Cheaters Brasileira

Autor(a): Kuma


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 25: Estranhamente familiar

 

||TORRE DO MAQUINÁRIO||, a batalha contra a senhora da torre tomava seus rumos.

PLAYER: [Juniorai]

 

*VAAASH*

*CLING*

*CLAANG*

“Urgh! Droga!”

Realmente estava mais difícil do que eu pensei que seria. Aqueles robôs eram osso duro de roer – ou seria metal duro de amassar?

Mesmo usando as minhas habilidades, os danos eram mínimos. Diferente dos outros guardiões que encontramos no caminho para cá, Gigaton e Megaton pareciam ter o dobro da blindagem do restante.

O que de certa forma também nos ajudava, pois eram bastante lentos – tirando Gigaton que vez ou outra ligava um boost e vinha para cima com grande velocidade.

 


NOME: GIGATON

RAÇA: GOLEM

PORTE: GRANDE

NÍVEL: 25

HP: 155.000/155.000

ESCUDO: 50.000/50.000

HABILIDADE: RAIO SIGMA

- BROCA PERFURATRIZ

- LANÇA CHAMAS

- PROPULSÃO ACELERADA

DESCRIÇÃO: Grande Golem que guarda a sala de Riful do Maquinário. Possuí grande resistência em sua couraça metálica e ataques que atingem uma grande área, mas que são lentos.


 

Uma coisa que eu havia notado – meio que sem querer, na verdade – era que as descrições começavam a se tornar um pouco mais detalhadas para mim. Me perguntava o porquê daquele fenômeno.

Talvez o próprio jogo estivesse se moldando com o passar do tempo; talvez eu tivesse aumentado de nível ou talvez fosse a influência de Picker ao meu lado.

Muitas possibilidades... enfim, eu não podia me dar ao luxo de pensar em detalhes como esse no momento.

Tinha uma bola de ferro gigante de longos braços com pinças de metal enormes querendo me partir ao meio nesse exato momento!

“Ainda resistindo... invasores. Que... persistência... admirável...”, a voz de Riful ecoava em milhares de voz dentro daquele espaço.

“AH, MERDA! DÁ UM TEMPO!”

No momento que eu parei, um ataque veio por trás na forma de uma broca que perfurou o solo. Em um reflexo instintivo, eu saltei para frente e rolei, me livrando do ataque.

“Ai! Essa foi...”

A outra garra pinçada agarra meu corpo e me arremessa até a parede mais próxima. Minha visão rodopiou e perdi a noção de espaço com a força do impacto, apenas enxergando as piscadas em vermelho na minha visão mostrando que estava levando dano. Tudo ao meu redor passou bem rápido até encontrar o preto da parede o vermelho do dano sofrido.

“Droga! Me quebrei!”, de repente, Picker surgiu de dentro da minha brafoneira se esgoelando com o impacto repentino.

WIWIWIWIWIWIWIWI!

“É... também doeu em mim, porra!”

“Giga... ton... Mega... ton...”, Riful começava a repetir aquilo direto, com seus olhos fechados e postura meditativa.

Não tive muito tempo para pensar o que seria, pois já tive que desviar de mais dois golpes perfurantes e que seriam potencialmente letais se acertados diretamente, um pela esquerda e outro pela direita. Rolei o mais rápido que consegui e avancei com o machado em posição.

No momento que um dos braços dele iria me pegar na minha corrida, eu saltei por cima e o usei de pezinho para passar por cima do grande robô em um pulo quase olímpico – só em jogo mesmo! Nunca daria um salto desse na vida real!

Passei por cima e ele pareceu me perder de vista por um momento. Foi a oportunidade que tive para desferir um golpe com Wingslash.

“|AUMENTAR CARGA|!”, gritei e o atingi com um golpe pesado do machado.

No momento do impacto, várias fagulhas resvalaram do local onde acertei o golpe e uma explosão sonora metálica agrediu meus ouvidos.

O robô era duro demais! Meu corpo tremeu com o golpe que apliquei na rigidez daquela carcaça de metal e só percebi que dos incríveis 50.000 de escudo que aquela coisa tinha, apenas 500 haviam sido tirados naquele ataque!

“Ah, tá de brincadeira comigo, né?”

Como alguém que espanta uma mosca, o robô se virou e me jogou para longe com um de seus braços que mais lembravam tentáculos de metal.

Mais duas daquelas e o famoso DANGER já iria aparecer na minha tela.

“Arf! Arf... merda! Não tem... como perfurar essa coisa?”

Lá longe, do outro lado do grande salão mecânico, Arthur também parecia estar tendo dificuldades com Megaton, mesmo que o fogo lhe proporcionasse certa vantagem.

Seus movimentos eram mais ágeis e primorosos como os de um verdadeiro artista marcial, diferente dos meus movimentos de corno bêbado depois da noitada de sábado.

Ele esquivava e já contra-atacava rapidamente, mas por algum motivo não estava usando suas habilidades de fogo. Era algo que não fazia sentido, já que sua mana ainda estava quase cheia.

O que estava acontecendo com ele?

De qualquer forma, eu já tinha meus próprios problemas para lidar e eles eram do tamanho de uma bola de ferro gigante.

“Merda! Tu não dá um tempo, caramba!”, já esquivei de outra garrada frontal e corri para tentar um salto por cima dele de novo.

Consegui como da outra vez, mas sequer cheguei a aterrissar. O desgraçado me pegou no meio do salto, quando eu já havia passado por cima de sua pequena cabecinha oval e me jogou no chão com o impacto daquela garra, arrancando uma boa parte da minha barra de vida.

_______________

HP – 29.800/45.000   6.700

_______________

“Merda!”, disse, tossindo.

Mais outra garra veio arrasando o solo e me jogando longe, me fazendo capotar várias vezes antes de afundar no solo e com mais dano subtraindo meus pontos de vida. A única coisa que conseguia enxergar era a minha visão piscando em vermelho.

Balancei a cabeça, tentando recobrar os sentidos depois de tanto espancamento. Picker veio sobrevoando sobre a minha cabeça, apitando como um despertador irritante.

Wiwiwiwiwi! Wiwiiiiii!

“Agora não... Picker...”, disse empurrando-o e tossindo muito.

Estava muito tonto e com dores fortes em vários lugares – e até em lugares que eu mesmo desconhecia ou que não sabia que poderia doer. Contudo, Picker insistiu.

“O que foi? O que foi? O que você quer me mostrar?!”

Em quesito de “chatice”, ele e minha irmã disputavam o pódio pau-a-pau. Não me lembrava de algo que me tirasse do sério tão rápido quanto ele.

Wiwiwi! Wiwi, wiwiwiwi!”, tentei focalizar para onde apontava com sua cauda, mas estava difícil; minha visão girava muito e eu não conseguia manter o foco.

Porém, ele também não mirava em nenhum ponto em específico. Será que poderia ser os status do robô? Fiz uma rápida analise em sua ficha e algo surpreendente acontece!

 


NOME: GIGATON

RAÇA: GOLEM

PORTE: GRANDE

NÍVEL: 25

HP: 155.000/155.000

ESCUDO: 50.000/50.000

HABILIDADE: RAIO SIGMA

- BROCA PERFURATRIZ

- LANÇA CHAMAS

- PROPULSÃO ACELERADA

- RESISTÊNCIA: DANO [PSÍQUICO] Lv.1

- MOVIMENTOS PADRÕES: SALTO

DESCRIÇÃO: Grande Golem que guarda a sala de Riful do Maquinário. Possuí grande resistência em sua couraça metálica e ataques que atingem uma grande área, mas que são lentos.


 

Resistência a Psíquico? Quando ele...?!”, eu olhava para aquilo sem entender.

E de novo aquela coisa vinha rolando na minha direção! Ela queria me esmagar.

“|REDUZIR CARGA|!”, grito.

Saltei quase no mesmo instante e foi como se eu tivesse dado um grande salto na lua. Foi o bastante para eu conseguir planar e escapar de Gigaton, que passou direto até se chocar contra a parede. Aterrissei atrás dele, gemendo com a dor latejante do meu corpo.

“...”

Recuei – com extrema dificuldade – e tomei uma distância segura antes que ele conseguisse se recuperar. Quem sabe eu agora tivesse tempo para pensar, mesmo que ligeiramente, em tudo que estava acontecendo naquele embate.

 

“Droga... quando ele adquiriu resistência a tipo Psíquico? Será que foi quando eu acertei o primeiro golpe?”, um mar de dúvidas se formava na minha cabeça e eu seria afogado por elas em questão de pouco tempo.

 

Mas digamos que minha teoria sobre sua resistência repentina ao meu tipo de dano estivesse correta, isso significaria que ele era um robô inteligente? Ele estaria então se aprimorando com aquela batalha de forma que ficaria impossível de derrota-lo?

“Isso também explicaria por que ele adivinhou praticamente todos os meus movimentos até agora... como na hora do pulo...”, e pouco a pouco as peças iam se encaixando na minha cabeça.

Mas mesmo que eu tivesse descoberto aquele fato decisivo, não era como se eu tivesse mais próximo de derrota-lo. Por outro lado, agora eu sabia que tinha tempo limite para destruir aquela coisa ou ela iria acabar me matando.

Ela se recuperou e veio andando na minha direção com rapidez, usando daqueles tentáculos de ferro que soltava sons de ferro terríveis de suas dobradiças e várias articulações. Se eu usasse qualquer uma das minhas habilidades, sua resistência ao meu dano só iria aumentar.

Precisava de mais tempo para pensar, mas era a única coisa que eu não tinha. Além disso, a coisa já estava complicando para o Arthur também. Nesse ritmo, nós dois seríamos derrotados.

“|ZONA IMOBILIZADORA|!”

O circulo mágico se formou e o campo de força bloqueou o caminho da grande bola de metal, prendendo-o no lugar. Não sabia por quanto tempo, então tratei de ser o mais rápido possível.

“...”

“Certo... agora qual seria o ponto sensível dessa chapa?”, meus olhos percorreram toda a extensão da chapa de metal e foram parar no lugar mais óbvio e visível que aquele golem tinha: sua cabeça. “Deve ser ali...”

Preparei a //WINGSLASH//. Não era só uma aposta, mas também era a única que eu tinha.

“|REDUZIR CARGA|!”, saltei com a ajuda da minha habilidade o mais alto que meus joelhos podres permitiam.

Confesso que não foi o meu melhor salto – estava machucado e faltou a força nas pernas na hora de pular – e a altura não foi o suficiente para eu passar do topo de sua cabeça, então tive que forçar uma aterrissagem desajeitada, quase escorregando na lateral de sua chapa.

Enquanto isso, o robô resistia a minha |ZONA IMOBILIZADORA|, esperneando mais do que peixe na rede. Forcei ainda mais minha energia – que já era pouca, vale ressaltar – para manter o campo prendendo-o.

“Ah, PORRA! Para de se mexer aí!”, gritei e tentei uma impulsão destrambelhada para cima, mais parecido com um escorregão do que com um pulo.

Eu estava mantendo naquele momento tanto |REDUZIR CARGA| quanto |ZONA IMOBILIZADORA| ativos, principalmente a última habilidade que mesmo em seu nível máximo, ainda tinha um consumo de mana absurdo. Já sabem que minha energia já estava indo pro saco, né?

Contudo algo inesperado aconteceu, mas que de certa forma era algo inevitável; Gigaton conseguiu se mover e quebrar a resistência do campo, dissipando a habilidade. Foi questão de apenas 3 segundos até que eu conseguisse alcançar o ar, e seus movimentos já estavam completamente livres.

Ainda lá em cima, conferi novamente sua ficha somente para comprovar minha teoria:

 


NOME: GIGATON

RAÇA: GOLEM

PORTE: GRANDE

NÍVEL: 25

HP: 155.000/155.000

ESCUDO: 50.000/50.000

HABILIDADE: RAIO SIGMA

- BROCA PERFURATRIZ

- LANÇA CHAMAS

- PROPULSÃO ACELERADA

- RESISTÊNCIA: DANO [PSÍQUICO] Lv.3

- MOVIMENTOS PADRÕES IDENTIFICADOS: SALTO, CORTE

DESCRIÇÃO: Grande Golem que guarda a sala de Riful do Maquinário. Possuí grande resistência em sua couraça metálica e ataques que atingem uma grande área, mas que são lentos.


 

“É... fudeu.”

 

E como se alguém tivesse apertado o pause, todo o mundo a minha volta parou. Pensei: ‘agora não tem mais volta...’ e ‘será que é agora que a minha vida começa a passar diante dos meus olhos? Se for isso, minha vida seria uns stories do Instagram? Não vivi porra nenhuma ainda...’.

Voltei para o presente e a primeira coisa que saiu da minha garganta foi:

“Agora vai que é sua, tabaréeeeeeeeeeu!!”

Em um ato instintivo – e esperando que um poder misterioso que nem poder de anime que é tirado do cu aparecesse – eu comecei a gritar enquanto mergulhava naquele disco chato de metal que mais parecia um Frisbee.

Gigaton então move seus tentáculos para tentar me agarrar no meio da queda, como alguém que tenta esmagar com a mão aquelas criaturinhas aladas que tiram seu sono a noite. Grudei o machado ao peito e lentamente ia fazendo o giro para cair de pé, concentrando tudo que eu tinha em apenas um ataque certeiro naquela área.

“|AUMENTAR... CARGAAAAAAAAAA|!!”

Deixei a ponta da lâmina do machado a mais pesada que consegui e juntei os dois braços para aplicar o golpe com o máximo de força.

*PAAAAAAAAAAAAM*

Acertei o ataque com força e velocidade extremamente violentas, fazendo parte do choque ser absorvido pelas minhas mãos, o que praticamente quase quebrou meus pulsos em um instante.

Um brilho branco meio alaranjado refulgiu no instante do impacto acompanhado de um boom estridente de aço colidindo um com outro. Foi apenas questão de poucos segundos que fechei meus olhos para não ser cegado pelo brilho intenso do ataque.

Meus pulsos trincaram e meus ossos estalaram todos de uma vez, com uma dor excruciante atingindo os meus dois braços de uma única vez. A lâmina de Wingslash se esmigalhou em vários pedaços e o cabo também se desmanchou entre meus dedos.

Meu corpo atingiu em cheio o topo da cabeça do robô como se fosse um saco de merda que acabou de ser arremessado.

“JUNIORAAAAAI!”, pude ouvir o grito de desespero de Arthur ao longe.

Mesmo com o corpo tão ferrado quanto minha consciência, ainda tive uma centelha de coordenação para rolar um pouco para a esquerda antes que uma das garras do robô terminasse o serviço de me esmagar.

O impacto foi severo e explodiu sua própria cabeça com a força da pinçada, me jogando a vários metros longe e me fazendo rolar mais do que moeda de 1 real quando cai do seu bolso.

“Argh! Que vontade... de beijar o chão... de novo!”, gritei, mas sem conseguir conter a ironia nas minhas palavras.

Wiwiwi! Wiiiiwiwi!”, Picker veio voando para perto de mim e ficou empurrando minha cabeça como se tentasse me socorrer.

Mas era tarde demais; o DANGER já estava visível para mim, só para me lembrar de que mais uma daquelas e era K.O.

Rastejei como um verme, sem conseguir mover meus braços direito por causa da dor. O chão tremia com as passadas pesadas de Gigaton, que vinha até mim para aplicar o golpe de misericórdia.

“Merda! Não vou ter tempo de me curar!”, pensei, arfando e tossindo.

Wiwiiiiiiiiiiiii!! WIWWIWIWIWIWI!”, Picker voava desesperado como uma mosca tonta.

“JUNIOR!”, Arthur tentava chegar até mim, mas era impedido por Megaton.

“Pa... ra...”, a voz de loli mecânica de Riful se fez ouvir em todo o salão. Não era agressiva, nem calma. Nem furiosa, nem calma.

Os dois robôs pararam momentos depois ao comando de sua mestra. Não sei se isso era algo bom ou ruim.

“Arf... arf... o que...”

E então um silêncio assustador preencheu aquele lugar. Nem o som de uma única peça ou engrenagem podia ser ouvido. Era como se o tempo tivesse parado.

E então o barulho de passos abafados no chão de metal quebraram esse silêncio. Tratei de rastejar mais rápido e então, me virar.

O som lentamente ia aumentando. Eram de coisas de metal batendo no chão suavemente e arranhando a superfície lisa – ou não tão lisa agora depois da batalha.

“Se ela demorar mais para chegar até mim, talvez... talvez dê tempo de eu tomar uma ou duas Poções de HP...”, raciocinei, avistando ela caminhar na minha direção ao longe.

Se ela resolvesse me atacar? Terminar o serviço com as próprias mãos? Ela ainda não estava com seu corpinho de menina completo; estava cheio de buracos e partes faltando, mas também não parecia com muita cara de quem iria parar.

Aquele olhar gelado... aquela sensação de quem iria transpassar uma lâmina pelo meu corpo.

Sequer pude demonstrar uma reação mais concreta. Tudo que se projetava da minha cara era uma expressão vazia de espanto e medo.

Por causa de seu corpo incompleto, ela vinha cambaleando e de vez em quando ameaçava tombar para um lado ou pro outro; os cabos grossos que ficavam ligados ao seu corpo e alguns mais fininhos que saiam de sua nuca arrastando no chão mecânico ao som de faíscas e o zunir das roldanas estralando em seu corpo pequeno... era a orquestra perfeita para fazer um cara que está quase sem HP se borrar de medo.

E então ela parou na minha frente, seu rosto sem algum traço de emoção ou mudança, se agachou perto de mim e falou:

“Como...”

“Como... o que?”, repeti tão lento quanto ela.

“Como... você conseguiu... esses... poderes...?”

Sem entender a pergunta ainda, eu apenas respondi qualquer coisa que veio na minha mente só pra ela não me matar.

“Eu... já vim para cá com eles.”

E pela primeira vez, aquele rosto inexpressivo era quebrado por uma face de espanto e confusão.

“São... os mesmos... poderes... que meu papai... tem...”

Aquilo para mim era tão desconexo e ilógico que eu nem perdi meu tempo tentando desvendar o significado por trás daquelas palavras e já catei uma //POÇAO DE HP G// para mim.

Taquei goela abaixo, recuperando parte da minha vida enquanto os ferimentos iam se fechando aos poucos com a recuperação.

Se eu quisesse ter mais tempo para me recuperar, tinha que conversar com ela.

“Mas eu nem sei quem é o seu pai.”, disse para ela que manteve seu rosto de surpresa.

“Elas... pertencem... ao meu papai. Devolva...”, e novamente seu rosto espantado sumiu, dando lugar a uma assustadora face séria. Seus olhos se estreitaram e irradiaram um brilho vermelho e assassino já apitando um sinal de alerta na minha cabeça.

“Devolva... o que nos... pertence...”

E de repente, como se os cordões grudados a ela tivessem ganhado vida, eles começam a levitar e me atacar. Eu já estava curado o suficiente para conseguir dar um pequeno pulinho para trás e depois rolar, saindo do alcance dos ataques.

Os cabos arrebentaram o chão onde eu estava a pouco, fazendo grandes crateras com o choque do impacto.

“Caralho! Esses cabos com certeza não são de fibra óptica!”, pensei, o suor pingando da testa.

Escapei por pouco, mas ainda levei um arranhão feio no braço durante a manobra.

 

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HP – 35.200/45.000   + 16.700 + 625 - 2segs

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Ótimo! Minha barra de vida já havia atingido um nível aceitável. Pensei em tomar outra e encher completamente meu HP, mas resolvi guardar para quando fosse sair no tapa com a loli das maquinas.

O que me fez pensar em outro ponto: Àquela altura do campeonato, eu LITERALMENTE teria que sair no tapa com ela.

“Droga... meu machado!”

//WINGSLASH// estava com apenas 12% de durabilidade total, um atributo específico para armamento e armaduras em geral. E não precisava nem avaliar ela e conferir aqueles status para saber disso.

O machado estava completamente acabado; o cabo estava partido e o que havia sobrado da lâmina estava lascada e completamente inutilizável. Agora eu tinha que lidar com uma bola de gude de ferro de 6 metros com tentáculos e uma loli robô maníaca que falava em 0.25 de velocidade de reprodução.

É... hoje o dia não estava fácil. Além disso, Arthur também estava com sérios problemas. Não imaginava como alguém desarmado teria alguma possibilidade de ajudar.

“Ataque... Gigaton... Megaton...”, ela ordenou apontando para mim.

“Merda!”

O grande robô esférico Gigaton começou a fumegar por debaixo de sua chapa, o que não devia ser um bom sinal. Em Megaton, a fumaça saia por grandes tubos e aberturas em seu corpo.

Mas o lugar que o qual saia mais fumaça era o topo de sua cabeça – que por sinal, nem cabeça tinha mais. Aquele ataque que quase me fez virar papel da última vez também causou sérios danos a ele mesmo.

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HP: 143.000/155.000

ESCUDO: 0/50.000  - 50.000

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“...!”

“E ele não para... a única coisa dura o bastante para perfurar essa chapa seria...”, minha visão focou em suas garras em forma de pinças. “Ela mesma! É isso!

Podia sentir a lâmpada brilhando sobre minha cabeça. Espera...

Não era lâmpada... era só o Picker brilhando mesmo enquanto zumbia.

“Esse... poder... é da terra... de onde eu... vim.”

“Eu nem sei de onde você veio, sua doida!”, respondi.

Recuei alguns passos pensando em como faria ele se matar com aquelas pinças gigantes. Gigaton começou a vim pra cima de mim.

Riful me fuzilando com seus olhos biônicos em uma expressão assustadoramente fria e inescrupulosa.

“...”

“Devolva... para mim...”

 

“Eu vou enfrentar essa tampinha de qualquer jeito, mas antes... vou ter que cuidar dessa bola gigante primeiro!”



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