Cheaters Brasileira

Autor(a): Kuma


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 34: O chefão é um deus de forja?

 

||FORNALHA||. No templo subterrâneo desconhecido, uma força esmagadora se aproxima!

PLAYER: [Juniorai]

 

Minha visão periférica se fechou. Um “modo teatro” se abriu, como limitando muito minha visão. Seria mais algum efeito estranho do bug? Eu poderia ser algo como...

Uma cutscene? O pensamento veio na minha cabeça como uma bala.

— Que inseto ousa perturbar meu trabalho? — Uma voz carregada e que lembrava o estrondo de um trovão preencheu todo o vasto corredor do templo.

Foi tão alto que os pilares do templo tremeram e o chão vibrava, balançando nossos pequenos corpos.

— AH QUE DROGA! — Tapei os ouvidos, mas só conseguia ouvir minha voz sendo abafada por um insuportável zunido. Mais insuportável que os sons do Picker.

Só do grito levamos uns dois segundos de [ATORDOAMENTO] até os tímpanos pararem de latejar e a cabeça de girar. Depois de sua voz, mais um som grotesco atacou nossos ouvidos, dessa vez da colisão dos portões de ferro com as paredes. Eles tinham sido totalmente escancarados por aquela coisa!

— Merda! — Grunhi, ainda coçando os ouvidos com o dedo. — Que droga é essa agora?

Tudo o que se pôs a nossa frente foi uma enorme sombra de um ser gigantescamente enorme e de corpo bem largo. Seus braços e pernas eram bem curtos em relação ao seu tronco, vestia uma armadura manchada de fuligem e tinha dois grandes chifres em seu elmo, um deles partido.

Isso me lembrava alguma coisa, mas eu não conseguia saber o que é.

A medida que ele caminhava na nossa direção, sua aparência ia se clareando pela iluminação dos archotes e rios de lava que escorriam nas paredes do corredor e logo pudemos ver exatamente o que era aquela coisa enorme.

E se tratava de um anão, só que tamanho extra grande! Ele tinha um dos olhos cego, uma barba grisalha trançada com alguns enfeites nas pontas e tinha muitos pelos pelo seu peitoral desprotegido e braços — sem falar daquele semblante horrível que parecia querer matar a gente. E estava coberto de fuligem e lava que escorria por entre seus dedos.

Puxei logo sua ficha para ver com o que teríamos que lidar. Quero dizer que tentei, mas não conseguia acessar aquela mecânica de enxergar status alheios. O que estava acontecendo comigo hoje?

 Nada do que eu estava tentando fazer hoje estava funcionando. O que me falta acontecer agora?

— Hmm? — Ele girou a cabeça de um lado a outro, parecendo procurar algo.

Ele não está enxergando a gente? Foi a primeira coisa que me veio à mente.

— E agora? — perguntou Arthur de cochicho. — Acho que o grandão aí não está conseguindo nos ver.

Arthur tivera a mesma ideia que eu. Acho que de certa forma que eu ainda não compreendia, nossas mentes estavam conectadas.

— Só vamos dar meia volta e sair de fininho então — respondi, virando meu corpo. — Rápido, antes que ele...

PRUUUM!

Um prego gigante afundou no chão bem na minha frente no momento em que eu já estava para começar a andar. Mais um ou dois passos e eu estaria empalado por um prego raiado gigante. Engoli em seco e recuei os dois passos que eu ia dar pra frente, caindo sentado no chão.

— Ah! Q-q-que merda!

— Achei vocês... — o anão gigante grunhiu, uma baforada quente como o de uma fole escapando de suas narinas. — O que pequeninos e frágeis intrusos fazem em meu santuário?

— É... Então... Não queríamos estar aqui, só que...

Eu me levantei bem rápido e tapei a boca de Arthur antes que ele dissesse mais alguma merda impensada.

— Assim — continuo de onde ele parou, tossindo. — Nós viemos aqui encontrar um Bigorn... Bijork... É...

— Bjorn! — Corrigiu Arthur, afastando minha mão da sua boca.

— Isso! Isso! Será que poderia nos levar até ele?

O grandão solta outra baforada quente e que quase nos assopra pra longe se estivéssemos mais perto.

— Bjorn... É o meu nome, criaturinhas indignas! — respondeu com um grunhido tão baixo e grave quanto ameaçador. Cada timbre de sua voz fazia toda a construção ao redor vibrar.

Ai... É o bichão mesmo!

— Ah, então... Você poderia...

Antes que continuasse a falar, Bjorn avançou um passo e quase nos pisoteou se não tivéssemos saído da frente a tempo. Ergueu seu martelo para o alto logo em seguida, fazendo-o brilhar com uma forte luz alaranjada.

Um tempo de conjuração simbolizado por uma barra que surgiu bem acima de sua cabeça e isso só podia significar uma coisa:

— Cuidado, Arthur!

— ...!

— |JULGO DO DEUS DA FORJA|! — Sua voz poderosa como a de um trovão ribombou dentro do salão e um grande martelo feito de uma energia que lembrava raios caiu sobre nossas cabeças.

Eu e Arthur escapamos por pouco; o martelo translucido de energia explodiu o solo de ferro negro, deixando apenas um profundo buraco fumegante em forma de quadrado no lugar. Eu engoli em seco.

Uma daquelas na cabeça provavelmente seria Hit Kill! Ainda bem que a esquiva, diferente de todo o resto, ainda estava em dia.

— Isso... Isso foi perigoso! — Arthur gaguejou, tocando-se para conferir realmente se estava inteiro.

— Parece que esse cara não vai ouvir a gente.

— Wiwiwiwi!

— Hmm. Conseguiram escapar da minha habilidade? Talvez não sejam tão insignificantes quanto pensei. — Estrondou Bjorn, ainda empunhando seu martelo. Ele não mostrava intenção de poupar nossas cabeças.

Acho que agora ele nos via como preguinhos andantes e incômodos que precisavam ser martelados.

— Ei! Por que nos atacou?! Só queremos conversar! — Gritei.

Picker já via a provável merda que estava para acontecer e já se escondeu em sua casinha debaixo da minha brafoneira.

— Com quem acha que está falando, pequenino? Acaso sabe quem eu sou? — Perguntou ele, parando a alguns metros de nós, sua aura monstruosa nos impelindo naturalmente a recuar. — Eu sou o coração dessa grande fornalha que nunca cessa de queimar, nem de dia, nem de noite. Sou a forja que sustenta toda a gloriosa e majestosa...

— Tá bom, tá bom. Sem auto introduções por favor! Se quer matar a gente, mata logo! — Interrompi, levantando a mão. — Que saco! Não dá só pra jogar esse martelão na gente de uma vez? Por que tem explicar toda a genealogia cósmica só pra esmagar uns insetos que nem a gente?

Arthur levantou uma sobrancelha, como se estivesse olhando para um deficiente mental. Bjorn soltou uma lufada de ar de suas narinas, se mostrando bem irritado.

— Pronto. Endoidou de vez...

— Wiwiwiiii! — Picker parecia desesperado.

— Quanta petulância, seu inse...

— AINDA DIGO MAIS — o interrompi de novo, esticando meu indicador na cara dele. — Em vez de ficar todo pomposo aí, enchendo essa boca cheia de barba dizendo que nós somos insignificantes, vem logo pra cima! Estou pronto, anãozão!

Eu terminei de dizer aquilo, mas eu estava quase botando os bofes para fora. Foi extremamente difícil para mim manter a pose depois de cortar a fala de um bicho daquele tamanho.

As pernas estavam tremendo tanto que eu achei que uma leve brisa seria o suficiente para me derrubar.

Principalmente porque eu ainda estava desarmado, meus poderes não estavam funcionando e ainda só tinha umas duas poções restando comigo. Diante daquelas palavras, algo corria pelas minhas costas e não era suor.

— E AI?! QUAL VAI SER MEU FILHO? VAI CHUPAR OU VAI LAMBER?

— Junior... que merda é essa que você tá fazendo? — Arthur perguntou aquilo com a voz rouca, pausada. — Onde é que tá a parte “diplomática” do negócio, desgraçado?

Eu esperava outra martelada na minha cabeça, como se eu fosse um prego, daquele monstro coberto de fuligem e fedendo a suor misturado com vinho, mas a única coisa que veio foi um súbito...

— GWABABABABABABABABA!

O desgraçado tá rindo? Não sabia se me sentia ofendido ou aliviado por ter arrancado algum alívio cômico de uma situação tão tensa como aquela. Se eu conseguisse conduzir bem a situação, acho que não precisaria correr mais riscos hoje.

Conservaria um pouco o meu couro e minha últimas poções de vida para uma ocasião mais crítica.

Só que seria muito paia se fosse assim, não é? Assim que parou de rir, o diabo do anão peludo gigante ficou inacreditavelmente sério de uma hora pra outra e voltou a nos atacar.

O martelo gigante de Bjorn arranhou a abóbada do lugar em um movimento em arco contra a gente, arrancando algumas faíscas no trajeto. O seu martelo gigante sugava o ar no percurso, o que tornava um pé no saco desviar.

Já bloquear... bem, vocês sabem o resto, né? Sem uma arma era praticamente impossível. E continuaria sendo mesmo que eu tivesse uma.

— Persistentes — voltou a dizer depois de quase trucidar a gente balançando aquela coisa. — Pois muito bem, estou vendo que vocês podem ter algum valor, mesmo sendo tão frágeis e medíocres. — O martelo se recolheu para perto dos pés dele enquanto ele reafirmava em alto e bom tom o quanto éramos insignificantes. Típico de um Chefão. — Talvez possamos fazer um acordo, o que acham?

— Acordo? — repeti, intrigado.

— Wiwiwiwi. — Picker já começava a buzinar no meus ouvidos de uma forma irritante, como um barulho incômodo de um despertador abafado pelo travesseiro.

Acho que ele devia estar me avisando de algo, mas se fosse o caso, o interprete — Arthur, no caso — de bolas olhudas aladas me diria.

— Não sei. Acha que podemos confiar no grandão? — questionou Arthur alisando o queixo, parecendo discutir com o bichinho.

— Que tipo de acordo você tem em mente, meu filho? — perguntei, mas já imaginando a resposta.

— Se vocês conseguirem me acertar pelo menos um ataque, reconhecerei o valor de vocês e ouvirei o que tem a me dizer.

Foda! Até parece que eu ia conseguir acertar ele com algo que não fosse o Picker, e eu acho que uma bola com asas daquele tamanho não serve pra arremessar.

Era tão previsível aquele discurso quanto o fato de que nós estávamos lascados naquele confronto.

— Ah, então senhor anãozão, não teria um outro jeito de...

— TOMEM SUAS POSIÇÕES! — Bjorn soltou um grito avassalador que dessa vez quase me deixa surdo de verdade.

A minha visão então se abriu de supetão, voltando ao normal. De repente, parecia que eu tinha criado olhos até na minha nuca de tanto que meu campo de visão se abriu. Comecei também a ver alguns elementos destacados pelo cenário, alguns amarelos, alguns em tons roxo e violeta bem claros.

Pontos manipuláveis, deduzi analisando com calma onde estávamos o que tinha marcado ao nosso redor. Isso não estava aqui mais cedo. Por que veio aparecer agora?

O martelo dele voltou pra sua mão e umas correntes meio que fantasmas brotaram da ponta do cabo e das suas mãos, produzindo várias descargas elétricas que ferroavam o chão. Para a minha surpresa, em cima de sua cabeça, uma sorridente e bem nítida barra de vida surgiu, contabilizando o total de 75.000.

Ah, mas que merda...

— |DOMÍNIO DO DEUS DA FORJA|! — Disse com sua voz trovejante.

Uma batalha de chefe havia acabado de começar, para o meu desespero.

Os raios se dispersavam cada vez mais, atingindo distâncias maiores. Tanto eu como Arthur ainda estávamos fora do alcance da habilidade dele, mas não podíamos contar muito com a sorte.

Os pontos onde os raios atingiam explodiam o chão e podiam torrar qualquer coisa que estivesse em seu caminho — bem prático por sinal.

Ficar parado era a pior coisa que podíamos fazer agora!

— Vamos nos mexer, Junior! — Arthur soltou o comando.

— Ah! Certo!

Juntos e sincronizados, corremos em direções opostas para confundi-lo. Como se já tivesse adivinhado meu pensamento, Arthur correu para a direção do olho cego do deus da forja.

Só esperava que ele não estivesse pensando que eu serviria de isca de anão tamanho família. Eu só estava tentando não morrer para o campo elétrico dele.

Os raios continuam castigando todo espaço daquele salão.

ZIU! ZIU! ZAP! BLAM!

Merda! Esses raios estão ficando maiores! Imaginei que daqui a pouco eles cobririam todos os lugares e não restaria escolha a não ser sair do templo.

— Cuidado! — Arthur gritou.

— Wiiwiwiwiwi! — grunhiu Picker debaixo da brafoneira sentindo os movimentos bruscos da corrida.

Um raio quase me pega de raspão, explode, queima, manda tudo pelos ares. Rolei no chão quente de ferro negro, lutando para manter o equilíbrio entre saltos, e pulos e cavalos de pau.

Arthur foi pelo outro lado, tomando distância para usar uma habilidade com Salamandra.

— |BOLA DE FOGO|! — Arthur ativa sua habilidade, mirando no chefe.

Só que o fogo não chegou nem mesmo a formar uma bola, se dissipando logo em seguida assim que saiu. As habilidades dele também estavam com defeito?

— O que?! — Arthur grunhiu, em choque.

— Que merda foi essa? Tá sem gás, Arthur? — perguntei tão irônico quanto retorico.

Já sabia que poderia ser resultado da anomalia mais cedo, mas ele ainda não tinha se tocado disso. Agora só reduzia nossas chances de vencer de “quase nada” para “nenhuma”.

Bjorn podia estar cego de um olho, mas ele não estava surdo. Ao grito de Arthur, o anão gigante balançou seu machado pelas correntes translucidas, criando uma tornado dentro lugar. Outro barra de conjuração surgiu em cima de sua cabeça, ao lado do giro do martelo.

Merda! Vamos ser arrastados, meu pensamento foi ágil para correr na direção oposta.

Bem... Eu disse que meu pensamento foi ágil, mas meu corpo não.

Quando tentei me afastar, a pressão absurda do ar sugou meu corpo pequeno até o olho do turbilhão.

— Cacete!

Arthur rolou alguns metros até conseguir cravar suas garras em um pilar perto. Abraçou o pilar como se fosse a namorada dele. Enquanto a mim, não tive a mesma sorte.

Só pude pensar em uma coisa:

|AUMENTAR CARGA|!

Para a minha sorte, dessa vez o sistema me obedeceu e a habilidade funcionou, fazendo meu corpo colar no chão. Demorou poucos segundos para que Bjorn cessasse com o giro do martelo.

Poucos segundos, um sinal visual despontou no meu campo de visão, em cores vermelho e cinza chapado, de forma nada amigável dizendo:

 

___________________________________________________

ERROR – X00000-1034[CONVERGÊNCIA]

____________________________________________________

 

Convergência? Eu ainda não era nenhum gênio ou acadêmico na área de programação, mas eu tinha certeza de que não existia nenhum erro chamado convergência, muito menos conhecia aquele código de erro.

O que será isso agora, pensei com um suspiro.

Não tive muito tempo para refletir sobre aquilo. Outro ataque feroz de Bjorn estava vindo com seu martelo.

Merda!

ZUIIIM!

Eh?! Desativei a habilidade bem rápido para me levantar, mas saí voando com o impulso que peguei no chão.

O martelão dele desceu reto e afundou no piso de metal negro, levantando uma nuvem de poeira. A pressão do impacto me empurrou ainda mais para o alto. Subi até chegar à abobada do templo.

Quando foi que eu ativei minha skill?

E outro erro. O mesmo erro piscou sobre os meus olhos.

ZUIIIM!

Ah, merda...

Quando senti o corpo pesar, me agarrei ao primeiro caibro de aço que vi na frente e me segurei firme.

— Porra! O que tá acontecendo com a merda desse jogo?!

— Wiiiwiwi!

— AGORA NÃO, PORRA!

— Junior! Você tá bem? — perguntou Arthur de longe.

O martelo enorme de Bjorn surgiu desde a nuvem de poeira, indo na direção de Arthur como um jato.

— Urgh! — Arthur grunhiu ao bloquear o ataque.

O impacto foi suficiente para jogá-lo contra um dos pilares da fileira esquerda, destruindo mais uns 2 no caminho.

— Droga! Se jogo pelo menos...

ZUIIIM!

— AAARGH! — Meu corpo ficou extremamente pesado de repente, como se eu tivesse usado o |AUMENTAR CARGA|. O peso brutal e repentino do meu corpo me sugou para baixo e quase quebrou o meu braço que ainda estava agarrado ao caibro.

O martelo de Bjorn ainda não tinha voltado. Eu estava caindo em cima de sua cabeça. Creio que se eu acertasse ele com aquela velocidade e peso, seria o mesmo que levar um bloco maciço de cimento bem no meio da cara.

Não era um ataque muito convencional, eu sabia, não tinha como cobrar um ataque estiloso de alguém desarmado. As vezes o mais antiquado é o que dá certo.

Acho que vai ser isso. Só tenho que chegar até ele, o corpo pesado estava um pouco difícil de manobrar no ar, mas consegui chegar perto o suficiente para...

ZUIIIIM! ZIUUU!

— Hã?!

Bjorn olhou pra cima de repente. É nessa hora que me senti uma muriçoca prestes a ser esmagada.

— Não esqueci de você — A voz dele trovejou. O ar tremeu com o timbre da sua voz poderosa e severa.

— Picker! Dá uma mãozinha aí!

Ele surgiu e enrolou sua cauda de diabrete no meu braço e me puxou, forçando meu corpo a se mover no meio do ar. Por algum motivo, mesmo com o peso extra, ele não teve dificuldade alguma para me puxar.

Um supetão sungou meu corpo pro alto no momento que Bjorn juntou suas mãos espalmadas — ele literalmente ia me esmagar como um mosquito — e uma rajada abrupta de vento e calou arranhou o meu corpo.

Semicerrei os olhos apenas na esperança de não ver minha barra de vida desaparecendo com um golpe daqueles, mas Picker conseguiu me puxar a tempo. Depois de várias cagadas consecutivas, finalmente aquela bolinha olhuda fazia algo que preste.

— Vai! Me solta — gritei em um sinal.

Desci de forma leve e natural e caí na frente de seu elmo, onde seria sua testa.

Ué... Eu não estou mais pesado? O efeito de |AUMENTAR CARGA| cessou sozinho de novo, da mesma forma como o |REDUZIR CARGA| ativou sozinho.

— O que pensa que está fazendo, vermezinho irritante?! — rugiu Bjorn, sem conseguir alcançar seu rosto.

Seu martelo girava e girava, e girava mais ainda, fulminando todo o espaço em volta.

Seus braços eram muito curtos e musculosos para me alcançarem no topo do seu cabeção protegido por um elmo. Estava completamente seguro se ficasse ali.

Lá de cima, eu tinha uma visão ampla de tudo que estava ao meu redor. De lá consegui enxergar Arthur escondido atrás de um pilar detonado a alguns metros de onde estávamos. Agora eu só tinha que...

ZUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM!

Que merda de chiado é esse na minha cabeça?

— WIIIIIIIIWIWIIIIIII! — Picker também estava sofrendo com aquele barulho pelo modo como cobria os lados do olho com suas asas.

E por acaso eu disse que uma bola olhuda tem lados? E onde será que fica os ouvidos daquela coisa?

Eu ouvia aquele barulho insuportável na minha cabeça de repente. Como se alguém tivesse dado uma bicuda eletrizada em um microfone. Uma distorção terrível em uma caixa de som no volume máximo.

Eu sentia que poderia enlouquecer com aquilo. O mundo pareceu desaparecer para mim por alguns instantes, até eu recuperar o juízo. Os sentidos estavam todos zoados com toda aquela estranha cadeia de acontecimentos, mas ainda pude sentir meu corpo ficando extremamente pesado de novo.

A minha habilidade... ela se ativou de novo!

— AAAAAAH, DESGRAÇAAAAAAAAA!

E então, sem nenhum aviso prévio ou chance para revidar, eu afundei no chão junto com a cabeça do nosso boss, seguido de um “PIM” mental que queria me dizer:

 

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-| MISSÃO COMPLETA |-

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