Uma Cidade Pacata – O Dia em que o Pesadelo Começou
Capítulo 88: Sorriso
— Falamos diretamente da Elderlog High nesse momento e acabamos de receber a informação acerca da retirada de uma nova sobrevivente do ataque escolar protagonizado poucos minutos atrás!
A visão do policial carregando uma garota trouxe os populares a um misto de emoções, pois enquanto alguns se preenchiam de felicidade, outros, principalmente pais, se entregavam à apreensão.
Afinal, todos eles desejaram que aquela adolescente estranhamente alta fosse quem estivessem esperando que saíssem.
— Ela parece estar em bom estado de consciência! Neste exato instante, fazem pouco mais de dez minutos que o grupo de averiguação deu entrada na edificação! Conseguiremos mais informações no decorrer dessa operação que, aos poucos, reacende a esperança!
O jovem repórter cortou deu continuidade à narração dos acontecimentos e, enquanto isso, o agudo olho eletrônico do cinegrafista capturou o instante no qual os primeiros cuidados médicos se deram.
— A pouco mais de treze minutos, nossos equipamentos foram inviabilizados por um estranho fenômeno de origem desconhecida; parte de nossa aparelhagem não se encontra em condições de uso e ainda serão feitas todas as perguntas para descobrir, precisamente, o que ocorreu na Elderlog High!
O policial a entregou nas mãos da equipe médica. Ao longe, não se podia ouvir muito da conversa que tinham, além do fato de captarem a lenta marcha em saltos realizada por ela.
— Devemos lembrar que existe um estudante em estado grave, vítima de aparente defenestração, e que foi dirigido imediatamente para o Elderlog Public Hospital. Mais informações sobre o estado de saúde do rapaz serão divulgadas prontamente, tão logo que as obtivemos!
A garota foi conduzida em direção a uma ambulância próxima, para a qual seguiu sem resistência e a abertura das portas do grande veículo branco marcou o retorno para a imagem das chamas.
— O oficial se encontra em retorno agora! Por enquanto, estamos aguardando, ansiosos, por maiores informações sobre o absurdo crime ocorrido aqui, na Elderlog High! Voltaremos em poucos minutos com mais informações! Aqui é Jack Miller, ao vivo para o Montana Daily News…!
… … …
“Heh, mas que falta de profissionalismo!” sorriu para si mesmo, desligando o smartphone, trazendo mudez às notícias ao vivo.
A luz ao redor sumiu, substituída, brevemente, pela vinda da estrela-mãe. As portas da ambulância abriram de modo frio e escancarado.
Mas ele não entrou em pânico ou tentou desaparecer ao notar as pessoas que o viram. Muito pelo contrário, se esparramou ainda mais excessivamente sobre a maca, a tomando.
— Ah, você chegou! E eu aqui imaginando que nunca chegaria… Levou tanto tempo lá dentro que eu admito ter só começado a me preocupar com a sua situação!
Juntamente a ela, entraram os dois socorristas que a trouxeram ali, ambos consumidos pelo silêncio, forçados a encarar como zumbis, olhando fixamente para algum ponto aleatório à frente.
Não era como se pudesse ter o luxo de decidir o que fazer com os próprios corpos, afinal.
— … Hehehehe! — Com essa risada, vinda dos grandes e pálidos lábios de Olivia, tudo mudou.
O par de profissionais — um homem, a outra, mulher — adentraram em um estado súbito de tremores e convulsões. Antes, tão quietos e robóticos, agora moviam braços e pernas em sentidos impossíveis.
— Hahahahaha! — Ela riu mais, agarrando as próprias bochechas e fincando unhas na grossa carne. — Eu ouvi isso direito…? Você disse que sentiu a minha falta?!
Os corpos reviraram seus olhos, colidindo punhos e mãos nos componentes estruturais da parte interna da ambulância, gerando impactos severos, dolorosos e, em especial, sangrentos.
Dentro de poucos segundos, o lugar tinha manchas vermelhas por toda a superfície, seja sobre paredes ou lençóis, e em seus rostos, podia-se ver o mais puro sofrimento.
— Então você gosta mesmo de mim…! Isso me deixa tão feliz…!
Uma força superior possuía aqueles corpos, os obrigando a colidir suas cabeças, tão fortemente quanto pudessem, contra as laterais do veículo, dando luz a uma cacofonia de amassamento e quebra.
Como marionetes, continuaram batendo as testas até extrair sangue e depois disso, até ouvirem-se o barulhos dos crânios partidos e as massas cinzentas passassem a vazar.
As luzes piscaram e, tal qual se iniciou, a exibição teve seu fim.
— Eu vou me lembrar disso para sempre…! Vou pensar todos os dias no seu amor por mim…!
Ausentes de vida, os paramédicos desfigurados e de feições agora irreconhecíveis, foram de encontro ao chão, deixando apenas ela — Olivia —, a sorrir descontroladamente no centro da unidade de cuidados.
— Eu já estava ficando cansada de jogar esse joguinho idiota de me fingir…
A voz que escapou não veio dela e, de fato, Olivia sequer moveu a boca para pronunciar qualquer coisa, apresentando um aspecto deveras diferente, soando nauseante.
— Essa garota… De início, eu escolhi ela porque parecia a mais interessante, mas…
O vício venenoso em esticar as palavras e lhes acrescer de tamanha infantilidade desnecessária…
— Ela acabou sendo só mais uma chata! Cha-ta!
Os gestos espalhafatosos e exagerados, combinados à mais aguda vontade de ter os holofotes…
— Mas o meu dia ficou mais feliz…! Hehehe!
Vê-la gerava profundo desgosto, até mesmo em alguém como ele.
— Afinal, você finalmente admitiu o quanto eu importo para você…!
Os olhos de Olivia perderam os restos de vida que ainda se atreviam a brilhar entre os tons foscos; a mão alheia ao seu corpo a tocou na testa, entrelaçando os dedos acima das pálpebras.
— Estive querendo sair faz um tempo e esticar as pernas do jeito certo…
A única mão, surgida das costas, fez enorme força para se elevar, como se escalasse um buraco e houvesse, enfim, chegado no impulso em direção à superfície; lentamente, algo surgiu entre a carne.
— Ahhh! Que bom é estar fora de novo…! — A figura estalou o pescoço. — Bem melhor agora…!
A forma dela deixou o corpo desmaiado da estudante, tal qual fantasmas atravessam paredes. Nenhum dano aparente se fez na jovem, embora o mesmo não pudesse ser dito acerca da primeira.
— Onde foi que deixou o braço? — perguntou, soando o mais escrachadamente desinteressado quanto possível.
— Ah, isso? Não é nada de especial! — Infelizmente para ele, a mensagem passou diretamente por cima da cabeça da companhia. — Me deixa ainda mais alegre ver o quanto você se importa comigo…! Hehehe!
Ele riu um pouco, mostrando os dentes de modo singelo, ciente de que a mulher adiante era maluca, talvez muito mais do que ele próprio.
— Por isso, eu acho que você merece uma recompensa…! — sorriu, gargalhando no final. — Me deixe te dar um abraço bem apertado! Não quer um de uma gatinha como eu?
Os cabelos rosados, da cor de chiclete e presos em grandes marias-chiquinhas pendiam, volumosos, para os lados da cabeça, que quando somadas aos profundos e amplos olhos azulados, criavam a imagem do puro sadismo.
Ela sempre sorria, não havendo momento o qual seus lábios não estivessem curvados para cima de forma tão falsamente inocente e estúpida demais para se considerar como ameaça.
— Não vá forçando a sua sorte — tomou distância, afastando o tronco. — E em nenhum momento escapou dos meus lábios que senti sua falta.
Qualquer contato pele-pele com tal criatura haveria de ser a pior ideia concebível, além de configurar um risco desnecessário.
— Oooh… Boo! — murchou, moldando a face em algo menos eufórico por breves segundos. — Por que você sempre me maltrata? Você é horrível, Da…!
— Você não se atreveria.
A frieza da encarada a calou prontamente e, de forma breve, o sorriso, plástico e perpétuo, lhe escapou do semblante, mediante o frio contato do canivete com a aorta esquerda.
— … Ah… Ahahaha…! Ah, claro…! Eu me esqueci…! — Tais mudanças se reverteram tão depressa quanto surgiram. — Você não gosta de ser chamado pelo nome, é verdade! Eu posso respeitar isso! Eu vou!
Tomou o canto ao lado dele na maca, abraçando os joelhos ao se sentar, esbanjando longas meias coloridas em preto e pink, cobrindo bastante acima dos joelhos.
— Mas sabe? Não é como se essa faquinha de cortar caixas fosse fazer alguma coisa… Sabe disso, não sabe? Se quiser me machucar, vai precisar de bem mais que isso.
As palavras a lhe fugirem da garganta foram gélidas, presas a expressões tão nojentas e fingidas, que fariam qualquer um se sentir mal.
— Huh… É mesmo?
A monstruosidade frente a ele não podia ser chamada de mulher, pois tal título seria humano demais, deixando levar isso adiante como a melhor opção.
— Vejo que não perdeu o que te faz tão especial, minha companheira.
Diplomacia! Não é como se ele fosse perder caso entrassem em combate, porém, iria se poupar da dor de cabeça indubitavelmente e, acima de tudo, aliados não devem brigar.
— Yaaay! Você me cumprimentou…! Me sinto muito mais feliz agora…!
Negociações são a respeito do comprometimento de ambas as partes e pequenos sacrifícios — isso é algo que ele diria —, então, passada a situação, chegou a hora de guiar a conversa ao objetivo.
— Anastasia.
— Huh…? Eh?! Ei, isso é injusto…! Por que você pode dizer o meu nome e eu não posso dizer o seu…?! — inflou as bochechas e fechou o punho de forma cômica. — A cada dia que passa, você piora no meu conceito…!
— Heh, e desde quando isso é uma coisa ruim? — riu abertamente, exibindo a plenitude dos dentes puros. — Nunca te levou para longe de mim, então por que o faria agora?
— É… Isso pode até ser verdade… — murchou, ainda emburrada. — Mas você deveria realmente começar a me tratar como a mulher que eu sou…!
Não esboçava qualquer esperteza ou perspicácia intelectual, mas podia culpá-la? Se considerar as circunstâncias atípicas de sua existência…
— Não posso fazer promessas quanto a isso, me perdoe.
— Chato! — virou o rosto. — Você é cha-to!
— Sabe, você machucaria meus sentimentos, se eu os tivesse — intercalou o novo assunto prontamente ao fim da frase. — Me conte como as coisas foram nesse tempo, embora, eu acho que você vá querer seu braço de volta antes, Anastasia.
— Uh… Braço? Oh…! Eu tenho outro braço…! É verdade…! — A garota de fios róseos mostrou surpresa genuína ao notar a ausência do membro. — Preciso pegar de volta…!
Ambos levavam diferentes expressões ao notarem singelos movimentos por parte de Olivia. Em silêncio, assistiram aos primeiros segundos da mais absoluta confusão diante do contexto bizarro.
— Uh… Onde…?
Não tinha como saber, mas diria estar desorientada antes mesmo de acordada. Borrada, a visão da grande garota demorou a se ajustar à fraca luminosidade do estranho espaço.
— Onde… eu estou…?
Não lembrava de muita coisa; periodicamente, vozes sem clareza e murmúrios repetiam mensagens ecoantes em sua cabeça e, em um ponto, detectou choro, embora não soubesse a quem pertencia.
— O que houve…?
As memórias ficaram tão confusas que não se recordava de seu próprio nome.
— Huh…?
Sua mão esquerda deslizou sobre algo grudento e malcheiroso, que se prendeu à palma inteira. Depressa, ela a conduziu ao seu nariz; cheirava à ferrugem.
— Ah… — Desespero coloriu o olhar, tingido com o vermelho, tão morto, a cobrir a palma.
Ela não moveu a mão para cima daquilo e tampouco desejou tomar uma fungada da coisa; seu braço se moveu sozinho, como se possuísse vontade própria.
— Ah…! — assombrada com a descoberta, forçou-se a se despertar, batendo de costas com os vários aparelhos de suporte médico.
Fios e algumas máquinas caíram sobre ela, mistos de mais vermelho e pedaços de carne molhada e nojenta, vinda do par de cadáveres que levou tanto tempo para perceber.
E esses não eram os únicos no espaço confinado.
— Ehehehehehe! Nós duas tivemos bastante diversão juntas, Olivinha…! Eu vou certamente me lembrar de você!
Veio das sombras uma mulher de cabelos rosados, combinando com o conjunto de blusa e saia; ela usava meias longas, em padrão intercalado com preto, culminando em sapatos também róseos.
— … porque você conseguiu ser a mais ridícula de todas as minhas grandes amizades! Por isso, vou me recordar para sempre!
Ela não tinha um braço — o esquerdo —, peculiaridade extrema que levou a qualquer outro detalhe a ser ignorado. Não entendia uma palavra do que a mulher falava, mas as temia.
— Fizemos tanta coisa juntas…! Fizemos dever de casa, andamos da escola para casa, comemos o almoço da escola, tomamos banho… Nós até escrevemos poemas e lemos livros juntas! Me diga, isso não é algo que nos marcaria como amigas?
Pouco a pouco, as memórias retornaram, pondo-a em um profundo estado de dor de cabeça.
“Poemas…!”
Uma lembrança foi reproduzida como um filme diante de seus olhos. Nela, Olivia via a si mesma escrever algo em papel, deixando lindas palavras profundas na folha.
— Nós nos divertimos muito, não acha? — A mulher intensificou o sorriso.
“Oh, Deus…”
De repente, centenas de milhares de imagens passaram por sua cabeça, de cenas cotidianas e outras nem tanto, voltando de uma única vez.
“Eu… Eu…! Eu não quis dizer isso…!”
Meses à fio de eventos e acontecimentos a trucidaram internamente, encaixando como as peças de um jogo de Tetris e, mesmo assim, não fez sentido.
“Eu não disse nada dessas coisas… Eu não diria…!”
Mas não havia como negar o fato de se tratar de sua voz, falando coisas tão horríveis para as únicas pessoas que a acolheram como amiga.
— Eu não quis… dizer isso… — Olivia segurou as laterais da cabeça, transtornada. — Eu… não…
Ava morreu por conta de tais palavras. Ela viu o crânio explodido e o cérebro espatifado… e riu da situação.
— Eu não quis fazer isso…
Ela propositalmente guiou Isabella a um lugar perigoso, afirmando que lá iria encontrar ajuda e o fez ciente de que sua amiga não voltaria.
— Não era eu… — murmurou, quase inaudível. — Eu… Eu não fiz isso…
Os sentimentos, porém, diziam o contrário. Todas aquelas questionáveis escolhas — para dizer o mínimo — vieram de extrema segurança e bem-estar, em face das suas consequências.
— Não fui eu…! — gritou. — Eu… eu nunca…!
Tantas coisas horríveis, associadas a lembranças de pura felicidade…
Por quê?
— Você me carregou muito bem enquanto estivemos juntas, Olivinha…
A estranha mulher se aproximou para tocá-la no queixo. Olivia tentou se afastar, mas não havia para onde fugir.
— Foi tão legal! Você nem mesmo ficou tentando resistir à minha presença! Simplesmente apagou e me deixou assumir todo o controle!
Do que diabos ela falava? Por que parecia saber tanto? E mais importante de tudo: qual impacto teve para as coisas terem adquirido esses tons?
— A sua “fase rebelde” realmente veio à tona nesses últimos quatro meses, Olivinha! Um pouco atrasada, mas antes tarde do que nunca! Pode agradecer quando quiser...!
Agachou até quase tocar o quadril no chão, a olhando de frente, sem abandonar o sorriso sem dentes.
— Você lembra, não lembra? De todos os jogos e brincadeiras que vivemos juntas… Sabe qual deles foi o meu preferido? Ah, não precisa se dar ao trabalho de adivinhar! Eu mesmo te digo!
Levantou-se de forma exibida, apontando o único braço para o teto da ambulância. De olhos arregalados e em uma pose de corpo inteiro, anunciou palavras temidas.
— O jogo “Destruindo uma Família”...! Não achou esse legal, também?
E pela segunda vez, agachou, pondo-se perigosamente perto de sua vítima, murmurando em voz baixa.
— Eu posso ter contado uma mentirinha, sabe? Mas a sua mamãe acreditou nisso… Poxa, ela ficou tão triste quando descobriu pela sua boca que o seu papai tinha traído ela por vários meses…!
Paralisada, Olivia não teve condições de levar-se a falar algo.
— Foi hilário…! O jeito como eles começaram a brigar, o relacionamento caindo em ruína… Até que o seu papai foi embora, deixando a mamãe muito, muito triste! Eu achei engraçado! Foi o melhor jogo!
A podridão daquelas lentes azuis a fez nauseada.
— Quanto às suas amigas… Elas não foram tão divertidas quanto a sua mamãe, mas eu gostei de brincar com elas! Colocando uma contra a outra, explorando as fragilidades… Elas não podiam te culpar por dizer uma ou duas coisas ruins, não é? Afinal, você perdeu seu papai…! — Ela riu. — Foi incrível vê-las tentando ser compreensivas com você e fazendo o melhor para ignorar a porcaria no que você falava!
Nunca desejou tanto vomitar, diante de tamanho crime, protagonizado com suas próprias mãos.
— Foi uma brincadeira legal, mas como todas as amizades, a nossa também vai ter que acabar… e, oh, dói muito em mim ter que me distanciar de você, Olivinha! Como eu disse antes, nunca vou esquecer dos nossos melhores momentos…!
A mão esquerda, até então latente, readquiriu a vida de antes e sem hesitar, fincou-se na garganta de Olivia.
— Ack…! Ghhhk!
Ela tentou se debater, retomar o controle e até mesmo forçá-la fora com a destra, porém os dedos da canhota não desistiam de lhe esmagar a garganta, firmes como uma prensa mecânica, ao redor da traquéia.
— Conte para as suas amigas sobre mim quando fizer a passagem! E não se preocupe…! Eu posso deixar algumas flores para a Emilyzinha com o seu nome!
A falta de oxigênio não cessou a intensa atividade muscular da mão fantasma, que, em oposição, ficava mais forte a cada segundo passado, deixando pouco tempo até enxergar somente a escuridão.
“Emily… Me… descul…”
O corpo caiu, teso e dele, algo surgiu: um braço humano.
— Ah, sim! Completa de novo…!
A mão empurrou a cavidade bucal, escalando as estruturas internas para enfim ascender. Na passagem, cotovelo e ombro deslocaram a mandíbula do cadáver ao forçá-la e tal qual uma serpente, deslizou e escalou, conectando-se novamente onde faltava.
Anastasia se tornou completa… ou quase.
— Eu quase ia me esquecendo…!
Das faces desfiguradas dos socorristas escaparam um par de vermes, um menor do que o outro, que se arrastaram de volta à mão, agora chamados “anelar” e “mínimo”.
— Querido, eu terminei…!
Espontaneamente, a forma masculina de apenas um olho visível ressurgiu no cômodo, incomodado.
— Não me chame assim — moldou o rosto em desgosto.
— Mas eu tenho que te chamar de alguma coisa, e você não me deixa usar seu nome…!
Sem responder, ele se levantou, abrindo as portas do veículo e saltando fora.
— Ei, não me ignore…!
— O nosso tempo aqui acabou, Anastasia. Vou querer ouvir todo o seu relatório depois — levou a mão ao bolso. — Vamos nos reunir. Ela deve estar esperando.
Anastasia pulou da ambulância em maus humores, o seguindo em passos pesados.
— Ela isso… Ela aquilo…! O que ela tem de tão especial?! Ela não é divertida que nem eu e nem mais inteligente! Quem gosta daquela cara de parede que ela tem?!
— A segunda coisa? Com toda certeza.
— Ei, eu sou inteligente também! Sabe que eu sei qual a raiz quadrada de 144? É 12! Viu?! Eu sou inteligente…!
Não rebateu a proclamação, mais preocupado com o resultado de suas ações.
“Podemos dizer que…”
Ajudou a criar alguns monstros, causou bagunça suficiente para chamar bastante atenção e, de quebra, mobilizou algumas pessoas importantes.
Dadas essas e outras condições…
“... o plano foi um sucesso.”