Volume 2 – Arco 7
Capítulo 81: Viagem no tempo: o amor de uma verdadeira mãe
— Voltamos quantos anos no passado? — eu perguntei para o meu Guardião Hara, que antes conhecia como treinador Rubens Almeida.
— Mais ou menos trinta e seis anos.
— Trinta e seis? — Fiz os cálculos rapidamente e cheguei a um resultado: — Estamos em 1980?
— Por aí. Agora observe.
Obedeci ao comando, mas antes dei uma olhada ao redor. Atrás de nós dois estava o fim do pátio, demarcado por uma espécie de gradil de pedra. Depois do gradil havia a paisagem de uma cadeia montanhosa. Presumi que o templo onde estávamos ficava no topo de uma montanha. Ventava forte e chovia intensamente, mas éramos alheios àquela condição climática. Como se fôssemos meros espíritos.
— AAAAAHHHHH!!! — a grávida ainda fazia esforço para conceber a criança.
Os espectadores assistiam à cena tão quietos e silenciosos que me perguntei se o neném também nasceria assim. A mulher ainda gritou outras três vezes, durante os minutos que se seguiram, e a cada grito que dava parecia que sua força estava se esvaindo. Pensei comigo mesmo que, em outras circunstâncias, o marido motivaria a esposa a continuar, o que não era o caso daquele que, assim como o restante do clã, mantinha-se mudo. A criança, que ele segurava a mão, agarrou sua perna, provavelmente assustada, e então notei ser um menino.
Houve um último grito mais profundo e tudo ficou quieto. Em seguida, choro de bebê. O pequeno ser humano finalmente estava nas mãos do homem idoso, que se mostrou habilidoso ao cortar o cordão umbilical com uma faca e enrolar o recém-nascido numa toalha branca, tudo muito rápido.
Ninguém se moveu, exceto pelo marido da mulher. Ele abaixou-se para abraçá-la, com um sorriso estampado no rosto. No fim das contas, ele não era um desalmado, como pensei. A mulher estava claramente emocionada, alternando entre choro e risada. Somente o menino — provavelmente filho do casal — parecia meio deslocado na cena. Enquanto todas as pessoas presentes no pátio olhavam para o bebê com atenção, ele não tirava os olhos dos pais.
Cocei a cabeça, ainda sem entender o que precisava observar. De repente, o velho assumiu uma expressão perplexa. Gritou:
— É uma menina!
No mesmo instante, houve uma chuva de comentários entre os ninjas e as mulheres. Notei que muitas delas demonstraram pesar. A mãe da criança mostrou-se apavorada com a notícia enquanto o pai dizia algo que soava como “Isso só pode ser um engano”.
O idoso lamentou e sacou a mesma faca que usara para romper o cordão umbilical. Ele a ergueu na intenção de matar a bebezinha, coisa que eu jamais deixaria; parti para cima dele, porém quase não saí do lugar. Alguém segurou o meu braço.
— Me solta! — gritei.
— Não podemos mudar a história — advertiu Hara. — É impossível.
Antes que eu pudesse debater, houve outra onda de murmúrios. Me virei para o templo no momento certo de ver a mulher derrubando o velho com um empurrão e tirando o bebê de suas mãos. Agarrou o pacote branco junto ao corpo e disparou na nossa direção. Os ninjas já haviam se levantado e a perseguiram feito vultos, ágeis como eu conhecia — embora aquela fosse uma geração diferente dos ninjas que me atacaram.
Engoli em seco quando a mulher nos atravessou como se fôssemos fumaça. Ela chorava e pude ver que as íris dos seus olhos eram de um rosa vivo. O bebê ainda chorava.
Um dos ninjas lançou uma estrela de metal que também nos atravessou e tinha a mulher como alvo. A estrela parou na mão do marido dela, fazendo um ferimento feio que logo começou a jorrar sangue.
— O que você está fazendo? — exigiu o ninja.
— Ela é a minha mulher. Jamais deixaria que morresse dessa forma!
Os ninjas nos atropelaram também e se tornaram dois grupos iguais, em perfeita sincronia. Enquanto metade continuava perseguindo a mulher, a outra metade foi para cima do marido, iniciando uma batalha feroz. Mas continuei olhando para a fuga, que era o que mais me deixava apavorado. A pobre coitada estava se aproximando do gradil, que separava o templo do despenhadeiro, e logo não teria para onde fugir. Faltava pouco também para ser alcançada pelos malditos assassinos.
— Mamãe! — ouvi uma voz aguda gritar.
Ela pulou.
— Não! — eu gritei, e fiz a mesma coisa que os ninjas: corri para o gradil e olhei para baixo. Era um precipício de uma queda de milhares de metros cujo fim era impossível de enxergar por conta da escuridão. Meu coração ficou pesado dentro do peito.
— Mamãe! Mamãe!
Girei o corpo a tempo de ver o garotinho se aproximar. Ele era pálido e muito parecido comigo quando tinha a idade dele. Mas seus cabelos e olhos eram de um preto exagerado. E ele soluçava de tanto chorar. Ao fundo, era possível ouvir os gritos de um homem que sentia dor. Era o marido da mulher levando uma surra do outro grupo de ninjas.
Eu estava tomado pela mais pura adrenalina. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Hara se aproximou devagar, ignorando o caos que se sucedia pelo pátio do templo — mulheres apavoradas, crianças chorando, o pai do menino sendo espancado — e tocou o meu ombro.
— É hora de ir.
— Pra onde? — perguntei.
O cenário escuro e chuvoso foi substituído por um deserto árido e totalmente exposto ao sol. Eu não podia sentir o calor, mas podia imaginá-lo em razão do vapor que pairava sobre o solo. E a imensidão de areia se estendia para todos os horizontes.
— Certo — falei. — Um deserto. O que estamos fazendo…
A minha pergunta se calou assim que eu vi a mesma mulher do templo. Ela ainda vestia a roupa do parto e ainda carregava o bebê consigo, enrolado na toalha que nem estava mais tão branca assim. A coitada parecia a ponto de desabar. Estava suja e seus braços transpiravam como se ela tivesse mergulhado num rio. Como ela estava de cabeça baixa, dessa vez não era possível ver o seu rosto. Era impossível não sentir a dor e o cansaço que ela provavelmente estava sentindo…
— Deve haver alguma forma de ajudá-la — tentei.
— Acho que você ainda não entendeu que isso já aconteceu. Não podemos fazer nada, mesmo se quiséssemos. — Hara não falava com rispidez, o que era meio esquisito uma vez que eu estava acostumado com o treinador nos dando broncas a cada erro de passe, mas seu tom era autoritário.
— É horrível ficar de braços cruzados enquanto ela parece prestes a morrer — murmurei.
Ele não respondeu. Continuamos observando a cena por mais alguns minutos, eu torcendo para ela encontrar pelo menos uma sombra para descansar, até que senti um toque no ombro e tudo mudou outra vez.
Agora, uma floresta. Ainda era dia e o farfalhar das árvores denunciavam que havia vento ao redor — e senti alívio ao avistar a mulher se aproximando com o bebê no colo. Apesar de parecer ainda mais exausta e abatida, ela pelo menos não estava mais exposta ao calor extremo. Não imaginei que houvesse alguém tão persistente quanto aquela mulher. Será que ninguém apareceria para ajudá-la?
Vislumbrei um movimento à esquerda. A mulher, de repente, parou onde estava, e começou a olhar para os lados. Então ergueu os olhos na direção de um galho alto, onde estava um homem curvado para frente com a língua molhando os lábios.
— Sangue — sibilou ele. Os olhos? Vermelhos.
— Por favor… — balbuciou a mulher. — Vá embora…
O vampiro sorriu com seus dentes pontiagudos. Não parecia muito a fim de obedecer. Nas suas mãos, as unhas eram garras afiadas. Ele disse:
— Há tempos eu não me alimento! O que você tem aí? Oh, é um presente?
Ele saltou e aterrissou diante dela, que recuou assustada. Não estava em condições de lutar. Fitei Hara desesperado, mas ele se manteve atento. Olhando mais de perto — pois os dois estavam bem na minha frente — era possível notar as veias que marcavam o rosto da criatura. Um evoluído.
Os olhos do vampiro se fixaram no bebê enrolado. O bebê, como se sentisse a presença maligna, iniciou um berro ensurdecedor. Foi o suficiente para o vampiro mostrar-se satisfeito.
— Uma miniatura de sangue novo? Delícia! Vai ser a minha sobremesa depois que eu te devorar!
Ele saltou sobre a mulher. Ela virou-se para proteger a criança. Alguém gritou:
— YAHHH!!!
Esse alguém acertou uma joelhada violenta no estômago do assassino antes que ele alcançasse a vítima. Enquanto o vampiro desabava de qualquer jeito no chão, o adolescente responsável pelo golpe pousou a um passo dele e cravou uma espada em seu peito. O vampiro tornou-se poeira, simples assim.
— Você está bem? — o menino virou-se para a mulher, sorridente.
Ela fez que sim. O alívio estava nítido em sua expressão. O bebê parecia mais calmo, embora ainda chorasse.
Eu não conseguia tirar os olhos do adolescente. Mas não é o que você está pensando. O que me chamava a atenção era que ele tinha uma característica física um tanto familiar. Além do rosto de semblante firme e da pele morena, seus cabelos negros tinham mechas castanhas, marca registrada do clã Kido.
Considerando que estávamos no passado, cheguei a uma conclusão:
— Pai?
Como se para me contrariar, uma voz de homem adulto bradou:
— ADOLFO!
O adolescente olhou na direção da voz. Ele não era o meu pai, mas sim o meu tio que era paraplégico, o que me deixou ainda mais surpreso.
— Estou aqui! — respondeu ele.
A mulher — que parecia sonolenta — quis saber:
— Quem é?
— É só um carinha chato. — O jovem Adolfo ainda sorria. Em seguida, chegando como se estivera em cima de uma árvore, um homem barbudo apareceu. E nesse momento eu soube quem era.
— Quantas vezes eu tenho que repetir que é perigoso andar por essas bandas? Fique, no máximo, no território do clã Hyraion! Eles não são muito tolerantes, mas são melhores que vampiros.
Hyraion era o nome do clã dos índios que ocupavam uma das extremidades de Firen.
— Pelo menos eu salvei essa moça — argumentou o meu tio, ainda descontraído.
— Hara — eu, que estava de boca aberta, tive que dizer, enquanto o homem barbudo olhava para a mulher —, não me diga que esse cara é o meu… avô.
Hara assentiu, e parecia querer sorrir. Eu não conseguia explicar o que estava sentindo. Observei melhor meu avô que, de fato, se assemelhava muito com o meu pai. Ele era alto, musculoso e um pouco mais moreno que os filhos. Seu queixo era quadrado, no nariz havia uma espécie de dobra e suas sobrancelhas eram grossas. Os cabelos curtos obviamente tinham as pontas castanhas do nosso clã. E Alessandro Kido carregava uma feição confiante, de alguém que não tem medo de nada.
Jamais imaginei que algum dia o veria ao vivo e a cores.
— Quem é você? — meu avô perguntou para a mulher.
— Não importa… Eu tenho que ir — respondeu ela.
— Você não parece em condições de “ir”. E esse trecho da floresta é infestado de vampiros. Venha conosco. Posso te deixar num lugar seguro.
A mulher pareceu considerar. Eu mesmo fiquei contente por ter aparecido alguém disposto a ajudá-la. Depois de tudo o que passou, era o mínimo que ela merecia.
— Obrigada, mas eu não posso aceitar… — foi sua sentença.
Alessandro a estudou. Recaiu os olhos sobre o bebê embrulhado no colo dela e lá eles ficaram. Era difícil saber o que se passava em sua cabeça. Por fim, ele suspirou.
— Não posso te obrigar — disse.
— Pai! — reclamou meu tio. — Ela pode acabar morrendo se continuar sozinha. Precisamos fazer alguma coisa!
Eu concordei com ele.
— As pessoas tomam as decisões que lhes convém, Adolfo, aprenda isso, e nem sempre essas decisões são favoráveis a nós, mas sim a quem queremos proteger.
Adolfo, assim como eu, ficou sem entender. Mas não houve tempo para debates. Os três tiveram as atenções atraídas quando presenças se aproximaram. Meu avô sacou sua espada — era a minha Takohyusei! — e assistiu ao bando de vampiros aterrissando em diversos pontos ao redor deles. Acabei me lembrando da cilada armada pelos Ninjas da Noite.
— Isso não é nada bom — comentei sozinho.
— Isso é uma merda — reclamou o meu avô.
— São todos evoluídos — observou tio Adolfo, espada em mãos. Ele parecia despreocupado. — Já demos conta de grupos maiores, pai. Isso vai ser fichinha.
Mas eu sabia onde se concentrava a preocupação do meu avô. Ele perguntou, baixo, para a mulher:
— Você acha que consegue fugir? Tentarei abrir uma brecha.
A pobre mulher estava apavorada. O bebê tornara a chorar.
— Eu… acho que sim — respondeu.
— Ótimo.
Eu nunca vi alguém tão rápido antes. Nem consegui acompanhá-lo. Quando me dei conta, Alessandro já havia derrubado quatro vampiros que estavam no caminho que a mulher havia seguido. Cortou-os com precisão, fazendo os olhos das criaturas ficarem arregalados.
A mulher também era ligeira. Não ficou esperando por nenhuma ordem. Aproveitou que o caminho estava limpo e prosseguiu em velocidade, tirando forças não sei de onde. Alguns vampiros saltaram para impedi-la, mas foram fatiados antes que conseguissem tocá-la. Alessandro era um homem impressionante.
Ela sumiu perante as árvores da floresta.
No momento em que Hara tocou no meu ombro, eu pedi:
— Só mais um pouco.
Ele não respondeu, mas a não-mudança do cenário significava que aceitou o meu pedido — e pude assistir a um show dos dois Kido contra aquela horda de vampiros. Tio Adolfo aparentava ser mais novo que eu, e mesmo assim demonstrava habilidades melhores que as minhas. Vovô Alessandro então, nem se fala; a Takohyusei vermelha-dourada parecia fundida ao seu braço, como se tivesse vida própria, e notei que ela estava bastante evoluída se comparada à minha. E obviamente eles derrotaram todos os inimigos.
Apreciei a batalha o máximo que pude. Estava ciente de que seria a primeira e última vez que eu os veria em ação, pois meu avô estava morto no presente e tio Adolfo preso numa cadeira de rodas. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Então o cenário mudou, outra vez de forma drástica. Os troncos e folhas deram lugar para uma rua asfaltada. Talvez por ser de noite — ou de madrugada — não havia nenhum movimento pelo perímetro, a não ser de um rato saindo de uma boca de lobo e correndo até um bueiro entreaberto no meio da pista. Até que eu a vi…
— Onde estamos? — perguntei, observando a mulher caminhando de forma apressada pela calçada.
— Brasil — foi a simples resposta do meu Guardião.
Segui a mulher, que entrou num beco escuro que dividia um quarteirão. O bebê em seu colo não emitia nenhum ruído, o que me fez perguntar se ele ainda estava vivo. A mulher parou na metade do beco e olhou na minha direção. Fez meu sangue gelar. Mas me aliviei quando ela olhou para os outros lados também, aparentemente para se assegurar de que não havia ninguém por perto. Em seguida, abaixou-se e deixou o bebê na porta dos fundos de uma das casas.
Fiquei sem acreditar. Depois de tudo o que passou, ela estava abandonando a própria filha?
Antes que eu tivesse mais tempo para ficar indignado, o choro da mulher partiu o meu coração. Hara chegou ao meu lado, sem dizer uma única palavra.
— Filha… — ela começou, e dei mais alguns passos para conseguir ouvi-la melhor — Eu espero que você seja feliz. Que sua nova família lhe traga o conforto de um lar e que nada e nem ninguém venha atrás de você. Eu sinto muito por estar fazendo isso, não tenho escolha e espero que um dia você compreenda. Como você é lindinha… tenho certeza que se tornará uma mulher maravilhosa, coisa que eu não consegui ser… — Ela fungou, na tentativa de cessar o choro, coisa que, dadas as circunstâncias, eu sabia que era impossível. — Eu só queria que fôssemos uma família normal. Viverei com a esperança de que você e seu irmão me perdoem quando tiverem maturidade suficiente. Por favor, seja feliz, minha filha. Esse é o meu único pedido…
A mulher beijou o bebê e se levantou. Bateu três vezes na porta e andou na minha direção a passos apressados. Eu queria ver melhor seu rosto, agora que estávamos de frente e ela não estava sendo perseguida, mas a mulher ficou de cabeça baixa o tempo inteiro. Passou por entre mim e o Hara, sem olhar para trás, e sumiu da nossa visão.
Segui Hara, que caminhou até o bebê. Nesse momento, a brecha debaixo da porta da casa se iluminou e alguém a abriu, clareando parcialmente aquele trecho do beco. Foi o suficiente para o bebê despertar e iniciar um berreiro tão alto que provavelmente acordou a vizinhança inteira.
Uma mulher de cabelos claros mostrou-se surpresa ao se deparar com o pacotinho enrolado. Deu um passo para fora e verificou os dois lados do beco, mas só havia dois espíritos invisíveis que ela jamais notaria. Pegou o bebê no colo e o balançou, de modo que o choro dele diminuísse consideravelmente.
— Quem era? — perguntou um homem, aparecendo ao seu lado. Ele era alto e negro. Assim como a mulher, vestia roupas de dormir e estava sonolento.
— Não sei. Talvez uma mãe? Veja.
O rapaz contemplou o bebê com curiosidade, depois fez o mesmo processo que a mulher: andou para fora da casa e examinou o beco escuro.
— Foi abandonada? — perguntou.
— Não mais. — A mulher sorriu, ainda balançando o bebê, fazendo-o enfim parar de chorar. — Prefiro dizer que… recebemos um presente dos céus. Mais um.
— Papai? Mamãe? — era a voz de uma criança, pequena igual ao garoto do clã dos ninjas que gritara pela mãe ao vê-la saltar da montanha. Deveria ter seus quatro ou cinco anos de idade. Quando viu o bebê no colo da mulher, perguntou: — De quem é esse bebê?
O casal se entreolhou. Houve um diálogo silencioso e satisfatório no olhar deles. Foi a mulher quem respondeu:
— É a sua nova irmãzinha, meu amor. Você não pediu uma?
O menino balançou a cabeça. Ele não me era estranho.
— E qual é o nome dela?
Novamente, a mulher recorreu ao olhar do marido. Por sua vez, ele deu de ombros, como quem queria dizer: “agora é com você”.
Ela pensou um pouco. Parecia estar selecionando nomes na cabeça, e quando deu a sentença, o meu coração acelerou e eu senti a garganta seca imediatamente.
— Que tal a gente chamar ela de… Sara?