Caçador Herdeiro Brasileira

Autor(a): Wesley Arruda

Revisão: Ângela Marta Emídio


Volume 2 – Arco 6

Capítulo 70: A cabana

Tão logo chegaram a uma área aberta da floresta, Pedro e Natsuno imediatamente avistaram a cabana. Aliviados por terem trilhado o caminho certo, observaram triunfantes o design velho da casa de madeira que parecia, a julgar pelo telhado coberto por uma camada grossa de neve, inabitada há anos. Os garotos não faziam ideia de quem teria morado num lugar como aquele, mas Natsuno suspeitava que fosse alguém totalmente antissocial que provavelmente havia ido embora após a construção da estação de esqui e o início da movimentação dos turistas nos arredores.

O interior da casa, que era possível ver através da janela de uma das laterais dela, estava escuro.

— Queria saber como meu velho sabia desse lugar — disse Natsuno enquanto eles se mexiam em direção à entrada.

— Ele não disse que vinha aqui pra estação na adolescência? — sugeriu Pedro. — Provavelmente descobriu por curiosidade.

Natsuno concordou. Ainda antes de colocar a mão na maçaneta da porta, Pedro o viu engolir em seco e depois girá-la devagar. O rangido da porta abrindo foi alto o suficiente a ponto de fazê-lo estremecer. Pedro riu.

— Parece que o Jhou não é o único medroso entre nós.

— Eu não estou com medo — replicou Natsuno, então entrou.

Enquanto eles exploravam a pequena sala com as lanternas — pois decidiram que manteriam a luz da cabana apagada —, Pedro fixou seus olhos no único sofá. Lembrou-se de quando despertou ali após atacar os amigos e Hebert levá-lo para aquele lugar. Seu coração afundava toda vez que pensava no assunto, e o garoto se perguntou se Natsuno sentia algum remorso pelo ocorrido.

— Parece que até o Papai Noel abandonou esse lugar — riu Natsuno, que tinha a luz apontada para a lareira entupida de neve.

Poucos móveis, velhos e empoeirados, adornavam o cômodo. Havia uma pia pequena na parede de uma das janelas da casa, sem louça nem nada, e sem água também, fato que Natsuno confirmou ao abrir a torneira. Enquanto isso, Pedro vasculhou o outro cômodo, que era menor e tinha um cheiro fraco, porém desagradável: era uma mistura de urina de bêbado com mofo. Possivelmente ali fora um quarto pequeno o suficiente para abrigar apenas uma cama de solteiro e, talvez, uma cômoda pequena. O banheiro ficava bem ao lado, um quadrado escondido por uma cortina e que mal cabia uma pessoa.

— Ei, Pedro, me ajuda aqui — chamou Natsuno. Os dois ergueram o sofá com cuidado, pois temiam que a madeira podre cedesse, e o posicionaram de frente para a porta de entrada. — Assim não seremos vistos — argumentou o garoto, pois eles ficariam escondidos das duas janelas da sala e da janela do quarto.

Então começaram a preparar o plano.

 

Não muito longe dali Jhou e as meninas subiam a floresta em silêncio, guiados por suas lanternas. Sophia ainda pensava numa forma de despistar as amigas para encontrar Diogo, no entanto sabia que qualquer desculpa que desse não as convenceria e, além disso, lhes causaria estranheza. Sumir de repente também estava fora de cogitação, uma vez que Ana e Jéssica ficariam apavoradas e provavelmente retornariam à vila para avisar Beto em vez de procurá-la — o que de fato, pensou a garota, seria a coisa lógica a se fazer.

Suspirou frustrada, lembrando-se das palavras do bilhete que encontrou depois do almoço debaixo do travesseiro. Diogo poderia ter marcado o encontro em um horário melhor e em um local mais acessível! Onde ele estava com a cabeça? Ainda assim, a garota faria esforço para saber o que ele queria conversar — se é que o encontro fosse somente para isso mesmo.

— Eu estou arrependida de ter vindo — Ana quebrou o silêncio. Ela segurava a lanterna com a mão direita enquanto a esquerda estava escondida no bolso da blusa. — É frio demais aqui em cima. Deveríamos voltar.

— Já chegamos até aqui, então nós vamos até o fim — replicou Jéssica.

— Mas e se estivermos perdidas? E se não houver cabana alguma?!

Jéssica parou e se virou para encarar a amiga resmungona. Seu humor não parecia dos melhores.

— Ninguém te obrigou a vir, Ana, e ninguém está te impedindo de voltar. Fique à vontade!

Ana pareceu querer dizer alguma coisa, depois olhou para o escuro atrás de si. Voltar sozinha não parecia uma ideia agradável. Para completar, elas ouviram um longo uivo. Rapidamente as meninas e o grandalhão estremeceram. Embora o uivo fosse alto, parecia muito distante.

— Ai meu Deus — disse Sophia assustada.

— Um lobo? — sugeriu Jhou, ainda mais apavorado que as meninas.

Ana fez questão de lançar um olhar presunçoso para Jéssica, que simplesmente deu as costas e retomou a caminhada.

— Certeza que esse uivo foi de algum cachorro da vila — foi sua defesa, embora ela não se lembrasse de ter visto, desde que chegou, alguém portando qualquer animal doméstico.

Ainda mais tensos que antes, os quatro continuaram vagando em meio à escuridão da floresta que agora parecia muito mais assustadora que no começo da jornada. Até mesmo Jéssica começava a se perguntar se valia a pena continuar com a missão.

 

Na cabana, ao ouvir o som de passos, Natsuno sussurrou:

— Eles chegaram.

Os dois garotos haviam apagado as lanternas e se posicionado atrás do sofá de modo que pudessem ter visão da porta e das duas janelas. Era necessário se concentrar muito para conseguir enxergar alguma coisa no escuro. A única iluminação presente era a fraca claridade da lua, que banhava a área externa da cabana muito vagamente.

Alguém estava se aproximando, mas não havia luz de lanternas, e estava sozinho. Era a silhueta de alguém alto demais para ser uma das garotas. Confuso, Pedro cochichou:

— É o Jhou?

— Não sei. Por que ele viria sozinho?

— Talvez as meninas ficaram com medo de prosseguir e voltaram.

Quando eles olharam de novo, não havia ninguém. Pedro e Natsuno trocaram um olhar atônito. Um segundo depois, outro ruído, dessa vez de galhos se quebrando. Pedro olhou novamente e reparou que havia quatro círculos de luz.

— São eles — disse.

Eles vestiram os lençóis brancos que haviam trazido e colocaram as perucas na cabeça. 

 

— Certo, Jéssica, e agora? — quis saber Sophia, quando elas e o Jhou avistaram a cabana.

— A luz não está acesa — reparou Ana. — Não deveria estar?

Ninguém respondeu. Jhou, então, teve uma ideia que poderia ajudar Sophia com o encontro. Uma vez que as meninas cairiam na peça do Natsuno, ninguém se importaria com a ausência momentânea da garota. Depois do susto, ele mesmo poderia explicar a ausência dela e o motivo de não ter dito antes, embora soubesse que as outras duas meninas ficariam enfurecidas ao perceberem que ele era um mero cúmplice dos amigos. Mas Diogo confiou nele, então não poderia haver chances de decepcioná-lo.

— Podemos nos separar para vasculhar a casa — disse, lançando um olhar significativo para Sophia. Um olhar tão exagerado que qualquer um perceberia, não fosse a escuridão da noite.

Ana o encarou incrédula.

— Nos separar? — repetiu. — Num lugar como esse?

— Boa ideia — disse Jéssica com um sorriso, como se fosse seu prazer se opor à amiga. — Vocês estão de acordo?

— Sim.

— Não.

— Sim.

— Certo — continuou Jéssica, pois o único “não” foi o da Ana —, a maioria venceu.

Ela repassou rapidamente o plano: eles se separariam, desligariam as lanternas e se aproximariam da casa devagar, cada um por um canto. Jéssica escolheu ir pela janela do outro lado, enquanto Ana optou pela janela mais próxima e Jhou ficou com a porta de entrada. Sophia investigaria a cabana pelos fundos. Qualquer sinal de movimentação seria motivo para eles se avisarem entre si. Foi a deixa perfeita para Sophia — quando eles colocaram o plano em ação, a garota se direcionou aos fundos da cabana, mas jamais a investigaria. Ela mergulhou na floresta e disparou rumo ao topo da montanha.

***

Eu me perguntei, pela milésima vez, se a Sophia tinha desistido. Eu não ficaria surpreso — era assustador ter de subir a floresta no meio da noite, mesmo que não houvessem animais nas redondezas. Ou pelo menos assim eu pensava até ter ouvido um uivo distante momentos atrás. E a sensação de estar sendo vigiado persistia em continuar, como se a preocupação que eu sentia em relação à garota não fosse o bastante.

Fazia muito frio. Aquela ponte era, de longe, o ponto mais gelado de toda a estação de esqui, talvez por conta da enorme queda d’água atrás de mim, ou do amontoado de montanhas colossais que decoravam a paisagem. Eu me sentia impotente diante daquilo. Não só pelas montanhas ao redor ou pela altura em que estava, mas pelo vento gelado que me obrigava a ficar encolhido, sem nenhuma coragem de tirar as mãos do bolso ou sequer fazer outro movimento. Era como se o frio me tirasse o ânimo e a força para me mexer, uma sensação que eu jamais sentira e que não era nada agradável. Aquela era a desvantagem de pertencer ao clã do fogo.

E nada da Sophia. Em ambas as extremidades da ponte somente o vazio escuro que dava início à floresta de taigas. Pelo menos a lua estava descoberta e emitia uma luz azulada que me permitia enxergar sem a necessidade da lanterna, que eu não estava a fim de tirar do bolso. Eu só queria o aconchego da minha casa, estar debaixo do cobertor, aquecido e confortável. Será que Sophia teria desistido de me encontrar? Mais uma vez eu me peguei pensando no assunto. Precisava confiar.

***

Jhou se aproximava da porta devagar quando foi surpreendido por um toque no braço. Ele se encolheu sentindo o coração gelar e cada parte do corpo arrepiar, mas imediatamente ouviu o sussurro de uma voz feminina:

— Sou eu, Jhou, a Ana!

Demorou alguns segundos para o grandalhão processar a informação e sentir o peito se acalmar. Ana estava pálida e tinha os olhos arregalados feito duas bolas de beisebol.

— Acho que vi alguma coisa lá dentro — cochichou ela.

— Eu também vi — disse outra voz de repente, assustando os dois, que sufocaram um grito. — SHH!!! — fez Jéssica, olhando para os lados. Disse, quase inaudível: — Acho que vi alguma coisa piscando lá dentro. Foi muito rápido!

— Também vi isso — disse Ana. — Será que são eles mesmos? Digo, os fantasmas?

Embora Jhou soubesse do plano dos amigos, acabou se perguntando se eram eles mesmos. E se, na verdade, eles não tivessem encontrado a cabana e o que quer que estivesse lá dentro fosse outra coisa? Ainda assim, decidiu ficar calado. Não poderia colocar o plano dos amigos em risco.

— Cadê a Sophia? — Jéssica levantou a questão.

— Nos fundos — relembrou a amiga. — Talvez não tenha visto nada ainda. E se ela for raptada?

Dessa vez, Jéssica não replicou. Se existissem mesmo fantasmas na cabana, não só Sophia estaria correndo perigo como eles também.

Houve um som de batuque, seco, que fez os três saltarem onde estavam. Ana não gritou por um triz.

— Veio lá de dentro — disse ela, com a voz trêmula.

— Vamos ter que entrar — sentenciou a outra.

— O quê? Você endoidou?

— É a nossa chance de ver o que é. Eu nunca estive próxima de algo sobrenatural. Vocês já?

“Eu sim” pensou Jhou, lembrando-se dos próprios amigos, pois considerava vampiros, caçadores e espadas que viram anéis coisa de outro mundo. Mas, ao lado de Ana, ele balançou a cabeça negativamente.

— Então pronto — argumentou Jéssica. Em seguida girou a maçaneta. Ela forçou a porta devagar, fazendo-a ranger do mesmo jeito, deixando os três ainda mais tensos. Quando a garota pisou na sala, houve mais batuque.

— Vamos embora — suplicou Ana, quase sem voz.

Os batuques ficaram mais intensos. Jhou sentiu a garota o abraçando forte, fazendo suas bochechas queimarem. Era a primeira vez que uma garota o abraçava na vida inteira. Jéssica perguntou, hesitante, porém alto:

— Tem alguém aí?

Sua amiga queria chamá-la de louca. Antes que fizesse isso, porém, houve uma resposta:

— Uuuuhhhh…

Luzes piscaram. Mais batuques. Fumaça. Jhou e as meninas se entreolharam. E quando os três estavam a ponto de virar e correr, de repente, dois vultos brancos e cabeludos surgiram de algum lugar e ficaram diante dos três, o ápice para provocar um grito triplo:

— AAAAAAAAHHHHHHH!!!!!!

 

Sophia olhou para trás assustada ao ouvir os gritos. A julgar pela distância e pela direção, vinham do local onde provavelmente estava a cabana. Pensou em voltar e ver o que era, mas faltava tão pouco para chegar à ponte… Decidiu continuar, dizendo a si mesma que suas amigas deviam ter se assustado com alguma coisa insignificante e assustado o coitado do Jhou junto.

Ela nunca se imaginou naquela situação, subindo uma floresta escura no meio da neve para encontrar um garoto. Por muitas vezes imaginou quais tipos de aventuras se meteria em busca de um amor. Eram coisas fantasiosas, que costumava ver nos filmes ou nas novelas, ilusões que ela mesma considerava coisas de meninas. Ainda assim, fazer o que ela estava fazendo — enfrentando o frio, andando sozinha por uma floresta assustadora — não fazia parte nem dos últimos itens de sua lista imaginária.

Por outro lado, tinha convicção de que valia a pena. Diogo havia enfrentado seu pai com bravura, coisa que poucos teriam coragem de fazer. Isso mostrava o quanto ele gostava dela e se importava. E ela faria de tudo para não o desapontar.

Enfim, a escuridão teve fim e Sophia avistou uma enorme cascata ladeada por rochas cinzentas. Diante dela, uma ponte de madeira e a silhueta de alguém bem no meio, com as mãos no bolso. Era ele.

***

Ela veio. Não consigo explicar a felicidade que senti quando a vi se aproximar, com um sorriso tímido, linda como uma princesa. Sophia desligou a lanterna e colocou-a no bolso da jaqueta, guardando as mãos em seguida e encolhendo os ombros. Estava com tanto frio quanto eu, o que me deixou comovido. Então, assim que ela chegou perto, não hesitei em envolvê-la num abraço.

— Belo lugar para um encontro — riu ela, baixo.

— Eu fiquei preocupado — falei enquanto a soltava, e nossos olhos se conectaram em uma linha reta. Sophia era ligeiramente mais baixa que eu, poucos centímetros. Como efeito do frio intenso, suas bochechas estavam rosadas e seus olhos levemente lacrimejados, o que a deixava ainda mais bela.

— Essa vista é linda, apesar de assustadora, né? — disse ela se virando para as montanhas.

— Seu pai autorizou o nosso namoro — falei sem rodeios, não conseguindo conter a vontade de dar a notícia.

Sophia retornou os olhos para mim, ficou em silêncio a princípio, então sorriu.

— Eu já sei disso — disse ela. — Ele conversou comigo depois que falou com você. Eu… realmente não esperava. Logo ele, que sempre foi rígido e super protetor…

— Então, hã, podemos nos beijar?

A cor rosada do rosto da garota ficou mais forte a ponto de se tornar vermelha. Ela certamente não esperava minha pergunta direta, confesso que nem eu mesmo estava preparado, por isso perguntei o mais rápido que pude antes que perdesse a coragem.

Sophia deu um passo e me beijou.

Durou mais do que eu esperava, até; nos beijamos por vários minutos. E a sensação era inexplicável. Eu com certeza a beijaria por muito mais tempo, mas um sentimento esquisito de presença próxima apitava em meu peito.

— Algum problema? — estranhou ela quando parei de beijá-la e comecei a olhar em volta.

— Não…

Se houvesse alguém por perto, pensei, ele estaria escondido por entre as árvores. Seria um vampiro?

— Esse lugar é mesmo assustador — comentou Sophia, que ainda tinha os braços entrelaçados em volta de mim. — Não tinha um lugar mais acessível?

Eu a encarei.

— Como assim?

— Sei lá, mais perto da vila…

— Não é isso — falei, agora preocupado. — Foi você quem marcou o encontro aqui.

— Eu? — Sophia pareceu incrédula. — Não marquei encontro algum! Eu vi o seu bilhete hoje cedo.

Tirei o anel do meu dedo e olhei o perímetro com ainda mais cautela. Lembrei, instantaneamente, da presença que senti na floresta depois que me separei dos meus amigos. Não poderia ser coincidência. 

— Diogo, você está me deixando preocupada. O que está havendo?

Eu não podia mentir. Se corríamos perigo, Sophia precisava ter ciência. E eu faria de tudo para protegê-la.

— Eu não escrevi bilhete algum, Sophia. Na verdade, eu encontrei um bilhete com a sua assinatura citando este lugar e pedindo para que eu viesse sozinho.

Ela me soltou, estremecendo, e passou a olhar em volta. Como suspeitei, nem ela sabia da existência de um bilhete com o próprio nome.

— O que isso significa? — Sophia reprimiu a própria voz.

— Que alguém, ou alguma coisa, armou uma armadilha para nos trazer pra cá.

***

— Vocês precisavam ver a cara que fizeram — Natsuno gargalhava à toda, com as mãos na barriga de tanto rir. — Eu deveria ter gravado! Foi engraçado demais! Pensaram mesmo que existia fantasmas?

— Vocês são bem idiotas, isso sim! — reclamou Jéssica, pondo na cara o olhar mais rabugento que conseguia moldar. A luz da cabana já estava acesa e as duas garotas do grupo estavam sentadas no sofá velho.

— Até você, Jhou — continuou Natsuno, ignorando o protesto da garota. — Sabia do plano e mesmo assim caiu. Hahahaha!

Jhou, que segurava os lençóis brancos que Pedro e Natsuno usaram para assustá-los, imediatamente foi alvo de olhares indignados por parte das meninas.

— Cafajeste! — xingou Ana. — Confiamos em você!

Pedro era o único que estava alheio à conversa. Uma sensação ruim crescia dentro dele, sensação essa que lhe despertava grande preocupação. Ele se aproximou da janela e olhou para o lado de fora com um mal pressentimento. Decidiu tirar uma dúvida:

— Por que você veio primeiro, Jhou? Pensamos que as meninas haviam desistido e que você iria nos avisar. Nós o ouvimos aproximar-se da janela.

Jhou o olhou confuso.

— Eu não vim primeiro. Nós três viemos juntos, e eu nunca me aproximei da janela.

Jéssica e Ana trocaram um olhar, percebendo que outra coisa estava errada.

— Gente, cadê a Sophia? — perguntou Jéssica.

Antes que alguém respondesse, tudo ficou preto. O apagão repentino impossibilitava os garotos de enxergarem qualquer coisa dentro da cabana, a não ser as janelas.

— Vai, Pedro, isso não tem graça — disse Natsuno, forçando uma risada.

Uma luz branca acendeu da lanterna de Pedro, que disse:

— Eu não fiz nada. — Ele andou até a entrada e apertou o interruptor perto da porta. — Não acende…

— Deve ter acabado a energia — sugeriu Jhou, como se quisesse convencer a si próprio, também ligando a lanterna. Então eles ouviram um farfalhar do lado de fora da casa. Pedro correu para a janela e apontou a lanterna para a floresta; uma silhueta de formato humano pareceu dar meia-volta antes de mergulhar no amontoado de árvores. Foi o ápice.

Sem dizer nada, Pedro escancarou a porta e disparou na direção do vulto, assustando as duas garotas. Natsuno não pensou duas vezes e o seguiu, antes dizendo:

— Jhou, cuida das meninas! Daqui a pouco a gente tá de volta.

Então bateu a porta atrás de si e deixou os três no mais absoluto silêncio.


Nota do autor:

Passando para avisar que está em produção um mangá de Caçador Herdeiro! O projeto ainda está no comecinho, mas assim que o primeiro capítulo for concluído, você saberá através de alguma nota futura de algum capítulo futuro aqui mesmo na Novel Mania.

Aproveitando o gancho, peço para que você entre no servidor de CH lá no discord para mais novidades. Link do convite: https://discord.gg/UFH7P2cA 

Caso você não tenha discord, temos também um grupo no whatsapp super legal com uma galera que gosta de games, novels etc. Deixe um comentário neste capítulo que eu entro em contato com mais informações.

Por fim, se você curte RPG de mesa, estamos trabalhando na criação de um sistema com a temática da história. Venha se aventurar conosco. Tenho certeza que teremos muitas horas de diversão! 

Era só isso mesmo. Mais uma vez, obrigado por ter chegado até aqui. E até mais!



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