agora sim... depois de mais de 55 anos se dormir... eu posso... descansar. Em. Paz.
E então eu me permiti cair em meu merecido descanso com um sorriso no rosto.