Caçador Herdeiro Brasileira

Autor(a): Wesley Arruda

Revisão: Ângela Marta Emídio


Volume 2 – Arco 7

Capítulo 79: Trevas assassinas e silenciosas

Trevas silenciosas. Esse pode ser fácil o termo apropriado para descrever o cenário repleto de ninjas que nos cercava. Não dava nem para contar quantos tinham, e eles se mantinham calados e de olhos fixados em nós três.

Era impossível não se sentir acuado diante daquele pacato mar negro. Os boatos e notícias dos últimos dias ecoavam na minha mente enquanto um formigamento tomava conta do meu estômago.

— Quem são vocês? — perguntei como quem não queria nada. Corri meus olhos rapidamente pelo cenário em busca de algum meio de fuga. O terraço estava infestado de homens de preto, até mesmo sobre a estrutura torta de metal que um dia suportara uma caixa d'água. Estávamos dentro de um cerco completo.

Um dos ninjas começou a se mover, ignorando a água que ainda escorria pelo prédio. O traje dele tinha um complemento a mais em relação ao restante: uma espécie de carapaça metálica que cobria o peito e o abdômen. Fiz menção de tirar meu anel do dedo, mas neste momento fui surpreendido pela sincronia com que todos os inimigos sacaram suas katanas e demais objetos afiados de metal.

— Se eu fosse você, eu não faria isso — disse o ninja que se aproximava. Diferente dos demais, ele não tinha nenhuma katana embainhada e continuava de mãos nuas. Sua voz era baixa e tranquila. Ele parou a dois metros de nós três.

Mesmo assim, saquei minha Takohyusei. Alguns ninjas esboçaram uma reação, mas o ninja da couraça — que eu presumi ser o líder — precisou apenas erguer o braço para que todos ficassem onde estavam.

— Teimoso igual ao pai — continuou ele. Seus olhos negros estavam fincados nos meus, intimidadores e familiares, depois desceram brevemente para a minha espada e então analisaram meus amigos. — Perdoem-me por não ter me apresentado. Meu nome é Glen Vinográdov, e eu sou o líder dos Ninjas da Noite.

Natsuno e Kelan estavam mudos ao meu lado até então. Natsuno ainda estava com o seu anel no dedo, talvez receoso em ser atacado ao puxá-lo. Ainda assim, tomou coragem para dizer:

— Nós não temos nada de valor pra vocês quererem saquear.

— Muito pelo contrário — rebateu o ninja. — Vocês têm exatamente o que eu quero.

Nesse meio-tempo, fui reparando melhor nos inimigos. Notei que todos tinham um tom de pele muito pálido, como alguém que se esconde da luz solar a vida inteira, e íris totalmente pretas. Os ninjas não eram musculosos, talvez um ou outro fosse, mas a maioria tinha físico atlético ou esguio. Eles eram altos. Não esboçavam nenhum tipo de emoção no pouco que as máscaras permitiam ver de suas faces. Os Ninjas da Noite pareciam verdadeiras estátuas de tão quietos que se mantinham.

— O que vocês querem? — perguntei, realmente curioso. — Dinheiro? Relógio de ouro? Diamantes? Acho que vocês abordaram as pessoas erradas!

Glen, cujo nome eu achava que já tinha ouvido falar antes, deu um passo na minha direção.

— Interessante. Sinto que voltei ao passado e me deparei com um mini Tony Kido. Não restam dúvidas de que você é filho dele. Mas será que é tão poderoso quanto?

— Você ainda não me respondeu! O que diabos vocês…

— As espadas — apressou-se em dizer o ninja. — Quero a sua e a dele.

Natsuno engoliu em seco quando o sujeito apontou em sua direção. Apertei ainda mais forte o punho da minha Takohyusei, como se ela pudesse escapar de mim a qualquer momento.

— Você só pode estar brincando — debochei, pensando se deveria ou não forçar uma gargalhada. — Eu jamais entregaria a minha espada de mão beijada. Especialmente pra vocês!

— Receio que vocês não tenham muitas opções. Quando nós, os temidos Ninjas da Noite, queremos alguma coisa, não importa o obstáculo ou a dificuldade que estejam pela frente, sempre atingimos nossas ambições. E vocês, meros pirralhos que se intitulam caçadores, não nos oferecem nenhum tipo de desafio. São frágeis feito o vidro.

— Isso não tá me cheirando bem, Dio — murmurou Natsuno, baixo. — A gente tem que encontrar um jeito de dar o fora daqui o quanto antes. 

Se Natsuno estava tentando ser discreto, não estava funcionando nem um pouco.

O líder dos ninjas deu outro passo na nossa direção.

— Não queiram complicar as coisas. Não temos a intenção de matá-los. — Glen fez uma pequena pausa, sem tirar os olhos indiferentes de nós, então continuou: — Até porque nós jamais faríamos isso com um de nós.

Natsuno e eu trocamos um olhar confuso, mas não dissemos nada. Acabei concluindo que o ninja se referia ao fato de sermos todos caçadores. Mas eu estava errado. Percebi logo em seguida. Foi como um baque estrondoso nas costas, semelhante a uma colisão de veículos que faz o motorista voar pelo vidro do pára-brisa antes mesmo dos airbags serem ativados. O líder dos Ninjas da Noite removeu sua máscara e então entendi o que ele queria dizer.

As palavras fugiram da minha boca. A imagem exposta me chocou. Foi Natsuno quem falou, após soltar um "puta merda!":

— Dio, ele é você! Quer dizer, a aparência. Vocês são muito parecidos!

Os traços do rosto do inimigo eram idênticos aos meus. Os mesmos olhos, nariz, boca e sobrancelhas. Como se não bastasse, até o cabelo bagunçado de Glen parecia uma cópia exata do meu. As divergências eram pouquíssimas: a pele do ninja era mais clara que a minha, chegando a ser pálida como a dos vampiros; enquanto meu cabelo era castanho, o dele era preto e mais volumoso; e, por último, a tonalidade das íris, cuja cor preta me fizeram entender mais tarde o porquê de eu tê-los achado familiares. Não só o Glen, como todos os outros ninjas tinham os mesmos olhos pretos da minha mãe.

— Surpreso com a semelhança entre mim e você? — O maldito mantinha a mesma calma e frieza no tom de voz. — É porque nós somos parentes, Diogo. Você tem no sangue a genética do nosso clã. Sinta-se privilegiado.

Ele estava dizendo a verdade? Por mais que as circunstâncias apontassem que sim, não havia como eu saber, e nem podia deixar aquilo me abalar; os ninjas queriam roubar as nossas espadas e estavam fazendo jogo sujo.

— Você está blefando — falei decidido. — Não tem como você ser meu parente. Meu pai pertence ao clã Kido, e a minha mãe, ela é…

— Adotada?

Mais uma vez, eu fiquei sem saber o que responder.

— Caraca! — Natsuno ainda estava impressionado ao meu lado.

— Isso tá parecendo novela mexicana — ironizou Kelan.

Meu humor começou a mudar. Glen era a segunda pessoa em menos de um mês que surgia de repente dizendo ser meu parente, como se minha vida sempre fora coberta de mentiras e segredos. Primeiro o Tácio, um meio-irmão que meu pai jamais mencionou a existência. Que tentou matar a mim e aos meus amigos sem qualquer resquício de arrependimentos. E agora um bando de ninjas assassinos… E a julgar que Glen conhecia o meu pai, presumi que era bem provável que Tony também soubesse a respeito do parentesco da minha mãe com os malditos homens mascarados.

— As espadas — lembrou Glen, cortando meus pensamentos, agora com um olhar sombrio e um tom de voz mais alarmante. — Agora!

— Nunca! — bradei.

— Nem pintadas de ouro! — concordou Natsuno.

Glen devolveu a máscara ao rosto e se aproximou. Finalmente, Natsuno sacou sua Takohyusei roxa, e nos preparamos para a batalha.

— Foram vocês que pediram isso — o ninja avisou.

Ele saltou dando um giro e desferiu um chute na nossa direção. Eu bloqueei com a parte chata da lâmina da minha espada com certa dificuldade, surpreso pela força do ataque, e Natsuno contra-atacou aplicando um corte horizontal com a sua lâmina reluzente. Mas Glen livrou-se dando um salto-mortal para trás, aterrissou com facilidade e rapidamente veio deslizando feito uma sombra negra. Então iniciou uma sequência de golpes rápidos e furtivos.

Fui atingido nas duas bochechas, no ombro, na coxa, na barriga e em diversas outras partes do corpo. Era impossível enxergar os ataques, tampouco esquivar-se deles. Para piorar, ao meu lado, Natsuno estava levando a mesma surra!

— Yahhhh! — ouvi o grito da Kelan. Os ataques do ninja cessaram e então eu pude ver o que estava se passando; a caçadora tentava acertar Glen com a sua espada de esgrima, feroz como uma onça, fazendo-o recuar para trás em movimentos muito ágeis.

Eu estava com o meu corpo todo dolorido. Nunca havia enfrentado alguém com tanta agilidade antes. E estava surpreso com as habilidades da Kelan.

Houve um tilintar agudo. Glen havia sacado uma katana sem que eu visse de onde e havia bloqueado o último ataque da garota. Aparentemente satisfeito, ele disse:

— Não imaginei que encontraria um membro do clã Cordeiro. Muito interessante. Agora, mostre-me do que você é capaz!

Foi a vez do ninja iniciar uma onda de cortes verticais e horizontais. A princípio, Kelan até se saiu bem, bloqueando e recuando como uma verdadeira espadachim feminina profissional, mas não demorou muito para a intensidade dos ataques do ninja aumentar. Glen também era habilidoso, e não parecia fazer nenhum pingo de esforço para tomar o controle da situação. Kelan foi recuando e eu fiquei preocupado ao observá-la se aproximando de um dos beirais do terraço. Os ninjas que estavam por perto não se moviam, alheios ao embate do líder e aparentemente despreocupados com a aproximação dos dois caçadores.

Eu precisava agir. Não poderia deixar Kelan lutar sozinha contra aquele psicopata. Avancei com a minha Takohyusei erguida.

De repente, Glen agarrou a garota e a jogou na minha direção. Nós caímos juntos no chão molhado do terraço.

— Querem saber de uma coisa? — disse Glen. — Chega de pegar leve. Ninjas! Acabem com esses pirralhos! Poupem só a garota, que não tem nada que nos interessa!

Houve outra explosão de vultos. Tudo ficou escuro e eu comecei a sentir dor. Os ninjas estavam me espancando. A julgar pelos gritos do Natsuno, ele também estava sendo massacrado. A espada havia caído da minha mão. Minha cabeça estava latejando. Eu morreria ali mesmo, impossibilitado de me proteger ou reagir.

Então, a escuridão foi embora e os ninjas retornaram para seus antigos postos, imóveis como se jamais tivessem saído do lugar.

— Natsuno, você está bem? — perguntei enquanto me esforçava para ficar de pé. Era como se eu tivesse levado dezenas de picadas de agulha pelo corpo inteiro. Minha visão estava turva.

— Isso é covardia — murmurou Natsuno. — A gente jamais teria chances contra cinquenta ninjas malucos!

Natsuno estava tão mal quanto eu. Notei uma expressão de horror no rosto da Kelan, que parecia desnorteada e deslocada no meio daquilo tudo.

— E então? — perguntou Glen. — Vão colaborar ou preferem levar outra surra?

Natsuno e eu nos entreolhamos. Ele parecia pensar o mesmo que eu. Nos levantamos, juntos.

— Eu já disse que não entregaremos as espadas — falei. Senti o anel no dedo, quente. Parecia que a minha Takohyusei clamava para ser sacada novamente.

— Tô achando que esse coroa tem problemas de audição, Dio. Será que a gente precisa desenhar pra ele entender?

Antes que eu pudesse reagir, Glen esticou seu braço e pegou o meu pescoço. Apertou e me ergueu no ar. Natsuno fez menção de reagir, mas foi imobilizado por dois ninjas.

— Cansei de pegar leve com você, garoto — sibilou o líder dos ninjas. Encarando o preto opaco de suas íris, eu sentia como se estivesse desabando precipício abaixo. Havia raiva e frieza em seus olhos.

Eu tinha dificuldade para respirar. Toda a minha força havia se esvaído. Tive que me esforçar para perguntar:

— Por que vocês… simplesmente não nos matam e… levam nossas espadas?

Seria a coisa mais lógica. Nem daria tanto trabalho.

— O encantamento das Takohyuseis não permite — explicou o inimigo. — Existe um vínculo entre caçador e espada que só é quebrado quando ele a entrega por vontade própria. Então, entreguem-nas! É meu último aviso!

Finalmente aquela insistência toda fez sentido. Fiz questão de abrir um sorriso.

— Isso significa, então, que você não pode nos matar. 

Senti o aperto da mão do ninja. Ele estreitou seus olhos sobre mim, ameaçador e impaciente.

— Eu sei muita coisa sobre você — disse ele devagar. — Acha que não consigo descobrir onde você mora? A cidade é grande, mas é cheia de informações. Posso descobrir num piscar de olhos e ir até a sua casa, se eu quiser. Vai ser um prazer cortar a garganta da sua querida mãezinha bem na sua frente.

Em contraste com a minha perda de forças, meu coração acelerou, e eu provavelmente esbocei alguma reação de espanto, pois Glen pareceu satisfeito consigo mesmo. Eu jamais poderia imaginar a minha mãe sendo assassinada por aqueles ninjas lunáticos. Estava totalmente fora de cogitação.

Os dedos do ninja afrouxaram um pouco. Consegui recuperar um pouco o fôlego, embora soubesse que aquilo tinha motivo.

— Diga: eu entrego a minha Takohyusei a você, Glen Vinográdov.

Eu hesitei. Pensei no meu pai, na confiança que ele depositou em mim quando me entregou o anel. 

— Ou ela vale mais que a vida da sua mãezinha? — continuou Glen, frio como o gelo.

Definitivamente não. Ele poderia estar blefando. Aquele podia ser seu meio de chantagear as suas vítimas. Mas só de pensar em perder a minha mãe… E eu não poderia deixá-la morrer por causa de uma espada.

— Eu entrego… — comecei a dizer, ofegante — a minha… Takohyusei… — pensei nas inúmeras vezes que a espada me livrou dos perigos, desde os vampiros que deperizei até a batalha que travei com o Shin, e meus olhos se encheram de lágrimas — a você…

Algo explodiu no terraço. Um flash de luz prateada. Até pensei ser um Sacerdote Divino, outra vez nos salvando aos quarenta e cinco do segundo tempo, mas não houve nenhum ser encapuzado. Foi tudo muito rápido, mas eu consegui acompanhar o que aconteceu: Riku aterrissou no centro do terraço acompanhado por um vento tremeluzente, que fez tudo vibrar como se uma tempestade estivesse se aproximando. Ele lançou uma correnteza de ar na direção do Glen, obrigando-o a me soltar para conseguir se defender, e então veio a cena que mais me surpreendeu — nessa hora eu estava caído no chão e com a calça toda ensopada: o Caçador Elemental abriu os braços e girou o corpo. Se tornou uma espécie de tornado. Jorrou uma ventania intensa para todos os lados. Os ninjas tentaram se aproximar sem sucesso e muitos deles caíram no chão. Riku gritou:

— Agora!

Nesse momento, ele avançou na direção de alguns ninjas caídos e saltou para outro terraço. Nós chegamos logo em seguida, ignorando todas as dores e cansaço que aquela noite havia causado. Não ousamos olhar para trás, a única prioridade era correr sem cessar. Era fugir daqueles ninjas assassinos. 

 

Nós desabamos no terraço de um prédio a quilômetros de distância do hospital da caixa d’água destruída. Os ninjas não haviam nos seguido, mas eu tinha a sensação de que eles poderiam aparecer a qualquer momento. O que seria ruim. Nenhum de nós quatro estava em condições de iniciar uma nova fuga, especialmente o Riku; ele largou a tal transformação, reassumindo sua aparência de sempre, e então seu rosto começou a se contorcer de dor. 

— Riku, você está bem? — perguntei.

Ele mentiu que sim. Era nítido que se continha para não gritar. Decidi não insistir. Eu também sentia dor por toda parte. Minhas bochechas estavam quentes e eu sentia o gosto de sangue na boca.

— Que loucura — disse Kelan, ofegante. — O que foi tudo aquilo? Nunca imaginei que um dia me depararia com uma quantidade absurda de ninjas, muito menos aqui em Honorário.

— Eles eram muitos — concordou Natsuno. A lateral de seu rosto sangrava. — E queriam as nossas Takohyuseis. Vai entender! — Riku o fitou imediatamente. — O quê?

— Enfrentei dois vampiros imundos — disse ele, recuperando o fôlego enquanto limpava o suor da testa — que também queriam a minha espada. Isso não pode ser coincidência. Nós perdemos algum detalhe.

— Parece que caímos numa baita armadilha, isso sim — falei pensando nos olhos frios e assassinos dos homens mascarados.

— Por que será que eu tô me sentindo deslocada no meio disso tudo? — disse Kelan.

Ninguém respondeu. Estávamos cansados demais, apavorados e, especialmente o Natsuno e eu, com o corpo todo dolorido. E pensar que todos aqueles ninjas eram meus parentes…

— E quanto aos cadáveres? — perguntou Riku. Ele parecia melhor que antes, embora ainda tivesse a expressão de quem estava se controlando.

— Deperizados — respondi. — Porém, a informação estava errada.

— Como assim?

— Os corpos estavam todos reunidos lá pelo térreo. É como se quisessem que… estivéssemos separados.

Todos nos entreolhamos.

— Ok, foi mesmo uma armadilha — disse Natsuno, que deu uma rápida olhada em volta e depois tornou a se sentar. — O objetivo está claro: queriam as nossas espadas. Mas quem armou tudo e como soube que cairíamos direitinho?

O questionamento ficou no ar. Imaginei o meu pai sendo enganado por alguém se passando pela polícia. Difícil. Ou, talvez, a própria polícia foi enganada. Ainda assim, havia outros caçadores disponíveis pela cidade. A organização poderia chamar um trio mais experiente, ou até mesmo mandar os próprios agentes, uma vez que era uma missão suspeita.

Mesmo com todo aquele mistério, o que mais me incomodou naquela noite — e, consequentemente, nos dias que se passaram — não foi o motivo de terem armado a armadilha ou quem eram as mentes por trás dela, mas sim as palavras do Glen Vinográdov, líder dos Ninjas da Noite.

Surpreso com a semelhança entre mim e você? É porque nós somos parentes, Diogo. Você tem no sangue a genética do nosso clã. Sinta-se privilegiado.

Eu já havia me deparado com diversas situações naqueles primeiros meses de caçador, mas jamais imaginei que a minha mãe fizesse parte de uma família de ninjas. Isso significava que ela também era uma caçadora.


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